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Capítulo Um

O poder consome a sanidade como o fogo a mata seca.

N.S

   No centro comercial de Berna, capital da Suíça, como um símbolo de imponência, disposta lado a lado formando metade de um círculo, estão os três prédios mais famosos do mundo empresarial, cada um representando uma família da Terceira Aliança. Espelhado em seus vidros estão seus símbolos, as três alianças unidas com a letra do sobrenome de cada família. Richter, Mazarratti e Kraure. 

   A construção a esquerda, pertencente aos Mazarratti, destoa-se das outras com sua cor escura. Seu símbolo não ilumina como os outros, talvez como uma demonstração de afronta as duas outras famílias e mostrando ao mundo que o império que eles acham inabalável se encontra em crise em sua base, a família. Família que deixou de existir há anos, que vive um teatro que Jade não faz questão de interpretar. 

    Renegada, aceita sua exclusão, todavia não se sujeita a aceitar uma família que esconde a verdade. Os odeia, da mesma forma que eles a odeiam. Mútuo ódio e que os uni, e o mesmo que os destrói dia após dia. 

   O anúncio da união de duas das famílias alvoroçou o mundo empresarial, mas não pois panos quentes na guerra interna que os patriarcas tentam acabar. Aconteceu o oposto, a estrutura inabalável sofreu mais rachaduras. O império mais poderoso do mundo cairia e o responsável não se importava de ir junto. 

    Tudo era questão de tempo, os mais otimistas viam salvação, os realista viam um fim inevitável que aconteceria em um rompante, pelas mãos de um integrante da unificação. 

   Jade Mazarratti, sorria encarando a paisagem pela parede de vidro da sua sala, observando com ansiedade o alvoroço de repórteres na parte da frente do prédio central, monitorando como urubus a saída de algum membro da família Richter para questioná-lo sobre o anúncio do noivado que ocorreu nas primeiras horas pela manhã, em um pôster simbólico em uma rede social, com uma mensagem vazia com uma foto das mãos unidas dos novos noivos. Não fazia nem duas horas da notícia e já ansiavam por informações. 

    Todavia, o que eles não esperam será o que mais ansiarão. Jade os dará um presente que ninguém, nem sua família espera. 

— Esse seu sorriso me assusta senhora Jade. — Luca confessa a dois passos de si. — Nunca anuncia boas novas. — estende sua taça com champanhe, não mostrando sua estranheza por um brindo logo nas primeiras horas da manhã. 

    As mãos cheias de anéis seguram com firmeza a taça, levando-a aos lábios, tardando uma resposta arrogante. Por mais que tenta-se, estava ficando difícil suportar a intromissão do seu assistente. A cada dia tomava uma liberdade perigosa, adentrando e opinando em assuntos que não lhe deve respeito. 

  Mudo e surdo, e tudo que ordena para seus empregados manterem seus empregos. Ultrapassou a linha que impõe, ultrapassara a porta de saída com sua demissão assinada. 

   Entretanto, ainda tinha aqueles que parecem esquecer suas orientações e tentam a sorte. 

— Quando o diabo sorrir e porque suas maldades dão certo… — aprecia a bebida cara. — Cadê meu brinquedo? 

— Atrasara um pouco devido a um problema familiar. Desejara deixar o prédio com seu carro? Proibimos os repórteres na porta da empresa como ordenou. 

— Não! 

   Não desviou momento algum os olhos da cena que tanto ansiou, concentrou-se mais com a chegada do seu padrasto com seu filho, seu irmão idiota, noivo da maldita da sua prima. Os odiava tanto que se pudesse já os teria matado. 

   Entretanto, obrigou-se a esperar o momento certo. Uma simples vingança não traria o sabor de vitória que tanto deseja. Jade Mazarratti, aprendeu a ser paciente com o tempo, com a influência do seu padrinho, a pensa bem antes de agir. 

   Seu reflexo no vidro não demonstra suas cicatrizes, não mostra o que a ganância de poder da Terceira Aliança roubou de si. A bela mulher que tornou-se seria uma casca vazia se não fosse sua raiva, seu ódio por todos. 

   Os cabelos escuros deixaram de existir há anos, encobridos pelas tintas claras. Não são mais curtos, porém longos e sedosos, os olhos azuis tornaram-se negros. Fantasiou-se de outra mulher, contudo, quando se olha no espelho ver a garota medrosa que tenta esquecer. 

   Sua mente divaga pelas lembranças do passado e seu olhar perde foco, distrai-se por momentos, retornando a si quando duas mãos apertam sua cintura, puxando seu corpo para próximo de outro, um mais alto e musculoso. Seu brinquedo preferido, como carinhosamente apelidou para alguns. 

— Atrasado... 

— Rolou um doce imprevisto. — sorrir contra a pele do seu pescoço. — Vejo que estás feliz, nosso jogo de morte começara? — beija abaixo da sua orelha, encarando a cena a sua frente como Jade. 

  Jade o encara pelo vidro, procurando alguma coisa que não acha. Seu medo por tentar ultrapassar suas barreiras sem receio de ferir, no entanto, como sempre só acaba encontrando a maldita coragem que tanto odeia em suas íris castanhas. Depois de longos anos, ele nunca mudou, continuava o mesmo impertinente que a salvava de si mesma.

   Diferente de outros, sua coragem a encanta, ao contrário nem a tocaria. Além, que são suas particularidades diferentes que o põe na posição que ocupa, quase que como único na vida de Jade. 

— Hoje a noite no jantar de noivado, vista-se bem irá comigo, os dois, na verdade. 

    O analisa com malícia, apreciando a escolha do uniforme negro de piloto que optou, combina com ele, com o tom bronzeado da sua pele, da a percepção que seu cabelo e mais claro pelo seu loiro ser escuro, destaca seus olhos e seus lábios vermelho. Contudo, Kirsten, chegou onde esta por algo além da sua beleza física. 

   O limite foi ultrapassado quando as unhas afiadas apertaram seu braço, afastou-se como Célio alertou que devia fazer a olhando curioso, mas cauteloso tentando saber o que fez de errado. E um desafio saber até onde ir, às vezes os limites se encurtam ou aumentam. Vislumbre de quem Jade foi aparecem e somem em um piscar de olhos, deixando a megera da mulher que virou. 

Arrumou seu uniforme para que saíssem da sala sem demostrar mais do que pretendido. 

— O helicóptero está pronto. Terá muitos convidados? 

— Não... — vira-se para olhar em seus olhos. — Será íntimo, ao menos esse para formalizar a união. O pedido será feito hoje a noite, diante da família para enaltecer o teatro que vivem de família perfeita... — sorrir debochada — que os noivos se amam. No final de semana terá um com convidados, para coroar esse noivado que se tornará um velório. 

   Unificar as famílias nasceu com a união dos impérios, torna-se um só concentraria o poder em menos mãos possíveis. Evitaria problemas futuros de desunião, como o enfrentado agora. 

   Amigos não são inimigos, mas os patriarcas das famílias não são eternos. Fundaram a Terceira Aliança e necessitam ter certeza que ela não se destruirá nas mãos dos herdeiros. Precisam ser certificar que Nikolas e Ayla não seguiram o mesmo caminho que Jade. 

— O que fará? — segura a porta para que deixe a sala. — Tenho certeza que não foi convidada. 

— Não sei... E não fui e pouco me importa. — diz sincera. — Mas não vista branco, sangue é difícil de sair.