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Capítulo 14.2 — Golpe de estado.

Era a Ui. Seu aroma estava ligeiramente alterado. Eu conseguia sentir um cheiro adicional nela, algo muito agradável.

— O que você quer? 

— Podemos dormir juntos?

— Não. Vai embora.

— Não.

Ela ignorou e começou a se aproximar da cama. Eu permaneci imóvel, relutante em abusar das minhas habilidades, mas a necessidade me obrigou a usar o Cure Iz para acelerar o processo, mesmo que isso comprometesse a recuperação da minha energia.

Ao fazer isso, o brilho escuro me ajudou a enxergar a silhueta da Ui. Ela estava envolta em uma toalha e se aproximava gradualmente.

— Afaste.

— Não quero.

Ela se deitou em cima de mim.

— Se quiser, me afaste.

— Sua!

Seu olhar denotava uma sede intensa, enquanto sua pele, que já era rosada, começou a ficar ainda mais vermelha.

— Por favor! Só essa noite. Me deixe dormir com você — Seus olhos começaram a se encher de lágrimas.

— Por que fazes isso? Não vês que eu sou um ser diferente?

— Eu não ligo. Gosto de você assim. Por favor. Só essa noite.

— Isso não justifica nada.

Ela irradiava a mesma espécie de energia que Max. Nunca senti qualquer energia carregada de ódio ou rancor quando eles me olhavam. Poderia ser que esse sentimento fosse algo mais acolhedor?

— Sabe. Tirando as pessoas mais próximas de mim, eu sempre fui tratada como estranha por possuir cabelo totalmente branco, mas quando vi você, eu fiquei feliz. Muito feliz. Eu queria ser sua amiga, mas com o passar do tempo. Eu queria ser sua — disse enquanto descansava a cabeça no meu peito.

Ela não partilhava da minha natureza, mas eu conseguia entender profundamente seus sentimentos. Ser tratado de maneira distinta nunca me incomodou, mas naquela noite em particular, resolvi temporariamente deixar de lado o ódio que habitava em mim.

— Só essa noite.

— Quê?!

— Não me faça repetir.

— Sim. Só essa noite.

Aquela garota era verdadeiramente singular por não experimentar os mesmos sentimentos que os outros em relação a mim, mas, de alguma forma, não era tão ruim ter alguém com essa perspectiva única no mundo.

— Izumi.

— Que foi?

— Me abrace.

— Quer sair do quarto?

— Não. Assim tá bom. Izumi. Obrigada.

"Obrigado é?"

Sem dificuldades, posso contar o número de pessoas que me disseram isso.

Não demorou muito e começamos a ouvir gemidos de uma mulher, que se intensificavam a cada momento. Ela gemia alto, e embora eu não soubesse exatamente o que estava acontecendo, estava claro que ela estava passando por um sofrimento considerável. 

Ui, por sua vez, tornou-se progressivamente mais ardente e vermelha, seu corpo começou a transpirar e os gemidos continuaram a ecoar cada vez mais alto.

Eu conhecia muito bem aquela voz, e vê-la sofrer daquela forma estava me trazendo uma sensação de felicidade. Com um sorriso no rosto, eu disse:

"Se fodeu peitos caídos."

Antes do amanhecer, eu já estava de pé junto ao portão da vila. Horas depois, Max e Peitos Caídos finalmente apareceram.

— Acordou cedo — disse Max.

— Acordar? Não precisei dormir.

— Esqueci que não dormes.

— Ei! Posso ir com vocês? — disse o humano que vinha atrás.

— Quê?

— Tem certeza? — disse Max.

— Sim. Sou um espadachim, tenho certeza de que posso ajudar.

— Tudo bem. Quanto mais pessoas, melhor.

Mais uma pessoa pela qual eu precisaria ter cuidado. Não baixar a guarda era inevitável. Nos afastamos da vila, e embora eu tenha imaginado que Ui nos seguiria, desta vez foi diferente. Era um adeus para sempre.

— Uma pena que Ui não veio — disse peitos caídos.

— Sim, a única mulher que gostou do Izumi. Uma pena.

— Pena é o caralho. Isso é livramento.

— Sei.

"Única mulher é?"

Eles falavam como se minha mãe não tivesse me amado. Um grupo de perdedores.

— Me desculpe. Eu pedi para ela ficar — disse o humano.

— Entendo. Mas se Izumi pedisse, ela viria correndo.

— Como se eu fosse realizar algo tão insignificante.

— Ei! Esperem por mim!

— Falando no diabo — disse peitos caídos.

"Fala sério. Tu de novo!"

— Izumi!

Com sua mochila e um novo conjunto de vestimenta, semelhante ao anterior, com exceção do par de braceletes de ferro levemente diferentes, ela pulou e me abraçou.

— Eu nunca vou te soltar.

— Puta merda!

E todos ao nosso redor começaram a sorrir da situação, o que só aumentou o meu sentimento de humilhação.

Continuamos nossa caminhada e, finalmente, chegamos à cidade. Entretanto, notei que os guardas que vigiavam a entrada eram notavelmente diferentes dos que costumavam estar ali. Eles compartilhavam o mesmo tom de pele de Peitos Caídos. A pergunta que se formava em minha mente naquele momento era: o que teria acontecido para justificar essa mudança inesperada?

— Esses soldados… São da minha família.

— Sério? — perguntou Max.

— Sim.

— Vocês são o esquadrão do Max?!

— Sim! — gritou peitos caídos.

Não me agradou essa situação. "Esquadrão do Max"? Quem teria tomado essa decisão?

— Não! É do Izumi!

Ui nunca deixou de surpreender.

— Quê?! Sempre foi esquadrão Max!

— Izumi é mais legal e mais forte. Esquadrão Izumi é mais impactante!

— Izumi nem derrotou o destemido! Max é o melhor!

— Não, Izumi é o melhor!

Enquanto elas discutiam, os portões começaram a se abrir e um soldado apareceu.

— Olá! Sou Zetiel. Seu pai encarregou de te levar até os seus aposentos quando chegasse.

— Meu pai?

— Sim. Me siga.

— Idalme, deixo Ui e Mito com você.

— Sim.

— Izumi. Até mais tarde.

Espero que não ocorra esse "Até mais tarde". Chegamos à porta do escritório do velho e Max abriu a porta e entramos.

— Olá, meus queridos filhos.

— Não sou seu filho.

— Assim me deixas triste.

— Foda-se!

Mas o que teria acontecido ao velhote? Seu rosto agora ostentava uma extensa cicatriz diagonal que cruzava seu rosto por inteiro, deixando evidente os vestígios de alguma experiência ou acontecimento.

— Pai. O que aconteceu com o seu rosto?

— O rosto é de menos. Perdi os movimentos nas pernas.

— Quê?!

"Realmente teve uma luta para deixar o velho assim. Será que um destemido atacou a vila na nossa ausência?"

— Me diga. O que aconteceu na cidade?

— Antes que eu diga algo. Sentem-se. Essa história será longa.

Sentamo-nos nas das cadeiras disponíveis no escritório.

— Antes mesmo da sua viagem para o mundo, algo grande estava prestes acontecer. Todas as peças estavam esperando alguém sair da vila, mas eu nunca imaginei que isso ia acontecer por sua causa Izumi.

— Eu?

— Sim. Naquele torneio era para você ter morrido na mão da Carmine, mas não foi isso que aconteceu. Quando o plano da sua morte deu errado. Achei que as coisas iam acalmar, mas não foi o caso.

— Pai. Vá direto ao assunto. O que realmente aconteceu?

— Golpe de estado.

Fim do primeiro volume.

Obrigado a todos que acompanharam a minha novel até esse ponto. No próximo capítulo darei inicio ao volume 2, e lamento dizer que não terá a participação dos personagens principais, mas não se preocupem, esse volume será interessante. Desde já agradeço a todos que leram "Você foi humilhado!". Obrigado. Até o próximo capítulo.