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A benção de Deus...no meio do nada!?

01

Olha, eu não tenho certeza se quando você acorda em um novo mundo, é suposto ser tão...deserto. Se você leu algum livro de fantasia, ou jogou algum RPG, sabe que um portal, ou uma luz divina, ou até mesmo um vilão enigmático, te transportam para a praça de uma cidade próspera, onde a aventura te espera de braços abertos. No entanto, ao abrir meus olhos lentamente, o que encontrei não foi nada parecido.

A relva úmida por debaixo do meu tênis, a vasta planície banhada pelo luar... espera aí, que lua diferente é essa? Ela ainda era meio cinza, como a da Terra, mas parecia muito maior e com menos crateras. E o céu estrelado acima de mim só me dizia uma coisa: eu estava completamente só. E não me entenda mal, eu até aprecio minha solidão, mas quando você se encontra em um universo totalmente desconhecido, percebendo que não reconhece NENHUMA das constelações, a solidão não é exatamente o que você deseja.

"Que porcaria é essa?!" Minha voz ecoou pela planície, como se até mesmo os ecos estivessem se esquivando de mim. Pensei que a deusa, com todo o seu blá-blá-blá, teria pelo menos tido a decência de me enviar perto de Axel. Mas, claramente, ela decidiu que eu nem mesmo merecia isso...

Perdido em pensamentos e frustrações, andei sem rumo pela planície, esperando que de alguma forma uma cidade surgisse no horizonte. E antes que alguém diga "Ei, talvez ela te mandou pra um lugar seguro?", deixa eu te dizer, eu pensei nisso. Mas honestamente, a perspectiva de estar no meio do nada, onde eu nem sabia onde estava a pessoa mais próxima, só me fez mais irritado.

No entanto, no meio de toda essa frustração, eu não pude deixar de sentir uma estranha pontada de excitação. Quer dizer, aqui estava eu, no mundo de Konosuba, no mundo de KONOSUBA!! completamente perdido e sem um único conhecido por perto... Não era exatamente o tipo de aventura que eu tinha imaginado, mas, bem, era uma aventura, isso é horrível, mas é demais!

Então, lá estava eu, andando pelo que parecia ser o fim do mundo, quando avistei uma colina não muito longe de onde estava. Talvez do topo daquela colina, eu poderia ver algo mais do que aquela estepe sem fim. Com esse pensamento em mente, decidi que era melhor do que andar sem rumo. A subida era íngreme, realmente desconfortável, quando finalmente cheguei ao topo, a visão que encontrei era exatamente a mesma. A vasta planície continuava, sem um único sinal de civilização à vista. Que merda, hein?

No entanto, quando estava prestes a desistir, avistei uma luz tênue ao longe. Não tinha certeza do que era, mas era a única coisa que se destacava em meio à escuridão. "Tá aí, minha luz no fim do túnel!" Eu murmurei para mim mesmo. Mesmo que fosse um caminho longo e potencialmente perigoso, pelo menos era um caminho.

E assim, com nada mais que uma vaga esperança, comecei a minha jornada em direção àquela luz desconhecida. Porque se tem uma coisa que eu aprendi com a vida (e com o metro de São Paulo), é que a luz no fim do túnel pode ser uma saída... ou um trem vindo na sua direção. E, honestamente, neste momento, eu estava pronto para enfrentar qualquer um dos dois.

02

Vou te dizer, esse lance de dar um passo atrás do outro em um terreno irregular com apenas a lua de iluminação, não é lá muito empolgante. A luz, que parecia uma salvação, cada vez mais parecia só um farol inalcançável. Mas, porra, eu tinha que continuar. Não tinha muito o que fazer, né? Mas no meio dessa caminhada incerta, algo estranho aconteceu. Eu estava sentindo... uma espécie de empolgação...

Foi aí que ouvi um barulho e, cara, meu coração quase saiu pela boca. Dei um pulo pra trás, olhando de onde vinha o som, era de um arbusto. A qualquer momento, eu esperava que uma criatura horrível pulasse em mim e ai seria game-over SEM NEM MESMO TER COMEÇADO!

Mas, ao invés disso, o que saiu foi um... coelho? Azul, com chifres. O bicho me encarou, saltou e sumiu na escuridão. Não consegui evitar um riso nervoso, enquanto segurava meu coração que ainda palpitava rápido. "Pelo menos a vida nesse mundo maluco ainda é... meio familiar," eu disse, ainda rindo sozinho. Pode parecer estranho, mas me senti um pouco mais à vontade. Não importa o quão bizarras as coisas se tornassem, eu ainda tinha que seguir em frente.

Enquanto caminhava, me perdia em pensamentos naquele lugar desconhecido, vazio, e ainda assim, de certa forma, reconfortante. Sentia os pés doerem de cansaço, porém o ambiente tranquilo amenizava o desconforto. Me sentia incrivelmente livre, envolto na beleza desse lugar banhado pela luz do luar, que parecia estar em sua fase cheia.

Nunca tinha apreciado a lua de maneira tão intensa na Terra, talvez por morar em uma cidade extremamente urbanizada ou por não conseguir criar uma conexão genuína com o ambiente. Mas nesse mundo, onde provavelmente não existem computadores ou tecnologias avançadas, eu me questionava: será que eles possuem telescópios? Será que estudam o universo, assim como fazemos na Terra?

Com essas reflexões, uma avalanche de possibilidades diferentes começou a se formar. Diante dessa nova perspectiva, questionei-me sobre o propósito da minha vida e os objetivos dessa minha encarnação. O que, de fato, eu estava buscando? Ainda não sabia, mas continuava em frente.

Depois do que pareceram horas, ouvi risadas e vozes vindo da luz. Instintivamente, me abaixei e me escondi atrás de algumas árvores. Todas aquelas horas no meu quarto jogando jogos de simulação militar com veteranos de guerra estavam valendo a pena agora!

Eram várias vozes, risadas, palavras desconexas que eu mal conseguia entender. Tentava enxergar os donos das vozes na escuridão, mas só conseguia ver algumas figuras humanoides, iluminadas pela luz distante. Pelo menos, eu não estava sozinho nesse mundo novo. "Deusa incompetente, como que esquece de me dar o idioma local?!" Xinguei pra mim mesmo, batendo na própria cabeça.

Respirei fundo e comecei a me mover em direção às vozes. Parece que as batidas na cabeça serviram para alguma coisa, conforme me aproximava, as palavras começaram a fazer mais sentido. No começo, eram apenas fragmentos que eu entendia, mas quanto mais eu ouvia, mais a conversa se tornava clara:

"Não acredito que você realmente conseguiu..." - disse uma voz.

"... deve ter sido a cerveja!" - outra riu.

Eu parei de me mover e me deitei no chão, ouvindo o papo deles. Por algum milagre, eu conseguia entender a língua deles. Ainda tinha muita coisa pra descobrir, mas pelo menos eu só estava perdido, não analfabeto... ei, será que eu também consigo escrever no idioma deles?!

Eu espiava por entre os arbustos, vendo a luz que eu tinha avistado. Era uma fogueira. Ao redor dela, três pessoas, ou seja lá como chamam o que se parece humano por aqui, batiam papo, despreocupadas. Pelo que eu conseguia ver, eles eram aventureiros.

Havia um cara grandalhão, com uma barba por fazer e um arco nas costas. Uma mulher com cabelos ruivos e uma espada na cintura, parecia a líder. O terceiro, enrolado num manto, tinha várias tralhas e amuletos pendurados.

Eu não reconhecia nenhum deles da Light Novel. Não parecia ter nada de especial neles, não eram personagens importantes da história, pelo menos não naquela...

Eu percebi que eles estavam acampados ao lado de um celeiro ou algo assim. Tinha uma carroça ao lado, eles provavelmente estavam a caminho de uma cidade. Seria Axel?

Eu não sabia o que fazer. Deveria ir até eles? Observar até que fossem embora? Ou sair dali e ir em direção à luz distante? Eu precisava decidir logo, mas independentemente da minha escolha, eu tinha que fazer alguma coisa! Não andei tanto tempo para nada...

03

Então é isso, eu estava ali, me escondendo feito uma pamonha, olhando um trio de aventureiros festejar em volta de uma fogueira. Mas que porra eu tava fazendo, por que eu simplesmente não ia lá e pedia ajuda? Ah é, por causa do "Sargento Miller", o veterano da guerra... qual mesmo? Da do golfo, eu acho, que eu conheci jogando meu querido Military Tactics 3. Ele sempre dizia: "Se você tá perdido no meio do nada, vê um cara e seu rádio não funciona, não vai lá dar um oi. Se o maldito não for tão burro quanto você, ele vai te descer chumbo antes de você conseguir piscar. Se não tem como saber se é inimigo ou amigo, melhor ficar escondido, seguir o cara e esperar. Pode não conseguir a ajuda dele, mas pelo menos vai descobrir se o maldito tá indo pra linha inimiga ou se pelo menos tá perdido igual você."

É, não dava pra esquecer as "carinhosas" palavras do Sargento Miller, então ali estava eu, escondido, agora agachado atrás de um arbusto, esperando a galera ir dormir pra eu poder investigar o acampamento ou algo assim. Se tem uma coisa que os jogos de simulação militar me ensinaram, é que sempre tem um jeito de vencer, não importa quão ruim a situação pareça, nem que a vitória seja sair correndo em retirada para viver mais um dia.

A barriga começava a roncar, a garganta estava mais seca que o Saara, mas eu tinha que aguentar, quantas horas será que já faziam desde que eu tinha chegado a esse mundo? Os grilos cantavam ao redor, e o barulho era estranhamente reconfortante, me lembrava dos acampamentos que eu fazia naquele jogo de sobrevivência com zumbis...

Depois de um tempo, que pareceram horas, o papo foi morrendo, e o grupo começou a se dispersar. Como o Sargento Miller sempre dizia, sempre tem que ter um cara de olho, mesmo na hora do descanso. Um deles ficou ali, perto da fogueira, de vigia, enquanto os outros entraram no celeiro e apagaram as luzes.

Eu tinha que ser cuidadoso agora. Se eu fizesse alguma cagada, o vigia iria me ver, e eu não tinha ideia do quão fortes eram esses caras. "Que ninguém tenha uma porra de uma habilidade de detecção aqui," murmurei pra mim mesmo, olhando pro vigia.

Esperando a hora certa, me movi, eu parecia uma lagarta com complexo de lesma me arrastando. Com o maior cuidado possível, me aproximei do celeiro e da carroça, de olho no vigia. A adrenalina corria nas minhas veias, o medo e a emoção me mantendo ligado enquanto eu tentava encontrar algo pra comer e beber e ao mesmo tempo não fazer barulho.

Dei uma olhada rápida, a carroça estava cheia de coisas, tudo coberto por um pano. Com cuidado, levantei o pano, vendo o que tinha lá dentro. Tecidos, barris selados, caixinhas de madeira. Parecia a carroça de algum mercador.

Com a mão tremendo, peguei uma das caixas menores, abrindo com cuidado. Lá dentro, encontrei pacotes enrolados em papel. Abri um, encontrando um pão duro e um pedaço de queijo...

Um sorriso iluminou meu rosto. Não era a melhor comida do mundo, mas era melhor que nada. Peguei alguns pacotes e guardei-os. Nisso, meu dedo esbarrou em algo que fez um barulho líquido. Cautelosamente, puxei para fora uma garrafa, a luz da lua refletindo no vidro verde. Vinho.

Dei uma risada baixa, balançando a cabeça. Nunca fui de beber, a ressaca sempre pareceu mais problema do que valia a pena. E agora, perdido em um mundo estranho, com fome e sede, não me parecia o melhor momento pra começar.

"Bem, sempre tem uma primeira vez pra tudo" eu murmurei pra mim mesmo, observando a garrafa. "Mas não para isso."

Mesmo assim, decidi guardar a garrafa. Quem sabe, poderia ser útil de algum jeito. Talvez pudesse trocar por algo, ou usar pra desinfetar um ferimento. Não era o ideal, mas em tempos desesperados, qualquer coisa pode ser um recurso. Depois, com cuidado, fechei a caixa e a coloquei de volta no lugar, cobrindo tudo com o pano de novo.

Com tudo em mãos, tentei sair de perto da carroça com a mesma cautela. Mas, puta merda, na hora de descer, o pé escorregou e não tive nem tempo de pensar direito. Cai feito um pato no chão, fazendo um barulhão que quebrou o silêncio da noite. A garrafa de vinho, por um milagre, não quebrou, mas o estrondo da queda com certeza chamou a atenção.

Agora eu tava ali, jogado no chão, duro feito uma estátua, prendendo a respiração. O silêncio da noite foi interrompido por um grito vindo de perto da fogueira. Que porcaria eu tinha feito.

04

"Quem está ai?!"

Droga! A voz ecoou e eu senti meu coração quase sair pela boca. O tal vigia, parecia puto e assustado, deu um salto e começou a avançar na minha direção. O barulho acordou o resto da galera dentro do estábulo e a balbúrdia começou. Porra, Vitor, belo jeito de se manter incógnito.

Avancei, passando por trás do celeiro e meti o pé o mais rápido possível para a grama alta no lado oposto à linha de árvores de onde comecei e me joguei no chão, tentando ficar o mais quieto possível.

Minha adrenalina estava lá nas alturas, enquanto a confusão rolava no estábulo - gritos, madeira rangendo, passos apressados. As sombras da fogueira dançavam ao meu redor, parecendo querer pular em cima de mim.

Mas então, milagrosamente, a confusão começou a diminuir. Se alguém ali tinha algum poder mágico de rastreamento, não usaram. Talvez estivessem confiantes demais, ou simplesmente não esperavam uma visita no meio dessa planície deserta, vai ver acharam que foi algum animal. Foda-se o motivo, eu estava fora dali.

Eu precisava de um lugar para descansar e reunir os pensamentos. Ainda tinha um longo caminho a percorrer, me afastei um pouco mais e comi um pouco dos espólios que ganhei, e então, continuei rumando no meio do nada.

Depois de um tempo, finalmente encontrei uma estrada. Eu me iluminei, meu olhar fixo no caminho de pedras extremamente desgastadas que se estendia à frente. O Primeiro sinal de civilização verdadeiro que eu vi desde que cheguei nesse lugar.

Comecei a seguir a estrada, sentindo um alívio imenso. Mas as palavras de mais um dos instrutores vieram à minha mente: "Lembre-se, em caso de dúvida, sempre siga a estrada... A menos, claro, que esteja em uma missão stealth e a estrada esteja cheia de inimigos armados. Nesse caso, saia da maldita estrada!" Essa era um tanto óbvia, mas cara, eu realmente achava que aquelas horas jogadas não serviriam de nada, mas não é que estão sendo úteis?!

Portanto, mantendo os olhos e ouvidos bem abertos, segui pelo lado da estrada, "pronto" pro que viesse, por mais que com sono e muito cansado.

05

Ali estava eu, vagando pela estrada. Na mochila, eu tinha uma garrafa de vinho, pão e queijo - coisas que eu "peguei emprestado permanentemente" do acampamento. O pão estava velho e o queijo meio mofado, mas eu não ia reclamar. Eram as primeiras comidas que consegui desde que cheguei aqui.

Mas aí tinha o vinho. Eu nunca fui de beber na Terra, e não estava com a menor vontade de começar agora. Então, me recusei a tomar, apesar da sede. O vinho podia ser útil mais tarde. Mesmo cansado e com sede, eu não ia desistir. Meus olhos estavam fixos no caminho à frente, esperando encontrar alguma civilização logo.

Depois de uma eternidade andando, a exaustão começou a bater. Meus músculos doíam, meus pés estavam inchados e minha garganta estava seca pra caramba. Mas eu precisava continuar, minha mente agora nem se preocupava mais em achar alguma cidade ou alguém, só queria achar um lugar seguro pra descansar.

Finalmente, vi um desvio na estrada, um caminho de terra que levava a um celeiro antigo e em ruínas . Não estava nas melhores condições, mas pelo menos tinha um teto e não parecia ter animais selvagens. Senti um pouco de esperança.

Cheguei ao estábulo e, apesar de estar uma bagunça e muito escuro, tinha feno no chão. Era o lugar perfeito pra descansar. Não demorou muito pra eu me jogar no feno, agradecido por finalmente ter achado um lugar pra relaxar.

Mesmo com sede e fome, o cansaço ganhou. Deitado no feno, olhando as vigas de madeira do teto, deixei meus olhos se fecharem. E em segundos, o sono me levou, finalmente me dando não apenas o descanso, mas a minha primeira noite em um novo mundo.

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