Andrei estava absorto em seu jogo favorito, Arkita Online, quando a noite avançava lentamente. Ele estava animado para testar a nova classe que havia sido lançada na última atualização. A adrenalina corria enquanto ele mergulhava nas profundezas do jogo, desbravando novos desafios e dominando habilidades.
Ele havia acabado de alcançar o nível máximo com sua classe de espadachim mágico, um feito que o deixava empolgado para explorar as possibilidades da nova atualização. No entanto, sua animação logo foi substituída pela frustração quando ele percebeu que a nova classe era muito mais difícil de dominar do que ele esperava.
Decidido a dominar essa nova classe, Andrei mudou para o personagem Katiel, que costumava usar especificamente para testar novas mecânicas e habilidades. Ele queria entender completamente as nuances dessa nova classe, mesmo que isso significasse passar horas enfrentando desafios aparentemente impossíveis.
À medida que as horas passavam e a noite avançava, Andrei finalmente decidiu que era hora de encerrar a sessão de jogo e descansar um pouco antes da prova importante que teria na faculdade no dia seguinte. Ele fechou o jogo e se preparou para dormir, alheio ao destino que o aguardava.
Andrei acordou com uma sensação de frio e desconforto. Seus olhos se abriram lentamente, ajustando-se à luz fraca que penetrava entre as construções. Ele sentiu o chão duro e irregular sob seu corpo e percebeu que não estava em sua cama, mas em um beco sujo e estreito.
— Que droga... Onde eu estou? — murmurou, tentando se levantar. Foi então que percebeu algo ainda mais estranho. Suas mãos e braços não eram os mesmos. Eram menores, mais magros e cobertos por roupas esfarrapadas.
— Isso não pode ser real... — ele sussurrou, levando as mãos ao rosto. Ele correu para uma poça de água na rua e viu refletido não seu rosto, mas o de Katiel, seu personagem no jogo Arkita Online.
— Katiel? Não... Sou eu mesmo, mas... no corpo do Katiel? — Ele apertou os olhos, tentando entender o que estava acontecendo. Deu um passo para trás, quase tropeçando em uma pilha de lixo. — Isso não pode ser verdade... Eu estou no jogo!
Ele tentou acalmar-se e lembrar-se de como o jogo funcionava. Katiel, o personagem que estava usando, era uma versão mais jovem e menos poderosa de si mesmo. Suas roupas esfarrapadas confirmavam isso. Andrei começou a vasculhar os bolsos e encontrou uma adaga enferrujada, o que lhe deu um pequeno consolo.
De repente, ele ouviu passos no beco. Seu coração disparou. Escondendo-se atrás de uma pilha de caixotes, ele observou atentamente. Uma figura feminina se aproximava, seus cabelos vermelhos e olhos roxos a denunciavam. Era Sofitia, uma das personagens que mais gostava no jogo.
— Sofitia Alcatia... Mas ela ainda é uma criança — Andrei sussurrou para si mesmo. Lembrava-se da trágica história dela e como ela se tornaria uma dos generais do Lorde Demônio. Isso significava que ele estava nove anos antes dos eventos principais do jogo.
— Eu preciso ajudá-la. Se eu salvar Sofitia agora, posso mudar o futuro! — decidiu Andrei. Contudo, ele lembrou-se da animosidade entre Katiel e Sofitia. Ela provavelmente não confiaria nele.
Quando Sofitia se aproximou, Andrei saiu das sombras, erguendo as mãos para mostrar que não tinha intenções de lutar.
— Sofitia! Eu... preciso falar com você — disse ele, tentando manter a voz firme.
Sofitia parou, estreitando os olhos.
— O que você quer, Katiel? Veio me desafiar de novo? — ela perguntou, com desdém na voz.
— Não! Eu não sou o Katiel que você conhece — Andrei respondeu rapidamente. — Eu sei que isso vai soar estranho, mas eu estou aqui para ajudar você.
Ela riu, uma risada amarga e incrédula.
— Você? Me ajudar? Por que eu acreditaria nisso?
Andrei respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas.
— Eu sei que não temos uma boa história juntos, mas eu realmente quero mudar isso. Eu quero ajudar você e seus amigos — disse ele, tentando soar o mais sincero possível.
Antes que Sofitia pudesse responder, três figuras apareceram atrás dela. Uma meio-vampira chamada Lira, uma elfa negra chamada Alma, e os irmãos gêmeos Demi-humanos da tribo Tigre Branco, Jarek e Eli.
— Katiel? — perguntou Jarek, franzindo a testa. — Por que está aqui? Veio causar problemas de novo?
— Não, Jarek. Eu... mudei. Eu sei que isso é difícil de acreditar, mas eu realmente quero ajudar vocês — respondeu Andrei, tentando manter a calma.
Alma deu um passo à frente, olhando Andrei nos olhos.
— Você sempre nos desprezou, Katiel. Por que deveríamos acreditar que mudou?
Andrei sabia que tinha que ser convincente.
— Eu sei que parece estranho, mas eu tive uma... epifania. Eu percebi que estava errado sobre muitas coisas. Eu quero ajudar vocês a escapar desse lugar, a sobreviver.
Lira cruzou os braços, ainda desconfiada.
— E o que você sugere que façamos, então?
— Eu não tenho todas as respostas ainda — admitiu Andrei. — Mas eu sei que precisamos trabalhar juntos. Precisamos treinar, ficar mais fortes e encontrar uma maneira de sobreviver.
Sofitia, que estava em silêncio até agora, finalmente falou.
— E por que você acha que precisamos da sua ajuda, Katiel? Nós conseguimos nos virar muito bem sem você.
Andrei sabia que convencer Sofitia seria o maior desafio.
— Porque eu sei o que está por vir. E sei que, se não nos unirmos agora, todos nós vamos sofrer. Eu estou disposto a provar minha lealdade a vocês.
Eli olhou para Sofitia, esperando sua decisão.
— O que você acha, Sofitia?
Sofitia olhou profundamente nos olhos de Andrei, buscando qualquer sinal de mentira.
— Está bem, Katiel. Mas saiba que estarei de olho em você. E se trair nossa confiança, não haverá perdão.
— Eu espero que sim — respondeu Andrei, determinado. — Vamos começar a mudar nosso destino juntos.
E assim, Andrei, agora no corpo de Katiel, deu o primeiro passo em sua missão de mudar o destino de suas personagens favoritas e, quem sabe, encontrar uma maneira de voltar para casa.