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Coração das Trevas

Ele colocou uma mão na porta ao lado da cabeça dela antes de se inclinar para frente. O que ele estava fazendo? Tentando intimidá-la novamente? “A verdade é...” Ele começou a falar em voz baixa e ela esticou os ouvidos, mas tudo o que conseguia ouvir era a batida do seu coração. “Eu odeio quando você me toca porque eu gosto muito disso.” Os olhos dela se arregalaram de surpresa e ele se inclinou ainda mais antes de continuar falando. “Eu também odeio o jeito como você cheira...” ela pôde ouvi-lo inalar o aroma dela “Você tem um cheiro delicioso. E odeio seu cabelo porque é tentador. Eu quero passar meus dedos por ele, puxá-lo suavemente enquanto provo seus lábios e mordo seu pescoço.” Angélica de repente sentiu como se não houvesse mais ar no quarto. “Seu toque me deixa incapaz de resistir a fazer essas coisas e todas as outras coisas que eu quero fazer com você.” “Ou... outras coisas.” Ela respirou sem perceber que estava pensando alto. Um lado de seus lábios se curvou em um sorriso. “Imagine todas as coisas que um homem gostaria de fazer com você. Eu quero fazer essas coisas e muito mais.” Ele se inclinou mais, trazendo os lábios próximo ao ouvido dela. “Porque eu não sou um homem. Eu sou uma besta. Uma faminta. Então, a menos que você queira que eu a morda, evite me tocar.” **************** Uma mulher sozinha no mundo dos homens. Num tempo e lugar onde é difícil para uma mulher viver sozinha, proteger-se e prover a si mesma, Angélica precisa encontrar um provedor e um protetor depois que seu pai é acusado de ser um traidor e executado pelo rei. Agora conhecida como filha do traidor, ela deve sobreviver em um mundo cruel governado por homens, e para fazer isso ela acaba buscando proteção em um homem temido por todos. Um homem com muitas cicatrizes. Tanto físicas quanto mentais. Um homem punido por seu orgulho. Rayven é um homem com muitas cicatrizes. Elas cobrem seu rosto e punem sua alma. Ele nunca pode se mostrar sem que as pessoas recuem ao vê-lo. Exceto por uma mulher que vem voluntariamente bater à sua porta. Ela é um castigo adicional enviado a ele, ou será ela sua salvação?

JasmineJosef · Fantasie
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Capítulo 12

Angelica não conseguia acreditar que seu pai ameaçou expulsá-la de casa e proibi-la de ver o irmão. Ela sabia que ele podia ser impiedoso às vezes, mas isso era um novo nível de frieza. O que ela faria agora?

Ela se virou na cama, incapaz de dormir.

— Tem algo errado? — William perguntou, que estava dormindo ao lado dela.

— Não, — ela mentiu.

Mesmo estando de costas para ele, ela poderia dizer que o irmão não acreditou nela.

— O pai está te forçando a se casar com Sir Shaw?

— Sim, — ela respondeu.

Ele ficou em silêncio por um longo momento. — Eu te disse, estamos melhor sem ele. —

Angelica se virou, perturbada pelo comentário dele.

— William, ele está apenas fazendo o que ele acha que é melhor para mim. Na verdade, eu preciso me casar. — Explicou ela.

— Então ele deveria encontrar alguém com quem você esteja contente. —

Esse era o problema. Ela nunca estava contente.

— Está demorando muito para encontrar alguém com quem eu esteja contente e o pai está ficando preocupado. —

— Você não tem que me fazer gostar dele. Estou bem apenas gostando de você, — disse William.

Angelica ficou surpresa com as palavras dele a princípio, mas depois ela conhecia o irmão. Ele conseguia ver as intenções das pessoas, mesmo quando elas mesmas não sabiam.

Ela acariciou o cabelo dele, — tudo vai ficar bem. —

Ele fechou os olhos enquanto ela continuava a acariciar o cabelo dele. Então, eventualmente, ele adormeceu.

Angelica ficou acordada, pensando no que fazer. Talvez ela devesse ir até o Rei, mas e depois? A menos que ele a chamasse, ir até ele era sem sentido.

Onde estava ele agora que ela queria que ele a chamasse?

De repente, ela ouviu as rodas de uma carruagem do lado de fora, seguida pela voz cantante e alta do pai.

Angelica afastou os cobertores e foi olhar pela janela. Seu pai estava cambaleando em direção à entrada. Ele estava bêbado de novo.

Angelica vestiu seu robe e decidiu descer e encontrar o pai antes que ele causasse confusão no meio da noite. Assim que ela chegou ao salão, ela esperou que ele entrasse.

O cheiro de álcool fez ela franzir o nariz quando ele entrou, cantando alto.

— Pai, está tarde. — Disse ela.

Ele parou e olhou em sua direção.

— Angelica! — Ele chamou como se ela estivesse longe. — Venha aqui! —

Ele fez um gesto para que ela se aproximasse e Angelica foi até ele, hesitante. Ele colocou uma mão no ombro dela e inclinou-se para perto. O cheiro fez com que ela apenas respirasse pela boca.

— Estamos condenados, — ele sussurrou perto do ouvido dela. — Estamos. Condenados. O diabo veio atrás de nós. —

Angelica já tinha o ouvido nomear o diabo algumas vezes agora.

— Pai, o diabo sempre esteve aqui. — Disse ela.

Ele se inclinou para trás, balançando a cabeça, — mas você já viu ele? — Ele perguntou.

Angelica olhou nos olhos temerosos dele.

— Eu vi, — ele sussurrou. — Eu o vi. Ele é... assustador, mas não me assusta. Não, não. — Ele sacudiu a cabeça e moveu o dedo indicador de um lado para o outro. — Eu vou eliminá-lo. Não vou deixar o mal nos governar. —

Ele passou por ela, — Não vou deixar o mal prevalecer. — Ele chamou.

— O que você vai fazer? — ela perguntou enquanto ele se afastava.

— Eu vou matá-lo. —

— O diabo?

— Sim. —

Isso era absurdo.

— E como você fará isso? — ela perguntou, indo atrás dele.

— Vou encontrar um jeito, — ele disse, atirando-se no sofá. — Vou encontrar um jeito, — ele repetiu antes de começar a roncar.

— Pai? —

Ele já dormiu?

Angelica suspirou, sentindo-se esgotada pelo comportamento do pai. Ela voltou para o quarto e dormiu as poucas horas que restavam até a manhã.

Quando a manhã chegou, Angelica ainda estava cansada. Ela não tinha vontade de acordar. Acordar significava lidar com seus problemas, e ela ainda não estava pronta para isso. Mas mais sono não faria seus problemas desaparecerem, e ela finalmente teve que acordar.

— Você está doente, Minha Senhora? — Sua camareira, Eva perguntou, enquanto penteava seus cabelos.

— Não. Por quê? —

— Você nunca acordou tão tarde. —

— Estou apenas cansada, — disse Angelica. — Onde está William? —

— Ele está lendo no quarto dele. —

Angelica se sentiu mal por ele estar perdendo todas as suas aulas por causa do pai.

— E o pai?

— Ele saiu. —

Esperançosamente não para causar problemas. Angelica não sabia o que esperar. Será que ele voltaria para casa bêbado, machucado, ou não voltaria de forma alguma?

— Outra jovem foi encontrada morta esta manhã. Não sei o que está acontecendo em nossa cidade, — disse Eva, preocupada.

Angelica também estava cada vez mais preocupada. Eles precisavam encontrar o assassino em breve antes que mais mulheres se machucassem.

— Minha Senhora, — Thomas bateu à porta dela e esperou na entrada. Ele parecia ansioso. — O Lorde Rayven está aqui. Ele pediu pelo seu pai e eu disse que ele não estava em casa. Ele está pedindo por você agora?

O coração de Angelica gelou. Será que o pai não tinha ido para o castelo? Então onde ele estava e por que Lorde Rayven estava procurando por ele?

— Você o convidou para entrar? — ela perguntou.

— Sim, mas ele recusou meu convite. Ele está esperando lá fora. —

— Está bem, estou descendo, — ela disse.

O pai causou problema? Temendo o pior, Angelica foi até o lado de fora para ver Lorde Rayven. Ter que falar com ele também a deixava ansiosa.

Lorde Rayven estava ao lado do cavalo dele, carregando sua aura sombria assim com roupas luxuosas. As pessoas o chamavam de Senhor das Trevas depois que ele se mudou para a toca do lobo. Agora ela entendia por que ele recebeu esse nome.

Os olhos negros dele desviaram para ela enquanto ela se aproximava, e o coração dela acelerou ao encontrar o olhar dele. — Boa tarde, meu Senhor, — ela fez uma reverência.

Ele estreitou os olhos, mas não se moveu.

— Posso ajudá-lo? — Ela perguntou quando ele não falou.

Ele a deixava mais nervosa do que o Rei.

— Você pode dizer ao seu pai que ele tem deveres como o comandante-chefe do Exército Real. Negligenciar seus deveres terá consequências. —

A voz dele. Ela se tornou certa de que já tinha ouvido ela antes, mas onde?

— Vou avisá-lo, — ela disse.

Ela sabia que seu pai tinha causado problemas.

— E seu irmão… —

Ah não! E o irmão dela?

— Ele não tem comparecido às suas aulas. —

— Ele tem estado doente, meu Senhor, — ela mentiu.

O olhar de Lorde Rayven ficou mais sério como se soubesse que ela estava mentindo.

— Se ele quer que eu o treine, avise que doença não é desculpa para faltar às aulas. —

Ele o treinaria? Angelica piscou algumas vezes sem acreditar. Seu irmão ficaria animado, mas… Lorde Rayven o trataria bem?

Espera! Ele disse que doença não era desculpa.

— Você quer que ele treine estando doente? —

— Bem, ele não está morrendo. — Ele assentiu atrás dela.

Angelica olhou para trás e viu seu irmão parado na varanda.

Sentindo-se envergonhada, ela voltou-se para Lorde Rayven. Ignorando-a, ele subiu no cavalo.

— Você está procurando pelo assassino? — ela perguntou antes dele poder partir.

Ele olhou para baixo na direção dela, dessa vez não com desprezo. — Não há necessidade de procurar quando as pessoas já determinaram quem é o assassino. — Ele disse e então cavalgou para longe.

Levou um momento para Angelica perceber o que ele queria dizer.