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Capítulo 2: Encontro

Já haviam se passado 2 dias desde os acontecimentos que transformaram a perspectiva de Óscar. A musa inspiradora do jovem, Aka, havia aceitado sair com o mesmo. Então os dias que se sucederam, foram dominados por pensamentos e planejamentos importantes acerca do encontro.

– Não... Isso não vai dar certo, preciso de algo mais impactante. Algo que ela vai se divertir. Nem eu tô me divertindo com essas ideias.

As aulas haviam começado na quarta. No momento em que Óscar tinha esses pensamentos, era sexta de noite. Seus planos de encontro no sábado foram confirmados com Aka, sendo uma surpresa o lugar escolhido.

Claro que era uma desculpa, já que o rapaz ainda não sabia onde ir.

– Não vai dar certo, eu mesmo não saio de casa, como poderia pensar em levar uma garota pra sair...

Nesse momento de tristeza, uma luz se acendeu na cabeça de Óscar. Uma luz que com certeza funcionaria, mas que ele não gostaria de recorrer sem um motivo bom.

No fim, depois de ficar sobre um muro criado pela divergência de ideias, Óscar decidiu pegar seu telefone e ligar para um dos 5 números salvos nele. Dois desses números sendo recentes.

– Hmm, alô? – Disse o tímido rapaz, não estando acostumado a fazer ligações.

– Fala guri, decidiu usar esse recurso lendário mais cedo do que eu imaginava. – A forma de falar era inconfundível, do outro lado da chamada, estava Goda.

– Olha, eu preciso de uns conselhos... –

– Pode falar, minha sabedoria é vasta. Mulheres? Jogos? Sites duvidosos? Pode perguntar. – Óscar não era o maior fã dessa atitude egocêntrica de seu amigo, mas sabia que tinha um fundo de verdade ali naquele mar de soberba.

– Mulheres... – Assim que ouviu essa palavra, quase como se pudesse ver as ações de Goda, Óscar imaginou seu fiel conselheiro se levantando e tomando um ar de seriedade.

– Diga, meu pequeno gafanhoto.

– Amanhã vou sair com uma garota, mas não consigo pensar em onde ir. Alguma ideia? – Já em tom de súplica, o jovem de cabelos acinzentados perguntou.

– Isso é simples, basta ir em um lugar onde você vai se divertir, um fliperama por exemplo – De forma extremamente natural, Goda fez de todos os problemas e discussões mentais que faziam o cérebro de Óscar fritar, uma solução prática e simplória. O rapaz introvertido ficou boquiaberto com a forma natural que seu amigo falou.

– E então, quem é a garota? – tirando Óscar de seu transe, Goda perguntou.

– Bom... Aka – O jovem sabia que sua pretendida e seu conselheiro não se gostavam, mas decidiu falar logo.

– Aaah, imaginei. Bom, não há o que fazer quando dois jovens se amam assim. – Ele aceitou surpreendentemente rápido.

Depois de jogarem conversa fora por uns 2 minutos, Óscar encerrou a ligação. Já era por volta de 23h, mas ele não sentia sono algum. Decidiu tomar um banho quente e ir dormir em seguida.

*****

Antes de 30 minutos da hora marcada, Óscar chegou ao local de encontro. Ficava a uma caminhada de 300 metros do ponto comercial, onde se encontravam os fliperamas. Por conta do horário, 1 hora após a hora do almoço, estava fazendo um calor extremo. Então depois de 10 minutos, o jovem começou a suar e ter a visão deturpada pela luz do sol, que estava bem acima dele.

E, como se premeditado pelos deuses, Óscar viu uma figura vindo em sua direção. Era de altura média, pele clara e um rosto que se visse uma vez, não esqueceria mais. Estava usando um vestido fino, que, feito para aliviar o calor, era uma regata também. A vestimenta ia até seus joelhos, ainda deixando expostos seus tornozelos, realçados por uma sapatilha branca, da cor do vestido. Na parte superior, a roupa era mais justa, e era especialmente justo na parte dos seios, que de forma sensual, eram apertados pela bolsa que os partia ao meio. Mas estava longe da vulgaridade, embora a cor branca pudesse ressaltar seu sutiã, isso não acontecia devido à alta qualidade do tecido. Todo esse conjunto era apenas um complemento, que servia de realce para, no momento em que a jovem tirasse seu belo chapéu, os longos cabelos escarlates brilhassem aos sol.

Ao ver aquela figura quase divina, Óscar se sentiu mal por ter escolhido uma simples junção de uma bermuda preta com vários bolsos, e uma camisa branca sem estampa. Além de seu fiel sapato cinza. Ele se orgulhou de ao menos prender seu cabelo em um rabo de cavalo.

– Ei – Sem jeito, disse a moça que roubara os olhares de todos que passavam.

– Ei – Da mesma forma, retrucou o jovem.

Colocando a mão esquerda no pescoço, indicando a timidez, desferiu um elogio para a moça – Você... Bom... Está muito linda!!

Assim que cessou as palavras, pode-se notar os olhos rubros de Aka brilharem na medida em que ficava cada vez mais corada. – Hmmm obrigada, você também está bonito...

A cena durou pouco, mas pareceram horas para ambos. Então Óscar tomou a iniciativa e eles finalmente se dirigiram ao destino do encontro.

*****

Quando entraram no fliperama, ambos se espantaram com a vastidão de jogos no lugar, era notório que nenhum deles estava acostumado com esses lugares. Então decidiram simplesmente ir jogar todos em ordem mesmo.

– Ei Óscar, vamos nesse aqui – Disse a garota, enquanto apontava para um jogo de mesa de disco.

Óscar perdeu todas as partidas.

E mesmo que devesse se sentir mal por perder em um jogo, se sentia feliz por ver os sorrisos que a garota lhe mostrava. Ele estava claramente muito feliz pela primeira vez em muito tempo.

Depois de brincarem por quase duas horas, decidiram parar para tomar um sorvete. E logo na saída se deparam com uma pessoa que não esperavam ver.

– Olha, que surpresa meus amigos – Disse o grande conselheiro que tinha dedo em parte do planejamento do encontro, Goda.

– Realmente né, que grande coincidência! – Respondeu de volta Óscar. Não demorou muito para que os dois fossem para um canto onde não seriam ouvidos. Aka aproveitou para ir ao banheiro.

– O que, está, fazendo, aqui? – Na mesma medida que dava passos, Óscar moldava sua pergunta.

– Calma calma, só vim ver se tava indo tudo bem. Sabe, não é bom ir sozinho em encontros com desconhecidas assim, sem nenhum amigo pra dar apoio.

Óscar estava se irritando, mas decidiu deixar para lá e apenas aproveitar o resto do encontro – Faça como quiser, só não atrapalhe, e também não fique à vista.

Goda logo concordou – Farei isso, sou mestre em não ser percebido – Disse, enquanto fazia continência.

Óscar simplesmente foi embora para a sorveteria, onde esperaria por Aka. E Goda se dirigiu para os banheiros, garantindo não ser visto.

*****

Após 5 minutos, Aka apareceu na sorveteria, com uma expressão preocupada. Mas logo apaziguou sua face – Desculpe a demora, tinha uma fila lá atrás.

– Eu que devo desculpas pelo Goda ter aparecido lá do nada – Óscar não sabia o motivo da intriga entre Aka e Goda, então decidiu se desculpar, por via das dúvidas.

– Ah, não se preocupe com isso. Então, vamos pedir? – Disse a moça enquanto apontava para o balcão.

Depois de pegar os sorvetes e se sentarem, agora era tudo por conta deles, não tinham brinquedos ou paisagens para os distrair. Estavam frente a frente, e só os restava o diálogo.

– Posso fazer uma pergunta? – Quem disse primeiro foi o garoto, e assim que recebeu confirmação, continuou – Por que escolheu essa escola?

– Pela minha insistência, na verdade – Depois de pensar por 3 segundos, decidiu responder – Meus pais acham a ideia de ir à escola, idiota. Toda minha vida estudei em casa, então quis saber como era, sabe? Interagir com outras pessoas da minha idade.

– Sei bem como é isso... Não que eu tenha estudado em casa durante minha vida toda, mas pelo menos entendo o sentimento de querer conhecer os outros – O rapaz conseguia sentir exatamente as emoções que Aka sentia, e dessa forma gradual, a interação de ambos se tornou natural.

– Pelo menos posso dizer que algo bom nasceu dessa curiosidade – Disse a moça, enquanto olhava corada nos olhos de Óscar.

Entrando em pânico, o rapaz deu uma sugada forte no sorvete, fazendo sua cabeça doer.

Percebendo a cena, Aka começou a rir. Puxando a risada de Óscar também.

Em alguns momentos, ambos estariam rindo bastante da situação.