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O que fazem com os traidores

Becker foi levado para a sala de espera, onde aguardaria a abertura das portas para o labirinto. Sentou-se, entediado, batendo os dedos na mesa metálica. Quando as portas finalmente se abriram, ele se levantou com um suspiro.

— Finalmente... Já estava ficando com sono — murmurou, enquanto avançava pelo corredor.

Becker caminhava tranquilamente, sua guarda baixa. Ele sabia que nenhum dos prisioneiros do Comando tinha a capacidade de matá-lo. Enquanto caminhava, observava as paredes enferrujadas e desmoronadas do labirinto.

— Essa porcaria está caindo aos pedaços... — pensou, pressionando uma parede, que desabou com facilidade. — Eles precisam reformar essa merda.

Chegando à sala onde seus equipamentos estavam guardados, Becker notou algo estranho: as caixas que deveriam conter munição estavam vazias. Apenas seu kukri e suas armas descarregadas estavam sobre a mesa metálica. Ele franziu a testa, murmurando para si mesmo:

— Ferrugem desgraçado... Acha que pode me sacanear desse jeito?

Nesse momento, Becker ouviu o som de uma arma sendo engatilhada. Instintivamente, derrubou a mesa, usando-a como escudo enquanto três tiros eram disparados em sua direção. Espiando por cima da mesa, viu que seu agressor vestia a regata vermelha e a bermuda preta características do Comando, mas sem o boné e os óculos Juliet que eram típicos dos membros da gangue.

Becker rapidamente deduziu que o homem havia sido traído pelo Comando. Tentando ganhar tempo, ele propôs:

— Você foi traído pela sua gangue, né? Vamos unir forças pra sair daqui. Depois, você segue o seu caminho, e eu sigo o meu.

O homem, irritado, respondeu com desprezo:

— Traído? Que piada! Fui eu quem os traiu!

Ele disparou mais dois tiros contra a mesa. Becker entendeu a situação do oponente e respondeu com um tom quase zombeteiro:

— E é isso que fazem com os traidores?

O traidor retrucou:

— Não importa! Assim que eu te matar, Ferrugem disse que serei perdoado. Não serei mais um traidor.

Becker soltou uma risada suave e provocou:

— E você vai confiar no Ferrugem? Eu vi o que aconteceu com o último que confiou nele... Que descanse em paz.

Mais dois tiros foram disparados. Becker, percebendo que a munição do homem havia acabado, sussurrou para si mesmo:

— Agora é a hora.

Ele pulou sobre a mesa e correu em direção ao agressor, derrubando-o com um ombro enquanto passava. Sem perder tempo, o homem recarregou a arma e começou a perseguir Becker, disparando cinco vezes. Dois tiros a mais atingiram Becker — um nas costas e outro na perna, fazendo-o cair.

Enquanto caía, Becker pensou:

— Merda, me descuidei de novo...

O traidor se aproximou lentamente, vendo Becker se contorcer de dor no chão. Com um sorriso sádico, apontou a arma para a cabeça de Becker e apertou o gatilho. Mas nada aconteceu.

Becker riu, zombando do adversário:

— O que você estava dizendo mesmo? Parece que você está sem munição.

Furioso, o traidor sacou um facão, e com arrogância, disse:

— Não importa. Com sua perna nesse estado, posso acabar com você com este facão.

Mas Becker estava longe de se render. Ele pegou um punhado de terra do chão, que um dia já fora coberto por uma grama exuberante, e lançou nos olhos do inimigo, cegando-o temporariamente.

Aproveitando a oportunidade, Becker se levantou, sacou seu kukri e, com um sorriso sarcástico, provocou:

— Que foi? Caiu um cisco no seu olho?deixa que eu tiro pra você

Ele deu um passo à frente, a lâmina pronta para o combate.

— Não vai ser um tiro na perna que vai me impedir de te matar.