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Capítulo 000.1: O encontro no topo da torre. Parte final

Com um movimento rápido, ele deu um salto e girou no ar, desviando do pilar. Pousou tranquilamente no chão enquanto o objeto explodia na parede próxima ao portão de ouro, produzindo um estrondo ensurdecedor.

— Apareça!! — exclamou Kam.

Atrás do espadachim, o monstro se escondia sem que ele percebesse. Em um golpe rápido e feroz, desferiu um soco com a mão esquerda diretamente na lateral de Kam.

O guerreiro — desamparado — não pode fazer nada.

A velocidade daquele golpe foi rápida demais para ser percebida em meio à fumaça. O espadachim foi atingido por um golpe brutal que o jogou para o lado, fazendo-o colidir com três pilares e quebrá-los.

Sobre as pedras que restaram dos pilares, Kam ficou deitado, enquanto da boca escapava uma pequena quantidade de sangue, que caiu sobre sua armadura, misturando-se com a poeira dali.

— Você é fraco!

Kam levantou-se calmamente, apanhando com destreza sua espada carmesim que jazia a seu lado esquerdo.

Com um olhar sério, ele inspirou profundamente e partiu impetuosamente em direção à criatura.

O monstro, ao notar a aproximação de Kam, tentou golpeá-lo com a palma da mão, num movimento de cima para baixo, mas o espadachim fora mais ágil.

Saltando para o lado, esquivou-se do golpe e, em seguida, desferiu um rápido ataque nos dedos da criatura, decepando quatro deles de uma só vez.

— Grrraaauuuuugghhh — grita o monstro, sentindo muita dor ao receber o golpe.

Kam, após acertar um golpe no monstro, continuou seu ataque. Agora, ele tentou dar um corte na lateral externa da coxa do monstro.

Contudo, o monstro, furioso, conseguiu dar alguns passos para trás, desviando do ataque. O monstro, então, atacou kam com um murro usando o braço não ferido, na lateral de seu corpo.

Entretanto, kam se moveu habilidosamente e colocou a lateral da espada próxima ao corpo, o que surpreendentemente reduziu a força do golpe, jogando-o a poucos metros de distância.

— Sua carne servirá de alimento para minha espada — gritou Kam, cheio de ódio.

O monstro avançou rapidamente em direção a Kam. O espadachim reagiu prontamente, lançando sua corrente pontiaguda em um movimento veloz em direção à criatura.

Esta, por sua vez, demonstrou grande destreza, desviando habilmente do golpe. Contudo, Kam sorriu levemente, pois já previa tal ação.

Num gesto rápido e determinado, o guerreiro arremessou sua outra corrente — com uma bola de ferro na ponta — mirando precisamente no joelho esquerdo do monstro.

O golpe acertou em cheio, fazendo com que o monstruoso ser despencasse de joelhos no solo, emitindo um grito de dor ensurdecedor.

— Grrraaauuuuugghhh!!!

Kam aproveitou a situação, soltou com frenesi as correntes e partiu em direção ao monstro. Com a espada vermelha em mãos, correu aleatoriamente, indo de um lado para o outro. Quando se aproximou, deu um grande salto em direção ao monstro.

No ar, Kam deu um grande giro e desceu em alta velocidade com a espada vermelha em mãos, criando uma cor avermelhada com o movimento. O golpe giratório acertou a cabeça óssea do monstro, fazendo-a trincar toda.

A criatura, super enfurecida, ergueu-se abruptamente e num átimo de tempo, agarrou a capa preta do espadachim, arremessando-a repetidamente ao chão.

O espadachim parecia insignificante perante a força descomunal do monstro, que gargalhava com malícia, entremeando sua expressão com sadismo, enquanto quebrava o piso com cada batida de corpo do guerreiro.

O monstro, após divertir-se com o corpo de Kam por um certo tempo, arremessou-o com força em direção ao trono, que não resistiu e se quebrou em fragmentos.

Coberto de poeira e banhado pelo próprio sangue, Kam ergue-se e, mesmo debilitado, esboça um tímido sorriso.

Com a sua espada ainda em mãos, ele avança a passos incertos na direção do monstro, mancando em consequência dos ferimentos, mas decidido a enfrentá-lo, mesmo que isso signifique expor-se a um iminente risco de morte.

— Aceite sua morte, Espadachim!!

— Você ainda não viu nada.

O monstro avançou lentamente em direção a Kam, exibindo uma expressão orgulhosa, como se já tivesse vencido a luta.

Entretanto, após dar apenas dois passos à frente, três cortes profundos foram feitos em seu peito, fazendo com que o sangue jorrasse em grande quantidade.

Parando de caminhar, o monstro levou a palma da mão esquerda sobre o ferimento, mostrando confusão em seu olhar enquanto vasculhava o espaço ao redor, tentando compreender o que acabara de ocorrer.

Só então, sentiu um corte agudo na lateral externa da coxa, indicando que havia também uma ferida recém-infligida naquele ponto.

— Quem está aí? — grita Belzéputrefactus.

POW!!

Sem perceber, a criatura leva um grande golpe na cabeça de ossos de cavalo, o golpe foi tão forte que o fez tombar.

Kam fixa o olhar na autora do golpe, lá ele vê Aquaëlle dando um chute na cara do inimigo.

A criaturinha de um metro, cheia de sangue — até os chifres negros agora estão vermelho carmesim — veio ajudar com um olhar furioso e um sorriso ardente.

"Você? Eu acho que não era para você estar aqui!", pensou o Espadachim, dando um suspiro de alívio logo em seguida.

Aquaëlle pousa no chão com sua adaga vermelha e corre rapidamente na direção de Kam.

— Você está bem? — pergunta Aquaëlle, relando no ombro esquerdo de Kam.

— Sim! Demorou em? — ironizou Kam.

— Eu vi um monte de soldado que estavam te seguindo, então resolvi te ajudar, aí eu acabei com eles…

"Ela matou quantos soldados?", Kam pensou.

— Onde está aquele padre? Eu quero dar uma surra nele…

— Você acabou de dar uma surra nele — responde Kam.

Aquaëlle olha para o monstro e faz uma cara assustada.

— Essa aberração? Eu sabia que ele não era um padre de verdade! — afirma Aquaëlle, transbordando raiva.

A criatura começa a se movimentar novamente, Kam e Aquaëlle encerram suas falas e ficam observando o monstro se levantar.

— Que surpresa, não sabia que tinhas uma parceira, Espadachim, prometo mandar os dois para o inferno! Hahahaha — gritou Belzéputrefactus, enquanto se levanta.

Kam respira fundo e segura a espada vermelha com as duas mãos, Aquaëlle repete os mesmos movimentos de Kam, fazendo até o suspiro.

Os dois partiram em direção ao monstro. A criatura se aproximou também. Aquaëlle deu um enorme salto para frente,

tentando desferir outro chute na cara de cavalo do monstro, enquanto Kam tentava desferir um golpe certeiro com sua espada nos pés da criatura.

Belzéputrefactus não fora surpreendido, usando seus dois braços para defender o chute e arremessar Aquaëlle alguns metros de distância. Contudo, o golpe de Kam ele não pôde evitar, resultando na decepção da metade de seu pé e fazendo com que jorrasse uma grande quantidade de sangue.

O monstro soltou um terrível grito e recuou bruscamente. Neste momento, Aquaëlle caiu em pé, com um olhar furioso.

— Pela minha mãe, por todos que morreram pelas suas mãos, eu não te perdoarei — exclama Aquaëlle, feroz, com olhos cheios de lágrimas e voz rouca.

— Eu não preciso do seu perdão! — desdenhou a criatura.

Ao escutar o que a criatura disse, Aquaëlle se inunda de raiva. Sua boca começa a transbordar saliva, seus olhos brancos começam a brilhar intensamente, os dentes rangem, e uma grande quantidade de suor começa a se fazer no próprio rosto.

Com a adaga vermelha em mãos, ela dispara freneticamente na direção do monstro.

Seus passos rápidos a fazem subir em um instante sobre a perna esquerda do monstro sem que o mesmo consiga reagir.

Golpes fortes e fundos são efetuados pela garota, fazendo assim, o monstro rosnar de dor. Ela, logo depois, pula no chão.

Kam, ao ver aquilo, avançou — mesmo sangrando — com a espada vermelha em mãos e desferiu um corte certeiro no calcanhar esquerdo do monstro, abrindo um grande ferimento que fez o monstro perder o controle e cair no chão com a barriga para baixo. Aquaëlle, vendo o que Kam acabara de fazer, afastou-se da criatura.

— Grrrrraaaaahhhhhh

Belzéputrefactus grita de raiva e logo depois tenta se levantar.

O espadachim demoníaco range os dentes, esboça um sorriso de raiva e, em seguida, corre em direção ao monstro.

Com grande ira, ele pula para frente com a espada vermelha em mãos, tentando cravá-la nas costas do monstro.

No entanto, antes que pudesse executar seu ataque, o teto do salão é destruído como se tivesse sido acertado por uma marreta gigante.

O vento que se criou com aquela misteriosa cena fez Kam ser levado a alguns metros de onde ele queria atacar e cair abruptamente no chão, fazendo ele cuspir mais algumas bolas de sangue.

Aquaëlle também sofre por causa do vento, ela é jogada para trás e se choca com um dos últimos pilares do local.

Kam se levanta, com dificuldade, ele solta alguns gemidos de dor enquanto tenta ficar em pé. Os olhos do Espadachim se direcionam para cima, lá ele vê uma figura brilhante flutuando onde estava o teto.

— Você…

Lá em cima, flutuando, estava um homem ruivo de cabelos lisos que iam até a cintura, uma barba malfeita e olhos vermelhos.

Kam observou as vestes do sujeito: uma armadura dourada que cobria todo o corpo, além de uma capa preta que brilhava pontos de luz similares ao céu noturno.

Ele rangeu os dentes ao notar que ao lado do homem misterioso havia uma espada dourada de um metro e sessenta, cuja lâmina emanava chamas amarelas.

— HaHaHa, não esperava te encontrar aqui, Espadachim!

— Seu desgraçado! Eu vou te matar…

Kam começou a gritar abruptamente enquanto seu olhar se dirigia para baixo. Seu semblante exibia uma expressão carregada de ódio, e uma aura obscura o circundava, intensificando o ar místico do momento.

As veias que percorriam seu corpo pareciam pulsar vigorosamente, sendo perceptíveis desde seu rosto até seus pés.

Algumas dessas veias, em contraste, emitiam uma cor azulada e alva, furtivamente distinguíveis em meio ao dantesco aspecto emitido por Kam.

De igual modo, a espada carmesim refletia as vertentes luminescentes das veias azuis, refulgindo o nome "Ragnarok" com uma intensidade jamais presenciada anteriormente.

O Espadachim dispara em um enorme pulo na direção do ruivo. A velocidade de Kam é tanta que até o monstro e Aquaëlle, que estava só observando, são mandados a alguns metros de distância e o chão do salão é quebrado, fazendo vários pedaços saírem voando aleatoriamente.

— Eu não vim por causa de você, e não use esse poder agora, você está fraco.

Com seus braços cruzados e um sorriso irônico, o ruivo elevou o dedo indicador de sua mão direita para ordenar que a espada flutuante se movesse em direção a Kam. O encontro entre a espada Ragnarok e a espada dourada desencadeou uma poderosa explosão de luz que iluminou toda a cidade.

Quando a explosão acabou, o ruivo estava com a mão esquerda apertando o pescoço de Kam, enquanto o espadachim se encontrava desmaiado. O ruivo — em um movimento rápido, expressando um olhar de nojo — joga o corpo de Kam para perto de Aquaëlle, que estava apenas observando aquilo com um olhar amedrontado.

****

Algum tempo se passou e Kam despertou em meio aos escombros do salão. Ao erguer o olhar, vislumbrou Aquaëlle o observando ao seu lado esquerdo. Com dificuldade, Kam se pôs sentado, respirando calmamente enquanto observava suas mãos, cheia de calos e sangue.

— O'Que aconteceu?

— Aquele cara dourado levou o monstro daqui… você conhece aquele cara? — perguntou Aquaëlle.

— Sim… já conheci.

Enquanto Kam olha para baixo, lágrimas saem dos olhos dele. Logo depois, ele olha para cima e solta um demorado, pesado e alto grito.

Passado algum tempo, Kam ergueu-se com certa dificuldade e, amparado por suas próprias forças, deslocou-se em direção à espada carmesim.

Tomando-a com firmeza pelas duas mãos, ergueu-a em direção ao alto e fitou a ponta da lâmina. Após alguns instantes de contemplação, fincou-a no solo com delicadeza.

Em seguida, Kam respirou fundo, retirando com parcimônia a parte superior de sua armadura companhada da capa negra.

— Você… vai embora? — perguntou Aquaëlle.

— Sim!

— Eu posso ir com tu? —

— Não! — afirmou Kam.

Aquaëlle se levanta e começa a caminhar na direção de Kam,

— Por favor, eu… não tenho ninguém aqui!

Kam virou-se e fixou o olhar em Aquaëlle.

— Ninguém gostou de mim, mesmo eu nunca atacando ninguém.

Os olhos de Aquaëlle encheram de água, o rosto se contorceu em tristeza.

— A única pessoa que cuidava de mim, morreu… por favor — implorou Aquaëlle.

Kam começou a caminhar na direção da garotinha.

— O mundo que vivo é cheio de monstro e perigos inimagináveis, não é como aqui — informou Kam.

Aquaëlle fechou os olhos e começou a chorar. Suas mãos tremiam enquanto tentava limpar as lágrimas que teimavam em escorrer pelos olhos. Soluços profundos e doloridos escaparam de sua garganta, ecoando pelo ambiente.

A emoção a sufocava, impedindo-a de pensar com clareza. Seu coração parecia prestes a explodir dentro do peito. Aquela dor era insuportável.

Com um suspiro trêmulo, ela tentou controlar a respiração, mas o choro continuava a sacudir seu corpo. Em sua mente, as lembranças da época em que vivia sozinha voltavam à tona, dolorosas e intensas.

— Eu não me importo, eu não quero mais ficar sozinha aqui! Por favor, me deixe ir com tu! Eu não…

Antes que ela pudesse concluir sua fala, algo pesado pousou em sua cabeça, fazendo com que seus olhos se abrissem lentamente.

Foi então que ela se deparou com a mão esquerda do espadachim. Admirada, seu olhar fixou-se nos olhos brilhantes do rapaz enquanto este lhe acariciava delicadamente.

Com um sorriso sincero nos lábios, ele demonstrava toda a sua gentileza e cuidado com ela.

— Então vamos…