O Nibiru Está Vindo

Na delegacia.

─ Cara como vocês foram se envolver em uma coisa destas? ─ um policial conversa com Almir, que está em pé encostado na parede dentro da cela.

─ As coisas foram acontecendo naturalmente, só sei que serei expulso da corporação, isso é quase certo. ─ Almir preocupado.

─ Chefe, eu não sei fazer outra coisa senão prender bandido, eu não posso ser expulso não! ─ Francisco olha a foto da sua filha na carteira e seus olhos enchem de água.

─ Não se preocupe meu amigo, vou dizer que obriguei você a me ajudar, fica tranquilo. ─ colocando as mãos nos ombros dele, que está sentado na cama.

─ É que faltam só dois anos para eu me aposentar chefe. ─ ele guarda a carteira e limpa as lagrimas.

─ Eu sei meu parceiro, fica tranquilo, já falei que vou te ajudar não falei? Você vai se aposentar e curtir muito a sua filha. ─ ele olha nos olhos dele, enquanto ergue a sua cabeça.

─ Nós fizemos a única coisa que podíamos fazer não é pessoal? Se aquela coisa atravessasse o portal, estaríamos perdidos. ─ Francisco olha para a cara de cada um deles.

─ Sim, fizemos a coisa certa, pode ter certeza. ─ Almir.

─ Tem algo errado! ─ Samantha olha para o seu relógio digital para confirmar a data, ela parece meio confusa e pensativa.

─ Do que está falando menina? ─ o policial do lado de fora da cela.

─ Ainda falta um dia para o eclipse, e isso é o que não faz sentido. Por que Lúcifer iria querer abrir o tal Portal da Última Sombra hoje? ─ Samantha caminha até Almir e lhe entrega o bilhete enviado por Joshua, através do pai do Felipe. Ela lembra do momento em que ele a entregou o papel.

─ Outro portal? E será aberto hoje?! ─ Almir coçando o cavanhaque.

─ Eu preciso usar a internet é muito importante. ─ ela olha para o policial da delegacia.

─ Não posso fazer nada. ─ o policial.

─ Por favor, veja se o advogado ainda está aí, preciso muito falar com ele agora. ─ sentando-se enquanto o policial vai verificar.

─ O que você vai fazer Samantha? ─ Almir senta ao lado dela.

─ Eu vou entrar no site da ASA para ver a movimentação dos planetas e todos os eclipses deste mês em diante, talvez descubra algo. ─ pensativa olhando para o teto.

Alguns minutos depois o advogado chega com um smartphone nas mãos.

─ Olha, foi difícil conseguir que o delegado liberasse o uso disso, mas ele lhe deu meia hora. ─ entregando a ela.

─ Que bom que você conseguiu! Vamos lá. ─ ela começa a navegar através do Google, digitando na barra de busca.

─ Vou lá para a sala do delegado, quando o tempo acabar eu volto. ─ o advogado saindo.

─ Ok. ─ Samantha pesquisando, ela já está no site.

─ Você consegue encontrar algo em tão pouco tempo? ─ Francisco.

─ Acho que já achei, venham ver. ─ ela mostra a tela para os seus amigos olharem.

─ Está bem, mas explica aí. ─ Almir.

─ Vejam, nesta imagem dá para ver o alinhamento galáctico que ocorre nesse momento. ─ Samantha com os olhos arregalados.

─ Será que isso é verdade? ─ Francisco coça a cabeça.

─ Sim, é verdade.

─ O eclipse ocorrerá no momento em que a galáxia estará mais alinhada! ─ Almir.

─ Tem algo de errado aí, nosso sistema solar só possui nove planetas, como pode ter dez aí?! ─ Francisco.

─ A ASA já reconheceu a existência do que chamaram na época de planeta X, hoje gostam de chama-lo de planeta 9. Rebaixaram Plutão para tentar disfarçar a força da palavra; décimo planeta. Eles dizem que descobriram um corpo celeste possivelmente tão grande quanto Júpiter ou ainda bem maior, ele foi encontrado na direção da constelação de Orion. Os sumérios já o conheciam e o chamavam de Nibiru, há uns 7000 anos. Este planeta possivelmente possui uma elíptica que circula por entre o nosso sistema solar e um sol maior que o da nossa galáxia.

Tem muito tempo que li sobre isso, não me lembro muito bem, mas existem várias lendas sobre este planeta, a maioria delas diz que ele traz o fim da vida na Terra. Toda vez em que ele se aproxima, devido ao seu tamanho, seu campo magnético que é imenso e poderoso, somado a velocidade além da imaginação humana em que ele se movimenta. Isso tudo afeta de forma negativa o nosso planeta, causando maremotos, terremotos, erupções vulcânicas e várias outras catástrofes. ─ Samantha maravilhada contemplando as imagens.

─ Então o nosso problema não é o eclipse? É isso que quer dizer?! ─ o inspetor Almir alisando a barba.

─ Um fenômeno único que vai gerar energia maior do que a de qualquer eclipse que nossa raça já tenha testemunhado e que talvez, irá testemunhar! Eu acredito que será o dia perfeito para se fazer um feitiço ou qualquer coisa ligada a magia, até mesmo abrir um portal. Toda essa energia extra poderá aumentar em mais de dez vezes o poder mágico. ─ ela envia os dados da página para o seu e-mail e desliga o smartphone.

─ E se este planeta X estiver se aproximando da Terra, como ficaremos quando ele passar?! ─ Francisco preocupado.

─ Não podemos nos preocupar com isso agora, até porque não sabemos nada sobre a sua movimentação. Pelas imagens da ASA, o planeta está ainda bem distante de Plutão. Sem saber qual a velocidade em que ele se move, ninguém pode calcular exatamente quando ele vai chegar por aqui. Preciso avisar aos outros, mas antes temos de torcer para eles conseguirem impedir a abertura deste portal de hoje. ─ ela chama o policial e entrega o smartphone.

─ Vocês se lembram de como foi feito o portal para o Inferno? ─ Francisco usa o seu faro investigativo.

─ Claro que eu lembro, foram desenhados no chão o círculo mágico, o pentagrama e os sigilos que são as coordenadas para o Inferno… espere aí! ─ ela lembra-se do momento em que o portal se abril e os jovens caíram dentro dele. Naquele momento ela olhou para o desenho no chão e viu toda a extensão dentro do círculo mágico brilhando antes deles caírem, exatamente no pentagrama formado pela estrela de cinco pontas. Os jovens que estavam um pouco mais distantes foram sugados para a abertura do pentagrama, como se ele fosse um ralo os puxando para baixo.

─ O que foi Samantha? ─ Almir pegando no braço dela, que parece estar sonhando acordada.

─ Oh! Não! ─ ela vê em sua mente a imagem do portal brilhando várias vezes enquanto os jovens caem, a imagem se repete direto em sua cabeça.

─ Fala logo menina, o que você descobriu? ─ Francisco muito ansioso.

─ O site da ASA diz que o posicionamento de alguns planetas, forma exatamente um pentagrama gigantesco no espaço. Se este pentagrama fosse utilizado como um portal, ele seria grande o bastante para passar até mesmo um planeta inteiro! ─ todos se olham.

─ Ele poderia trazer o Inferno para cá?! ─ Francisco pergunta assustado.

─ Ou levar a Terra até ele. ─ Samantha, deita na cama.

Joshua e o pai de Felipe chegam em seu destino, eles param o carro em frente ao matadouro.

─ Senhor você precisa usar isto, para se proteger. ─ ele tenta fazer Enoque usar um amuleto, mas ele sai do carro e finge que nem escutou.

─ Olha garoto, fique aqui no carro com as suas crenças, pois se o meu filho estiver em perigo eu vou chamar a polícia! Eu vou tentar entrar sem ser visto e ver se eles estão bem antes de qualquer coisa. Não saia daí! ─ ele corre, após tranca-lo no carro.

─ Ele vai acabar se dando mal. ─ Joshua puxa o seu cetro mágico e destrava a porta com magia, mas Enoque já havia pulado o muro. ─ Preciso estar bem seguro, não vou cometer o mesmo erro duas vezes! ─ ele verifica todos os seus amuletos de proteção antes de sair do carro.

Enquanto Joshua prepara as suas defesas, o pai de Felipe acaba de entrar.

─ Que lugar estranho, não me lembro de ter visto ninguém pelas ruas! ─ ele entra lentamente no matadouro. Sem lanterna ele literalmente mergulha nas trevas.

Neste instante, o pequeno bruxo sai do carro com os seus amuletos equipados.

─ Afinal, o que está acontecendo lá dentro? ─ caminhando em direção ao portão todo enferrujado.

─ ARRRRRGH! ─ Enoque grita de dor, um grito muito alto.

─ Meu anjo da guarda, me proteja! ─ Joshua mesmo estando com muito medo, continua tentando encontrar um jeito de escalar o muro para entrar, quando…

─ Twinnnk. ─ som do portão da avenida ao lado se abrindo.

─ O quê?! ─ ele vira-se para lá e fica com os olhos arregalados, enquanto vê uma sombra ir saindo lentamente.

─ O que você faz sozinho aqui fora garoto? Aqui é muito perigoso a esta hora sabia? ─ uma velhinha jogando dois sacos de lixo na calçada.

─ Nossa, você me assustou mesmo! Você não teria uma lanterna para me emprestar, teria?

─ Claro meu filho, venha comigo. ─ a senhora vai entrando e convida-o para entrar.

─ Você ouviu o grito agora pouco?

─ Sim, às vezes, ouvimos gritos de noite. ─ a velha parece não dar muita importância.

─ Foi meu amigo quem gritou, por isso preciso da lanterna. Ele pode estar em perigo. ─ ele está desesperado com a lerdeza da velhinha subindo as escadas da avenida.

─ Se quiser, pode ir entrando, a lanterna está no armário da cozinha, na primeira porta a sua direita. ─ ela diz ao perceber a impaciência dele.

─ Nossa, quantas velas! ─ ele estranha, a casa está toda iluminada por velas.

─ Aqui nesse bairro falta muita luz. ─ ela entra na casa, tranca a porta e vai em direção a sala de estar.

─ Hei, sua lanterna está com defeito. ─ após verificar a única lanterna que encontrou, ele caminha até a sala e para sua surpresa… ─ O que é isso?! ─ se assusta ao ver a velha de joelhos bem no meio da sala.