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O Anjo que Caiu do Céu

Chrys:

– Você está proibido de fazer isso!! – Meu pai gritava de seu trono, e esse, era o atual rei do Reino Celestial. Um senhor de longa barba branca, porém bem feita e aparada, contendo duas tranças em sua parte inferior, que seguia juntamente a direção de seu pescoço. Seus cabelos eram loiros, e seus olhos verdes como esmeralda. Essas características entravam em contraste com suas imensas asas reluzentes e douradas em suas costas, lhe dando um ar de soberania e poder – Você está totalmente fora de si filho! Não deveria agir de tal maneira! Está ficando maluco?!

– Não!!! Eu não estou!!! E digo mais! Eu sou muito mais rei que você! – Insistia em discutir meu repetente e indigno irmão mais novo. Nossas características físicas não eram tão diferentes, visto que somos em três irmãos gêmeos – Serei muito mais respeitado e digno, do que o senhor já mais foi!!

– Já chega!!! Você está passando de todos os limites Oriel!! – E como pode perceber, estamos no meio de uma briga um tanto quanto complexa e familiar.

– Cale a boca, velho inútil!! – Oriel, mais uma vez, estava enfrentando nosso pai. De novo, de novo... E de novo. Sua personalidade egocêntrica e narcisista, fez com que suas atitudes chegassem a esse ponto. Nas verdade... Ele vem se tornando esse tipo de pessoa, desde que mamãe veio a falecer.

Odeio quando minha família briga, mas dessa vez, sou obrigado a admitir que Oriel, o nosso irmão mais novo, ultrapassou todos os limites. Como eu havia dito, somos em três irmãos gêmeos, mas ainda sim, nossa linha de hierárquica foi definida de acordo com quem veio ao mundo primeiro. Ou seja, por questões de alguns minutos, eu sou o irmão do meio, Ector é o mais velho e Oriel é o mais novo. Meu irmão está brigando com meu pai por diferenças de crença e ideologia, continuando sua afirmação de que ele deveria reinar e não nosso pai. Ele acredita que os crimes que acontecem no Reino Celestial, são culpa da falta de atitude de nosso pai, e de leis fracas impostas por um estado ainda mais fraco em que nosso pai reina. Não é tão surpreendente, tendo em vista que, Oriel sempre foi egoísta e irresponsável, ouso até dizer que nunca vai ter maturidade o suficiente. Ele recentemente completou seus 16 anos, mas aparentemente, nada mudou desde então. Meu pai acredita em um lugar pacífico, onde a justiça não pode ser feita pelas mãos do estado, ou pelas suas próprias mãos. E é por isso que toda organização judiciária e monetária do reino, não estão atrelados ao trabalho de meu pai. A única coisa que é de fato trabalho do Rei, é manter a segurança do reino, e legislar leis pelas quais, irão ditar quais são as regras fundamentais para que as organizações, tenham um rumo a se seguir, sem extrapolar ou criar redes criminosas. Ou seja, segurança, ordem e infraestrutura é o dever do rei. Já os demais, existem instituições afiliadas ao Reino, mas que trabalham de forma independente, como os juízes, os guardas aristocráticos, e é claro, burgueses e mercadores.

A cúpula real do reino, é composta pelo Rei, pelo Juíz Aristocrático e a casa do maior Clã Burguês do Reino Celestial, os Artróxius. E entre as investigações de nosso pai, acabamos por descobrir que o maior problema de todos no nosso reino, vem crescendo e acontecendo de lá pra cá com muita intensidade, bem de baixo de nossos narizes. A cúpula real está manchada com a corrupção das demais instituições, e obviamente que agora, estão usando meu irmão mais novo para causar uma guerra civil, e ascende-lo ao trono, pois sabem do tamanho poder que vão ter em mãos, tendo o total controle do estado do Reino. Obviamente que Oriel cresceu os olhos nas promessas que lhe foram feitas, mas pior do que isso, é saber que ele está disposto a trair sua própria família, e seus dogmas reais, apenas para conseguir colocar as mãos em seus desejos mais íntimos de ganância e poder.

– Já basta Oriel!! Vá já para seu quarto!!! AGORA!! – Oriel deu de ombros, olhando com deboche e desgosto ao nosso pai, passando por mim ao bater seu ombro de propósito em minha pessoa, batendo os pés em direção a porta para fora do salão imperial.

O Rei bufou relaxando em seu trono, colocando as mãos sobre seu cenho. Certamente ele estava muito cansado e estressado com tudo o que vem descobrindo e enfrentando, e temo pela vida de meu pai caso tudo isso continue, pois sua saúde já não é a das melhores a algum tempo. Me aproximei dele um tanto relutante, seu manto real branco e dourado, ornamentava com detalhes por seus ombros peito e pescoço, era como um casaco que se abria na parte da cintura. Já suas calças negras, estavam sobrepostas a uma bota de mesma cor feita em couro. Seus longos cabelos espalhados por seu ombro, estavam um tanto mal cuidados, pela falta de atenção e tristeza profunda que meu pai vem sentindo desde a morte de sua esposa. E a coroa dourada com esmeraldas encrustadas, já não parecia mais tão brilhante como quando era uma criança.

– Eu já não sei mais o que devo fazer meu filho... Você e Ector... São a única família que me restaram... – Peguei as mãos de meu pai enquanto seu olhar triste se encontrava com o meu – Não sei mais por quanto tempo vou viver para proteger este reino, mas quero acreditar que você, poderá dar um jeito nisso tudo... Sabes que é um orgulho para mim meu filho...

– Não pense dessa forma meu pai... A gente vai dar um jeito nisso, cresci como um príncipe real, e todos os seus esforços e lições que me foram dados, não serão em vão... – Abri um sorriso fraco a ele, que ainda parecia estar abatido em seu trono.

– As vezes... Sinto falta daqueles que são os verdadeiros dignos desse trono, eles saberiam o que fazer numa hora dessas... É uma pena que meu velho amigo de penas brancas e brilhantes... Tenha partido deste plano de forma tão cruel e prematura... – Eu entendo a dor que meu pai passa, por mais que não possa compreende-la completamente – Este reino perecerá nas mãos dos indignos meu filho... E se você fugir e não tomar aquilo que é seu por direito, muitas pessoas podem acabar sofrendo.

– Não sou a melhor pessoa para governar meu pai... Talvez Ector tenha mais punhos de ferro que eu para tal feito, eu sou apenas um estudioso arqueiro – Ainda segurando a mão de meu pai, me surpreendo ao vê-lo colocar a sua outra mão sobre minha – Não estou pronto para tamanha responsabilidade... E acredito não ter nascido para isso.

– Escute Chrystopher... Não é com força que se torna um rei... – Seu olhos esmeralda, estavam tão profundos, que se fixaram aos meus, de um forma que não pude deixar de prestar atenção calado – É com inteligência e perseverança.

Ele então sorriu para mim dando tapinhas na minha mão, e então beijo minha testa.

– Você me lembra completamente sua mãe, se eu sou o Rei que me tornei hoje, foi por conta do total apoio dela – Piscando para mim, suas mãos soltaram-se das minhas.

– Eu... Eu vou tenta falar com o Oriel – Sem ter o que dizer apenas assenti com a cabeça, me reverenciando em respeito a ele. E assim me retirei do salão do trono.

[...]

– Oriel, espera! Você ainda vai ser rei, deve... – Me encarando furiosamente, ele parou de imediato.

– Quero que cale a porra da boca você também! É melhor que esteja preparado, pois estamos em guerra a partir de agora... – Oriel tomou rumo para dentro de seu próprio quarto, onde se trancou e não quis mais falar ou conversar comigo, exclamando do lado de dentro – E que isso fique claro! Acabarei com qualquer um que decidir interferir em meu caminho!

"Ah meu irmão, se ao menos entendesse que ser rei é muito mais do que apenas poder"

Voando até o telhado de uma das casas do reino, acabo por pousar por ali, aproveitando para contemplar o horizonte com seu por do sol, que se fazia entre o vale ao fundo, era uma cena memorável eu diria. Certo, creio que agora conseguirei me apresentar melhor, meu nome é Chrystopher. Sou um Anjo Dourado, a família de Anjos mais próxima dos Anjos Puros, a principal porém extinta família real, estando apenas uma posição abaixo dos mesmos. Também sou parte da família Real Angelical, e atualmente, moro no Reino Celestial, mais conhecido como o Reino dos céus, já que é o reino que fica mais alto em relação ao nível do mar. O reino foi todo construído na maior cadeia de montanhas de todo o Mundo Mítico, e daí vem o apelido, "reino dos céus", pois é quase como se pudéssemos tocar o azul infinito cobre o nosso mundo. Tenho 1,73 de altura, 16 anos, cabelos loiros e lisos, olhos verdes como esmeralda e grandes asas Douradas. Sou um extremo sonhador, e tenho grandes planos pro futuro, além de vários amigos com quem posso contar. E como você pode ver, Oriel já é o meu total oposto. Ector por sua vez, é general do exército de nosso pai, um excelente espadachim, e exímio líder em combate. Eu treino tiro com arco e pratico artes com o machado de combate, além de todas as aulas sobre a realeza, etiqueta e afins. As vezes se torna realmente cansativo, e em meus pensamentos, sonho que uma aventura poderia ser legal as vezes... Porém, neste belo fim de tarde, tenho um compromisso marcado na biblioteca, ou seja, tenho que voar até lá pra não me atrasar.. Entendeu o trocadilho? De voar? Certo, certo, piada ruim, só vamos logo com isso. Ao chegar, sou recebido por Natazia, uma anja comum que trabalha há um tempo na biblioteca.

Sua aparência estava a de costume, cabelos castanhos escuros, presos a um coque de lápis. Sua pela clara entrava em contraste com seu vestido negro, que havia detalhes sutis em dourado pelos ornamentos do decote, e de suas curvas. Suas asas eram menores e brancas, lhe dando um ar delicadeza como nunca antes visto. Para finalizar seu toque acadêmico, um óculos em formato circular, estava fixo em seu rosto, deixando para trás das lentes, seus grandes e lindos olhos castanhos.

– Seja bem vindo vossa Alteza – Gentilmente ela me recebeu ao abrir as portas. Rapidamente olhou discretamente para os lados, e então para mim novamente de maneira fixa com um sorriso suspeito no rosto — Agora entre! —Exclamou ela ao me puxar para dentro, trancando a porta logo em seguida.

– N-natazia... O que você está fazendo? – Pergunto confuso e um tanto quanto receoso.

– Preciso te mostrar algo que encontrei hoje – Seu tom de fala, se tornou séria de uma hora pra outra.

– Certo, e o que é? – Pergunto olhando ao redor.

– Um livro – Essa com toda a certeza foi a resposta mais óbvia, visto que estávamos em uma biblioteca, porém, sua expressão ainda era de que realmente, ela havia encontrado algo muito diferente do comum.

– Ah jura? Estamos em uma biblioteca! já imaginava que seria um livro... Dãh! – Tirei sarro a obviedade da situação - Vai... Desembucha, que tipo de livro? – Cruzei os braços de maneira tediosa.

– Siga-me, por favor... – Sua expressão ficou tediosa por alguns segundos antes de começar a andar. E por algum motivo, algo me diz que estarei encrencado depois.

Comecei a acompanha-la, e de uns tempos para cá, ela havia mudado muito. Sempre estávamos juntos, até que eu tive que começar a me dedicar aos afazeres reais, e então paramos de brincar, como sempre fazíamos quando menores. Sete anos mais tarde, voltei a vê-la com mais frequência por conta dos livros relacionados a linhagem Real. Ela estava linda, devo admitir... Mas não é nada disso que você está pensando! eu nunca tive nenhum interesse... Ah deixa pra lá.

Fomos até seu quarto, ali na biblioteca mesmo. Me sento junto a ela na pequena mesa de leitura que havia no canto próximo a sua janela. Sobre a mesa, encontrava-se um livro negro com um desenho de duas asas negras rodeadas por hieróglifos demoníacos. Estava cadeado, e bem, eu não vi nenhuma chave por perto até então, decidi passar meus dedos delicadamente sobre a capa, analisando cada mínimo detalhe.

– Eu não consigo abri-lo já que está trancado – Olhando de relance o livro, sua curiosidade estava bem amostra em seus olhos – Eu já tentei de tudo, mas a magia que está o protegendo, é uma coisa totalmente fora dos padrões atuais.

– Isto pode indicar que... – Olho para a mesma que parecia um pouco aflita com o que poderia perguntar – Natazia, isso é o que estou pensando ser?

– A Grande Profecia, a história dos seis heróis... – Ela hesita um pouco, vejo que está tremendo – A lenda entre anjos e demônios... O anjo...

– O Anjo Negro – Termino sua frase – Será que é real? Onde você o encontrou? Até onde eu sei, essa é uma história contada para crianças antes de dormir em diversas partes do Mundo Mítico.

– Eu sinceramente não sei Chrys... Achei ele em um dos grandes baús no sótão da biblioteca, estava brilhando muito dentro do baú... Decidi pegá-lo – Natazia estava realmente preocupada com aquilo, as suas incertezas sobre o que estava diante de nós, a estava deixando incomodada e aflita – Era uma luz roxa muito intensa que saia deste cristal...

Ela apontou para o cristal que parecia ser uma ametista cravada na capa do livro.

– Entendo... – Soltando um longo suspiro – Posso ficar com ele? Quero ver se consigo algumas outras pistas sozinho, talvez se eu pesquisar algumas informações, posso descobrir como abrir ele sem precisar da chave.

– Claro que sim! Mas proteja ele, pois se for realmente a Grande Profecia... Muitas pessoas podem querer... – Não deixo que termine a frase.

– Eu entendi... Muito obrigado... E não se preocupe, vai ficar tudo bem – Sorrio uma última vez para ela em despedida.

Ela assentiu com a cabeça olhando para mim, concordando com o que havia dito. Assim abro a janela de seu quarto,pulando por ela e alçando vôo em direção ao palácio.

Mas o que será que isso quer dizer? O que representa? Eu estudei por anos sobre as lendas e divindades de meu reino, cresci sabendo das crenças e profecias, isso incluindo o temido anjo de Asas Negras, algo me fala que a aparição desse livro não pode ser mera coincidência... Não... talvez só esteja sendo muito supersticioso. Não demorei muito para chegar ao palácio, e então fui direto ao meu quarto, onde me joguei na cama junto com o livro. Fiquei analisando a fechadura, e se tratava de uma chave que se assemelhava a um par de asas seguido de uma pequena haste, com o formato oval ao topo, seguido de duas pequenas pontas. Acredito ter visto esse símbolo em algum escrito dos seres divinos de nosso mundo. Eu já havia visto esse símbolo no pescoço de um demônio antes, ele era chamado também de Elo de Babel. Após passar por algumas horas lendo outros livros, e fazendo pesquisas afim de respostas, acabei por adormecer, com aquele livro negro em mãos.

Ouvindo vozes em minha cabeça durante o sono, comecei a ficar perturbado com todo o sentimento desconfortável, todas diziam algo como "Você é um escolhido". E então, rapidamente me levantei gritando assustado, meu corpo estava suado e não podia acreditar que o brilho do sol já estava tão forte la fora. Estava bem cansado pois meus dias estavam sendo um tanto quanto corriqueiros, sem falar em toda a bagunça e estresse que Oriel acabava causando. Após recobrar toda minha consciência e atenção, acabo por ouvir uma gritaria infernal, e sons de espada se chocando do lado de fora, me levantei da cama relutante, porém, sabia que algo de errado estava acontecendo, e quando olhei para fora, demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo, até lembrar das palavras de meu irmão no fim de tarde anterior.

"É melhor que esteja preparado, pois estamos em guerra a partir de agora..."

Oriel reuniu um exército de rebeldes que se diziam ser seus apoiadores, e estava travando uma verdadeira guerra contra o exército real. As coisas estavam se complicando, os rebeldes estavam em maior número, e recebendo apoio da polícia aristocrática, dos burgueses e do judiciário. Tudo parecia muito sofrido por lá, sangue, gritos, penas, e lâminas se chocando constantemente. Saí do meu quarto e sobrevoei a área afim de obter maior informação de terreno, Ector estava liderando o exército de nosso pai, que estava debilitado de mais por suas várias experiências em campos de batalha, ele só poderia observar, pois sua carruagem já estava cercada, enquanto por outro lado, Oriel estava a frente dos rebeldes. Um duelo estava para acontecer. Ector e Oriel, e era de se imaginar que Oriel jogaria sujo, Não duvidaria disso. Antes da batalha começar, Ector tentou conversar com Oriel, mas foi em vão, dava para ver a maldade nos olhos do mais novo, ele estava focado em tomar tudo nesse reino, queria poder, fama, reconhecimento, ele queria o temor de todos ao seu redor. Eu percebi Oriel tirar uma faca pequena de suas costas, e assim eu já havia visto suas más intenções, tentei voar o mais rápido possível para impedir, ambos estavam em uma discussão sem limites, Ector tentava a todo custo convencer Oriel a parar, mas o mais novo parecia irredutível. Não conseguia ouvir eles falando por conta da distância, e ainda sim infelizmente não fui capaz de chegar a tempo. Oriel se aproximou de Ector, parecendo ir de bom grado abraçar o irmão em forma de desculpas pelo que fez, mas assim que o abraço terminou, vi Oriel sussurrar algo no ouvido de meu irmão mais velho, e com um sorriso no rosto, cravou a faca no pescoço de Ector, que se afastou rapidamente com a mão tentando conter o sangue.

– Não!!! parem!! – Gritei da minha posição, chamando a atenção de Oriel que olhou para cima, repleto de ódio. Pousei em sua frente, decidindo tentar dialogar – O que você pensa que está fazendo?!?

– Tomando o que é meu!!! – Ele me empurra e então eu o afronto.

– NÃO!!!! – Me oponho com toda minha raiva, o socando no rosto. Mas rapidamente sou contido por seus milicianos, que me seguraram pelos braços e pescoço.

– Desgraçado... – Ector pragueja com dificuldade entre seus dentes, em seus momentos finais – Você sempre teve tudo o que queria.. Tudo o que qualquer um sempre iria querer... Mamãe estaria com vergonha do que você se tornou...

Oriel passa sua mão pelo maxilar, sorrindo de forma assustadora, estava claramente querendo me afrontar, dizer e mostrar o quão fraco eu era. E então... Eu realmente me provei ser fraco. Ector estava de joelhos a minha frente, e eu presenciei aquilo sem poder fazer nada.

– Vamos acabar logo com isso! Afinal... Eu tenho que diminuir a concorrência... NÃO É MESMO?! – Oriel chutou Ector para que fosse ao chão por completo. E assim atravessou sua espada pela armadura de Ector, que ficou agonizando em uma crueldade sem precedentes. Eu não fui rápido o suficiente, mas o que eu poderia fazer?

– Fuja Chrystopher! Proteja o Livro! Eu sei que está com ele! – Meu pai gritou de sua carruagem a mim – Eles também sabem!! Fuja! Agora!

Eu estava totalmente em choque, mas sabia que neste momento não havia uma forma de voltar atrás, eu não tinha tempo para me lamentar. Tudo estava acontecendo em uma velocidade que eu se eu parasse para pensar ou ficar triste, poderia ser meu fim. Em um impulso, abri minhas asas com toda força que poderia fazer empurrando e afastando aqueles que me prendiam. Alcei voo até meu quarto o mais rápido que pude, e olhando para trás, pude ver meu pai de joelhos, aos prantos sendo rendido por Oriel e seus apoiadores. Oriel olhou para mim e então apontou sua espada em minha direção, e da distância em que estava, eu consegui ouvir as ordens de Oriel dizendo aos seus soldados para não me deixarem escapar. O golpe de estado estava feito, o Reino Celestial agora era de Oriel, e isso custou a vida de soldados, pessoas inocentes, e meu irmão mais velho. Quebro a janela de meu quarto em um mergulho aéreo, entro rapidamente, pego meu arco, enfio o livro dentro de uma bolsa de couro onde também jogo todas as minhas moedas e econômias. Saio do quarto e tranco o mesmo pelo lado de fora, para dar tempo de escapar correndo para os fundos do palácio. As minhas costas consigo ouvir os rebeldes que me seguiram batendo na porta tentando abri-la.

Mais a frente, após sair em direção aos fundos do palácio, ainda consigo ver Natazia, estava levando os cidadãos para um abrigo seguro, longe de toda aquela confusão. A cena era extremamente preocupante e horrível de se ver, ninguém merecia estar passando por uma situação dessas.

– Natazia!! – Gritei a ela de longe tentando obter sua atenção.

– Chrys! – Ela me ouviu, gritando meu nome como resposta.

Pousei em sua frente, e me abraçando, ela me entrega um objeto que parecia ser uma bússola dourada.

– Pega! E fuja de uma vez! Enquanto você estiver vivo, o Reino Celestial ainda terá esperança! – Ela então beijou minha bochecha, e logo após me empurrou – Agora vá! Esse lugar não mais seguro para você!

Assentindo com a cabeça, ainda um tanto perplexo com tudo, começo a correr novamente. Para minha infelicidade, acabei por encontrar alguns dos meus perseguidores no meio do caminho, tendo que fazer vários desvios enquanto era perseguido. Para minha sorte e aptidão, eu conhecia todas as vielas e lugares do reino, o que me permitiu ter vantagens sobre eles, e assim que consegui chegar a plataforma final do reino, corri com todas as minhas forças desviando de flechas e lanças que me eram jogadas, afim de me acertar. Até que finalmente, eu apenas me joguei da plataforma montanha abaixo, abrindo minhas asas alguns segundos de queda livre depois, voando para bem longe do Reino Celestial, e de todos os que me caçavam.

[...]

Não sei exatamente por quanto tempo voei, mas  senti quando comecei a cair dos céus por conta do cansaço. Minha visão começou a falhar, e então, caí dos céus em queda livre, sendo amortecido por árvores e vegetação local.