"Eu sou Jung Eun Ha," Ela falou, estendendo o copo de café que acabara de comprar para o estranho. Agora que este homem ameaçador tinha concordado em ouvi-la, ela sentia que tinha que lutar para mantê-lo interessado e conseguir que ele falasse. Além de, é claro, conseguir sua varinha de volta.
O estranho aceitou a bebida, e esperou que ela tomasse um gole de seu próprio copo, antes de começar a andar pela calçada esperando, aparentemente, que ela o seguisse.
A estilista balançou a cabeça, decidindo seguir o jogo conforme o estilo de quem tinha a vantagem, e o alcançou. "Eu já me apresentei, creio que agora o educado é que a outra parte fizesse o mesmo." Ela tentou não soar exigente, mas este homem tinha um jeito irritante de ser calado.
"Shin." Ele parou e se virou, no meio de pessoas que andavam em sentido contrário, na calçada, atrapalhando o fluxo. As pessoas ficaram irritadas, e se desviaram do casal, embora o homem não parecesse se importar com isso.
"Shin…" Eun Ha indicou com o tom de voz que seria interessante saber o nome todo. Mas, como ela deveria ter desconfiado, ele era imune a indiretas, e parou para cheirar o café com curiosidade, destapando o copo, antes de tomar um gole. Ela quase perdeu a paciência, mas manejou sorrir e insistir: "Só Shin?"
"É o bastante para você."
Eun Ha passou a mão nos cabelos, exasperada, tentando não fazer nada errado que pusesse tudo a perder.
"Sr. Shin… Como eu disse, eu não tenho mais pais vivos. Portanto eles não puderam me ensinar." 'Será que eu estou cometendo um terrível engano, falando assim de mim? Será que ele é confiável? Por que, olhando de perto, e o jeito que ele age… Será que eu estou me envolvendo com um bandido do mundo sobrenatural?'
Ela percebeu que estava encarando fixamente o estranho Sr. Shin, sem falar nada enquanto seus pensamentos corriam por sua cabeça como um estouro de manada. "OH, eu estava pensando aqui… Que tenho que organizar meus pensamentos. Eu tenho muitas coisas a perguntar... Sr. Shin."
"Uhum. Vamos sair de perto dos humanos. Então conversamos."
Não era como se ele tivesse dito isso em voz baixa, no entanto, o que alarmou Eun Ha.
Ele simplesmente continuou andando, em direção ao parque, com Eun Ha em seu encalço. Ele andava rápido e era difícil para ela acompanhar.
Quando finalmente chegaram num local iluminado onde pudessem conversar sem ser ouvidos, perto do rio, o homem que dizia se chamar Shin disse:
"Eu não tenho muito tempo a perder, Srta "Jung" Eun Ha. Portanto seja direta e faça suas perguntas." ele cruzou os braços, mantendo uma distância entre eles.
Eun Ha não pode deixar de pensar que ele não era tão alto quanto o Dr. Flamingo, nem tão elegante, mas tinha ombros bem largos e um tipo bastante atlético. Porém seu olhar era bastante pesado e intimidador.
"Okay. Então devo começar. A pergunta mais importante de todas é: O que nós somos?"
"Fadas." ele respondeu prontamente e sem rodeios.
Eun Ha ficou espantada e literalmente boquiaberta Não era a sua primeira desconfiança. Por causa da varinha mágica que tinha achado, ela imaginava que sua família era de bruxos. Provavelmente estivera influenciada por filmes hollywoodianos para adolescentes por um bom tempo. 'Mas… Espera! Isso até faz sentido. Meu Deus, como eu sou burra! Sim! Fada. Fada! É claro que sim! Mas…'
"Espere! Você também é uma fada?!"
O que?" O homem bufou. "Eu não pareço uma fada, pra você?"
"Bom, não! Quer dizer, não é isso… Só quis saber se…Espera. O senhor ainda não me respondeu. É que, na minha cabeça, as fadas eram…?!" Ela travou sem uma resposta. Ela não tinha ideia sobre fadas que não fosse um clichê. "Quer dizer… É sério que existem fadas até mesmo na Coreia?"
"Hmm, definitivamente você tem muito a aprender." O Sr. Shin murmurou, enfiando as mãos no bolso com um ar cansado. "Aparentemente há, já que você é daqui. Próxima pergunta."
"Aish que desagradável. Ele não vai nem mesmo elaborar?!" ela resmungou para si mesmo, ressentida da escassez de informações.
Ele a encarou e ergueu a sobrancelha num sinal de quem estava ouvindo suas reclamações. Seu olhar era mortífero.
"Erm, ahn bem… Certo. Próxima pergunta." Ela bateu palmas compulsivamente para afastar o nervosismo e tentar melhorar o raciocínio. 'Mas que droga, ele não precisava ficar me pressionando assim, isso daqui está pior do que o Suneung*!'
"Okay, pergunta número dois: eu vou ter minha varinha de volta?" ela perguntou esperançosamente, porém sem saber o que esperar como resposta deste homem.
Ela tentou dar um sorriso que demonstrasse todo o seu bom mocismo, mas provavelmente só fez cara de um mandu amanhecido, ela pensou.
Ele deu um sorriso torto. "Para que você fique brincando com humanos por causa de suas implicâncias imaturas? Parece algo que eu possa fazer?"
"Oppa, digo, Sr. Shin!" Ela se corrigiu, bastando o olhar desaprovador dele para lembrá-la que ele não estava disposto a dar nenhum tipo de intimidade." Sr. Shin, então pergunta número três...O Senhor é um policial?"
Ele demonstrou uma expressão divertida, agora, voltando a cruzar os braços. "Não. Não existe tal coisa entre nós."
"Ahhhhh!" Ela concordou, tentando entender. "Ei, espera, então, você não pode me confiscar a varinha! Me devolva já!" Ela se sentiu justamente enganada, e levantou a voz irritada, estendendo a mão. "Me devolva enquanto estou sendo legal."
"Não seja barulhenta, Jung." Shin simplesmente ignorou o que Eun Ha considerava uma ameaça. "Você tem uma cabeça enorme entre as orelhas mas aparentemente só a usa para enfeite."
"Ahn? Ahn?!" Embora irritada, ela ainda sabia que suas palavras eram no máximo um blefe, pois o que diria ao chamar a polícia contra este homem? Que ele tinha tomado sua varinha mágica? E o que ele queria dizer com aquilo?
"Eu não devia fazer isso." ele tirou a varinha do bolso, e a desenrolou com cuidado do lenço, estendo para ela sem tocar a ferramenta com suas mãos.
Eun Ha agarrou o objeto assim que pôde, imaginando que deveria deixar as perguntas para depois. "Você vai ficar com isso. E se eu descobrir que você está perseguindo e perturbando humanos por diversão, eu virei atrás de você."
Embora ele não tenha realmente mudado o tom para dizer isso, a última frase soou tão verdadeiramente ameaçadora que Eun Ha desviou o olhar do rosto dele, tremendo. Ela guardou rapidamente a varinha no bolso do casaco:
"O que… Por que… Por que você está falando assim?"
"Por que eu sou um caçador. Eu caço monstros e ameaças."