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Dia do Casamento

Nervoso era o que definia o estado atual de Saul. Enquanto várias pessoas passavam pelo seu quarto com um olhar curioso, ele só conseguia pensar em como sua barriga doía. Um homem de meia idade usava uma faixa para calcular as suas medidas.

- Saul, por favor, para um pouco de se mexer. Não consigo fazer as medidas corretamente se você ficar se mexendo tanto.

- Mas Messala, eu tô completamente nauseado com toda essa situação. E se eu tropeçar no caminho do altar?

- Vai dar tudo certo, irmãozinho.

Um menino loiro e de olhos azuis olhava para Saul com um sorriso malicioso.

- Al, você parece pouco confortável com toda essa veste de gala.

- Eu devo dizer que o senhor Alaricus está elegantíssimo!

- Viu isso, Saul? Pelo menos Mes tem bom gosto.

- O que veio fazer aqui, Al?

- Papai mandou eu vir aqui ver como você estava.

Saul não podia dizer para seu irmão, que estava quase vomitando de tanto nervosismo.

- Diga para o rei que falta mais algumas medidas e estarei pronto.

- Então Sal, mudando de assunto, você viu como sua noiva está?

- Senhor Alaricus, não sabe que ver a noiva antes da cerimônia dá azar?

- Bobagem, Mes. Enfim, eu tenho que ir, Sal. Até mais.

Ele virou os calcanhares e saiu às pressas pelo longo corredor.

- Pronto senhor, todas as suas medidas foram feitas, demorarei um pouco fazendo os ajustes no seu terno. Que tal dar uma volta pelo Castelo pra ver como estão as coisas?

- Quanto tempo até ficar tudo pronto?

- Por volta de duas horas.

- Ok, Mes. Até mais.

- Ah, Saul! Não se esqueça. Ver a noiva antes da cerimônia dá azar.

-Tá bom, Mes. Vou lembrar.

Saul saiu do quarto e, andando pelo corredor, ele observou que todos o encaravam com certo entusiasmo, certamente empolgados com as possibilidades que seu casamento traria.

Ele era o segundo de cinco filhos. Seu pai, o rei, havia tido todos os filhos com a rainha, menos ele. Saul era filho bastardo, e, apesar da rainha não o querer no Castelo, o rei permitiu que vivesse como príncipe. Saul tinha poucos amigos. Seu irmão mais novo, Alaricus, era seu grande admirador. Com exceção desses poucos amigos, a maioria dos seus irmãos o odiava e o tratava como um intruso na família. Liderados pela rainha, eles tornavam a vida de Saul difícil. Em contraponto, os criados gostavam muito de Saul por ser humilde e muito cordial com todos, diferente do resto da família real que eram extremamente arrogantes.

Ao chegar no final do corredor, desceu as escadas que levavam até a entrada do Castelo e saiu para o pátio. Lá, ele observou os criados nervosos com todos os preparativos do seu casamento. Eles corriam de um lado para outro tentando deixar tudo perfeito.

Uma criada se aproximou dele.

- Senhor Saul, tenho um recado do Senhor Serapio pra você.

- Que estranho, o Serapio não é de escrever recados.

Um papel meio amassado pedia que Saul fosse urgentemente à Torre Azure.

- Hey

Disse Saul para criada que estava saindo.

- Você sabe quanto tempo faz que o Serapio deu esse recado a você?

- Senhor Saul, me desculpe, mas foi há um tempo. Eu tentei lhe avisar, mas você estava ocupado arrumando suas vestes para o casamento.

-Tudo bem. Muito obrigado por me mandar o recado. Eu vou indo. Tenha um bom dia!

Saul saiu apressado em direção à Torre Azure. Correndo por toda a cidade, observou todo o povo em clima de festa pelo seu casamento. Nunca imaginou que fosse tão amado pelo povo.

Chegando perto da torre, observou que a porta estava entreaberta, o que não era comum. As portas das torres eram sempre mantidas fechadas para evitar intrusos. Saul entrou na torre e subiu as escadas até chegar ao topo.

- Cara, você demorou umas duas horas! Pensei que ia dar bolo em mim. Nem sei por que eu permiti que minha irmã casasse com você!

- Foi mal, cara. Eu tava ajeitando minha vestes pro casamento.

- Ah, olha que fofo! Quem diria meu melhor amigo virando hominho e se casando.

- Ok, eu entendi. Você está entediado. Por que me chamou aqui, Serapio?

- Ei, calma um pouco! Senta aí, a gente tem bastante tempo até o casamento. Eu trouxe cerveja e pão, eu sei que você tá sem comer desde que acordou.

- Cara, por que eu não casei com você?

- Obviamente, meus gostos são mais exigentes do que os da minha irmã.

Saul sentou-se ao lado de Serapio, pegou um pedaço de pão e, com a boca cheia, começou a conversar.

- Então, você me chamou aqui pra beber e comer pão?

- Saul, o que você sabe sobre Magos?

Saul congelou. Sentiu sua espinha estalar. Falar sobre Magos no reino era estritamente proibido. Era um tabu imposto pelo rei eras atrás e herdado pelo povo.

- P-Por que você tá me perguntando isso?

- Saul, você não acha curioso como, mesmo com tanta influência e poder, os magos nunca sequer conseguiram penetrar nossas defesas? Eu acho que eles estão esperando a ocasião certa há muito tempo. Nada melhor pra eles do que um casamento real, onde toda a população vai estar distraída e festejando. Olhe como foi fácil pra mim entrar nessa torre! Se eu fosse um mago, eu atacaria esse reino hoje.

- O que é isso?! Para de agourar meu casamento! Além do que não tem como um Mago entrar na Torre antes de passar pela barreira que elas emitem.

- É, você está certo.

- Por que esse papo do nada, Serapio? Quer me dizer algo?

- Ha ha ha, estou apenas brincando com você, idiota. Vai dar tudo certo!

Saul e Serapio continuaram a beber e conversar sobre como foram as suas semanas. E assim as horas passaram.

- Droga!

Saul disse, percebendo que esqueceu do tempo.

- O que foi?

- Preciso voltar imediatamente! Meu terno já está pronto e o casamento vai começar em breve!

- Relaxa meninão. Eu tô de moto.

- Vamos logo, Serapio!

Saul desceu a torre às pressas, enquanto Serapio ia procurando a chave da moto em seus bolsos. Assim que chegaram ao solo, Serapio achou sua chave e foram às pressas para o Castelo.

Chegando no Castelo com os olhos turvos de preocupação, Saul subiu até o quarto de Messala, onde ele esperava impacientemente por Sua Alteza.

- Já era hora, Senhor Saul!

- Perdão Mes! Eu perdi a noção do tempo!

- Rápido! Fique ali na frente do espelho.

Saul trocou suas vestes e estava pronto para seu casamento.

- Ficou perfeito em você, Senhor Saul!

- Obrigado, Mes! Você consegue tornar qualquer um bonito com suas roupas!

- Realmente consigo! Agora apresse-se e vá cumprimentar os convidados no hall!

Saul se dirigiu calmamente até o hall. Ao chegar lá, viu os pais da sua noiva conversando. Ao verem que Saul estava chegando, pararam e o cumprimentaram.

- Olha só, querida! Como o nosso genro está bonito! Nem parece aquele moleque que vivia lá em casa quietinho e envergonhado.

- Saul, você está incrível! Realmente se tornou um homem digno de casar com nossa filha! E, sendo bem sincera, sempre soube que você gostava da Drasyla.

Saul ficou um pouco corado mas manteve a postura.

- Obrigado! Eu realmente estou muito feliz de poder compartilhar minha vida com a Drasy. E também estou muito feliz por vocês me darem o seu voto de confiança para cuidar dela.

Eles olharam orgulhosos para o homem à sua frente.

- Bom querida vamos deixar ele cumprimentar o resto dos convidados.