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Perigo a espreita

Ninguém dirá que um pai, um irmão ou outro parente próximo é capaz de uma violência sexual contra uma adolescente. E não é que as pessoas estejam inocentes, são inúmeras as notícias que dão conta de casos desse tipo. Porém, é como se em casa todos se sentissem protegidos. Deve ser o instinto de proteção que historicamente a família nos deu. No entanto, o perigo não tem nome, nem parentesco. 

Espera-se que o bandido invada a casa e não que ele conviva com as pessoas que ali moram. Até que ponto as pessoas que moram com você são confiáveis? Já parou para pensar nisso. Até que ponto você deve se sentir segura na sua própria casa? Não é que estamos criando terror. O horror já existe, infelizmente. Essas perguntas são antes de tudo, um alerta. Pena que ninguém alertou Rosa, a adolescente cheia de vida, que vivia correndo nos campos dos arredores de sua casa. 

Rosa não tinha uma vida fácil. Todavia, quando mergulhava no açude próximo a sua casa, sentia-se livre. Amava ver o sol se pô e chegava inclusive a conversar com ele e com a lua, que lhe trazia um certo mistério. Talvez o amor que não recebia em casa, achava no abraço do sol, no mistério da lua e no toque do entardecer na sua pele molhada. 

Dizem que quando o monstro se aproxima, os pássaros voam, alertando o perigo, mas ela já estava acostumada com o voo dos pássaros. Talvez o anúncio de perigo nunca era para ela. E Rosa até via beleza o alvoroço dos pássaros nas árvores próximas ao lago em que ela frequentava quase todos os dias. Tudo ali era harmônico, trazia paz e sossego. Ela se sentia bem no lago, observando a paisagem e conversando com o sol e às vezes com lua. 

Os pássaros sobrevoavam o pequeno lago na espera de uma oportunidade para beber daquela água. O mato em tom amarelado denunciava a falta de chuvas, as folhas caiam. E o sol reinava no céu de cor azul, nenhuma nuvem se atrevia a passar por ali. Mas ela parecia ignorar todo aquele cenário, afastava-se do lago e corria para depois mergulhar nas águas barrentas, espantando um ou outro pássaro que ousava pousar próximo da água.

 Por detrás de uns arbustos amarelados, escondido feito criminoso, um jovem de uns 16 anos observava interessado aquela cena. Não se mexia para que a menina de olhos cor de mel e cabelos cacheados não percebesse sua presença, e assim ele pudesse ver a roupa molhada em seu corpo adolescente. Na rodovia, ao lado do lago, um vai e vem apressado de carros ignorava o que ali acontecia. Enquanto o menino continuava a disfrutar da imagem angelical daquela quase mulher.

 Era pouco mais de três horas da tarde. E não tinha nenhum motivo para que ela estivesse sozinha naquele pequeno lago tomando banho. A verdade é que ela nunca precisava de motivos para fazer o que bem quisesse. Se sentisse vontade de correr de madrugada, corria. Se no dia seguinte quisesse dormir até meio dia, dormiria. Assim era a menina do Restaurante da Rodovia. 

 Quando ele já estava desistindo de observá-la, já entediado com a correria e o mergulho dela, repetidos por mais de vinte vezes naquele curto tempo. Ela decidiu ir embora e, para sorte dele, retirou a blusa e ficou nua da cintura para cima, apresentando aos pássaros a beleza de seu corpo e a perfeição de seus seios. Boquiaberto e com um formigamento no corpo, ele sentiu uma explosão de hormônios e um desejo tão grande tomar conta de todas suas células. Não podia se mexer para não denunciar sua presença, mas desejou correr até ela e beijá-la toda. 

 O vislumbre dessa imagem não durou muito tempo, mas o suficiente para que ficasse eternizada na memória do menino. Ela vestiu novamente a blusa e saiu correndo rumo à sua casa como se tivesse pressa. Deixando no lago o sabor do seu corpo nu e o aroma do desejo exalado por suas curvas femininas. Nele ficou o deslumbre daquele momento inigualável, que fazia seu corpo todo se manifestar por vontade própria. 

 A menina sumiu na curva da estrada paralela à rodovia. Então, ele olhou para um lado e outro para conferir se estava realmente sozinho, ninguém. Não viu ninguém. Apenas o movimento dos pássaros pousando na beira do lago, e na rodovia o vai e vem dos carros continuava incessante como a correia de um motor ligado. Mas ninguém que passava naquela estrada podia vê-lo, ainda mais em tamanha velocidade. Certo de sua privacidade, ele fez o que qualquer homem faria após ver uma cena como aquela. 

 Não demorou muito até que ele voltasse ao seu normal. Com os hormônios calmos e o sol já quase deitado em seu travesseiro noturno, ele foi para casa. O dia tinha sido bom, ele pensava sorrindo para sabe-se Deus o que. Não, o dia tinha sido ótimo. O fim de semana tinha sido salvo. E ele, enfim, tinha conseguido ver os seios de Rosa. Não na transparência da blusa molhada, como ele achou que seria quando a seguiu para vê-la tomar banho no lago. Ele tinha visto os seios dela sem nenhuma proteção. Nus. Lindos e desejáveis ao brilho do sol. 

 Ao contrário de Rosa, ele seguiu pela rodovia rumo a sua casa. Devagar ia caminhando como se estivesse contando os passos. O sol não podia ser mais visto e as luzes dos carros se acenderam como vagalumes. Tudo estava mais bonito aos olhos dele. Ele conseguiu. Já não importava quantas vezes ficou ali escondido olhando-a na beira do lago sem que ela nunca entrasse na água. Sempre fazia algo inesperado: corria sozinha em torno do pequeno lago. Conversava com os pássaros que demonstravam não gostar dela. E fazia tudo que ninguém nunca faria à beira de um lago. Banho? Nunca.

 Esse era, portanto, um dia especial. Não tinha explicação porque justo nesse dia, uma tarde de domingo, ela havia decidido tomar banho. Não importava. Não para ele, que acabava de ter seu prêmio conquistado. Um prêmio muito maior do que havia desejado. Ela estava nua diante dele. E, agora, caminhando no acostamento da rodovia ele se perguntava: por que não desfrutou daquele corpo? Desse pensamento nasceu um novo desejo. Um desejo que ia muito além de admirar, escondido em arbustos, o corpo dela. Sabia que não era certo alimentar aquele desejo, por isso, fazia sempre o que acabou de fazer. Dava vasão ao seu desejo sozinho.