Uma Esperança de Sobreviver

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Quase cinquenta escravos estavam dentro de uma arena com pelo menos quarenta leões.

Era esse o jogo que o príncipe queria jogar.

As escravas olhavam para os leões que as observavam com olhos repletos de fome.

Ficaram pálidas quando viram os leões pela primeira vez na vida.

Quando Evelyn de repente puxou sua mão, só então Peri lembrou-se de correr.

"Eve...lyn..."

Ela gaguejou o nome de Evelyn e segurou sua mão com força.

Evelyn não teve tempo de virar e confortar Peri.

A arena estava cheia de gritos de escravas, rugidos de leões e aplausos entusiasmados do povo.

Então veio outro grito. O som da carne sendo rasgada era tão forte e próximo que até a própria Evelyn estremeceu.

"Não olhe para trás, Peri."

Evelyn disse enquanto continuava a correr com Peri. Por coincidência, Peri estava prestes a fazer isso.

Ao mesmo tempo, o alto anúncio ecoou nos ouvidos de todos.

"Senhoras e senhores, aproveitem o espetáculo! Todos esses leões foram domesticados pelo Príncipe Rafael ele mesmo e foram mantidos famintos por uma semana apenas para esta ocasião."

O povo aplaudiu ainda mais alto.

Em resposta a esses aplausos, Peri não conseguiu conter as lágrimas que ameaçavam sair de seus olhos.

"Eve...lyn...por que... eles são... tão cruéis... conosco?"

Peri perguntou com uma voz embargada.

Seu pé doía e ela sabia que Evelyn também devia estar com dor... mais do que ela.

Seus corpos não tinham muita energia. Afinal, eles tinham bebido apenas água nos últimos dois dias.

"Eu posso sentir... está co...rrendo atrás... de nós."

Peri sussurrou com uma voz preenchida de horror.

No meio da decepção e do desespero, Peri ouviu Evelyn dizer com uma voz ofegante

"Ficaremos vivas enquanto pudermos."

Peri, no entanto, não tinha mais esperança. Eles podiam correr... mas por quanto tempo.

Por outro lado, Evelyn olhou em direção à porta de ferro de onde os leões haviam sido enviados para dentro.

Ela estava correndo em direção a essa porta. Se alguém de fora pudesse entrar, então também deveria haver uma maneira de sair.

Porém, uma colisão súbita fez com que ela tropeçasse e a mão de Peri escapou da dela.

Evelyn virou-se para segurar a mão de Peri novamente, mas a cena diante dos seus olhos a deixou sem reação.

Um dos leões estava em cima de Peri.

Como se sentisse seus olhos sobre si, levantou a cabeça e olhou para ela com olhos cheios de fome... quase prometendo que ela seria a próxima.

E então se lançou sobre Peri gritando.

Mas algo de repente embaçou sua visão e ele rugiu de irritação.

Evelyn jogou mais areia em direção aos olhos do leão quando viu que ele estava tentando abri-los.

Ela não sabia como, mas arrastou Peri para fora das garras do leão. Seu coração batia contra seu peito.

Peri estava assustada demais. Ela tremia. Seu corpo todo doía. Suas roupas estavam rasgadas aqui e ali e ela ainda podia sentir como se o leão a estivesse segurando.

Quando Evelyn pegou sua mão para correr novamente, ela não conseguiu deixar de dizer

"Não consigo mais correr."

Evelyn não respondeu porque ela não podia deixar Peri para trás.

Elas se conheceram apenas há quatro dias atrás... o dia em que ela foi levada para este Império Alfaro.

Peri havia dado a ela a comida que tinha guardado para si mesma.

Ela não podia deixar Peri sozinha aqui quando estavam enfrentando a morte. Então ela deu a esperança de ser salva a Peri.

"Aquela porta de ferro... precisamos ir até lá. Nós ...vamos tentar encontrar alguma maneira de sair."

Peri olhou em direção à porta que Evelyn estava apontando. A porta estava um pouco embaçada para ela, mas quando ouviu a voz suave de Evelyn, sentiu que ainda havia esperança.

Os gritos no interior do recinto continuavam. No meio de tudo, elas conseguiram chegar à porta com sucesso.

Havia um cadeado peculiar na porta. Peri não sabia como abri-lo. Mas ela o reconheceu.

Esses tipos de cadeado são geralmente colocados nos armários dos membros da família nobre. Ela só tinha visto um uma vez na vida, quando foi comprada por um ministro.

Mas como elas poderiam abrir esse cadeado? As escravas não deveriam saber como abri-los. Elas não eram ensinadas a fazer isso.

No entanto, no momento seguinte Peri viu Evelyn avançar. Viu como Evelyn o girava em diferentes direções por diferentes números de vezes. Ela fez isso tantas vezes que Peri não conseguia lembrar de nada. Mas Evelyn parecia ser muito experiente e confiante no que estava fazendo.

Seus olhos se arregalaram quando ouviu o som de 'Clique'

Peri não podia acreditar que Evelyn sabia como abrir a porta. Ela imediatamente a abriu amplamente e saiu primeiro.

Evelyn estava prestes a fazer o mesmo, mas quando levantou a perna para dar um passo à frente, foi empurrada para dentro por alguém.

E a porta foi fechada com força.

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