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Dia 1

Sentirei saudades dos momentos de sol em dias nublados e dos banhos de chuva, da sensação de sentar em um banco da praça saboreando um sorvete gelado, das praias e das saídas noturnas com Aymé. Sentirei falta da escola e dos meus amigos, pois naquela época eu era feliz, mas não sabia apreciar. Sempre buscava mais e achava minha vida chata, mas agora percebo que fui ingrata pelo que tinha. Tudo começou em 22 de agosto de 2023, em uma loja de conveniência. Eu e meus amigos Aymé, Noah e Alicia estávamos comprando sorvete, pois planejamos dar um passeio até a praça para saborear nossas guloseimas e, em seguida, voltar para a casa de Noah para terminarmos nosso trabalho de geografia. Tudo saiu conforme o planejado até certo momento, quando decidimos descansar e assistirmos ao noticiário. Ficamos preocupados ao saber que a usina nuclear do bilionário Greg Jones poderia explodir a qualquer momento, colocando em risco uma área de até 16 quilômetros. Pouco tempo depois, meu pai me ligou para que eu retorna se para casa, pois desejava sair da cidade. Mesmo estando a mais de 200km de distância da usina, percebi pela forma como ele se expressava que estava extremamente preocupado e apreensivo.

– Helen, preciso que venha para casa agora! – disse meu pai. Eu retruquei dizendo para ele não se preocupar, pois estávamos em boas mãos e mesmo que algo acontecesse, estávamos a mais de 200km da usina. Meu pai não quis nem saber e reforçou sua ordem, mandando-me ir para casa. Respeitei sua decisão, despedi-me dos meus amigos e da minha namorada e fui para casa. Naquela madrugada, o pior aconteceu: a usina explodiu. A usina sofreu uma explosão e as estimativas estavam totalmente equivocadas. A explosão liberou um gás tóxico em um raio de 38km, mais que o dobro do que foi inicialmente divulgado pelos meios de comunicação. Nos primeiros dias, tudo parecia calmo e seguimos com nossas rotinas normalmente, até que relatos dos primeiros infectados começaram a surgir, demonstrando comportamentos agressivos e insaciáveis. A partir daí, os noticiários passaram a focar na explosão e na crescente onda de infectados, que obrigou o fechamento de estabelecimentos comerciais. Uma epidemia teve início, e as forças armadas passaram a patrulhar a cidade com a ordem de eliminar os infectados. Foi decretado toque de recolher, mas as medidas não foram suficientes, resultando na construção de muros ao redor do quartel e instalação de cercas elétricas, além de soldados de plantão nas guaritas. Enquanto isso, nós, cidadãos comuns sujeitos a contrair a doença a qualquer momento, fomos deixados à própria sorte, sem assistência e à mercê da morte. Greg Jones fez uma declaração pública de que está trabalhando em uma cura para as pessoas infectadas e orientou a população a manter a calma, uma vez que o gás nocivo já se dissipou e não há mais riscos de infecção pelo ar, apenas em contato com os infectados. Diante disso, uma repórter indignada questionou Greg com uma pergunta.

- Por que os militares estão matando as pessoas infectadas? - perguntou a repórter. - Mas Greg não disse mais nada e entrou em seu carro, indo embora. Muitas coisas aconteceram, essa cura nunca existiu e depois de 3 meses a epidemia se tornou uma pandemia. Já se passaram 8 anos desde o dia 1, não vejo meus amigos há 8 anos. A última vez que os vi foi na última semana que tivemos na escola antes de tudo isso acontecer. Ainda assim, falo com Aymé através dos rádios.

Segundo o que me disseram, os sinais telefônicos foram cortados e apenas os militares têm acesso. Atualmente, resido com meu pai e um grupo de seis pessoas em um abrigo que construímos. Temos alimentos, água e uma vez por semana meu pai e o Sr. Davis saem em busca de mais provisões. Apesar da situação, estamos bem, mas sinto que falta algo, talvez a presença de Aymé ao meu lado, sinto falta dela.