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The Little Monster, Develine

"Eu fui uma tremenda de uma arrombada!", compreendeu a verdade dolorosa em seu leito de morte. Relegada a uma vida de esquecimento devido ao pecado de nascer insuficiente para o meu pai, Develine se tornou a vilã. "Se eu não tivesse sido tão egoísta, talvez as coisas fossem diferentes... " Sentindo o toque caloroso daquela que mais a amou... "Então viva!", o tempo foi distorcido. Quando abriu os olhos novamente: "O quê?! Como assim!? O que está acontecendo?" Se viu no passado. Diante de tal desenvolvimento inesperado, e determinada a superar as memórias ruins, Develine decidiu encarar sua nova vida de cabeça erguida. "Eu não desperdiçarei a minha segunda chance!", prometeu para si mesma.

WJOliver · Fantasy
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19 Chs

Capítulo 1 - Eu vou viver

Enquanto passeava pela escuridão, eventualmente a luz dourada surgiu, radiante e sem igual.

— Tia!? Mãe?! — Foi como um estalo, assim que as informações pulsaram em seu cérebro, ela fez as conexões corretas e foi obrigada a verbalizar sua confusão.

Develine descansava em seu quarto, dormindo tranquilamente em uma grande cama luxuosa até acordar de repente.

— Foi um sonho? — Levou sua mão direita até sua testa e acariciou suas têmporas.

Ela estava incrédula com a vivacidade de tais memórias e confusa quanto ao possível significado daquilo.

— Foi uma previsão? — ficou atordoada. — O ataque a sede da Santa Igreja vai dar errado? — estremeceu diante da possibilidade.

Apesar de incomum em usuários de magias não divinas ou pessoas normais, aquela jovem sabia de vários casos registrados de profetas mundanos.

— O líder vai me trair? — Um gosto amargo surgiu em sua boca.

~Me perdoe, são apenas negócios.~ Se lembrou da frase que o mesmo disse antes de lhe atirar um cristal que a fez perder a consciência.

— Eu preciso avisar o grupo. — Develine rapidamente tentou se levantar, pulando de cima da cama com apenas um salto.

Assim que seus pés tocaram o chão, enfim percebeu; realmente havia algo errado. Antes que pudesse compreender sua situação, embaraçou em suas próprias pernas e caiu.

— O quê? — Ficou atordoada. — Como eu posso estar tão fraca?! — reclamou.

Sem demoras ela se virou para o ambiente e conseguiu ter uma visão ampla do local no qual estava.

— O-onde é isso?! — Nervosismo possuiu seu corpo.

Seus olhos afiados rapidamente varreram o ambiente. Era um suntuoso quarto, com uma cama de casal ao centro, janelas grandes e uma miríade de enfeites. Uma perfeita visão de um quarto nobre ocidental.

— Eu não estou no ponto de encontro? — estremeceu. — Eu fui capturada? — Algumas ideias complicadas tomaram de assalto seus pensamentos e percebendo que falou em voz alta, se retraiu.

Seu cérebro confuso flutuou em busca de informações úteis.

"Mas como?", pensou, tentando se lembrar de qualquer coisa que fosse minimamente esclarecedora.

A última coisa da qual se lembrava era estar se preparando para o ataque a Catedral Rubi, central da Santa Igreja Iluminada pelos Deuses.

~... viver uma vida feliz...~

A imagem embaçada de uma linda jovem de cabelos loiros e ondulados atingiu seu cérebro como uma pedrada. Suas entranhas pulsaram e a mesma sentiu dor.

*Arghhhhh*

A dor foi intensa ao ponto de ser inevitável gritar.

— Eliseline — pronunciou o nome da heroína enquanto se lembrava do seu rosto, dos seus traços e da sua ternura sincera.

Sua mente latejou, seu corpo estremeceu e suas pernas falharam. Se aproveitando de que estava próxima à cama onde acordou, se jogou em direção a mesma. Buscando seu conforto, querendo se acalmar.

"Que merda é essa? O que tá acontecendo?" Ela se esforçou ao máximo para andar, para mover seu corpo fragilizado.

Cegada pela forte luz do luar prateado que invadia o quarto, ela andou mesmo sentindo vontade de ruir.

Quando seu corpo se encontrou com tecidos macios da cama a sua espera, tentou relaxar, lutando para espairecer. Gradualmente sua mente confusa voltou aos eixos. Apesar de algumas cenas embaçadas persistirem em turvar sua percepção da realidade, começou a ter ideias mais claras.

Ao sentir que estava minimamente bem, vasculhou outra vez seus arredores, varrendo o ambiente com seus olhos afiados. Nada parecia fora de ordem, como se conhecesse aquele lugar e as posições nas quais tudo deveria estar.

"Eu fui mesmo sequestrada?" Relutou, encarando atenciosamento o ambiente estranhamente familiar que a circundava.

Era um quarto suntuoso demais para uma jovem capturada pelo inimigo. Ainda mais ela, que estava trabalhando com uma organização apelidada de Legião do Mau.

Sentando na beirada da cama para poder respirar melhor, ela finalmente percebeu algo do qual ainda não tinha se dado conta.

"Eu estou menor?" Se arrepiou ao ver seus pesinhos incapazes de tocarem o chão.

Se apalpando desesperadamente, encarando seus braços e pernas e esfregando seus olhos várias vezes, com medo de estar delirando, ficou em choque ao perceber que tudo permaneceu.

Após longos minutos, enfim teve certeza.

"Eu realmente estou menor!" O desespero bateu forte.

Após surtar umas quatro vezes, tudo o que Develine conseguiu fazer pelo bem da sua mente, foi tentar racionalizar a situação. Engolindo em seco ela se levantou e procurou uma superfície capaz de refletir sua imagem.

Ela precisava saber como estava.

Embaixo de uma das enormes janelas iluminadas pelo forte luar, se deparou com um espelho.

— S-sou eu... — Ficou imediatamente atordoada com a visão. — O que está acontecendo? Que magia é essa? — Sentiu sua mente a ponto de enlouquecer.

O que viu no reflexo, foi a imagem de uma indefesa garotinha. De uma jovenzinha ignorada pela sua própria família, resignada com o mundo.

Uma menina esguia de pele entre o jambo e o caramelo, com cabelos brancos, curtos, ondulados e com raízes e pontas levemente arroxeadas. Com rosto arredondado, lábios carnudos, rosados e boca pequena.

Uma jovem dona de maçãs faciais acentuadas, olhos levemente puxados e de íris azul oceano com intensos traços vermelho rubi que o faziam parecer um oceano pós-guerra.

Por fim, sardas escuras formavam uma faixa horizontal logo acima do seu nariz diminuto e sorriso perfeito.

Develine gargalhou. Diante da cena inesperada, foi tudo o que ela conseguiu fazer. Gargalhando de si mesma ao se lembrar do passado, ao finalmente se dar conta do que aquelas palavras significavam.

"Então viva" Foi o que a imagem fantasmagórica lhe disse.

Mesmo que ela pudesse negar suas memórias confusas, era difícil negar o que estava vendo. Ainda dava para considerar que talvez estivesse tendo o sonho mais realista da sua vida, apenas era complicado fazer seu corpo aceitar que todas aquelas sensações eram falsas.

— EU MORRI! — gargalhou assim que se deu conta. — E eu voltei pro passado? — se perguntou, apesar de saber a resposta.

Memórias vividas que pareciam ter sido formadas horas antes, surgiram pouco a pouco, relembrando-a vagarosamente do dia anterior a um certo incidente traumático que aconteceu no passado.

Develine estava de saco cheio de tudo aquilo. Sem suas amigas, sem as lojas de roupas caras as quais estava acostumada, os passeios pela capital e tudo mais o que ela fazia, e ainda remoendo a traição do seu prometido, pensou que seria uma ótima ideia escalar a maior árvore do quintal em busca da fruta com casca mais brilhante.

Havia chovido naquela madrugada, à terra amanheceu úmida e o ar gelado, a folhagem daquele pé estava encharcada, mas nada se comparava ao quão escorregadio estava o musgo esverdeado fixo no tronco daquela enorme árvore.

Foi um simples descuido, quando ela alcançou a bendita fruta e começou a descer, pisou em falso e despencou. Uma queda de dez metros a esperava, uma que seria fatal para um corpo tão frágil. Develine era apenas uma garotinha de dez anos.

Considerando a altura, era surpreendente que estivesse viva e com o coco intacto.

— Eu realmente tive sorte naquela época — gargalhou novamente, observando o enorme galo protuberando no meio da sua testa. — Quer dizer, essa época — se corrigiu.

Enquanto observava atentamente, deixando suas memórias correrem soltas, lágrimas foram fluindo dos seus olhos e conforme se lembrava daqueles dias, um sorriso besta acabou se formando.

— Eu voltei... — Não conseguiu evitar a palpitação que surgiu em decorrência da emoção. — Eu voltei para a época em que fui enviada para a casa da minha tia após surtar pelo babaca do Eduard — gargalhou novamente.

Apesar de serem memórias dolorosas, ela riu, se divertindo com a ideia de ter recebido uma segunda chance.

Após surtar devido a ter encontrado seu noivo com outra, um casamento que seu pai havia arranjado para sua digníssima filha, uma jovem de apenas dez anos, Develine foi enviada para morar com sua tia que vivia no interior.

Exilada pela sua própria família, tudo o que seu pai disse como apoio, foi: ~Você precisa esfriar sua cabeça~

"Realmente espero que isso não tenha sido uma piada com a minha condição de chifrudinha mirim"

Develine riu com a possibilidade, riu após imaginar seu pai, um homem conhecido por ser frio, propositalmente fazer uma piada.

Sem perceber, ela se deixou levar.

— Olha pra mim, eu sou um homem tão frio que nem sequer me importo com a minha própria filha — colocou seu dedo indicador embaixo do nariz e fez uma imitação afetada do seu progenitor.

Em pouco tempo sua barriga doeu de tanto rir e ela se voltou em direção a cama, precisando de um lugar onde se apoiar antes que caísse no chão devido a sua intensa gargalhada.

Ela nem percebeu. A porta do quarto estava aberta e uma moça com feições confusas parou ali, sem saber se entrava ou esperava. Era uma moça de mechas ruivas e profundos olhos azuis.

— Develine? — a mulher questionou como se não pudesse acreditar no que via. — Você está bem? Se machucou?

Encarou os lençóis jogados no chão e entrou calmamente no quarto da pequenina.

— Você caiu outra vez?! — Se aproximou com receio, mas sempre mantendo sua voz um poço de ternura acolhedora.

Tudo o que Develine conseguiu fazer diante daquela pessoa, foi ficar inerte, atônita, com sua boca meio aberta e seus olhos arregalados. Agora ela tinha certeza.

Foda-se se aquilo era um sonho ou se ela estava no pós-vida, ela apenas queria viver aquele momento.

Ficando preocupada com a catatonia da garotinha, a moça aproximou-a de seu corpo e se ajoelhando, encarando a pequena nos olhos, dando tapinhas em suas bochechas: — Develine, sobrinha! Você está me ouvindo? — questionou aflita.

A jovenzinha estava em choque. Aquela pessoa era sua tia e, também era, devido a serem irmãs gêmeas, exatamente igual à sua mãe biológica, a mesma que morreu em seu parto.

A única diferença real era o fato de ser ruiva devido a ter sido abençoada pelos espíritos do fogo, tendo belíssimas mechas vermelhas e onduladas caindo em cascata sobre seus ombros como se fosse uma calorosa e exuberante cachoeira de chamas.

— Eu estou bem, mãe... — os lábios de Develine moveram sozinhos, sussurrando devido à emoção que travou seus músculos e abraçando a mulher com toda a força que lhe restou.

Ela queria, ela precisava ter certeza de que aquilo era real e por isso agarrou-a sem previsão alguma de largar. Abraçou-a com medo de abrir os olhos e a mesma ter sumido, de tudo aquilo ser uma ilusão.

Surpresa com a resposta repentina, a moça pigarreou. — É tia, eu sou sua tia, minha pequenina. Se lembra? — sorriu desconfortável.

Os olhos de Develine marejaram. A voz doce que sempre a chamava de pequenina mesmo quando era rude com ela, mesmo quando a destratava, aqueceu seu coração e atiçou suas memórias.

— D-desculpa, tia — Develine corou, percebendo seu ato vergonhoso e lutando para segurar suas lágrimas. — E-eu estou bem, obrigada!

— Q-que ótimo! — A moça suspirou tão genuinamente aliviada quanto desconcertada. — Quando soube que você tinha se machucado, eu fiquei muito preocupada, mas fico feliz que já tenha se recuperado — começou a se desvencilhar da garota.

— Não! — Develine puxou-a de volta com força. — Por favor, tia, fica comigo... só mais um pouco. — Enterrou seu rosto nos ombros da moça de cabelos ruivos.

— P-pensei que você preferia ficar longe de mim — ela sorriu com um misto de surpresa e desconforto lutando em sua face.

Foi um ato corriqueiro que agiu como uma chave. Assim que aquelas palavras alcançaram seus ouvidos, Develine se lembrou de uma cena infeliz. Ela se lembrou de quando chegou naquela mansão e fez de tudo para humilhar aquela doce mulher.

Apenas por se lembrar ela odiou a si mesma. Odiou sua estupidez.

— Me desculpa tia, por tudo que fiz e falei para ti, então por favor, fica mais um pouco comigo — a pequenina implorou, com seus olhos insistindo em lacrimejar.

Develine sabia que aquela não era sua mãe, ela tinha plena consciência disso, mas era muito parecida com a moça que tanto viu em fotos e que tanto desejou que ainda estivesse viva.

Seu coraçãozinho, ainda abalado com tudo que aconteceu, se recusava a desgrudar daquela mulher, de sentir seu cheiro, a maciez da sua pele e a doçura da sua voz.

— Então, só hoje, por favor, seja a minha mamãe! — pediu.

Sua tia ficou abalada. Uma miríade de emoções tomou conta dos seus olhos.

— S-sim — respondeu sussurrando, fraquejando, sentindo seus próprios olhos marejarem.

Após a morte da mãe de Develine, aquela foi a única pessoa que de fato tentou amar aquela pequena arredia. Que sabendo o amor que a mãe biológica da mesma tinha e não conseguiu compartilhar, decidiu que faria ela mesma esse papel.

"Não só hoje, se quiser, posso ser sua mãe para o resto da sua vida", pensou, sentindo seu coração apertar e temendo que aquilo fosse apenas um acesso de carinho repentino e passageiro.

Naquele instante Develine percebeu de quem havia se despedido enquanto encarava o que acreditou serem os seus últimos momentos.

~Então viva~ recordou as exatas palavras ditas pela imagem azulada e sorridente. ~Eu lhe desejo todo amor do mundo, minha pequena.~

Develine finalmente compreendeu que sua mãe a havia dado aquela oportunidade. Que, de alguma forma, seu amor havia lhe salvado.

"Eu vou viver, mãe" Tentou responder aquelas expectativas. "Eu juro que vou viver" Não conseguiu mais segurar o choro.

— T-tudo bem, está tudo bem minha pequenina. — A moça ruiva, munida com seu constante sorriso terno, tentou acalentá-la. — Eu estou aqui — sussurrou com carinho.

Percebendo as lágrimas fluírem ao ponto de rapidamente ensoparem seu vestido, sua tia ficou em silêncio, pois sentiu que aquela jovenzinha precisava daquilo e foi por isso que a apoiou como podia, lhe dando carinho e adulando sua cabeça; bagunçando gentilmente seus cabelos.

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E para todos os leitores, um grandississimo obrigado!

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