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Quem é vivo sempre aparece

Ao meio dia Milles despertara se revirando na cama. Com preguiça ele se levantou da cama e fora até o banheiro escovar os dentes cumprindo com toda a sua higiene matinal.

Mas somente quando ouvira barulhos estranhos vindo do andar de baixo é que ele realmente despertara do seu torpor.

Com a escova ainda em sua boca e os cabelos desgrenhados, o alfa saíra do banheiro atento à qualquer som. Não poderia ser Gabriel e Theodore, já que ouvira o momento em que eles haviam saído bem mais cedo. Sem falar que Gabriel ainda teve a coragem de o acordar para avisar a saída.

Não havia ninguém além dele ali...

Seria um ladrão?

Será que ficou sabendo que sua família estaria viajando, pensando que a casa ficara vazia?

Imediatamente Milles voltara pro banheiro cuspindo a pasta de dente, apressando em pegar uma calça para vestir quando os sons pareciam se aproximar de seu quarto.

Deveria surpreender o ladrão? Se saísse para afrontá-lo seria perigoso, poderia estar armado. E além disso...

Milles virou-se para a sua cama, onde abaixo daquele nó de cobertas haveria um ômega dormindo profundamente.

Não poderia fazer nada imprudente, já que tinha alguém pra proteger.

Olhando em volta do quarto, Milles procurara por alguma coisa que pudesse usar como arma. Infelizmente a única coisa que poderia ter ali era seu violão, mas nem ferrando usaria como arma. O dinheiro que gastara para comprá-lo foi da vez que trabalhara no verão já que estava se castigo e sem mesada.

Teria de ser à mão livre mesmo.

O som de passos ficara mais alto. Conseguia também ouvir as portas dos demais cômodos do segundo andar serem abertos. O ladrão ainda estava verificando se tinha gente?

Mais uma vez o alfa olhara para a cama, tendo certeza de que o ômega estava completamente escondido na sua preguiça e cobertas. E então pé ante pé Milles fora até a porta estendendo a mão na maçaneta.

Desde que pudesse manter o intruso longe do seu quarto, já seria um ponto positivo.

Fizera contagem regressiva quando o silêncio o sinalizara.

E então, abrira a porta num rompante saltando para trás imitando qualquer pose que acreditasse ser de artes marciais. O seu pulo assustara o rapaz alto de cabelos platinados, que soltara um grito levando a mão ao peito.

— AAAAAH! Milles, que sustou dos infernos..

De olhos arregalados, Milles fitava aquele rosto familiar sem acreditar encontrá-lo na porta do seu quarto. O cheiro que o saudava só comprovava que aquela pessoa realmente estava ali.

— Jake?

Ele havia mudado naquele um ano. Estava mais alto, com o corpo mais forte e os olhos esverdeados que ainda eram charmosos. Mas o jeito de se vestir era descolado e agora ele tinha piercings. Quanto tempo não via o seu primo?

— Eaí, mano! — Jake abraçava Milles, que correspondera o mesmo aperto com um sorriso débil no rosto. — Caramba, veja só como você cresceu, está mais forte...

— Eu que o diga, quase não te reconheci. Espera... Como entrou?

Jake abria um sorriso malandro ao retirar do bolso da calça jeans escura a chave reserva.

— Vocês ainda guardam ela debaixo do vaso.

— Droga, pensei que tinha escalado o muro.

— Puff, não consigo escalar o muro da sua casa. É liso demais. Tá com frio não? Parece que te acordei.

Olhando o próprio corpo, Milles percebia estar apenas de calças. Voltando para o quarto o alfa fora até o armário pegar uma camisa, somente então se lembrando de que havia alguém escondido no seu quarto.

Pelo canto dos olhos verificou se seu primo teria saído para esperar na sala, mas Jake já havia entrado no seu quarto e olhava em volta curioso. Rapidamente Milles vestira a primeira camisa que viu e fora até a cama se sentar no colchão, abrindo um largo sorriso.

— O que veio fazer aqui? Não sabia que tava na cidade.

— Sadie me ligou, então pensei em dar uma passada já que visitaria a cidade pra resolver uns negócios... Que cheiro é esse?

— Cheiro? Que cheiro?

— Hm.. Doce... Não sei.

— Ah, ontem eu fiz um churras aqui em casa e chamei a galera do time pra comemorar nossa vitória. Passamos das eliminatórias.

— Sério? Uou que daora, parabéns mano! Sabia que conseguiriam.

— Pois é, valeu. Quer comer alguma coisa? Podemos ir lá pra baixo...

A voz de Milles fora morrendo aos poucos quando algo nas cobertas se remexera. Jake percebera e inclinava a cabeça olhando aquilo com estranheza, antes de abrir um sorriso e esticar o indicador o balançando no ar.

— Saquei, está acompanhado. Foi mal, eu posso sair e...

— Ah que inferno de barulheira é essa, caralho! Vão conversar no quinto dos infernos. Quero dormir porra!

O sujeito de cabelos bagunçados e escuros saíra de sua toca, mirando os olhos escuros para os dois alfas que conversavam no cômodo. Milles nem se dera o trabalho de virar para trás, seus olhos não desgrudavam da surpresa estampada em Jake.

Sem palavras, o alfa visitante apontara de Nicolas para Milles sem acreditar no que via. O loiro apenas abria um sorriso fino comprimindo os lábios, batucando os dedos em seus joelhos tentando encontrar alguma saída.

Mas a merda já fora jogada no ventilador.

— Esse.. É o Nicolas?

O ômega se sentara atrás de Milles se apoiando em seu ombro de maneira preguiçosa, mirando os olhos felinos sobre o platinado demorando um tempo para reconhecê-lo. O ombro direito do alfa formigara, e ele pudera sentir a energia um tanto quanto raivosa sendo emanada de Nicolas.

Sua cabeça latejara junto de seu ombro quando os dedos finos de Nicolas se afundaram em sua carne, no mesmo momento em que o ômega rosnava para Jake. O vínculo deles precisava ser tão perfeito assim? Podia sentir toda a raiva que Nicolas estava sentindo.

— Oh... Veja só quem resolveu aparecer.

— Bom te ver também, Nicolas...