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Hora Imprópria

Andressa se olhou no espelho grande do seu armário por vários ângulos. Queria que tudo saísse perfeito aquela noite. A maquiagem que a moça lhe fez no salão realçava a cor de seus olhos. Ela se mirava e parecia que estava vendo uma pessoa diferente. Aquela do reflexo do espelho era uma bela mulher, bem vestida, com classe, experiencia e determinação. Talvez houvesse bondade em seu coração, mas isso não transparecia em seu olhar sedutor. E ela se via ainda com dezesseis anos e insegura. Mas então ela se lembrou da promessa que fez para Mrs. Glória e soube que aquela do espelho era ela mesma. Ainda voltaria para se vingar. E nesse dia Mrs. Glória iria se arrepender de um dia ter a pegado para criar. Melhor seria que a tivesse jogado em algum orfanato. Ela agora via que aqueles olhos frios eram mesmo os seus. Podia se lembrar da alegria com que humilhou todos que a haviam enxotado. Nunca pensou em perguntar ao pai se ele aprovava sua atitude. Ele nunca disse nada nem a favor e nem contra. Apenas observava. Ela sentia que ele esperava algo dela e desejava saber para que não o decepcionasse. Mas ele não dizia. Era muito reservado em tudo. Mas ela conseguia ver que por trás daquela reserva se escondia grande sabedoria e determinação. Ele queria saber do que ela era capaz. E ela ia descobrir isso da pior forma. Queria saber qual era seu relacionamento com Carla, a única pessoa de quem sentia falta, mas ele se retraia toda vez que ela perguntava, até que resolveu não mais tocar no assunto.

A cozinheira bateu a sua porta e ela foi atender.

"Mr. Magno acabou de chegar." Ela disse num tom conspiratório. Andressa sabia que ela agia assim porque assim que chegou do salão, havia levado ingredientes e feito pratos brasileiros e disse a ela que ninguém devia saber. Na hora do jantar ela devia levar todos os pratos quentes. Disse ainda que devia ser avisada quando o patrão chegasse.

Andressa mesma cuidou de preparar a mesa e colocar os vasilhames em cada lugar. Queria que tudo ali fizesse com que se lembrassem do Brasil. Só depois ela foi para o quarto tomar seu banho. Chamou Cleiton também para ir jantar com eles aquela noite.

A moça da maquiagem garantiu que ela era a prova d´água, mas Andressa teve que dar uns retoques assim que saiu do banho. Pegou seu vestido de seda que comprou na véspera e o vestiu gostando do contato da seda em sua pele. Mal sabia ela, que passaria muito em breve a só usar roupas finas e caras. Ela ainda não tinha essa ambição.

Olhou para a cozinheira e lhe enviou um sorriso amistoso. Sabia que nunca devia maltratar um cozinheiro se não quisesse comer comida com cuspe ou até coisa pior como comida feita com água da privada. Sabia que Mrs. Glória fazia essas coisas quando dava faxina em alguma casa e eles a humilhavam por ser uma serviçal.

"Bom trabalho Matilda." Andressa elogiou no idioma dela. "Agora chame todos para o jantar. Eu irei depois que todos tiverem tomado seus lugares. Você vem me avisar? Por favor?"

"Sim." Ela disse retribuindo o sorriso e saindo para o corredor. Andressa respirou fundo e voltou para frente do espelho. Tinha planejado aquele jantar nos mínimos detalhes, porém não havia pensado que poderia perder a babá depois daquela noite. Não sabia se ela conseguiria viver debaixo do mesmo teto com o homem que amava, sabendo que jamais o teria. Andressa pensou com arrogância que o sonho de cinderela só pertencia a ela e a mais ninguém. E tudo que era seu, jamais deixaria ir para as mãos de outra pessoa se essa não fosse sua vontade. Seu destino era viver a história da cinderela. E daria motivos para que Magno sempre acreditasse que devia conquistar ela. Que não era totalmente dele. Naquele momento ela acreditou que o amava tanto que jamais o abandonaria. Mas o destino lhe reservava momentos de decisão e ela não contava com isso.

A cozinheira voltou e avisou que todos já estavam a mesa. Andressa pediu que ela servisse os pratos que fez. Estava ansiosa por saber se eles gostariam. Ela pelo menos, ainda não se acostumou com os alimentos que eram populares ali naquele país.

Assim que chegou na sala de jantar seu pai, Cleiton e Magno se levantaram. Todos com olhares de admiração. A babá permaneceu sentada, mas também estava admirada. Andressa se sentiu triunfante naquele momento e com andar seguro, foi até seu lugar ao lado de Magno.

"Está linda minha filha." O pai disse, mas não parecia satisfeito com sua escolha de roupa e foi se sentando e os outros o acompanharam. "Quase não a reconheci... Esse não é bem seu estilo..." Ele disse e Andressa notou um tom de repreensão na voz do pai que revelava que a impressão que ela teve de desagrado por parte dele era real.

"Pensei que ficaria contente em me ver mais... Sofisticada."

"Sofisticada? Não é bem assim que defino sua escolha... Você ainda é muito jovem." O pai respondeu e observou a comida que era colocada na mesa com a testa franzida. "Parece que você se preparou como esses pratos. Para ser devorada. Não tem idade para usar essa maquiagem pesada e esse vestido que a deixa seminua... Sinceramente está parecendo uma puta."

Todos fizeram silencio na mesa e ninguém tocava na comida. O pai de Andressa enfrentava seu olhar magoado, mas ao mesmo tempo desafiador.

"Não esperava que estragasse minha noite antes de saber o motivo pelo qual preparei tudo com todo cuidado... Essa comida que está na sua frente fui eu que passei a tarde cozinhando. Você é um velho miserável!" Ela disse com as lágrimas agora pingando em seu rosto e fez menção de se levantar, mas Magno a impediu a segurando pelo braço.

"Então diga Andressa!" O pai disse furioso. "Que motivo tem para... Isso? Ele perguntou abrangendo o vestido dela com as mãos e depois cruzando o braço."

Andressa tentou se recompor, mas toda sua segurança foi para o espaço. Ela não esperava que seu pai reagisse daquela forma. Nem parou para pensar na reação dele. Ele sempre era tão compreensivo... Agora estava com medo de continuar o que começou, pois sentia que Magno tinha a mesma opinião de seu pai. Mas ela não podia parar agora. Sua determinação interior não permitia. Mesmo que fosse para ser mais humilhada, ela diria o que veio fazer ali. Pegou a taça de vinho que estava a sua frente e disse suavemente;

"Queria brindar com todos vocês a minha felicidade, pois eu e Magno consumamos nosso casamento." Ela disse e levantou a taça. Mas, mais ninguém a acompanhou. A babá estava surpresa e com os olhos marejados, Andressa tinha certeza que ela estava com vontade de sair correndo dali. Seu pai estava fitando Magno incrédulo e Magno estava espantado com a ousadia dela e não parava de olhar para ela com olhar reprovador. Apenas Cleiton parecia não se importar. Mas estava incomodado com o clima presente ali.

"Como foi capaz de fazer uma coisa dessa?" O pai perguntou olhando mais furioso ainda para Magno.

"Eu ia lhe explicar..." Ele disse nervoso. "Também fui pego de surpresa. Peço que me perdoe... Não era para você saber disso dessa forma e nem... Com plateia..."

O pai de Andressa se levantou.

"Esse apartamento de repente ficou muito pequeno." Ele disse entredentes e saiu da mesa.

Para surpresa de todos, Magno imediatamente foi atrás dele.

"Vocês também não vão se retirar?" Andressa perguntou triste, mas tentando colocar um tom debochado na voz. Se sentia terrivelmente humilhada.

"Eu vim para jantar. Não sabia que haveria esse climão aqui." Cleiton disse pensativo. "Pensei que já haviam consumado a muito tempo... E acredito que você não pensou que podia dar errado. Você tentou ser romântica e eles não entenderam. Eu entendo. Mas saiba que pode consertar isso tanto com seu marido quanto com seu pai. Não deixe as coisas assim dessa forma. Mágoas são como feridas mal cicatrizadas. Elas sempre se abrem..." Cleiton se levantou. "Não tenho dúvidas que esse banquete que colocou diante de nós esteja digno dos deus, mas... Vou embora para que resolva isso com eles. Comemoraremos depois. Tenho certeza disso. E estou do seu lado, não duvide jamais disso." Ele disse e foi embora.

Andressa respirou fundo sem saber como poderia reverter aquilo com seu pai e com Magno. Nem sabia se queria fazer isso. Eles podiam ter deixado para humilhar ela mais tarde, na privacidade. Ela olhou para a babá que ainda a fitava surpresa.

"E você Eloisa?"

Ela a fitou longamente antes de responder.

"O que está acontecendo aqui?"

"Qual parte você não entendeu?" Andressa perguntou sarcástica tomando de um gole só todo o vinho de sua taça e o enchendo novamente. Parece que se tornaria uma alcoólatra, pois estava disposta a se embriagar mais uma noite.

"Como assim não haviam ainda consumado o casamento? E John?"

Andressa arregalou os olhos e parou com a bebida que estava a caminho de sua boca. Ela havia esquecido daquele detalhe. Eloisa não sabia que John não era filho de Magno. Como poderia? Os dois se pareciam demais. Ela largou a taça na mesa e fitou a babá nos olhos.

"Nós nos casamos depois do nascimento de John. E até então não havíamos voltado a dormir juntos." Não era totalmente uma mentira. Não podia dizer a verdade a ela, pois não podia confiar em ninguém daquela forma. Aquela moça amava seu marido e poderia denunciar o relacionamento deles e Andressa seria deportada.

"Mas então porquê se casaram? Não faz sentido..."

"Eu e Magno queríamos que John crescesse pensando que éramos um casal feliz... Que nos casamos e só depois tivemos ele..."

"Ele poderá ver a mentira na data da certidão de casamento de vocês!"

"Não seja ingênua. Você algum dia pediu aos seus pais para verificar a data de casamento deles? Ninguém faz isso." Andressa disse impaciente.

"Você... Sabia que eu estava falando dele com você? Hoje pela manhã? Sabe que amo Magno?"

"Sim."

Eloisa se levantou.

"Então acredito que deva começar a procurar uma nova babá para John. Não sei devo continuar nessa casa..."

"Porque não?"

"Você conhece meus sentimentos. Jamais vai confiar em mim. E o clima entre nós duas não será mais como era antes."

"Se você partir vai perder a chance de conquistar o coração dele."

"Esse coração já está ocupado pelo visto..."

"Eu não apostaria nisso. Percebeu como fui humilhada?" Andressa perguntou e depois de beber todo o conteúdo da taça voltou a olhar firme para Eloisa. "Prefiro que seja você que já ama meu filho a conquistar o coração dele..."

"Você só o pegou de surpresa... Ele não disse que não gostou de você revelar a retomada do romance de vocês."

"Nem precisava..."

"Olha..." Eloisa sentou novamente. "Ele não sabia como agir e a reação de seu pai piorou tudo. Vocês vão ficar bem. A hora não foi propicia para a revelação, mas o tempo sempre se encarrega de colocar as coisas no lugar."

"Então fique. Não quero que nos deixe. Sabe que não confio em mais ninguém para cuidar de meu filho. E... Já gosto muito de você."

"Ficarei se isso que realmente deseja." Eloisa disse pensativa. "Mas não vou mais fazer as refeições junto com vocês. Se aceitar isso, ficarei aqui."

"Porque isso?"

"Não quero ficar testemunhando o amor de vocês. Sei que com o tempo vou me resignar, mas não quero encontrar vocês dois juntos. Não agora."

"É muito justo."

Eloisa se levantou.

"Vou me deitar. Perdi o apetite. Espero que seu... Problema seja resolvido de uma forma que a deixe feliz." Ela disse e se retirou sem esperar por uma resposta.

Andressa ficou sozinha com o olhar perdido, mas sua mente estava trabalhando depressa. A cozinheira chegou naquele momento. Era discreta. Chegou com simpatia, fingindo que não ouviu os gritos do pai que deve ter ecoado pelo prédio inteiro.

"Ligue para algum lugar e peça que tragam vasilhas de marmitex. Depois que chegar, encha cada um deles. Eu mesma irei sair e distribuir para os menos afortunados. Não vou desperdiçar a comida que fiz com tanto carinho. Tem gente que merece muito mais do que as pessoas que estavam em meu pensamento enquanto cozinhava." Andressa disse e foi para seu quarto. Estava ardendo de raiva agora. A humilhação se transformou em ódio. Ela não precisava de mais nenhum deles. Iria embora no dia seguinte. Aquele era um país receptivo para quem não tinha medo de trabalhar. Abandonaria seu emprego e iria para algum lugar onde não pudessem a encontrar. Mas apenas no dia seguinte. Tirou seu vestido frente única que deixava suas costas nuas e seus seios em destaque e o guardou com cuidado. Depois vestiu um jeans, uma camisa e uma blusa de moletom e voltou para a sala de jantar. Devia ter se demorado para se trocar mais do que imaginava. A cozinheira já estava servindo os marmitex e ela começou a ajudar sem dizer nada.

"A senhora não me deu tempo lhe dizer, mas nós temos essas vasilhas aqui. Magno sempre que oferecia um jantar mandava distribuir para os andarilhos. A senhora tem um bom coração, assim como o patrão. Mas devo ousar lhe dizer que não é bom que saia sozinha a noite. Leve algum segurança com você. As ruas são perigosas."

"Não se deixe enganar. Não tenho bom coração. Muito pelo contrário. Jamais conte com isso, pois ele jamais voltará a ser bom e puro e como já foi um dia. Lamento ter perdido a ingenuidade que me fazia feliz com pequenas coisas..." Andressa disse olhando para o vazio. "Mas nunca mais permitirei que uma humilhação assim se repita novamente."

Assim que tudo estava pronto, Andressa aceitou o conselho da cozinheira e convidou um dos seguranças para acompanhar ela nas entregas, afinal, ela nunca viu andarilhos por ali e não fazia ideia de onde os encontrar. Eles saíram então, numa van preta e foram distribuir a comida que ela fez com tanto zelo.

Magno seguiu o pai de Andressa até o quarto dele. Quando chegou lá, ele estava tirando sua mala de cima do armário.

"O que foi aquilo? Também não é motivo para tanto! Pare com isso. Não permitirei que vá embora." Magno disse quando ele abriu o armário e começou a jogar as roupas dentro da mala, mas parou para fitar Magno.

"Você a ama?"

Magno foi pego de surpresa pela segunda vez aquela noite.

"Com toda minha alma." Ele se viu confessando.

"Então não devia ter se deitado com ela." O pai de Andressa disse e cruzou os braços.

"Não entendi seu raciocínio..."

"Acha que sou cego? Sei de tudo. Sei o quanto ela bebeu ontem." O pai de Andressa disse como se fosse uma acusação.

"Sim. Ela bebeu e podia ter escolhido hoje, fingir que nada tinha acontecido. Mas mesmo sem ingerir bebida alcoólica, ela fez questão de comemorar esse dia e falar de nós."

"Ela ama Andrey. E você será futuramente uma pedra no sapato dela."

"Ela não o ama mais. Ela ama a mim."

"Não duvido que ela acredite nisso. Mas sou experiente. Ela ama o Andrey e quer ficar com você porque você se parece demais com ele. O dia que Andrey cruzar aquela porta, ela correrá para os braços dele. Talvez não vai admitir tão rápido. Mas no final..."

"Isso não vai acontecer. Está enganado. Ela está perdidamente apaixonada por mim. Nunca me abandonaria por causa de meu irmão. Ela gosta da maturidade que existe em mim e falta no Andrey."

O pai de Andressa colocou as mãos no rosto e depois olhou firme para Magno.

"Eu sou contra que fiquem juntos."

"Porque? Aceitou bem meu irmão."

"Você a levou a se vestir como uma puta. Andrey jamais aprovaria ou deixaria que ela chegasse a esse ponto para surpreender ele e ganhar sua atenção."

"Não. Ele fez bem pior. A pegou com a desculpa ridícula da dívida que você poderia ter pagado e fez dela sua puta particular. Eu me casei com Andressa. Ela leva meu nome. Assumi John, enquanto ele a largou abandonada nas ruas, passando fome e frio."

"Não foi bem assim que as coisas aconteceram. Sabe bem que ela estava correndo perigo e Andrey a protegeu de meus inimigos."

"Ninguém deu escolha a ela. Diga a ela seu motivo para deixar que Andrey a estuprasse, sendo ela ainda virgem e apenas uma menina para "a manter segura", e vamos ver qual é a reação dela!"

"Você não é melhor que ele. Fez o mesmo!"

"Não. Ela foi para minha cama de livre e espontânea vontade. Não obriguei ela a nada. E hoje ela fez tudo aquilo para provar que estava feliz e você a humilhou na frente de todos."

"Ela... Não pode se vestir daquela forma..." O pai de Andressa disse com ar arrependido, o que era uma ocasião excepcional, pois ele nunca demonstrava seus reais sentimentos.

"Ela pode sim. Ela pode andar como quiser. Não acha que já lhe foi negado coisas demais? Deixe que ela seja feliz e decida por si mesmo se quer andar mais recatada ou mais sedutora. Agiu como se ela tivesse cometido um crime. Onde estava com a cabeça? Só estávamos nós presente! Podia ter falado com ela de outra forma e quando estivessem a sós."

"Acho que... Tem razão. Vou me desculpar com ela. Mas já lhe adianto que Andrey vai vir um dia..."

"E eu a deixarei ir se for a vontade dela."

O pai de Andressa o fitou franzindo a testa e ficou com olhar vago por alguns segundos.

"Ela não vai me perdoar muito fácil."

"Como sabe?"

"Ela é muito parecida com a mãe dela..." Ele disse com um sorriso enigmático. "Vamos dar uma festa em um salão bem elegante e convidar os amigos dela e os seus e ai sim, no meio dessa festa, na frente de muitas pessoas, pedirei por seu perdão e abençoarei a união de vocês. Até lá vou ficar recolhido aqui, para que ela não tenha que se deparar comigo. Acredito que hoje me tornei a última pessoa que ela quer ver pela frente."

Andressa não sabia que podia ser feliz com um simples sorriso de agradecimento dedicado a ela. Todos que pegavam da comida a estranhavam, e ela explicava que foi ela mesma que tinha feito e que eram pratos do Brasil. E quando experimentavam, não deixavam de elogiar ela, a culinária e agradecer. Pararam em apenas um lugar e depois que um deles experimentou da sua culinária, outros apareceram e também se deliciavam.

Ela decidiu que faria aquilo pelo menos uma vez por semana. Os seguranças passaram a olhar como os homens de Andrey a olhavam. E ela sabia que estava ganhando a simpatia deles. Não gostou de se lembrar de Andrey, pois ao pensar nele, lembrava também de tudo que viveu ao lado dele. Sem querer as palavras de declaração que lhe disse na frente de Francine fazia eco em sua cabeça. Mas ela sabia agora que eram mentiras para manter ela cativa sem ter o trabalho de precisar vigiar cada passo dela. Se a amasse teria a escolhido no hospital. Mas preferiu Francine. Magno era tão diferente. Não precisou dizer nada para provar que a amava. Ele fez isso com suas atitudes. E além disso, criava John e o amava, ao passo que tinha certeza que Andrey a obrigaria a abortar. Só de lembrar do rostinho de seu filho, lhe doía o peito lembrar que um dia pensou em matar ele por seu amor por Andrey. Não se arrependia de ter fugido. Tudo pelo que passou a deixou mais forte. Mais madura. Agora ela sabia o que queria. Desejava passar o resto de sua vida ao lado de Magno. E quem sabe ter mais filhos? Ela gostaria de ter uma menininha. Mas agora nem sabia se Magno a receberia de volta no apartamento. Contudo, ela não precisava mais ficar na rua. Com o dinheiro que recebia de Magno por seu trabalho e com mesada generosa que seu pai depositava em sua conta todos os meses, ela adquiriu um apartamento. Não era tão grande quanto o de Magno, mas era muito confortável. E emprego ela conseguiria outro facilmente. Então não tinha mais essa preocupação.

Depois de algumas horas conversando com os andarilhos enquanto se banqueteavam com sua comida, ela decidiu que era hora de saber como seria recebida no apartamento de seu marido e chamou os dois seguranças que a acompanharam, para irem embora. E foi com o coração apertado que ela entrou no silencioso apartamento.