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Revelações

Personagens intrigantes, batalhas entre o bem e o mal, perdão e paixão marcam esse livro, que mais um leitor poderia desejar? "Revelações" é uma série de contos que narram aventuras e desventuras de Ana nos mundos espiritual e material, enquanto mistérios são revelados. Ela perpassa por um dilema, que envolve luz e escuridão, e, pelo desejo de desvendar o oculto. A luta interna de Ana vale a pena pela saga que a acompanha e pela descoberta de um mundo dantes inimaginável. "Revelações" é um livro cativante, que já no primeiro conto não se deseja a interrupção da leitura por querer saber da envolvente vida de Ana.

AnaCors · History
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59 Chs

Conto 11: A revelação

Hoje é um dia feliz! Vou passear com minha irmã no centro da cidade. Marcamos cedo, nas catracas do metrô. Ao nos encontrarmos demos um abraço apertado, que saudades!

- Lívia, vamos tomar um café antes das compras? – pergunto com fome.

- Sim, onde?

- Conheço uma cafeteria muito boa. Lá em cima, subindo a ladeira! – respondo, apontando para uma rua acima.

- É longe? – pergunta, meio desanimada.

- Não! Vamos, eu pago!

No caminho, entramos numa loja para olhar bijuterias. Ele chega, dou um pulinho imperceptível aos olhos das outras pessoas, abraça-me e anda comigo. Posso sentir o seu braço ao redor do meu corpo.

Chegamos, pedimos café e bolo. Parece tudo gostoso! Sentamos para conversar.

- Lívia, tô acompanhada de um espírito! – conto animada.

- Sei, percebi quando chegou. – respondeu, olhando para a cadeira onde ele estava.

- Ele me acompanha, conversa comigo e eu gosto dele!

Ela olha para mim surpresa e tem um ataque de risos!

- Como você pode gostar de um espírito? – pergunta espantada.

Chorava de tanto rir. De repente Lívia ficou séria.

- Você não pode ficar com ele! Ele é maligno!

- Não é não! Como pode ser mau, se ele me mostra coisas boas? – defendo-o apreensiva.

- Você tem que mandar ele embora! – esbraveja.

- Não posso, gosto dele! Ele é como se fosse meu namorado! – esclareço.

Ela ri de novo, fica até vermelha. Rio também, contando assim parece loucura...

- Que absurdo, minha irmã! Que absurdo isso! – fala cabisbaixa.

- Tudo bem... muitas vezes percebo que a natureza dele não é boa, mas comigo ele é bom!

- Ele espera você dormir e transa com você todas as noites!

- Como? Eu não lembro! – respondo confusa.

- Deus está me revelando! Seus espíritos se encontram, enquanto você dorme!

- Não lembro! Ele mostra coisas interessantes! Ele me dá flores!

- Klaus teve uma visão: você recebendo flores de um homem! Eu falei, não pode ser, a minha irmã é uma pessoa séria! Isso é a sua imaginação!

- É verdade, não é da cabeça do seu marido! – falo admirada.

- Ele disse que tinha um homem te galanteando, então respondi: você está louco! Minha irmã? Não!

- Você pode falar pra ele que não era imaginação! É verdade!

- Ana, você tem que mandar ele embora! Ele está sugando suas energias. Vive disso!

- Não tenho forças... – respondo abatida.

- Como você o vê?

- Eu vejo e ouço com a mente. Se você vê e ouve com os olhos e ouvidos carnais, pode internar que é loucura! O espiritual envolve sempre a mente! – explico.

Fico triste, queria ficar tanto com ele, eu o amo. Então reflito: "E se ele for tudo isso que minha irmã disse? "

- Você perguntou a ele o que faz?

- Não.

- Pergunte! Ele vai te responder. – fala, com uma certeza assustadora.

Levantamos da mesa e Lívia continua:

- Conversa de louco a nossa! Só a gente para se entender.

Continuamos o passeio, fizemos algumas compras e demos boas risadas. No final da tarde caiu uma chuva torrencial: a água começou a subir rapidamente, alagando as ruas da cidade; com muita emoção chegamos até a estação e voltamos para casa.

Anoiteceu. Estava fazendo crochê na cama, com travesseiros nas costas, pois continuavam doendo. Ele aparece por cima, sorrindo de braços abertos e me abraça carinhosamente; continuo na mesma posição.

- O que você faz? O que você é?

- Exu caveira.

Fico surpresa, triste, chateada... Ele se ajoelha, encosta sua fronte nos meus joelhos, movendo a cabeça negativamente. Olha para mim, vi nele uma expressão de angústia:

- Não! Não tenha preconceito! Alguém tem que fazer isso! Não me manda embora! – implora.

Comecei a chorar.

- Você não pode ficar! Vá embora! Não quero mais você!

Ele se foi.

Liguei para minha irmã:

- Lívia, você tinha razão! Ele é um exu! Um exu caveira! Como ele veio até mim? – pergunto desesperada.

- Alguém mandou pra te destruir, pra acabar com o seu casamento! O plano inicial era te deixar louca.

- Mas as coisas mudaram, ele ficou meu amigo!

- Isso não existe, Ana! Exu não faz amizade! Você tem que mandar ele embora! – exclama com veemência.

- Não tenho forças!

- Quer ficar livre de novo?

- Sim.

- Amanhã vou ao monte orar por você!

- Tá bom. Obrigada.

Desligo o telefone e choro entre os travesseiros.

No domingo, depois do almoço vou deitar um pouco para descansar. Não queria pensar nele, não queria ... mas penso.

- Você chamou? – pergunta.

- Chamei você? Como eu fiz isso? – investigo.

- Quando quiser me chamar, você faz assim: ......., e eu virei.

- Vá embora, em nome de Jesus!

- Você não tem força pra me expulsar!

Já é noite e me arrumo para ir à igreja. No caminho, ele chega, abraça-me e vai andando do meu lado. Ele estava muito feliz porque o tinha chamado, encostava sua cabeça no meu peito.

- Vou pra igreja. – conto.

- Eu sei. – responde calmamente.

Ele entra comigo, senta do meu lado e começa a assistir o culto. Como pode ser?

- Você pode entrar aqui? – pergunto surpresa.

Acena a cabeça positivamente, com um sorriso. Achou graça na minha pergunta. Sinto peso na consciência, como se estivesse profanando um lugar sagrado.

- Vá embora, em nome de Jesus!

E anjos o escoltam até a saída.

No dia seguinte, ligo para minha mãe e conversamos.

- Como pode ser mau, se ele mostra coisas boas? – indago angustiada, e continuo. – Ele me dá flores e são tão lindas!

- O mau nunca diz: eu sou mau! O mau sempre se mostra bom! É com o passar do tempo que se percebe que é mau! – explica.

Ela faz uma oração.

- Eu gosto dele mãe! – confesso envergonhada.

- Como você pode gostar de um espírito, Ana? Ele não é material, não é substancial! Não tem lógica! – fala firmemente.

- Não sei.

- Você em que mandá-lo embora!

- Sim, tem razão. Preciso trabalhar agora. Obrigada. Tchau. – despeço-me rápido, segurando o choro.

- Fica com Deus!

- Amém, você também, mãe!

Desligo o telefone pensativa: "Como posso gostar de um espírito? ".

E um espírito responde:

- Essa é a essência do amor! Amar sem esperar nada em troca! Ele não tem nem sequer um corpo pra te dar! – e repete. – Essa é a essência do amor!

"A essência do amor... bonito! Ele não tem corpo para me dar... mesmo assim o amo, porque o sentimento é da alma. – penso emocionada.