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vilipêndio existencial das almas em pranto

A incompreensão da mente humana é levada através de uma analogia narrativa de alguém com muitas formas, mas sem nenhuma identidade.

hedgehogwill · Realistic
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liber genesis

É maravilhoso o deleite que é a primeira respiração, nossos corpos estão formados, nossas mentes estão fluindo, o cérebro está trabalhando, nosso coração batendo e nossas emoções fluindo. Não consigo conceber com exatidão o meu nascimento, assim humano convencional que percorre pela terra teve seu familiar diretamente envolvido na sua criação e fecundação e comigo não diferiu, meu choro e o rosto irreconhecível de minha mãe, e a postura de grandeza e força do meu pai nas sombras percorre minha consciência, a glória do nascimento era incrível.

Mas algo deu errado não sei exatamente oque aconteceu de fato, toda a minha carne no exato momento de meu nascimento tomou forma não tinha mais face, pernas ou braços era apenas uma carne estranha e todo sentimento que sobrou era a dor que a pressão da terra fazia sobre meu corpo.

Estava enterrado em baixo de uma oliveira em uma planície de grama verde enquanto imaginava sobre a única coisa que vira visto na vida, minha mãe e meu pai, quando meu até então estranho corpo começou a responder à ideia que estava fixa em minha consciência, meu corpo logo ganhou uma forma cinzenta e sem face, não consigo lembrar mais das coisas que me deixavam maravilhado com eles logo mais estavam de pé e admirando o por do sol sem ao menos compreender todas as imagens que percebia ao meu redor, sujo de terra continuei a andar e contemplar tudo que via ao meu redor enquanto meu corpo respondia livremente aquilo que via, me tornei um peixe, um pássaro e um elefante observei de perto e me aproximei de uma quantidade imensurável de criaturas, me aventurava nas selvas densas e andava nas profundezas do oceano e tudo era belo e tudo fazia sentido.

Mas esses animais são tão simples eu não sou como nada deles eles estão sempre presos em suas formas e suas ações às vezes são tremendamente ilógicas, precisava parecer como algo semelhante, com um bom tempo me aventurando me aproximei de um amontoado de pedras estranho, eu vivia andando pelos mares e pelas florestas trocando de formas, aquilo é algo que eu nunca presenciei. Me aproximando logo percebi que aquilo era uma toca de uma criatura bem esquisita, mas que era algo que se assemelhava as primeiras imagens que eu tive em que eu guardava com tanto esmero em minha cabeça, mas ainda assim assutado preferi tomar a forma daquilo que eu vi, uma senhorita com uma echarpe que estava apontando um pequeno galho talhado para uma pedra verde observando pela janela, mas ainda ouvindo comecei a compreender e raciocinar.

Meus dias voltaram a ser interessantes eu parava e ouvia a senhora que cada dia explicava e mostrava coisas diferentes até que dei conta que tudo aquilo que prestara atenção estava também preso na minha mente e todos os anos que passei explorando e observando os animais me pareceram um tanto quanto inúteis, com o tempo as crianças iam mudando e a senhora que tinha uma pele lisa e cabelos cacheados ruivos começou a mudar, sua pele começou a se modificar e a tonalidade ruiva de seus cachos sumiram em uma imensidão grisalha, mas não me dei importância até o dia que sua presença sumiu. Já que ela havia desparecido e ainda não tinha compreendido oque de fato aconteceu resolvi tomar sua forma e finalmente entrar em sua vila.

Enquanto andava pelas pequenas ruas as pessoas me encaravam de uma forma estranha, nunca pensei que eles iriam estranhar uma forma tão semelhante até um grupo de pessoas se aproximaram de mim com os olhos vermelhos e me tocando de uma maneira estranha, mas que era não ruim.

O tempo passou e acabei não desfazendo essa forma, porém ainda não sabia usar a comunicação, essas mesmas pessoas me levaram e me deram um abrigo quente e refeições diárias, íamos às vezes para um certo lugar onde as pessoas colocavam suas mãos em posições próximas e fechavam seus olhos encarando uma estatua e falando coisas enquanto eu sentava na parte da frente e tentava ser o mais simpático possível mesmo sem me comunicar com palavras com os humanos ao meu redor em específico uma pessoa pequena e que me arrancava um sorriso, toda vez que íamos lá essa humana pequena me fazia companhia, lia seus livros de histórias cujo eu me maravilhava e me levava bonecas de pano para brincar era algo que me enchia de felicidade.

Certo dia choveu e acabei não indo, fiquei triste pelos humanos em minha volta não deixarem eu ir, com o tempo a chuva começou a trovoar como nunca vi, todos estavam apreensivos dos trovões e da chuva que estava fazendo um barulho grosso a vila estava um pouco conturbada com a saída de alguns jovens para capital e as pessoas pareciam mais apreensivas até que um barulho agudo, mas que progressivamente ficava mais próximo brotou em nossos ouvidos em casa até que todo o nosso lar se desfez com um estrondo e fogo.

Tudo foi para todos os lados desde as paredes até as pessoas que cuidavam de mim e logo em seguida um clarão preto tomou conta de mim que me arremeteu a meu passado em baixo da oliveira logo em seguida me recompus e finalmente percebi que a vila toda estava estranha, o fogo era presente na paisagem, humanos desconhecidos segurando pedaços de metais e seus meios de locomoção estranhos estavam se retirando da cidade.

Como minha casa não estava de pé mais e nem consegui achar as pessoas que cuidavam de mim, não estava compreendendo nada, fiz o caminho para o lugar onde encontrava a humana e logo me deparei com ela, mas estava estranha, não estava feliz, não estava brincando, estava fria e só restará a sua parte superior, não achei suas pernas, seus braços ou seu tronco.

Resolvi sentar e observar a cabeça da humana, pensei no momento que ela iria a qualquer momento aparecer para brincar comigo e me mostrar suas bonecas, não tinha mais minha casa ela era o único ponto seguro que me restará ali.