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Uma Loba sem Alcatéia parte 2: Spiralla, Annilia e o Abismo

Gabriel chegava ao shopping agora vazio pronto para uma grande batalha, mas os corpos denunciavam que ela já havia terminado a um bom tempo. O lado de fora era o túmulo de várias El Clonado assim como o de dentro onde ele se encontrava agora.

O traje dele era de um verdadeiro samurai, uma malha leve de ferro revestida por um peitoral de couro e duas placas de madeira como ombreiras, um capuz cobria sua cabeça e um enorme cachecol preto se enrolava em seu pescoço cobrindo sua boca como uma máscara. Um traje que muitos aprederam a temer e respeitar.

Um brilho azul tomava conta de seus olhos e com ele Gabriel podia enxergar uma espécie de rastro azul saindo do prédio, um rastro de mana, muito provavelmente de V. Ele havia observado o comportamento nada saudável do mascarado de estar sempre com sua intangibilidade ativada, gastando mana atoa e deixando um rastro por onde quer que ele fosse, para alguém que queria cobrir seus rastros ele deixava muitos para serem seguidos.

Por um instante Gabriel decidiu "perguntar" às El Clonado que se aproximavam dele pelas costas, achando que ele não havia notado suas presenças, mas ao encontrar o rastro deixado por V, ele vê que não precisaria delas.

As duas se aproximavam lentamente fazendo o mínimo de barulho possível sem saber que Gabriel sabia exatamente o quão distantes elas estavam. "10 metros... 8 metros... 5 metros..." Ao sentir que as duas estavam a exatos 3 metros dele, ele desaparece e aparece atrás delas com suas espadas de água já formadas em suas mãos.

As duas terroristas logo caem no chão com suas cabeças separadas do corpo, o sangue já manchando aquele que deveria ser um monumento à união MB e humana. Gabriel já saía do local sem nem ao menos olhar para trás.

Com Astrid...

Na casa velha, as espadachins  finalizaram o esquadrão que as perseguiam, Hanako abria o peito de uma delas com sua katana enquanto Bright retirava sua rapieira do olho da outra. As duas guardam suas espadas nas bainhas e se apoiam no objeto mais próximo, suas respirações pesadas, elas estavam exaustas.

Bright: Será que... Acabou...?

Em resposta, a asiática apenas dá de ombros, era impossível determinar quantas delas as seguiram, mas mesmo que fossem 100, elas lutariam até o fim, Hanako olha para a escada que dava para o segundo andar, seus pensamentos se voltam para Astrid e em como ela havia sido menosprezada por elas e sua consciência pesou.

Hanako: Acho que fomos muito duras com ela./ A morena parecia confusa por um instante, mas logo se lembrou da grisalha.

Bright: Pode até ser, mas o V se importa muito com ela, e ficaria arrasado se ela se ferisse./ Hanako acena com a cabeça mas não parecia mais confortável.

Hanako: Vamos, acho que já estamos seguras.

As duas seguem para o andar de cima mas logo param, Astrid não estava em lugar nenhum e um rastro de sangue manchava o chão, as duas já pensam o pior e começam a procurá-la. As duas gritavam o nome da grisalha e a procuravam freneticamente.

Até que um som as chama a atenção, um som molhado, como se alguém estivesse comendo carne crua, no meio dos sons, era possível ouvir o som de grunhidos animalescos em meio aos sons de carne, tudo isso vindo da sala mais ao fundo, a mais escura.

Um calafrio sobe por suas espinhas, elas se aproximam lentamente da sala, e quanto mais se aproximavam, mais aqueles sons aumentavam e mais arrepiadas elas ficavam. Ao chegar à sala, a cena era de terror, o cadáver de uma El Clonado tinha seu estômago aberto suas vísceras estavam espalhadas pela sala, seu sangue espalhado por toda a sala, o som de carne vinha de sua assassina, uma enorme ursa marrom devorava as entranhas do corpo sem vida.

As duas estavam atônitas, quando aquela criatura havia entrado no prédio? E principalmente, onde estava Astrid? Teria sido ela outra vítima da ursa? Elas não tiveram tempo de pensar em respostas para suas perguntas, a criatura havia percebido suas presenças.

Um rugido da ursa às despertam de seus transes, Hanako agarra o braço de sua parceira e a puxa para longe, as duas fogem para o terceiro andar e se escondem em um dos quartos, lá dentro, Bright empurra um armário na frente da porta, bloqueando a passagem, ao perceberem sua segurança, as duas se sentam no chão frio e se encostam no armário.

Bright: Por que estamos nos escondendo? É só um animal, podemos matá-la facilmente.

Hanako: Só se você quiser enfrentar a fúria do V./ A resposta da asiática confunde Bright.

Bright: O que o V tem haver com.../ Ela se interrompe, seu rosto indicava epifania./ Bright: Não é possível... Como?/ Hanako dá de ombros.

Hanako: Não sei, mas temos que achar um jeito de sair dessa sem feri-la.

Assim que as duas terminaram de conversar, algo bate na porta com uma força tão grande que faz o quarto todo tremer, mais uma batida, e um pedaço da porta sai voando, às dando visão da enorme ursa batendo com toda a sua força contra a frágil porta de madeira, ela não aguentaria por muito tempo.

Com V...

Verônica: Estão todas mortas, mas seus rastreadores ainda funcionam.

Os dois acabam de chegar ao prédio abandonado, Verônica checava a tela de um tablet onde podia se ver os sinais vitais e a localização de sua equipe, mesmo com elas mortas, V não abriria sua guarda, ele tira Orenmir de suas costas e se prepara para invadir.

V: Vamos logo.

Os dois se aproximam mas logo param quando escutam o som de um rugido vindo de algum lugar do prédio, com pressa, os dois correm para salvá-las do quer que estivesse às ameaçando, ao chegar no segundo, os sons estavam mais altos, mas ainda não estavam no andar certo.

Verônica: No terceiro!

Os dois correm com seus corações a mil e sua adrenalina cada vez mais alta, é aí que eles havistam a cena, a ursa marrom jogando todo o seu peso em uma porta e assim que os vê, ela para e serra os dentes, pronta para avançar nos dois.

Ao olhar nos olhos bicolores do animal, V sente uma sensação familiar.

V: Não é uma ursa normal, é?

Verônica: Com certeza não é.

Ela diz dando um passo a frente, mas V segura seu braço lançando um olhar preocupado à clone.

Verônica: Não vou machucá-la./ Ela diz tentando tranquilizar o moreno que hesita, mas logo a solta.

Verônica: Astrid, sei que está sentindo muita raiva mas você tem que se acalmar.

Ela ia se aproximando lentamente da ursa, que apenas rosnava mais para ela.

Verônica: Você tem que me ouvir, a primeira transformação é a mais perigosa, se ficar muito tempo transformada vai ficar presa nessa forma.

As palavras da clone pareciam não surtir efeito, Astrid ficava cada vez mais irritada e descontrolada, ela estava por um fio de avançar nela.

Verônica: Não me deixa escolha. 

Quando ela diz isso, V tenta segui-la para impedi-la, mas a mesma já havia avançado. Ela salta e no ar, seu corpo é coberto por uma nuvem de fumaça e o que sai dela é uma grande loba negra, transformada, Verônica avança em Astrid, a mandíbula da ursa se fecha sobre pescoço da canina que arranha o rosto da adversária em retaliação, fazendo Astrid a soltar.

Após a ursa soltá-la, as duas rolam no chão trocando mordidas e arranhões até que a loba crava os dentes no pescoço de Astrid, privando-a de ar. 

V: Ela não consegue respirar!/ V tenta avançar para separá-las, mas Verônica lhe lança um olhar mortal, o fazendo recuar.

Astrid grunhiu de dor tentando respirar, logo, o brilho em seus olhos se apaga e logo eles se fecham, seu corpo para de se mexer, o pelo em seu corpo começa a desaparecer, Verônica então a solta, ela havia voltado ao normal. V corre desesperado e checa seu pulso pelo pescoço, ela ainda estava viva, seu corpo estava nú, mas estava viva. Com suspiro de alívio, o moreno tira sua capa e a usa para cobrir seu corpo.

V: Você tem muito o que explicar./ Ele diz a Verônica já na forma normal.

Tempo depois...

Bright: Vai levar um tempo até ela acordar. Eu emprestei umas roupas pra ela, então pode ficar com sua capa V.

A morena diz entrando na sala onde todos esperavam sentados com a capa preta e vermelha em mãos, Hanako e V em um sofá de frente para Verônica sentada em um poltrona, a empresária logo se junta à seus colegas espadachins entregando a peça de roupa faltante ao moreno.

Verônica: Tudo bem, prestem atenção, pois o que estou prestes a contar não responde suas perguntas, mas revela o segredo pro desaparecimento dos homens e das MGS...

"Antes dos homens humanos desaparecerem existiam duas dimensões paralelas a nossa, Spiralla e o abismo, Spiralla era como um conto de fadas, cheia de lugares fantásticos e criaturas místicas, seus habitantes eram chamados de Spiranos, monstros humanóides com o poder de alterar a realidade, vulgo magia. Porém, os Spiranos machos tinham uma relação complicada com suas fêmeas, elas acreditavam que por terem corpos maiores e mais resistentes tinham o direito natural de governar enquanto os homens se ajoelharam aos seus pés, às servindo. Um dia, o Abismo foi descoberto, um lugar vazio, infinito e escuro, um purgatório de onde ninguém jamais escapou, uma vez dentro desse lugar, você nunca mais poderá sair, a princípio, as Spiranas não viam muito uso para o Abismo além de mandar aqueles que às desobedeciam pra apodrecer lá como uma prisão eterna, mas um Spirano viu o verdadeiro potencial da dimensão negra. Ele descobriu uma energia negra e destrutiva emanando do Abismo e ele logo aprendeu a controlá-la, foi usando ela que ele criou uma dimensão espelhada de Spiralla a qual ele chamou de Annilia. Lá, ele governou como rei, um reino onde todos seriam iguais, logo, Spiranos e Spiranas aderiram a sua causa, mas as tiranas de Spiralla não deixaram barato, elas declaram guerra."

V: O que isso tudo tem haver com você e a Astrid se transformarem em animais?/ V a interrompe e ela o fuzilou com os olhos antes de beber um pouco de água.

Verônica: Logo tudo fará sentido...

"Quando as soldadas das tiranas invadiram Annilia, não faziam idéia que o rei exilado esperava por esse ataque. Os mares se revoltaram, a terra tremeu, o vento soprou violentamente, Annilia inteira se voltara contra elas. A verdade é que quando o rei exilado deu vida a Annilia, ele criou um tipo novo e poderoso de energia misturando a mana de Spiralla e a energia negra do Abismo e a espalhou por Annilia, quando os Annilianos usavam essa energia como combustível para seus feitiços, eles eram capazes de usar o mundo inteiro como arma, em poucas horas o exércitos das tiranas foi exterminado pelo rei sozinho, aquela fora apenas uma demonstração de força. Após meses de batalha desenfreada, as tiranas haviam capturado dezenas de Annilianos, esses não eram mais tratados como servos, eles agora eram escravos, brinquedos nas mãos de suas soberanas, usados como meros objetos e descartados quando elas se cansavam deles, cansado de ver seu povo sendo escravizado, o rei exilado decidiu dar um basta nisso, ele infiltrou seus magos mais poderosos em uma caravana que conduzia escravos até a principal cidade de Spiralla, lá, eles libertaram os escravos mas foram descobertos. Usando todas as suas forças, um dos magos abriu uma abertura entre Spiralla e a nossa dimensão e com ela ainda aberta, ele foi morto. Assim que ele morreu, seus últimos resquícios de magia se libertaram furiosamente, a cidade foi varrida do mapa."

V: Espera, essa história.../ Os espadachins tinham expressões de pura surpresa, aquela era a história...

Verônica: De como os homens humanos desapareceram, a explosão foi tão forte que afetou todos os mundos, mandando todos os escravos Annilianos pra cá e mandando os homens humanos pra Spiralla, tenho certeza que Annilia e o Abismo também foram afetados de algum jeito.

O silêncio toma conta, as revelações eram demais para eles, em um dia eles descobriram toda a verdade sobre os problemas de sua sociedade e de sociedades de outras dimensões também, aquilo era muita informação para processar ao mesmo tempo, mas uma questão ainda não havia sido respondida.

Hanako: Mas... Como isso tem relação com vocês duas se transformarem?

Verônica: Eu já ia chegar nessa parte... 

"Depois que nossos homens desapareceram tivemos que optar por clonagem, mas ela não era cem porcento precisa, tinha algo faltando, algo que impedia que os embriões de sobreviverem por muito tempo, então decidimos usar DNA de animais pra preencher os espaços que faltavam no nosso genoma, aí descobrimos os "MBS" e começamos a nos reproduzir com vocês, acho que já dá pra ter uma noção do que veio depois, o mana de Spiralla reagiu com o DNA animal em nós e é só sermos expostas a alguma coisa vinda do Abismo, Annilia ou Spiralla pra despertar a fera dentro de nós."

V: E o que aqui teria vindo desses lugares?/ Verônica desvia o olhar para as manchas negras na parede.

Verônica: O mofo, não sei ao certo de onde veio, mas me lembro bem de ter sentido esse cheiro quando me transformei pela primeira vez.

Bright: Isso também pode explicar seus poderes de gelo e os elétricos da Astrid, certo?

Verônica: É algo parecido, tendo o sangue de um "MB", teríamos que despertar algum tipo de magia alguma hora, mas isso é algo mais recente, não entendo muito bem.

V: Como você sabe de tudo isso?

Verônica fica pensativa, ela parecia ponderar se deveria ou não revelar essa informação.

Verônica: Não posso revelar ainda, só saibam que essa conversa não deve sair desse prédio, se as El Clonado descobrirem que revelei essa informação a vocês minha missão será comprometida.

V: Então as El Clonado tem essas informações? Foi delas que você as roubou?

Verônica: É complicado, só saibam que um dia tudo será revelado nos seus mínimos detalhes.

O som de uma porta se abrindo chama a atenção, Astrid havia acordado, ela repousava sua mão contra a testa, como se estivesse com uma forte enxaqueca.

Astrid: Do que vocês estão falando? Ei V, essa aí não era a El Clonado que você queria matar?

Antes que qualquer um deles pudesse responder, Verônica se levanta e caminha até estar frente-a-frente com a grisalha, seu olhar repousando contra a marca que suas presas haviam deixado em seu pescoço.

Verônica: Astrid, se prepare, amanhã seu treinamento irá começar.

Astrid: Treinamento? Pra quê?

Verônica: Simples, irei te mostrar como dominar sua fera.

Assim, a conversa termina, com revelações bombásticas, porém o que ninguém sabia era que um certo sapo ninja os observava de longe