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Capítulo 4

Aisha estava radiante e a sua alegria era contagiante.

Eva estava muito feliz por ocorrer tudo bem na viagem de lua de mel da enteada. 

Ela rezava para que Aisha tivesse longos anos felizes ao lado do homem que escolheu como marido. E que nunca lhe faltasse nada.

Mas, nem bem o casal voltou da lua de mel e Bryce precisou viajar para resolver pendências familiares.

Como Aisha estava de licença do trabalho, ela aproveitou a ausência do marido e foi visitar uma velha tia, do seu falecido pai, no interior de outro estado que, por questões de mobilidade, não compareceu ao seu casamento.

Ela preferiu pegar a estrada e ir dirigindo o próprio carro.

Aisha levou consigo um generoso pedaço de bolo e vários doces.

A jovem foi muito bem recebida pela senhora e pela sua cuidadora.

Aisha pretendia voltar no mesmo dia, mas a tia-avó a convenceu a ficar por alguns dias.

Como Bryce falou que ele ficaria fora por volta de uma semana, ela achou que aquele era o momento de estender a visita à única pessoa viva da sua família.

Enquanto se encontrava na casa da tia, a jovem tentou se comunicar com o marido.

Enviou mensagens e ligou para ele diversas vezes. Mas o número de Bryce mostrava que ele não poderia atender no momento.

Aisha estranhou a situação, porém sempre encontrava uma desculpa para justificar a falta de comunicação do marido.

"Vai ver o local onde o Bryce se encontra não tem uma boa internet."

Ou:

"Ele deve estar, nesse momento, em meio a alguma questão delicada da família. Quando puder, ele me liga."

Passaram-se três dias e Aisha decidiu voltar para casa.

A jovem se despediu da tia e partiu rumo à metrópole.

Bryce ainda não havia voltado e nem retornou as ligações.

No dia seguinte, Aisha voltou para a sede da empresa, pois pretendia retornar ao seu trabalho.

Assim que entrou na recepção do local, ela percebeu olhares estranhos.

Ao invés de ir diretamente à sua sala, Aisha seguiu para a sala de reuniões. Isso porque havia uma movimentação fora do comum, próxima a referida sala. Havia um burburinho lá dentro 

Aisha tentou entrar na sala, mas uma mulher desconhecida, com vestes semelhantes às de uma secretária , tentou impedi-la.

— Senhora… Como CEO e acionista majoritária do grupo Barton, posso entrar a qualquer momento em qualquer sala.

A mulher continuou impedindo a entrada de Aisha, mas ela se desvencilhou da opositora e entrou na sala.

Aisha se espantou ao ver que o seu marido, Bryce, encontra-se ali e agia como se fosse o verdadeiro presidente da companhia.

— Bryce! O que faz aqui? E o que significa todos os membros do conselho, aqui, juntos?

Todos os presentes olharam indiferentes para a jovem.

— Vamos! me respondam!... O que significa isso?, — insistiu Aisha.

— Bem… A reunião está encerrada. Podem voltar às suas salas — Bryce ordenou.

Sem declarar uma só palavra, o grupo se levantou e foi embora.

— Ei! Voltem aqui! Não vão me contar nada?

Assim que todos saíram, Bryce levantou-se e foi até a porta e a trancou.

Aisha virou-se na direção dele, agitada.

— Bryce, meu amor. Você não estava viajando? … Por que não atendeu as minhas ligações?

O homem voltou a sentar-se na cadeira da presidência. Colocou os braços sobre a mesa e entrelaçou os dedos.

— Eu estava tratando de negócios, minha querida.

— Negócios? Mas você não havia viajado para tratar de assuntos familiares? …E quais negócios são esses, Bryce?, 

perguntou Aisha, confusa.

— Olha aqui, Aisha—, disse ele se levantando. — Vou direto ao assunto. Sou agora o maior acionista e CEO das empresas Barton.

Aisha ficou incrédula com o que ouviu.

— O que foi que você disse?

— Isso mesmo o que você escutou, garota.

— Mas como foi que conseguiu isso? —, Aisha perguntou.

— Muito simples. Você me passou uma procuração e assinou vários documentos, sem lê-los.

— Eu não acredito que fez uma coisa dessas comigo, Bryce. Não seria capaz de cometer uma traição dessas… Você sempre falou que me amava e que me ajudaria com os negócios da minha família.

— Falar eu te amo, qualquer um fala —, Bryce declarou.

— Mas e a nossa lua de mel e os momentos lindos que vivenciamos durante esse último ano?

— Que momentos lindos foram esses? Para mim não passaram de situações enfadonhas. Quanto à lua mel, foi um enorme prazer, desfrutar da sua virgindade. Juro que me arrependo bastante, por não ter transado com você antes. Perdi a oportunidade de sentir muito prazer através do seu corpo.

Aisha estava horrorizada e enojada com o que saiu da boca do homem que ela achou que conhecia perfeitamente.

— Bryce! Isso só pode ser uma brincadeira. Só pode. Por favor, pare de brincar comigo.

—Tenho que desenhar, para você entender de uma vez por todas, garota? —, falou aumentando o tom de voz, para que a jovem se convencesse.

— Eu não acredito que me deixei levar por belas palavras, de um homem bonito. Como pude ser tão cega, meu Deus?… — Ahhh! —, gritou Aisha. Daí, num repentino ataque de raiva, a mulher pegou o primeiro objeto à sua frente e atirou contra o homem.

Bryce se esquivou rapidamente e não foi atingido.

Temendo que Aisha tentasse outra vez agredi-lo, ele pegou o telefone e ordenou que os seguranças entrassem.

— Isso não vai ficar assim, Bryce. Isso não vai ficar assim… Eu te prometo…

— É melhor você sair sem fazer escândalo. Ah! Já vou logo avisando que é melhor não voltar aqui, para evitar de ser presa.

Aisha ficou fora de si e partiu para cima do Bryce, mas felizmente foi contida por dois seguranças que chegaram no exato momento do ataque.

A herdeira deixou o edifício esbravejando contra todas. Sem contar que ela estava tão nervosa e trêmula que quase não encontra a chave do carro.

Aisha se deu conta da sua falta de controle, e por isso decidiu pegar um táxi.

Ela seguiu para a casa da Eva, a única pessoa que a jovem achou que poderia confiar no momento.

Aisha foi recebida de braços abertos pela madrasta. Que só de ver a cara da enteada, ao abrir a porta, deduziu que havia acontecido algo muito grave.

Aisha contou para Eva o que estava acontecendo com ela.

Que havia acabado de descobrir que foi enganado e roubada. E que o marido não passava de um grande crápula.

— Eu bem que desconfiava daquele sujeito —, Eva declarou.

— Eva… mas por que não me falou nada.

— Sinto muito, querida. Minha omissão acabou te prejudicando. Mas… se ponha no meu lugar, Aisha. Será que você daria ouvidos ao que eu tinha para falar sobre o Bryce? Do jeito que estava apaixonada? … Provavelmente você romperia, no mesmo instante, comigo.

Aisha não refutou a argumentação da madrasta, entretanto falou:

— Como deixei bem claro para aquele safado, isso não vai ficar assim. Aquele bandido verá o que sou capaz de fazer com ele.