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Lágrimas e Sangue

Cixi estava caminhando pelos corredores do palácio de gelo com suas botas de cano alto enquanto Fun Xu a seguia com suas passadas quase silenciosas, os dois sabiam que em algum momento eles teriam que conversar... Uma Imperatriz com medo de reencontrar seu Imperador, era assim que Cixi se via e para ela isso era até engraçado, já que a mesma não teve medo quando colocou Fun Xu como prisioneiro na Montanha da Redenção.

— Posso saber do que está rindo, Cixi? — Fun Xu lhe diz sussurrando em sua orelha sem que Cixi tenha percebido a aproximação do mesmo, e quando sentiu a presença do mesmo em suas costas, Cixi apenas deu um pulo para longe do mesmo.

Fun Xu assim que viu que sua esposa fugira para longe dele como um fugitivo apenas ri, porque ele sabe que Cixi poderia tentar fugir pelo resto da eternidade dos dois mais eles sempre se encontrariam...

Cixi olha para Fun Xu como se ele fosse um fantasma que voltara para lhe assombrar, e que no caso era verdade, mas assim que ela pôde observar que o mesmo estava rindo de sua fuga como um gato foge da água, Cixi apenas estufa o peito e coloca a melhor máscara de rainha que a mesma possa ter, e nos seus lábios coloca o sorriso que um dia conquistou Fun Xu.

— Estou rindo da minha desgraça! — Cixi diz enquanto usa uma voz doce e sussurrada olha para Fun Xu, como um inimigo olha para o outro... Nunca mostrando seus sentimentos e nem suas angustias.

— E qual seria a sua desgraça? — Fun Xu pergunta enquanto caminha até um dos vários arcos que moldavam as janelas enormes dos corredores e passa a observar a escuridão que predomina do lado de fora, seus braços se encontravam cruzados na altura do peito e sua cabeça tombada contra a parede de gelo.

Cixi apenas observa a luz da lua ser refletida nas paredes de gelo e os cabelos brancos de Fun Xu pareciam flutuar ao redor do mesmo, mas Cixi sabia que aquilo tudo era por causa do poder dele...

— Você! — Cixi sussurra enquanto sem conseguir resistir se sente ser puxada por uma força mais forte que ela, seus pés caminham até Fun Xu e suas mãos tocam as costas do mesmo e deslizam em direção ao seu peitoral. — Você é a minha desgraça desde que o conheci!

Fun Xu fica a observar a lua com os braços da Cixi o abraçando pela cintura e sem pensar ele coloca a mão esquerda em cima das mãos da mesma, ali naquele momento eles poderiam passar a imagem de um casal apaixonado, mas somente eles sabiam o que queria dizer aquele abraço...

— Você também foi a minha desgraça! — Fun Xu diz enquanto num rápido giro puxa Cixi para seus braços e logo depois a atira contra a parede, a fazendo ficar sem ar quando sente suas costas irem de encontro a parede de gelo.

— O que? — Cixi sussurra, mas sua voz se perde entre os gemidos de dor que a mesma sente quando as mãos grandes e calejadas de Fun Xu se encontram ao redor do pescoço da mesma, seus olhos se arregalam e ela não sabe o que fazer além de tentar inutilmente retirar as mãos de Fun Xu de seu pescoço.

— Você foi a minha maior desgraça na vida e minha perdição! — Fun Xu diz enquanto aperta mais ainda o pescoço de Cixi, que sente o ar lhe faltar e olha para Fun Xu com os olhos arregalados e a boca aberta a procura de ar, mas Fun Xu parecia furioso e seus olhos azuis se encontravam vermelhos sangue. — Você chegou e acabou com aquilo que eu lutei tantos milênios para construir!

Assim que os lábios, antes carmesim de Cixi começaram a ficar pálidos como a lua Fun Xu afrouxa o aperto e a atira no chão, o corpo de Cixi despenca com tudo contra o chão e ela sente como se seu corpo estivesse pesado e sua garganta fechada e seca, a fazendo começar a tossir e colocar a mão contra o pescoço para aliviar a dor que se encontrava ali.

— Eu nunca deveria ter aceitado o casamento, mas fui tolo e aceitei! — Fun Xu diz enquanto se agacha e fica na altura de Cixi, que o olhava com os olhos violetas enfurecidos e os lábios pálidos a tremerem, assim que Fun Xu percebe que Cixi sente medo dele apenas sorri e lhe diz: Mesmo que eu queira lhe matar não conseguiria, porque você é uma parte de mim, minha amada esposa!

Fun Xu então se inclina na direção de Cixi que ainda o olhava com fúria nos olhos e beija cada olho dela, como um beijo de borboleta, leve e doce.... Algo que Cixi não queria dele, ela queria apenas se livrar daquele homem, mais ela sabia que mesmo que tentasse.... Seus poderes não eram nada perto dos poderes daquele homem, que estava naquele momento lhe beijando na testa.

Um beijo fraternal.... Algo que Cixi sabia que Fun Xu não queria dela.

— Espero que não tente me manter preso Cixi, posso lhe amar, mas posso também lhe destruir! — Fun Xu diz enquanto se ergue e sai andando, deixando para trás a esposa com as mãos contra o pescoço e os longos cabelos espalhados no chão como um manto negro.

Cixi apenas passa a observar Fun Xu sair dali com as mãos nos bolsos da calça enquanto caminha com passos leves e lentos, ela queria ir atrás dele e lhe mostrar a sua verdadeira face, mas ela sabia que mesmo que ela tentasse contra a vida dele não conseguiria matá-lo.

— E eu achando que Fun Xu tinha voltado para reconquistá-la! — Cixi ouve uma voz lhe dizer.

Mesmo sem se virar ela já sabia de quem era a voz, era uma voz feminina e doce como o mel das abelhas mas que lhe era enjoativa, por isso Cixi apenas se ergue do chão com a dignidade de uma Imperatriz que nunca falha enquanto limpa o vestido da mesma que se encontrara com uma mancha marrom de poeira.

— Acho que essa mancha não sairá tão fácil assim!

Cixi apenas continua a limpar o tecido do vestido sem olhar para a pessoa que está parada na sua frente com o vestido impecável, e com certeza com um sorriso que faria com que Cixi quisesse ter se livrado dela a muito tempo atrás.

— O que você está fazendo aqui? — Cixi pergunta enquanto atira o cabelo negros longos para trás e olha para a mulher que estava parada na sua frente, com os braços cruzados e com uma taça de gelo numa das mãos enquanto no lábios um sorriso que deixara Cixi furiosa.

— Lá dentro estava chato! — Xing diz enquanto descruza os braços e leva a taça de gelo aos lábios, mantendo os olhos da cor da lua presos em Cixi, que tinha a testa franzida e os lábios numa linha reta.

— Não está fugindo do seu amor, que pode descobrir o que você faz por poder? — Cixi diz enquanto passa a mão de leve contra o pescoço, onde ela sabe que teria uma leve coloração avermelhada em formato de duas mãos.

— E você não tem medo de que seu marido a estrangule enquanto dorme? — Xing diz com um sorriso e caminha até Cixi, que no momento estava parada somente a observando.

— Você devia ter sido mais esperta a milênios e não uma burra! — Xing sussurra para Cixi, que apenas fecha as mãos em punhos ao lado do corpo para não dar um tapa na cara de Xing.

— E você deveria ter sido mais esperta e ter ouvido meu conselho quando disse para desistir do poder! — Cixi fala com um sorriso lhe atravessando os lábios enquanto Xing a olha furiosa, e sem pensar vira a taça de gelo em cima do vestido de Cixi.

— Desculpe, não vi que a taça estava cheia! — Xing diz enquanto se vira para sair dali.

Cixi apenas fica parada olhando Xing sair enquanto sente o líquido gelado contra seus joelhos e fecha os olhos para não sentir as lágrimas lhe pinicarem os olhos... Tudo para ela estava desmoronado como uma montanha depois de uma forte chuva, tudo que ela tanto lutou para ter estava escorrendo pelas suas mãos enquanto que a qualquer momento ela não teria escolha senão tomar o destino de sua bisneta em suas mãos.

Xo Bou estava sentada num sofá-cama perto da janela circular que se encontrava perto de sua cama observando a lua ser encoberta por tensas nuvens negras, enquanto uma fina, mas gelada garoa caía dando início aos festivais. Ela sabia que o amanhã seria como uma luta porque ela teria que convencer Amir a lutar por uma vida que nem ela sabia de quem era, mas para que sua mãe viesse ali devia ser a vida de alguém muito importante... Sua mãe não viria pedir ajudar sem um grande motivo.

Ela dá um suspiro enquanto deita a cabeça contra o braço do sofá-cama e fica a observar a lua, sua mente se volta para Amir e a pulseira que o mesmo dera para ela... com a mão em cima do fino couro Xo Bou passa a se lembrar da mão quente do mesmo contra seu pulso, dos lábios finos e dos olhos negros que a atraíam com toda a força. Ela então sorri ao erguer o pulso e ver a pulseira, onde a luz da lua que, naquele momento estava deslizando para fora das nuvens refletiam o brilho da mesma na parede branca de seu quarto.

— Amir, será que você me perdoará depois de tudo que irá acontecer? — Xo Bou pergunta para a escuridão do quarto que predominava enquanto uma pequena e quase pálida chama de um azul era mantida ao lado da mesma, dentro de uma lamparina que sua mãe lhe deu de presente.

Ela não sabia se um dia Amir a perdoaria, mas Xo Bou sabia que pelo fato de Amir ser um homem justo ele poderia nunca a perdoar... Mas então porque contar? Não seria melhor deixar ele na mais vasta escuridão em relação à verdadeira motivação para que Xo Bou tivesse seus olhos voltados para o mesmo?

— Será que eu irei mesmo morrer? — Xo Bou se pergunta enquanto desliza a mão esquerda pelo couro das finas tiras e sente uma lágrima deslizar pelo seu rosto.

Ela não queria morrer, apenas viver.

Mas por que então ela se sentia como um monstro? Será que era porque ela estava se apaixonando por Amir? Se deixando levar por um sentimento que a mesma prometeu nunca mais ter por nenhum homem.

Então uma leve batida pode ser ouvida fazendo com que Xo Bou de um pulo do sofá-cama, enquanto limpa com o dorso da mão o rastro da lágrima que se encontrava no seu rosto. Ela se vira para a porta com os olhos a observando enquanto espera a outra batida para ter certeza que alguém batera na porta e que não fora a sua imaginação, mas então ela pode ouvir outra batida leve, quase como o beijo de um beija-flor.

— Quem é? — Xo Bou pergunta enquanto se olha num espelho que tinha num canto do quarto e limpa a face, deixando para trás o que restou do rastro da lágrima.

— Sou eu! — Uma voz masculina sussurra através da porta e ela sente como se seu coração estivesse falhando uma batida ao ouvir aquela voz rouca e que ela tanto ansiava.

Seu corpo parece ter se tornado pedra e seu coração parecia o bater de assas de um lindo beija-flor, tudo ao redor da mesma parecia ter perdido o brilho e somente a porta parecia brilhar... Um leve brilho prateado e doce, fazendo com que Xo Bou apenas suspirasse e caminhasse até a mesma. Suas mãos tremiam enquanto abria a porta.

Então tudo mudou, o que ela via na sua frente era apenas Amir, com sua camisa de manga longa negra e os cabelos negros longos soltos ao redor do rosto, enquanto que em seus lábios vermelhos e quase femininos ela visse um sorriso que a estava atraindo...

E sem pensar Xo Bou se joga nos braços de Amir, que a olha com os olhos arregalados enquanto a mesma se encontrava com os braços ao redor do pescoço dele e com sua boca contra a dele.

Lábios quentes contra lábios frios.

Ao se dar conta de que a mulher na sua frente o estava beijando, Amir apenas a puxa para si, seus braços se apertam ao redor de Xo Bou, a atraindo ainda mais para seu corpo, o prensando contra si, e Xo Bou apenas aperta ainda mais seus braços ao redor do pescoço de Amir, o atraindo para si.

— Por que você está aqui? — Xo Bou pergunta depois de um longo tempo, seus lábios estavam vermelhos e seus olhos dourados pareciam duas pedras de ouro naquele momento.

Amir não consegue falar, sua voz se encontrava presa na garganta enquanto a empurra para dentro do quarto, a fazendo tropeçar nos próprios pés enquanto Amir apenas sorri para a mesma, que estava naquele momento sentada numa cadeira toda decorada com pequenos pássaros feitos de fios de ouro.

— Senti saudades! — Amir diz enquanto fecha a porta e caminha até a mesma com passos de predador, seus olhos negros brilhavam como pequenas pedras preciosas, as quais Xo Bou naquele momento se encontrava tão fascinada.

— Seus olhos... — Xo Bou sussurra quando Amir se agacha na sua frente tocando seu rosto com a palma da mão quente, deixando um rastro de fogo por onde tocava.

— O que tem meus olhos? — Amir pergunta enquanto desliza seus lábios pelo rosto de Xo Bou, que sem pensar apenas solta um leve gemido de prazer.

— Parecem duas Onix! — Sussurra enquanto que com a mão esquerda desliza pela face masculina na sua frente, seus olhos dourados analisavam todos os mínimos detalhes: sua barba por fazer, a pequena cicatriz que Amir tinha uns centímetros acima da sobrancelha esquerda e a pequena covinha na bochecha esquerda.

— Onix? — Amir pergunta com a testa franzida para a mesma, que sorri, e com a ponta do dedo desfaz cada ondulação que se encontra na testa do mesmo, que ao sentir a ponta do dedo da mesma somente sorri.

— Sim, uma pedra preciosa! — Xo Bou diz enquanto sorri para o mesmo, que apenas a olha fascinado...

Seus olhos negros deslizam pelo rosto da mesma, puxando para sua memória todos os mínimos detalhes que ele consegue encontrar: sua boca grossa e carnuda, seus cílios longos e ele conseguia ver que ela também tinha uma pequena marca perto da orelha esquerda.

— E você parece a mais rara flor que eu já encontrei! — Amir diz enquanto Xo Bou sente suas bochechas esquentarem, e Amir dá uma pequena risada.

Ali naquele quarto escuro eles pareciam um casal de recém-casados.

Naquela escuridão que se encontrava no quarto Xo Bou ergue a mão e a desliza pela face de Amir, que a olha com um sorriso leve, seus olhos não conseguem se desconectar enquanto Xo Bou maravilhada e sem conseguir resistir se inclina na direção de Amir, e com seus lábios cheios e grossos lhe dá um beijo de beija-flor... Leve demais para ser lembrando no dia seguinte e para ser esquecido pela eternidade.

Amir sem pensar no que poderia acontecer no futuro apenas a puxa para seu colo, fazendo com que Xo Bou tenha que colocar suas pernas uma de cada lado do corpo do mesmo, a fazendo ficar numa posição constrangedora.

— Amir... — Xo Bou diz, mas os lábios dele calam as breves e baixas palavras proferidas por ela.

Os lábios dele pareciam emitir calor, fazendo com que Xo Bou sentisse como se seu corpo estivesse flutuando, e sem pensar ela passa os braços pelo pescoço do mesmo e joga o corpo contra o dele, o fazendo perder o equilibro, seu corpo bate contra o chão, mas Amir não parecia sentir dor porque estava perdido entre o prazer e a luxúria que os lábios de Xo Bou lhe proporcionavam.

Suas mãos estavam disputando espaço entre seus corpos quentes, Xo Bou sente como se tudo ao seu redor tivesse se desfeito como num passe de mágica e somente os dois existissem no mundo, Amir apenas gira o corpo fazendo com que Xo Bou fique por baixo e estuda cada parte do corpo da mesma.

Seus seios subiam e desciam ao passo que a mesma tentava recuperar o ar, Xo Bou apenas olhava para Amir, que com os longos cabelos negros deslizavam pela camisa do mesmo, e sem pensar ela se ergue e o beija.

Naquele momento nenhum dos dois parecia querer se desgrudar, seus corpos pareciam colados, fazendo com que Xo Bou passasse as pernas pela cintura de Amir, que a segurava pela cintura enquanto se erguia e caminhava em direção à cama, Xo Bou tinha seus braços ao redor do pescoço Amir e lhe distribuía beijos de beija-flor pelo rosto todo.

Assim que chegaram à cama Amir faz com que Xo Bou retire seus braços de seu pescoço a atira na cama, a fazendo cair numa cama feita de penas de ganso enquanto que o mesmo retira a camisa e a joga no chão. Ela apenas o olha, seus olhos poderiam estar em brasa, mas o medo estava em seus ossos.

Amir então se coloca em cima dela e a beija, um beijo terno e doce que parecia tentar aliviar o medo que estava ali presente no corpo tenso de Xo Bou, que apenas o abraça e deixa com que ele a beije.

— Não tenha medo, eu estou aqui! — Amir diz no ouvido de Xo Bou enquanto o desliza as mãos pelas laterais do corpo de Xo Bou, levando consigo o tecido da camisola que ela usava, deixando com que a breve brisa tocasse o corpo da mesma com lambidas frias.

— Não estou com medo! — Xo Bou diz enquanto Amir sorri para ela, e a ajuda a tirar a camisola deixando apenas a sua nudez a vista.

Amir não consegue deixar de olhá-la, seus olhos vagam por cada parte do corpo da mesma, enquanto Xo Bou fecha os olhos se lembrando das palavras das mulheres da Corte onde ela viveu por tantos anos...

Que a primeira vez doía, mas o prazer era mais forte.

Mas o que aconteceu não foi bem o que ela imaginava.

Amir a puxou para si a erguendo, fazendo com que ela ficasse de joelhos e a beijou, cada mísera molécula do corpo de Xo Bou aceitou o beijo como um anestésico, e levada pela luxúria e o prazer Xo Bou se entregou pra Amir.

Mira estava dormindo nos braços de Yin Chang quando de repente ela se levanta com os olhos arregalados observando o nada, fazendo com que Yin Chang acordasse já pronto para a guerra, mas o que ele encontrou foi apenas uma Mira olhando assustada para o nada sem ver o que tinha na sua frente.

— Mira, o que foi? — Yin Chang pergunta enquanto segura o pulso da esposa, a fazendo se virar para ele com os olhos vermelhos brilhantes fazendo com que Yin Chang levasse um susto, porque naquele momento os olhos dela brilhavam como um farol avermelhado, ou como o céu tingido de sangue no final do dia.

— Yin Chang! — Mira diz enquanto sente toda a sua força se desfazer em um grande surto de energia que faz com que as leves cortinas brancas se erguessem e flutuassem enquanto que Yin Chang a pega, antes que a mesma consiga bater a cabeça conta os travesseiros atrás da mesma.

Yin Chang assim que tem Mira nos seus braços apenas a olha enquanto a mesma se encontra desmaiada, ele passa os olhos pela janela, que naquele momento se encontrava escancarada deixando o ar quente do Reino de Asūla entrar naquele aposento gelado, e com a mão esquerda erguida ele apenas a leva para a esquerda fazendo com que as janelas se fechem, levando consigo o ar quente do lado de fora e deixando ali dentro apenas o Rei e Rainha do Reino de Asūla.

Xo Bou estava deitada com a cabeça contra o peitoral nu de Amir enquanto com a ponta do dedo desenhava pequenos círculos na pele quente dele, ela não conseguia olhá-lo nos olhos, já que a mesma se encontrava envergonhada... O rastro das lágrimas que a mesma derramara durante o ato ainda estavam ali, lhe mostrando que tudo que as mulheres da Corte lhe contaram eram mentiras. Xo Bou queria gritar com aquelas mulheres, porque elas tinham falado que não tinha dor, mas tinha sim...

Ela sentira a dor lhe rasgando, mesmo que Amir estivesse tentando ser delicado, a dor estava ali, lhe lembrando de quanto tempo ela manteve a sua virgindade como uma pedra preciosa e que quando lhe fora tomada. Fora com dor e sangue, e tinha as lágrimas também derramadas durante o rompimento de sua inocência, e o grito estrangulado em sua garganta enquanto Amir se movia, mas mesmo com a dor ela sentia um pouco de prazer, que consegue mascarar a dor por um tempo, mas não por muito tempo, já que os dois tinham se entregado a um prazer perigoso.

Quando ela tinha se dado conta seus corpos já tinham se interligados como duas constelações, e seus olhos não se desgrudavam, mesmo com os olhos dourados cobertos e nublados de lágrimas, as ondulações que os corpos faziam quando se chocavam lhe davam prazer, mas era um breve prazer e não prazer do qual ela ouvira...

Ela queria rir, mas ao tentar dar uma leve risada, seu corpo se tencionou e ela esfregou o rosto contra o peito de Amir, que apenas a puxou mais ainda para seus braços, a fazendo ter que erguer a cabeça para que pudesse olhar em sua face, que estava serena enquanto que ele apenas deslizava as pontas do dedo contra o ombro da mesma.

— Está amanhecendo! — Amir sussurra enquanto Xo Bou apenas ergue um pouco a cabeça e passa a olhar pela janela que se encontrava ao lado da cama, o céu que lhe lembrava uma pintura.

— Mas ainda estou com sono! — Xo Bou diz enquanto cruza os braços e deita a cabeça em cima dos mesmos.

Amir ergue um pouco a cabeça e olha para Xo Bou, que com seus olhos dourados observam o queixo de Amir como uma criança fascinada quando vê pela primeira vez um brinquedo.

— Então durma um pouco mais! — Amir diz enquanto sorri para Xo Bou, que apenas deita a cabeça no peito dele e fecha os olhos.

Amir puxa Xo Bou ainda mais para os seus braços e fecha os olhos ao se dar conta de que a mulher que ele tanto queria enfim estava nos seus braços.

O sol entrava pela janela fazendo com que Xo Bou esfregasse o rosto contra o peito quente de Amir, que apenas resmunga algo como um "Deixe-me dormir mais um pouco", enquanto Xo Bou abre um olho e passa a observar o quarto, ela sabe que a qualquer momento sua irmã entraria por aquela porta falando que era para ela se arrumar para o Festival, porque queria ver as lanternas flutuarem na água do rio que cortava a cidade, ela apenas dá um suspiro e se levanta, fazendo com que seus longos cabelos se espalhassem pelo lençol da cama enquanto a mesma observava Amir dormir... A face serena do mesmo não lhe lembrava em nada o homem que ela conhecia, e nem a pequena cicatriz que ele tinha.

Mas ela não podia perder tempo o observando como uma boba, ela tinha que se arrumar e estar perfeita para o Festival das Lanternas, tinha que estar linda o bastante para que todos os olhos se voltassem para ela a ponto de que ela pudesse usar isso a seu favor, suspirando ela então abre o armário que se encontra num canto do quarto e olha entre os vestido procurando qual ia usar.

— O que está fazendo? — Xo Bou pôde ouvir a voz de Amir lhe perguntando em suas costas, enquanto que a mão esquerda dele desliza pelo seu abdome, a fazendo contrair o mesmo ao toque quente da mão masculina.

— Escolhendo um vestido para usar no Festival das Lanternas! — Xo Bou fala enquanto a mão de Amir desliza da sua barriga e aponta para um dos vestidos que se encontrava na frente deles.

— Aquele é perfeito! — Amir diz apontando para um vestido branco bordado com pequenas flores de sakura douradas.

— Lótus, pelo Amor dos Deuses tem como ficar parada! — Uma voz masculina pode ser ouvida do outro lado da porta fazendo com que Xo Bou sinta seu corpo se tornar uma pedra.

— Cale-te, Yue Fe! — Lótus diz enquanto uma batida pode ser ouvida e Xo Bou olha para o interior do seu armário com os olhos perdidos. — Xo Bou, abra essa porta porque sei que você está ai dentro!

— Não é melhor abri? — Amir sussurra enquanto puxa sua calça, que estava jogada no chão, pelas suas pernas longas.

Xo Bou suspira e caminha até a porta esperando que a voz masculina que a mesma ouvira fosse apenas a sua imaginação e não ele ali, do outro lado da porta. Ao abrir a porta ela dá de cara com sua irmã, que a olha com um olhar de alguém que examina uma obra de arte atrás de imperfeições, mas ao erguer os olhos Lótus apenas arregala os mesmo enquanto Xo Bou lhe dá um sorriso envergonhado pelo fato de que ela sabe que a mesma vira Amir sem camisa atrás dela.

— Amir? — Lótus pergunta enquanto volta seus olhos para a sua irmã, que apenas estava com um robe e o vestido branco nas mãos.

— O que você quer, Lótus? — Xo Bou pergunta enquanto puxa os cabelos negros que teimavam em cair na sua face para longe.

— Vim lhe acordar para nos arrumarmos para o Festival, e por falar em Festival, estamos atrasadas! — Lótus fala enquanto puxa Xo Bou pelas mãos para longe de Amir, que fica a observa Lótus arrastar a mulher que naquele momento lhe ocupava a mente.

— O que ele estava fazendo no seu quarto? — Lótus pergunta enquanto arruma os longos cabelos de Xo Bou numa bela trança espinha de peixe, deixando apenas pequenas mechas que moldavam o rosto da sua irmã.

— Ele apenas estava conversando comigo! — Xo Bou diz enquanto observa a irmã colocar um pequeno pente de três dentes no topo da trança.

— Sei, mais sério, Xo Bou, se a Rainha ficar sabendo que Amir esteve no seu quarto ela é capaz de tudo! — Lótus diz enquanto se senta na beirada da cama e passa a observar a irmã.

— Eu sei, por isso lhe peço para não falar com ninguém, nem mesmo com nosso irmão!

— Tudo bem, mas essa já é a segunda vez que você me pede para não contar nada a ninguém!

As duas então se olham e pensam se tudo aquilo valia apenas, mas Xo Bou sabia que valia, ela poderia salvar a vida de muitas pessoas apenas se sacrificando, mas ela queria ser salva... Por que não ser salva e salvar milhares de vida ao mesmo tempo?

Uma leve batida pode ser ouvida na porta, fazendo com que Lótus franzisse a testa enquanto Xo Bou apenas engolisse em seco, com medo de quem poderia estar do outro lado da porta.

— Sim? — Lótus fala enquanto se levanta da cama e caminha em direção à porta, onde tinha uma jovem dama de companhia parada com a cabeça baixa, mas assim que Lótus se pôs na frente da mesma ela erguera a cabeça e olhara para os olhos violetas de Lótus com medo.

— Minha Senhora, a Rainha pediu que Vossas Senhorias a encontrassem antes de irem para o Festival! — A jovem dama de companhia fala e logo depois faz uma breve mensura, enquanto Lótus olha para Xo Bou, que apenas ergue a mão dispensando a jovem.

— Xo Bou ,será que ela sabe? — Lótus pergunta enquanto arruma o pequeno arranjo de flores na cabeça.

— Amir? — Ele ouve uma voz feminina lhe chamar e isso lhe causa um arrepio na espinha, quando se vira e vê Xo Bou parada atrás do mesmo com um sorriso que ilumina todo o lugar.

— Xo Bou, aconteceu alguma coisa?

— Posso lhe pedir um favor? — Xo Bou pergunta enquanto Lótus brigava com o que parecia ser um fio dourado do vestido que estava se embolando na sua mão.

— Pode, claro que pode! — Amir diz enquanto Xo Bou o puxa para um canto longe dos olhos de todos.

— Preciso que você me ajude a salvar uma moça que vai ser enforcada! — Xo Bou fala com os olhos dourados sérios, o que fez com que Amir apenas franzisse a testa e a olhasse com os olhos desconfiados.

— Você está falando da Sang Ge? — Amir pergunta.

— Sang Ge?

— Sim, a Rainha está tentando mandar enforcá-la porque de acordo com a mesma, a Sang Ge roubou joias da coroa!

— E você acha que não é isso?

— Sim, eu acho que é para causar medo, a anos ela faz isso... Todo ano no Festival ela manda assassinar uma jovem com a desculpa de que roubou uma joia da coroa, ou difamou-a, ou algum outro motivo banal.

Xo Bou apenas olha para Amir enquanto sente Lótus puxar a manga do vestido a fazendo se virar para a mesma a olhando desconfiada, enquanto Lótus apenas aponta para frente onde estava a Rainha parada observando o ambiente atrás das duas.

— Ela chegou! — Lótus fala enquanto Xo Bou olha para Amir e lhe sorri.

— Bem, acho que é melhor irmos e não deixarmos ela esperando! — Xo Bou fala enquanto um sorriso pode ser visto em seus lábios.

Lótus e Xo Bou apenas fazem uma breve mensura para Amir e logo depois caminham até a Rainha, que as esperavam com um sorriso de Mona Lisa nos lábios, enquanto uma das Damas de Companhia lhe sussurra no ouvido.

— Minha senhora, está tudo pronto! — A jovem Dama de Companhia lhe sussurra no ouvido enquanto a Rainha, com sua Tiara de Ouro olha para Xo Bou com os olhos brilhando...

— Ótimo, peça para que eles estejam preparados! — A Rainha diz enquanto pensa que tudo sairia como ela queria e o banho de sangue lhe seria apenas uma lembrança.

Mira caminhava de um lado para o outro dentro do seu quarto no do Reino de Asūla enquanto Alina a observava com seus olhos azuis, seguindo cada passo de sua Rainha.

— Mira, o que foi? — Alina pergunta com uma voz neutra.

— Algo vai acontecer com uma das minhas filhas e eu não posso ir ao Reino Mortal! — Mira fala enquanto leva a ponta da unha aos lábios e tenta encontrar uma solução. — Desde que acordei sinto que algo vai acontecer, mas a Derya já deu o seu primeiro passo e eu não posso deixar que ela dê um segundo. —Alina apenas a olha em silencio.

— Alina, você faria algo para mim? — Mira pergunta enquanto dá um giro fazendo com que seu vestido vermelho flutuasse ao seu redor.

— Sim, minha senhora!

— Preciso que você vá ao Reino Mortal e proteja as minhas filhas enquanto eu lido com Derya! — Mira fala com os olhos vermelhos furiosos e em sua face o sorriso de Rainha que tantos conheciam.

Mira não deixaria com que Derya conseguisse o que queria, se aquela sereia pensava que ela poderia dar um passo à frente sem que Mira soubesse ela estava muito enganada, Derya tinha se esquecido de que aquela Rainha não era como ela, e sim uma Rainha que já tinha um plano em suas mangas.

Ela não deixaria que Derya ficasse por muito tempo no poder, nem que para isso ela tivesse que se livrar da sereia, ah, ela com certeza se livraria!

Amir estava sentado num banco que ficava na frente da Casa das Rosas observando o jardim, que desde que Xo Bou chegara se encontrara florido como na época em que sua mãe estava viva.

— Meu irmão, o que está fazendo aqui? — Ele ouve a voz de sua irmã lhe perguntado, mas seus olhos estavam presos nas lindas rosas que se encontravam a decorar aquele lindo jardim que a muito tempo não tinha vida.

— Esperando a Xo Bou! — Amir responde sem se virar para ver o rosto de sua irmã, que naquele momento se encontrava com um lindo sorriso de escarno pelo fato de seu irmão ter sido feito de bobo.

— Eu lhe avisei que não era bom convidar essa Princesa! — Bu Bu fala enquanto observa o sol lhe ofuscar a visão.

— Até quando você vai se meter na minha vida, Bu Bu? — Amir pergunta suspirando e cruzando os braços em cima do peito.

— Até o dia em que eu achar necessário!

— Não preciso que me proteja, sou o seu irmão mais velho! — Amir diz enquanto olha para o céu e pensa se Xo Bou iria demorar ainda mais.

— Você sabe que apenas quero o seu melhor!

— Bu Bu, eu não sou como você e não preciso que você me lembre que tudo aquilo aconteceu por minha culpa! — Amir diz enquanto se vira para Bu Bu, que se encontrava com os olhos arregalados observando Amir, que apenas suspira.

— Tudo bem, se você acha que essa mulher é capaz de te ajudar vai em frente, mas depois não me diga que não te avisei! — Bu Bu fala se levantando, suas mãos tremiam e seu lábio de baixo estava sendo quase cortado pelos seus dentes.

Bu Bu enquanto caminhava para longe nem se quer se virara para ver a face do seu irmão, que se encontrava apenas a observando com os olhos triste pelo que aconteceu. Mas Bu Bu não queria a pena de ninguém, nem mesmo do próprio irmão, que apenas a protegia e cuidava dela desde a morte da mãe.

Há certas coisas que só podem ser resolvidas com lágrimas e sangue, mas Bu Bu estava esperando a hora certa para agir, há anos ela tinha traçado um plano para por fim no reinado da Rainha, mas agora o que ela queria era que Xo Bou saísse do seu caminho, porque com ela no caminho seu irmão não lutaria pelo trono.

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