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The Darkest Side - Versão 2 (Português)

chiisai_bunny · Teen
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4 Chs

Capítulo 1

Alguma vez se sentiram no vazio? Como se cada passo que dessem não resultasse de nada? Como se toda a vossa história já tivesse terminado e a permanência na terra fosse apenas um sufoco? Nicole sentia-se assim. Uma prisioneira na sua própria vida.

Todos os dias, desejava estar a viver um pesadelo, que todo aquele sofrimento fosse apenas psicológico, que aquela cicatriz fosse uma simples operação, mas não. Todos aqueles momentos de tortura eram reais e tinham deixado marca em sua mente, em seu coração. A única coisa que ela desejava, era conseguir livrar-se daquele mundo, de toda aquela dor, de todo aquele cheiro intenso a drogas e bebidas alcoólicas, que consumiam a sua casa.

- Ate amanhã, querido! Não te esqueças que daqui a uma semana faço anos! Espero algo caro como prenda. – Beijou, intensamente, os lábios do homem.

- Tudo o que tu mereces, Xuxu!

No momento em que tais palavras foram prenunciadas, Nicole entra no local, ouvindo tudo. No meio de tantos nomes não conseguiram arranjar algo melhor! Algo mais criativo! Talvez, vadia! Pelo menos era o terceiro homem, diferente, que Nicole via a entrar naquela casa, no espaço de uma semana.

- Mais um... – Teresa deu uma risada ao vê-lo afastar-se pelos corredores. – Caidinho por mim! – Fechou a porta contemplando sua sobrinha. – Aprende comigo, querida, que eu não duro para sempre!

- Namorar, com homens ricos, só por causa do dinheiro! – Levantou a sobrancelha negando com a cabeça. – Acho que estou ótima assim… - Respondeu cansada.

- Minha querida sobrinha. – Andou em direção ao espelho vendo sua própria imagem. – A vida não é fácil e pessoas como nós, dificilmente, se tornam ricas… Se queres ser alguém na vida, tens que te aproveitar dos mais fortes.

- Prefiro ser pobre.... – Murmurou para si mesma observando os itens, ilegais, que se encontravam espalhados pelo local. – Não achas que devias começar a arrumar as tuas coisas... – Agarrou numa maça, começando a descasca-la. – É um cheiro demasiado intenso e fácil de identificar, se a polícia descobre…

- Se isso acontecer, tu vens comigo! – Olhou para sua sobrinha com um olhar ameaçador. - Vivi assim, durante toda a minha vida, e nunca suspeitaram de nada. – Caminhou em direção do sofá preparando um cigarro.

- Eu não tenho nada haver com os teus negócios! – Começou a comer a maça sentindo uma tontura apoderar-se do seu corpo.

- Vives cá, não vives! Então tudo o que acontece cá dentro, também é da tua responsabilidade.

Nicole, ignorou, completamente, o comentário de sua tia, não por vontade, pois sobre aquele assunto, tinha muito a argumentar, mas graças ao seu estado. Pela segunda vez, naquela semana, os sintomas, de sua doença, manifestaram-se. Será que estava a piorar?

- Não sei como aceitei o pedido do teu pai! Se dependesse de mim, estavas a morrer nas ruas! – Olhou com nojo para sua sobrinha. - Ele preocupa-se tanto contigo e mesmo assim, foste capaz de o colocar atrás das grades.

- Preocupa-se! – Tentou recompor-se, com alguma dificuldade. – Ele matou a minha mãe! Ele quase me matou! O meu irmão… - Nicole fecha os olhos, respirando fundo. - …Tudo o que lhe está a acontecer são consequências dos seus próprios atos. Lugar de assassino, é na prisão, e isso, nenhum juiz, pode ignorar.

Teresa ao ouvir tais palavras começa a ficar furiosa. Notava-se, por sua cara, que se encontrava, mais tensa do que o normal. Se não fosse a necessidade que ela tinha pelo dinheiro de Nicole, naquele exato momento, Teresa tinha terminado o que seu irmão não tinha conseguido.

- É que para além de estupida és burra! Mas ainda não percebeste que a culpa disto tudo é da tua mãe! – Aumentou o tom de voz. – Mais vale ficarmos por aqui, antes que acabe o que não foi terminado.

Mais uma vez, Teresa encontrava-se a defender o culpado de tudo, tentando coloca-lo como a vítima da história.

Nicole decidiu ficar calada. Mesmo estando contra aquela atitude, não valia a pena argumentar sobre tal assunto. Ela estava na boca do lobo, qualquer ato em falso poderia lhe causar graves consequências.

- Por acaso! Posso saber o porque de teres chegado tarde, ontem? Por causa de ti, não comi nada de jeito… - Acendeu o cigarro começando a fumar. - Já disse que não te quero a vadiar, é casa trabalho, trabalho, casa.

- Estive a fazer horas extras. – Justificou-se, sentando-se numa cadeira, com o objetivo de acalmar, por completo, as suas tonturas.

- Horas extras! – Riu ironicamente. – Achas mesmo que vão ser essas horas que conseguirão salvar o teu irmão! – Meteu os pés em cima da mesa continuando a poluir o ar daquela habitação. – Se eu fosse a ti começava a procurar outro trabalho, porque assim, a única coisa que vais conseguir, é vê-lo morrer, tal como aconteceu com a tua mãe.

Nicole, simplesmente, a ignorou. Não era fácil viver com alguém que a controlava 24 horas por dia, humilhando-a e julgando-a, constantemente, não lhe dando a liberdade, que ela tanto precisava.

- Se não andasses a gastar o meu dinheiro para os teus vícios... – Sussurrou para si mesma, porém, Teresa acaba por ouvir, ficando irritada com tal justificação.

- Caso não te lembres, eu é que pago as contas desta casa! Se consegues juntar dinheiro é porque não tens despesas, por isso, começa a respeitar-me se não queres ir viver para o olho da rua. – Teresa estava tão irritada que acabou por partir o cigarro ao meio. – Raios! Só trazes problemas! És uma desilusão de sobrinha! Odeio-te tanto!

O ambiente naquela casa estava demasiado obscuro. Nicole precisava de abandonar o espaço, o mais rápido possível, protegendo assim, a sua própria vida.

A rapariga levantou-se, porém, o que devia ser uma saída, fácil e rápida, tornou-se num verdadeiro, pesadelo. Mal se colocou de pé, as suas forças desapareceram fazendo-a cair, de volta, para a cadeira.

Teresa tinha assistido a tudo, e em vez de se preocupar, como uma boa tia, meteu o maior sorriso em sua cara, ficando contente com o mal-estar de sua sobrinha.

- Parece que essas quebras andam a ficar mais frequentes! – Deu uma risada observando Nicole a colocar a cabeça para baixo, tentando voltar ao seu estado normal. – Andas tão preocupada com o teu irmão… - Teresa observou, com satisfação, tudo o que estava acontecer. – Que quando ele acordar, muito provavelmente, tu já morreste…

Nicole ficou quieta, durante alguns minutos, concentrando-se em si mesma. Aos poucos, as forças começaram a voltar para o corpo, fazendo com que ela se aproveitasse, da pouca energia, para ir embora livrando-se assim, dos dramas de sua tia.

- Eu estou bem… – Respirou fundo, agarrando na sua mala, e com alguma dificuldade, começou a direcionar-se para a saída.

- Espero que sim, porque hoje quero-te em casa até as oito, não me apetece cozinhar. – Exigiu – Estamos intendidas? – Nicole acenou positivamente não gastando, desnecessariamente, suas forças. – Compra carne picada, quero um esparguete a bolonhesa. – Obrigou apreciando a humilhação da mais nova. - E… - Teresa ia pedir mais algumas coisas, mas foi tarde de mais, Nicole já tinha saído da habitação.

O corpo da rapariga, ainda se encontrava fraco, não apenas, graças a sua doença, mas por causa de tudo. Ela sentia-se tão sozinha, tão vazia, tão destruída, sentia-se incapaz de enfrentar aquela vida, repleta de escuridão… Mas tinha que ser forte, não podia desistir, não agora, Nicole precisava de continuar a lutar, não por ela, mas pela vida de seu irmão.