Após a batalha entre mim e Lee, Iruka-sensei começou a nomear duas pessoas para lutarem. Até agora, ninguém mostrou algo tão interessante quanto nós, exceto talvez Neji e Sasuke. Mas, sinceramente, os oponentes deles eram fracos demais para realmente valer. De qualquer forma, isso não importa agora. Tenho algumas perguntas para fazer a um certo alguém.
'Sistema, o que diabos aconteceu?' pergunto mentalmente, sem querer chamar a atenção dos outros.
[Com relação ao que?]
'Você sabe muito bem do que estou falando. Quem era aquela voz?'
[Ah, sobre isso… como eu explico isso de forma simples...] O sistema fica em silêncio por alguns segundos, provavelmente pensando em como não complicar demais a situação.
Eu espero. Não tenho pressa.
[Primeiro, precisamos voltar um pouco para sua origem.] Ele continua.
Reviro os olhos. 'Eu já sei que minha origem não é simples. Um órfão aleatório com um sistema quase omnipotente me seguindo desde que me entendo por gente? Já percebi que não sou alguém comum. Qual é o problema?'
[Problema nenhum. Isso é mais comum do que parece, na verdade. Mas é algo difícil de explicar com palavras normais.]
'Ótimo, mais uma daquelas explicações complicadas. Manda ver.' Eu suspiro internamente, mas sei que não tenho escolha.
[Certo. Seu nome é Sekiro. Pelas memórias que te dei, você já deve ter uma ideia do que isso significa.]
'Sim, sim. Sekiro: o lobo de um braço só. Além de ser o nome do protagonista do jogo Sekiro: Shadows Die Twice. E daí?'
[Exatamente. Bom, o que eu estou tentando te dizer é que você é literalmente o Sekiro.]
Eu fico em silêncio por um momento, não porque estou chocado, mas só porque estou processando a informação. 'Tá, e daí?'
[Você é a reencarnação dele.]
'Hum, faz sentido. Reencarnação, sistemas... esse tipo de coisa.' Minha reação é neutra. Afinal, isso não é muito mais estranho do que o fato de ter um sistema me guiando.
[Isso mesmo. Agora, sobre o que aconteceu: o mundo de Sekiro realmente existe, assim como o mundo de Naruto.]
'Certo, mundos paralelos e tal. Já ouvi falar disso antes.'
[Exato. No mundo do shinobi do herdeiro divino – vamos chamá-lo assim para evitar confusões – ele ficou inconformado com o sacrifício de seu mestre. O herdeiro divino queria se sacrificar para quebrar a benção da linhagem do dragão, mas o shinobi não aceitou isso. Ele prometeu encontrar outro jeito.]
'Então ele foi contra o desejo do mestre. Ok.'
[Sim. Ele lutou muito, enfrentou mistérios, derrotou inimigos poderosos, até que, finalmente, encontrou uma maneira de quebrar a imortalidade. Usou a Lâmina Mortal, uma espada capaz de matar até aqueles que não podem morrer.]
'Ah, a espada que quebra a imortalidade. Sim, isso soa familiar.'
[Com essa lâmina, ele cortou sua própria imortalidade, se matando no processo. Porém, o herdeiro divino e ele estavam conectados pelo sangue imortal, e isso ligou os dois para sempre.]
'Então ele quebrou a própria imortalidade para salvar o mestre... algo assim?'
[Exatamente. O shinobi se sacrificou, mas o herdeiro divino foi poupado da morte. Agora, aqui é onde entra a sua situação.]
'Vamos lá, estou curioso.'
[O nosso autor – o criador deste mundo – comprou a alma do shinobi do herdeiro divino de "alguém". Com isso, ele te reencarnou neste corpo, criado diretamente por ele.]
'Um corpo criado por uma existência superior... interessante. Mas isso não explica o porquê dessa reencarnação.'
[A questão é que esse corpo foi criado de forma especial. Normalmente, quando você é reencarnado, suas memórias são apagadas. Mas no seu caso, elas foram mantidas dentro de sua alma.]
'Então eu ainda tenho as memórias do Sekiro original? Todo o histórico de lutas, mortes, guerras, e até de monstros e deuses?'
[Sim, suas memórias da vida passada estão intactas. Elas estão apenas adormecidas, e é por isso que às vezes você ouve ecos do passado, como aquela voz que você ouviu.]
'Entendido. Então sou a reencarnação de Sekiro, no mundo de Naruto, com um sistema que me ajuda e memórias que podem voltar à tona a qualquer momento. Parece razoável.'
[Exatamente. E quanto àquela voz, como eu disse, era um resquício de suas memórias despertando.]
'Bom, isso esclarece as coisas. Eu sou o Sekiro, reencarnado aqui, mas sem grandes complicações além disso. Nada que afete minha vida de forma drástica, certo?'
[Correto.]
'Perfeito. Nada de segredos ou mistérios então. Estou tranquilo com isso.'
[Como eu disse, é algo comum, porém difícil de explicar.]
'Agora eu tenho outra dúvida: por que eu sou a reencarnação do shinobi do herdeiro divino?"
[Mas eu acabei de explicar isso!]
'Não, o que eu quis dizer foi: por que eu, especificamente, sou a reencarnação dele? Tem algum motivo para eu ser a reencarnação do shinobi do herdeiro divino e não de outra pessoa?
Ou por que eu sou reencarnação de alguém e não uma criação totalmente nova? O autor não poderia simplesmente ter me criado do zero, do jeito que ele queria, ao invés de me reencarnar?'
[Você não consegue fazer uma pergunta simples de responder, né?]
'Não mesmo.'
[Sigh. Isso vai levar um tempinho. Deixa eu tentar explicar isso de uma forma que faça sentido.]
O silêncio se estende entre nós. A verdade é que eu realmente queria entender melhor minha situação. Ter um sistema já era algo incomum, mas ser a reencarnação de um lendário shinobi só aumentava o peso da questão. Eu sabia que, de algum jeito, minha existência era especial, mas isso não me livrava das dúvidas que surgiam de tempos em tempos.
Finalmente, o sistema volta a falar, com um tom um pouco mais calmo.
[O motivo é a experiência que você adquiriu em sua vida passada.]
'Experiência no sentido de memórias ou no sentido de... força adquirida? Tipo, 'XP'?'
[Memórias, principalmente. Na mente do autor, Sekiro era o único que se encaixava perfeitamente com a ideia de shinobi que ele tinha em mente.]
'Por que isso? Ele não podia criar um personagem novo para se encaixar no que ele queria?'
[Porque Sekiro não era só um guerreiro qualquer. Ele era um símbolo de várias coisas que o autor valorizava: lealdade, destemor, versatilidade, habilidade como assassino, simplicidade, e ainda assim, com um coração puro. Essas qualidades já estavam impressas em Sekiro, e ele não queria correr o risco de recriar isso do zero e perder a essência.]
O sistema fez uma pausa, como se estivesse organizando as ideias antes de continuar. Eu aproveito para refletir. Ser a reencarnação de alguém que viveu uma vida cheia de batalhas e sacrifícios tinha o seu peso, mas o que mais me intrigava era a liberdade de escolha que eu supostamente teria. Eu não queria ser um mero peão em uma história escrita por outra pessoa.
'Então, ele queria que eu seguisse esse caminho específico, o de um shinobi com essas características. Mas por que ele não simplesmente me fez do zero? Por que reencarnar um personagem já existente?'
[Porque ele queria criar algo único. Um novo mundo, baseado em Naruto, mas com você, alguém que já trazia em si um legado de batalhas e sacrifícios. Ele queria que esse mundo se tornasse um palco onde você pudesse brilhar, se destacar, e seguir seu próprio caminho.]
'Isso soa como se meu destino já estivesse traçado, como se eu fosse apenas uma marionete nesse jogo... Isso me irrita.'
[Eu entendo como você se sente, mas saiba que o seu destino não está escrito na pedra. Lembra-se do que eu te falei sobre destino e livre-arbítrio? O destino pode ser alterado pelas suas próprias escolhas. O que foi traçado para você é o caminho que o autor visualizou, mas você tem o poder de mudar isso, se quiser.]
'Então, minha vida inteira foi planejada, mas eu ainda posso tomar decisões que alterem o rumo?'
[Exatamente. Você vai trilhar o caminho que o autor imaginou para você não porque ele escreveu isso, mas porque suas vontades estão em sintonia com as dele. Você não é forçado a seguir esse caminho, você o segue porque é o seu jeito de ser. É o seu jeito ninja... e o jeito ninja do autor.]
Eu fico em silêncio, digerindo a explicação. Era estranho, mas fazia sentido. De algum modo, minha essência estava alinhada com o que o autor havia planejado. Não porque ele me obrigava a isso, mas porque esse era o meu desejo também. Eu era um shinobi, e essa era minha maneira de viver, de lutar, de seguir em frente.
'Isso é profundo... Você tirou essa ideia de um biscoito da sorte?'
[... Talvez.]
'Hahahaha!' Eu riu em minha mente fazendo o máximo para não deixar mostar em meu rosto.
[Dito isso, agora está na hora de você receber sua recompensa e nova missão.]
'Recompensa? Missão? Pelo o quê?'
[Você acha mesmo que alguém como o autor não teria previsto uma situação dessas?]
[Ele já sabia que algo assim aconteceria um dia e deixou algumas coisas preparadas para te dar quando esse momento chegasse.]
'Nossa, até parece que ele é meu pai.'
[De certa forma, ele é, já que é o criador, mas isso não vem ao caso. Hora da recompensa!]
Um novo pergaminho apareceu na minha frente, flutuando lentamente até mim. A luz ao redor dele parecia cintilar, quase como se estivesse envolvido por uma aura sagrada. Era muito diferente de qualquer outro pergaminho que eu tinha visto antes.
Era branco, com detalhes em dourado que brilhavam sutilmente, quase como se pulsassem com energia própria. As imagens de Budas em meditação ao longo do pergaminho pareciam me observar, como se aqueles olhos serenos escondessem um poder profundo.
「Opa, como vai? Aqui quem fala é o autor.」
De repente, uma voz masculina ecoou em minha cabeça. Diferente da típica voz mecânica e impessoal que o sistema usa para anunciar algo automaticamente, esta parecia ter vindo de alguém vivo.
「Antes que você pergunte, não, eu não sou o autor falando diretamente, apenas uma mensagem gravada para este momento.」
「Eu pedi ao sistema que guardasse isso até o dia em que você descobrisse certas informações específicas.」
「Estou realmente grato por você ter aceitado as coisas tão facilmente, mas, honestamente, isso já era esperado de alguém como você, meu protagonista.」
「De qualquer forma, muito obrigado por aceitar a realidade. Não vou prolongar mais. Vamos direto ao ponto.」
A voz continuou, serena e firme, enquanto eu processava suas palavras. Eu estava prestes a fazer perguntas, mas me forcei a ficar quieto e ouvir.
「Além dessa mensagem, eu deixei um presente para você. Na verdade, são vários, mas para obter o resto, você precisará continuar cumprindo seu destino.」
De repente, senti uma estranha pressão em minha mente, como se algo estivesse se conectando a mim. Fechei os olhos instintivamente, e a escuridão foi substituída por uma visão intensa.
Eu estava em um lugar completamente novo, um santuário escondido no meio de uma floresta. As árvores altas e os bambus ao redor balançavam suavemente com o vento, e a atmosfera era preenchida com o som de água pingando de uma lagoa próxima.
No centro desse santuário, havia um pequeno templo. Suas portas estavam entreabertas, revelando o brilho de velas dentro. As estátuas de Budas ao redor tinham expressões raivosas, quase como se estivessem protegendo algo. Havia um peso espiritual forte no ar, como se o tempo ali estivesse parado.
E então, eu a vi.
No chão, diante de uma imponente estátua de Buda com vários braços e expressões furiosas, repousava uma espada, ainda embainhada. Ela estava em um pequeno pedestal, envolta por uma leve neblina mística. A bainha era de madeira escura, com padrões sutis esculpidos ao longo de sua superfície, remetendo à tradição ancestral dos guerreiros. O cabo, envolto por cordas firmes, indicava uma pegada segura, enquanto a lâmina, oculta, exalava um poder antigo e silencioso, esperando o momento de ser despertada.
A sensação de familiaridade que tomou conta de mim foi instantânea e profunda. Aquela espada... era como se eu já tivesse segurado ela em minhas mãos antes.
'Por que isso parece tão... certo?'
Foquei meu olhar nela, e imediatamente as informações surgiram em minha mente.
「??????: asauchi criada a partir de um pedaço específico de sua alma.」
A descrição reverberava em minha mente, e quanto mais eu absorvia as informações, mais eu sentia que aquela arma não era apenas um instrumento de combate. Era uma parte de mim. Uma extensão da minha própria vontade e destino.
Eu senti uma grande vontade de empunhala mas não sabia como, nem tinha tempo para isso, pois rapidamente esse "sonho" acabou.
Eu abri meus olhos e voltei para a realidade, nem um segundo tinha passado direito.
「Carinhosamente, seu favorito é também único, autor.」
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<2189 palavras>
A verdade, sem mistérios, sem arco de crescimento nem enrolados desnecessárias.
Nem problemas de crise de identidade por saber que você é a reencarnação de alguém.
Por que? Por que eu sou um autor preguiçoso? Talvez, mas a verdade é que isso não importa.
Sekiro é muito maturo, ele já sabia que era o protagonista de uma fanfic de Naruto desde cedo.
Ele sempre soube que era especial, revelar que ele é a reencarnação de alguém não é menos impactando do que revelar que seu mundo foi criado através de um livro.
Então, por que ele deveria reagir surpreso ou abalado? Não tem motivo nenhum para isso.