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PEQUENAS VERDADES

Ye Rim ainda estava maravilhada sobre como a noite acabou sendo, a despeito de suas expectativas desanimadas. Andar por aí de chinelos não chamava tanta atenção quanto ela pensava, ou, ao menos, as pessoas fingiam não notar.

Depois de conseguirem acesso aos bastidores do espetáculo graças a Dae Won, e de jantarem e beberem num local perto do teatro, o trio ainda não estava satisfeito, e agora estavam em busca de outro lugar para continuarem a beber.

Então Ye Rim apontou uma pongmacha na rua: "Lá! Parece um bom lugar."

Os dois homens se entreolharam, indecisos.

Ela exclamou: " O que? Não menosprezem a sagrada instituição da comida de rua. Hoje em dia é tão difícil achar uma boa! Já sei: vocês estudaram fora do país, não é?" Ela sabia que tinha tomado mais cerveja do que devia, mas simplesmente que era um merecido prêmio poder se divertir depois de um início de noite tão estressante.

"Tudo bem. Lá parece um bom lugar." Kim Jun Hyeon aquiesceu, e Lee ajuntou: Muito bem. É um ótimo lugar. Vamos lá"

"Ei. Não ignorem minha pergunta! Vocês se conheceram na faculdade?"

"Eu já disse antes, nos conhecemos no colegial. E cuidado!" falou o médico, impedindo que ela atravessasse a rua sem olhar para os lados, a mantendo fisgada pelo cinto, e na calçada até o sinal abrir.

Lee riu, e cuidou de vigiar para que ambos, que beberam bem mais que ele, atravessassem a rua em segurança até o quiosque.

Já sentados e com os pedidos feitos, Dae Won perguntou. "Agora você já sabe que eu e Jun Hyeon nos conhecemos desde o colegial, mas, e vocês? Onde se conheceram?"

"É uma história tétrica." Kim falou.

"Envolve morte." Ye Rim completou, fazendo mistério. Ye Rim tinha a nítida impressão de que o assunto ainda deixava Kim Jun Hyeon embaraçado, mas sua intuição lhe dizia que havia algo mais envolvido. Porém, neste momento ela apenas decidiu não trazer o assunto à tona e falar disso com o hyung dele apenas se ele falasse primeiro.

"Ah, bem, eu não consigo imaginar o que seja. Mas, então? Qual é sua profissão, Ye Rim?"

"Eu sou cantora."

Isso deixou o compositor realmente embaraçado. Kim apenas observava.

"AH, bem…"

"Você não vai adivinhar de que grupo eu sou ou fui. Eu já fui trainee no passado, mas os grupos em que eu deveria debutar não aconteceram… Três vezes. Hoje, eu canto em um lugar chamado Pérola."

"Ah…"

"Não façam essa cara, de quem não sabe o que dizer. Logicamente eu lamento, mas foi como as coisas aconteceram. Acontecem com várias outras pessoas todos os anos."

"O médico serviu as bebidas aos dois, e olhou para a cantora: "Você disse que o Pérola é o seu único local de trabalho, mas você faz apenas duas noites por semana." ele deixou a parte mais importante da pergunta no ar, mas não soou ofensivo ou intrusivo.

"Oh, bem, isso também é assim. Bom, isso é temporário."

Kim se inclinou em sua direção perguntando:

"Fora ser uma cantora, você pensou em ser outra coisa? Ter outra profissão?"

"Ah… Bem. Creio que não. É uma história estranha. Um pouco engraçada também."

"Você querer ser cantora? Por que seria engraçado?"

Ela abriu os braços. "Você realmente quer saber, oppa?"

"Se você quiser contar, claro."

"Bom, Eu nasci nessa cidade. Pequena. Tipo, bem pequena. Meus pais se divorciaram cedo, isso é outra história, mas então meu pai me criou sozinho. O meu pai… Bom, isso também é uma outra história, mas o fato é que eu era essa menina bonita filha de um jovem homem divorciado. As ajuhmmas estavam bem a fim de ajudar!"

Os dois homens riram.

"Então, um dia, uma delas, não lembro bem, me levou à uma igreja cristã. Eu realmente não lembro que idade eu tinha, mas eu com certeza não sabia ler ainda. A ajuhmma se distrai e a pequena praga Ye Rim de algum modo, e não me pergunte porque eu realmente não me lembro como, consigo um microfone e começo a cantar uma música, lá na frente de todos. Eu me lembro de como eu fiquei feliz com todos aqueles olhares apreciativos. Talvez tenham me tomado o microfone a força! Em resumo, as pessoas gostavam de me ouvir cantar e eu gostava de cantar para elas."

"Seus olhos brilham quando você fala disso." Lee notou, Ye Rim apenas assentiu com a cabeça. "Mas nem acabei ainda. Eu cresci assim, uma pequena celebridade local. Onde quer que me convidassem para cantar, eu cantaria. No comício do candidato A, no comício do candidato B. No casamento. No aniversário dos amigos. Nas bodas de casamento. No hospital. No supermercado. Na igreja. No campeonato estudantil. Eu era conhecida lá, como eu disse."

"E então? Seu pai te enviou para a capital em busca do seu sonho?"

Ye Rim riu:

"Meu pai era contra. Ele não era contra eu cantar na cidade, mas era contra eu virar uma cantora profissional, e vir pra capital e tudo o mais. Envolveu alguns anos e muitas pessoas, até mesmo o prefeito da cidade, dizendo pra ele deixar que eu viesse. Eu tive algum apoio, no começo"

"Sério?"

"Aham." Ela bebeu mais um gole de sua bebida, e continuou, em tom reminiscente. "Eu, e provavelmente muitas pessoas da cidade, imaginavam que as coisas aconteceriam magicamente assim que eu chegasse na capital. Precisa ver… No dia em que eu embarquei no ônibus, praticamente metade da cidade foi se despedir de mim. Com faixas e tudo! Verdade!"

Os três ficaram em silêncio por um breve momento depois de ouvirem o relato, Ye Rim não conseguiu imaginar o que eles pudessem estar pensando, mas ela não suportou o silêncio que se seguiu:

"Mas eu estou arranjando algo a mais! Recentemente abriu uma vaga de DJ feminina na estação de rádio da XBTV." ela falou animada."Estou realmente contando em ser chamada para esta entrevista. Enviei meu trabalho, e eles devem começar a realizar entrevistas logo na semana que vem. Foi o que disseram."

"Ah, sim! Song Kyu está esperando um bebê, e decidiu deixar o trabalho." Lee comentou, parecendo associar as coisas.

"Você a conhece? Ela é muito boa!"

"Sim, a conheço. Na verdade conheço bastante gente na rádio."

"Ah, claro. Você é produtor musical na emissora HTN. É natural que conheça muitas pessoas no meio. Mas, o que faz um produtor musical numa emissora grande como a HTN?

"Bom, é complexo, mas no meu caso, eu não tenho realmente um contrato fixo. Meu contrato é de dois anos, e eu cuido das trilhas sonoras de dramas da casa."

"Mas eu já te vi como jurado no programa…"

"Ah, apenas como jurado convidado. É legal, mas não é a minha praia…"

"Você compõe músicas para o K-pop ou somente scores para trilhas sonoras?"

"Ah, sim, eu componho outros tipos de música. Alguns artistas têm lançado coisas minhas ultimamente." Ele não pareceu querer falar muito de si, no entanto, e apontou o homem mais novo, antes que Ye Rim pudesse falar algo.

"E, opa, acho que estamos chateando Jun Hyeon. Ele parece um peixe fora d'água."

"Não, apenas continuem. É natural que um músico e uma cantora tenham bastante assunto e afinidades."

"Ei oppa, você tinha muitas amigas na chorus line do musical. Tive a impressão de que elas não eram suas clientes." Ela protestou, lembrando do interessante incidente de mais cedo, quando visitaram o backstage do musical, graças aos contatos de Lee Dae Won.

Talvez Ye Rim tivesse guardado suas impressões para si numa ocasião normal, mas o álcool a deixava excessivamente espontânea. Ela acharia natural que o músico conhecesse muitas pessoas, mas ficou atônita quando três dançarinas vieram correndo abraçar o médico como se fossem parentes que não se viam há tempos. Kim Jun Hyeon também parecia feliz em revê-las, embora um pouco embaraçado também.

"Ah sim, eu também vi. Quem eram aquelas que sequer olharam para os lados depois que te viram?" Lee não escondeu que estava inflamando a conversa de propósito.

O médico se virou:

"Até você hyung? O que foi que te deu hoje?" se virando para Ye Rim, que pôde ver que o médico já estava com olhos vermelhos brilhantes. Imaginou que os seus não deviam estar muito diferentes. "Nunca namoradas. Amigas de longa data. Perdemos contato quando eu entrei na faculdade."

"Elas também dançavam?" Lee perguntou, parecendo ligar fatos dos quais Ye Rim era alheia.

Também? Oh, agora a conversa entre eles faz sentido! Ele dançava! Meu Deus não consigo nem imaginar! Ela pensou, um pouco confusa pelo álcool. "Oh, o oppa é um dançarino? Qual estilo?"

"Ah, bem… Isso ficou pra trás há bastante tempo. Não podemos falar de algo diferente?" Ele foi claro em demonstrar sua vontade de mudar de assunto, o que também intrigou Ye Rim. Bem, se não por ele, quem sabe eu consigo descobrir pelo Sr. Go? Interessante que ele sempre fala de seu neto, mas nunca falou sobre dança.

"Aish, o que você está olhando? Não me diga que começou a gostar do que vê?" Ele perguntou, e ela se flagrou perdida em seus pensamentos o encarando. Não era sequer a primeira vez.

"Ah, eu estava pensando… Foi legal ir aos bastidores do show! Ela se virou para Lee. "Lee oppa tornou nossa noite muito interessante. Obrigada!" Ela ofereceu bebida a ele, que aceitou com um sorriso. Kim ergueu seu copo num brinde, concordando com o que ela dissera.

"Dae Won hyung consegue ser a alma da festa hoje! Viva!"

"Nada disso! Ye Rim é a pessoa fascinante que é a alma da festa aqui."

"Não a adule, ela vai se tornar um um monstro."

"Ei!" Ela fingiu protestar, mas emendou: "Como você sabe?"

"Simplesmente olhando. Faz parte do meu trabalho."

"O quê?" Você é um fisiognomista, por acaso? Como aqueles velhos xamãs?"

"Não, apenas um cirurgião plástico, que pode dizer que você se parece muito com a sua mãe, mas suas sobrancelhas são parecidas com as do seu pai. E que você e ele franzem o cenho quando estão concentrados. Ele tem um trabalho onde muitas vezes ele força a visão, e você provavelmente o imitava, até pegar este hábito.Certo?"

"Uau!" Ye Rim ficou impressionada com a pequena adivinhação, mas Lee voltou a colocá-la em foco:

"Então, como você lê nossa nova amiga a Cantora Nam Ye Rim? Por favor, ela ainda não foi adulada o bastante, não a chame de monstro."

"Uhn… Problema."

Eles riram, Ye Rim fingiu ficar brava, mas se o álcool não estivesse mentindo para ela, ela também achava que aqueles dois homens eram problema. Problema duplo.

*pongmacha - tendas onde se vende comida de rua em Seul

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