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As Máscaras Caem

Edgar: Você ousa levantar a mão contra mim!?

Antes que uma discussão começasse,V usa sua seda para agarrar um pedestal e o lançar na direção de seus pais. Cada um desvia para um lado e Héctor finalmente percebe o que se passava: V estava usando magia.

Héctor: Você... você o ensinou isso não foi!?/ Ele pergunta furioso a Edgar.

V: Eu prestaria mais atenção em mim se eu fosse você!

A voz de V soava de trás de Héctor,que só pôde criar um escudo de gelo em suas costas para se defender. A corda de seda estala como um chicote,rachando o escudo de gelo e mandando o rei dos tecelões rolando pelas escadas. O escudo amorteceu sua queda antes de se quebrar e Héctor lança uma estaca de gelo na direção de V,porém ela o atravessa.

Astrid: V,para! Você disse que não queria violência lembra!?/ Ela se coloca a frente do tecelão,porém ele simplesmente a atravessa.

V: Isso foi antes dele tentar matar meu mestre!/ Ele diz sem nem olhar para trás.

Astrid: V!/ Astrid tenta segui-lo mas Rose a bloqueia colocando seu braço à sua frente.

Rose: Nem tente,ele não vai te ouvir.

Astrid: Eles vão acabar se matando!

Rose: Eles não querem matar uns aos outros,mas não ficaram satisfeitos até que tenham causado o maior dano possível.

Astrid: Você só vai olhar enquanto eles mandam magia um no outro!?

Rose: Sim,e você também irá./ Astrid sente uma enorme frustração ao saber que não poderia vencê-la.

Héctor: Fui traído por meu pai e meu filho na mesma noite.../ Héctor se levantava lentamente com alguns pedaços de gelo ainda o cobrindo.

V: Um tirano como você já devia esperar por isso./ Ele desce totalmente as escadas e fica cara-a-cara com seu pai.

Héctor: Tem razão,mas quando os traidores são sua própria família... a dor é muito maior.

V: Eu vou sair dessa casa nem que seja só com as roupas do corpo,mas não antes de fazer essa máscara de rei benevolente cair./ V cria dois chicotes de seda e entra em posição de luta.

Héctor: Você me desafiou pela última vez!/ Com um forte pisão no chão,vários pilares de gelo saem do chão formando um círculo em volta dos dois.

Héctor: Vou lhe dar mais uma chance de se render-

V não o deixa terminar,ele o agarra com um dos chicotes e o arremessa com força na parede gélida e antes que ele pudesse reagir,um pedaço grosso de gelo é arremessado em sua direção sendo derretido em segundos por uma rajada de fogo que ele lançara.

V aparece a sua frente aproveitando a fumaça com seus chicotes prontos para o ataque,o primeiro golpe na vertical erra quando Héctor desvia para o lado mas suas costas ardem logo depois com o segundo golpe na horizontal o acertando.

As patas de V estavam presas,a água do bloco de gelo havia se resfriado e endurecido em volta de suas patas.

Héctor: O problema da intangibilidade é que você precisa deixar seus pés tangíveis pra não atravessar o chão toda hora,e se alguma parte do seu corpo for congelada o resto do seu corpo também será!/ O gelo começa a subir rapidamente pelo corpo de V.

V: Argh!/ Ele se debatia para tentar se libertar,mas o gelo engrossava cada vez mais.

Astrid: V!/ Ela mais uma vez tenta ir até ele,mas Rose a para outra vez.

Astrid decide usar suas armas,mas ao fazer o movimento para puxa-las,Rose nota e sua mão aperta o ombro de Astrid que gela na hora.

Rose: É melhor pensar duas vezes antes de pegar o que quer que o V tenha escondido com essa corda mágica.

Astrid não consegue fazer nada além de engolir em seco. Desculpa V...

Héctor: Pense bem filho,se você se entregar agora talvez eu considere aprovar seu namoro,depois de prometer nunca mais usar magia,é claro.

V: Na verdade pai,vou te aliviar do fardo de ter que aceitar um relacionamento que você não aprova...

V pega uma agulha rapidamente entre os dedos e a lança em seu pai que é acertado no peito em cheio,o desespero dele é imediato,pois ele sabia o que vinha depois: Um feitiço paralizante. Ele tenta arrancar a agulha mas já era tarde demais.

V: ...Porque você perdeu.

Os olhos de Héctor piscam rapidamente em verde e seus movimentos param,ele cai no chão logo depois. O gelo começa a derreter libertando V que vai até seu pai.

V: Seu corpo tá paralisado mas você ainda pode ver,ouvir e falar. Pai,não precisa ser assim,não precisamos ficar brigados pra sempre,aceite a Astrid e eu.../ V para de falar de repente,como se pensasse em sua próxima fala.

V: ...Ainda dá tempo de sermos uma família denovo.

Héctor: Você conseguiu o que queria,pode levar suas coisas se quiser,eu não ligo,só não quero mais te ver aqui.

Astrid: V... vamos,ele já se decidiu./ Ela coloca a mão em seu ombro.

Edgar: Não há mais nada aqui pra você V,você têm que ir./ Edgar se aproxima dos três junto com Rose.

V: ...E você?

Edgar: Seu pai não pode fazer nada contra mim,a reputação dele como um rei já está destruída,levantar a mão contra seu pai e antigo rei mas uma vez só o afundaria mais.

V: .../ V olha para sua mãe esperando que ela dissesse algo,mas ela estava calada.

V: Astrid... pode me esperar lá fora?/ Ele diz encarando o chão

Astrid: Claro,só não demora muito tá bom?/ Ele apenas balança a cabeça. Espero que ele esteja bem... ela pensa enquanto caminhava até a porta.

Alguns minutos depois...

Astrid esperava V encostada na limusine. Sua apreensão aumentava a cada minuto que o tecelão não saía da casa. Pelo amor de Odin V,tá querendo me matar de ansiedade? Ela pensa percebendo que já haviam se passado 20 minutos desde que ela o havia deixado sozinho.

Ok,eu vou esperar mais uns cinco minutos e daí eu vou atrás dele. Ela pega suas tonfas usando a corda mágica de V e se prepara para entrar. No exato segundo que eu perceber que eles fizeram mal a ele,eu vou quebrar essa mansão inteira!

Porém as portas da mansão se abrem e V sai com uma mochila em suas costas. Astrid suspira aliviada e guarda suas armas.

Astrid: Você demorou hein,eu já ia invadir a mansão pra te tirar de lá.

V: Que exagero,só se passaram 20 minutos.

Astrid: Só? Isso já é o suficiente pra me deixar preocupada.

V: Anotado.

Astrid: Por que você demorou tanto?

V: Só precisei pegar minhas roupas.

Astrid: Esse tempo todo foi só pra pegar suas roupas?

V: Eu tenho um guarda-roupa grande.

Astrid: Se você diz,bem,vamos nessa?

V: Vamos? Pra onde?

Astrid: Você não tem um lugar pra ficar?

V: Não,eu até perguntei pro meu avô se eu poderia ir pra casa dele depois de tudo,mas ele disse que viaja muito e não queria que eu ficasse sozinho o tempo todo.

Astrid: Ué,mas se você tá por conta própria não quer dizer que você VAI ficar sozinho?

V: É que ele mora em um lugar isolado,então não teria nem como fazer amigos.

Astrid: Ah... a gente pensa nisso no caminho.

V: Tudo bem.

Os dois entram no carro e começam a viagem,eles estavam naquele silêncio desconfortável de novo. Ele estava bem abatido quando soube que teria que ir embora... Ela pensa o olhando de canto de olho. Eu deveria dizer alguma coisa.

Astrid: Quando o seu pai te mandou ir embora,você parecia bem abatido,por quê? Nós conseguimos,não é? Te tiramos de lá.

V: Eu... não quero falar disso agora.

Astrid: Claro,vou te deixar pensar.../ Ela pensa um pouco e então chega em uma conclusão.

Astrid: Vai ter bastante tempo pra me contar quando chegarmos.

V: O que? Como assim? Chegar a onde?

Astrid: Se você quiser,pode ficar na minha casa até a escola abrir os dormitórios.

V: Não precisa,você já fez demais por mim,e eu não quero envolver sua família nos meus problemas.

Astrid: Que isso,eles vão entender. Além do mais,você me deve um encontro,lembra?/ Os dois caem na gargalhada,o humor do tecelão não mudou o resto da viagem.

Algumas horas depois...

O carro para na frente de uma casa na área residencial do Brooklyn e o motorista abre a porta do carro para os dois. A porta da casa se abre de repente assim que Astrid sai da limusine,de dentro da casa,Gabriel e seus pais saem correndo até ela.

Os dois eram praticamente versões mais velhas de seus filhos com exceção dos cortes e cores de cabelo,o pai deles tinha o cabelo verde que ia até a nuca,já a mãe tinha o cabelo branco e curto.

Gabriel: Mana,pelo amor de Odin,onde você estava!?

Astrid: Eu tô bem,relaxa.

Pai: Bem? Bem!? Você some por horas,nos enche de preocupação,volta de limusine pra casa e só consegue dizer que está bem!?/ O homem exclamava.

Mãe: É melhor ter uma boa explicação se não quiser ficar de castigo!/ Sua mãe o completa.

Astrid: Podem me deixar de castigo quando quiserem,eu tenho um assunto mais importante pra me preocupar no momento./ Eles finalmente notam a presença de V que estava parado apenas assistindo a cena.

Gabriel: Esse não é o garoto rico?

V: Eu sou V,prazer./ Ele diz estendendo a mão.

Gabriel: Eu sou Gabriel,não precisa de aperto de mãos.

V: Tudo bem.

Pai: Dá pra me dizer o que você foi fazer e quem é esse garoto?

Astrid: Ele é um amigo da escola,ele precisava de ajuda então resolvi dar uma mãozinha.

Mãe: Essa "ajuda" envolvia você usar um terno caríssimo?

Astrid: Não dá pra explicar tudo agora,mas o resumo da ópera é que ele teve uns problemas em casa e agora não tem onde ficar.

Gabriel: Vish,se ele tá aqui já até imagino o que vem agora.

Astrid: Ele vai ficar um tempinho aqui até a escola abrir os dormitórios.

Pai: Ele VAI? Acha mesmo que vou deixar um garoto que eu nunca vi na vida ficar na minha casa depois dele ter te envolvido com os problemas da família dele!?

Astrid: No caso eu não estava pedindo,vem V,vamos pro meu quarto./ Ela diz o puxando pela mão

Mãe: Ei! Você pode estar quase virando adulta mas não quer dizer que você pode ficar trazendo qualquer um pra dentro de casa!

Astrid: Como eu disse antes,pode me deixar de castigo depois./ Ela diz sem nem olhar para trás.

V: Você é sempre malcriada assim?

Astrid: "Malcriada",fala como se eu fosse uma criança. Além do mais,eles sabem que eu não deixo qualquer um entrar no meu quarto.

Os dois entram na casa e passam pela sala,entram em um corredor com duas portas em um lado e duas do outro,eles vão até a última porta da direita e entram.

O quarto de Astrid era o quarto de uma verdadeira fã de artes marciais,um saco de pancadas ficava pendurado no canto,sua cama era de casal e tinha uma barra e alguns pesos de 20 quilos embaixo dela e alguns pôsteres de filmes de luta famosos estavam colados na parede perto de sua cama.

Astrid: Entra ai. Tenho certeza que não é tão aconchegante quanto o seu quarto era,mas acho que dá pro gasto./ Ela diz fechando a porta atrás deles. Porém V cai de joelhos no chão.

Astrid: V,o que foi!?/ Lágrimas rolavam por debaixo da máscara.

Astrid: Vem,senta aqui./ Ela o levanta e o guia até a cama. V chorava descontroladamente.

Astrid: Me fala,o que foi?/ V se acalma um pouco e tenta formar as palavras.

V: Mesmo que... eu estava pronto pra enfrentar o meu pai... uma parte de mim achava que se ele visse o quão bem eu dominava a magia antiga ele ia... que a gente podia.../ As lágrimas voltam com tudo e ele volta a chorar.

Astrid: V... a máscara.

V: O que?

Astrid: A máscara,tira ela.

V: Astrid,agora não é hora pra isso-

Astrid: Não tô falando disso. Você se libertou,tá livre agora,e essa máscara é a única coisa que ainda te prende. Tira ela,e aí você vai estar totalmente livre.

V: .../ Ele para de chorar e fica pensativo.

V: Pode... pode tirar pra mim?

Astrid: Claro.

Astrid coloca levemente seus dedos nas bordas da máscara,o gentil toque de seus dedos é um sensação nova para V que acaba soltando um leve e quase inaudível suspiro.

E então,vem a sensação de liberdade quando a máscara deixa de tocar sua pele,libertando seu rosto de sua prisão de madeira.

As escleras negras de seus olhos enfeitavam o vermelho de suas íris que agora olhavam fixamente para Astrid. Tendo contemplado aquele rosto pela primeira vez,ela apenas sorri,um sorriso leve e gentil.

Astrid: Eu sempre soube que se algum dia eu visse seu rosto eu iria me apaixonar na hora. Parece que eu estava certa./ V desvia o olhar com seu rosto vermelho.

V: Você fez tanta coisa por mim Astrid,não sei se vou conseguir retribuir./ Astrid envolve suas bochechas com as mãos e o faz olhar em seus olhos.

Astrid: Começa me prometendo que vai ficar bem depois que for pro dormitório,seu pai não pode mais te fazer mal,mas não tenho dúvida que o pior vem agora,que é aprender a sobreviver sozinho.

V: Eu sei me cuidar.

Astrid: Ótimo. Depois a gente fala sobre aquele encontro./ V solta uma leve risada.

V: Eu tô sem grana agora,acho que esse cinema aí vai ter que esperar...

Os dois aproximam seus rostos até ficarem bem próximos,ambos podiam sentir a respiração pesada um do outro,seus rostos estavam avermelhados e seus corações a mil.

V: Mas acho que eu posso te dar outra coisa agora...

E com isso,ele sela seus lábios com os dela em um beijo profundo e apaixonado,Astrid segura sua cintura e o puxa mais para perto,entrelaçando seus braços envolta dele e V passa seus braços envolta de seu pescoço e se inclina de costas a trazendo com ele.

Logo,Astrid estava em cima de V e os dois se separam,e em meio à respiração ofegante ela diz:

Astrid: Esquece o cinema,acho que eu prefiro isso mesmo.

Astrid tira a camisa de V, não querendo esperar nem mais um segundo para contemplar seu corpo. Do pescoço para baixo,o corpo inteiro do tecelão era coberto por um duro e resistente exoesqueleto negro, fazendo sua aparência ser um tanto grotesca,Astrid o olhava de cima a baixo com um olhar de curiosidade,isso incômoda V que abraça o próprio corpo com vergonha.

V: Podemos parar se você achar meu corpo nojento.

Ele desvia o olhar não querendo encará-la quando fosse rejeitado,ela certamente não achava sua aparência tão bela agora,não é? Errado. Com a delicadeza de uma flor,ela trás seu rosto para olhar em seus olhos e com a mais pura sinceridade diz:

Astrid: Tô diante do garoto mais lindo do mundo./ A única reação do tecelão foi soltar um suspiro de alívio e se entregar uma última vez a Astrid.

Eles voltam a se beijar,eles teriam uma longa noite,porém nenhum dos dois ligava,para eles,a única coisa que importava era esse momento de paixão,sem medos,sem preocupações,sem arrependimentos,apenas o calor um do outro,até porque,quem sabe quando eles teriam outra chance?