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Herdeiro dos Males

Kaio Azura, um garoto de certo modo anormal graças a habilidades nada normais que ele possuí, se depara com um mundo ainda mais anormal que vive escondido debaixo dos panos do mundo moderno graças a uma organização: um mundo sobrenatural. Graças a sua herança sobrenatural por parte de seu pai e uma garota membra da organização que foi enviada para buscá-lo, ele descobre que é alvo de vários seres sobrenaturais que almejam usá-lo para seus planos. Mediante a tal situação, ele não vê escolha, se não se juntar a organização para poder sobreviver nesse novo e misterioso mundo cheio de criaturas e situações que muitos só encontrariam em livros de fantasia.

KaioKuchisaki · Fantasy
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Capítulo 2 - Sede de Sangue

Era uma noite fria, as ruas estavam desertas como se não houvesse vida naquela cidade, no meio das ruas desertas, havia a figura de um homem. Ele era alto, possuía cabelos castanhos claro curtos que eram penteados para trás, uma pequena barba na região do queixo e olhos cinzas. Ele usava um sobretudo cinza escuro por cima de uma camisa social azul escuro, uma calça elegante da cor preta e um sapato de bico fino. Um traço peculiar dele era sua pele que possuía a frieza e coloração semelhante da de um cadáver.

O homem exalava um ar de elegância e perigo ao mesmo tempo, ele pegou um cigarro de uma caixa em seu bolso e acendeu com um isqueiro que já estava em mãos. Dando um pequeno trago no cigarro, ele solta uma pequena fumaça e guarda as coisas no bolso de seu sobretudo.

— Bem, acho que é hora de um lanchinho, talvez eu vá atrás daquelas duas… — Ele falou enquanto andava pela rua, procurando sua próxima vítima da qual iria se alimentar.

●●●●●

— Ei Kaio! Pode ir comprar cigarros pra mim? Os meus acabaram! — Reyna falou lá debaixo no bar.

O garoto — que estava lendo naquele momento — suspirou longamente e guardou seu livro para se arrumar, ele colocou apenas uma camisa preta de manga curta, um casaco azul marinho, uma calça jeans e um tênis.

Ele então desceu as escadas e passou pelo bar que tinha alguns clientes lá, todos cumprimentaram Kaio, já que conheciam o garoto das vezes que Reyna pedia pra ele ajudar no bar. Ele os cumprimentou de volta e saiu do bar em direção a loja de conveniência mais próxima dali, andando em um ritmo regular.

Ao chegar na conveniência ele pede a marca de cigarros favorita de Reyna, paga e sai dali, como o caixa e o dono já conheciam ele, não tinha muito problema com ele comprando os cigarros. Agora ele estava andando pela rua com uma sacola que continha a caixa de cigarros e uns doces que ele e Reyna gostavam de comer de vez em quando.

Kaio continuou caminhando até se deparar com algo peculiar, um homem adulto que parecia estar meio agitado, ele olhava de um lado para o outro como se estivesse procurando alguém ou estivesse sendo perseguido. Ele então se virou na direção de Kaio e travou sua visão nele, dando um sorriso que enviou alguns calafrios em sua espinha, seu sexto sentido dizia que aquele cara era coisa ruim, coisa ruim mesmo!

Então em uma velocidade sobre humana o homem avançou para cima de Kaio que ficou surpreso com aquilo, o seu atacante estava chegando mais perto enquanto o que parecia ser presas surgiam em seus dentes, ao chegar perto ele já estava se preparando para morder o pescoço de Kaio, porém para a surpresa dele o garoto tinha dado um poderoso chute em seu rosto que o lançou na direção de um muro ali perto, criando uma cratera nele que por pouco não tinha desabado. 

Dois dentes do homem tinham caído no asfalto graças a força do chute de Kaio, que o olhava atentamente para tal homem vendo qual será sua próxima ação. Grunhindo de dor, o homem de cabelos castanhos saiu do muro e esfregou o lado esquerdo de seu rosto onde Kaio tinha acertado o chute.

— Eu não esperava por essa, você é um rapazinho bem forte. Arrancou até uns dois dentes da minha boca — Ele falou abrindo sua boca para mostrar os dois locais onde faltavam os dente em sua gengiva, apenas para rapidamente surgiu outros no lugar, o que surpreendeu o de cabelos negros — Ora, pelo visto nunca viu um vampiro antes —

Kaio tinha arregalado levemente os olhos com aquele informação, podia ser esse o vampiro que estava causando todos aqueles incidentes?

— Acertou em cheio. Porém tenho que admitir, pelo menos não parecem como aqueles mostrados nos livros de romance. Se eu encontrasse um daqueles eu iria rir bastante — Ele tentou fazer uma piada para aliviar o clima, porém saiu mais forçada do que deveria, realmente isso não era muito o forte dele.

— Não serve muito pra brincadeiras não é garoto? Bem, isso não importa, escuta, vamos fingir que isso nunca aconteceu e seguimos caminhos separados, que tal? — sugeriu o homem com uma certa lábia, porém aquilo não colava muito com Kaio.

— Acho que não. Ia pesar na minha consciência se eu deixasse você continuar chupando sangue por aí — esse não era o real motivo para Kaio o impedir, em parte era, mas não o motivo todo. Era porque ele possuía um coração meio mole, sem falar que prometeu a sua mãe que iria ajudar as pessoas, impedir esse vampiro contava como isso, não é?

— Que pena, pelo menos vou me apresentar antes de acabar com isso, não quero ser mal educado. Me chamo Malloy garoto — disse o vampiro, com suas unhas já virando garras, assim avançando na direção do garoto mais uma vez. Ele tenta realizar um corte no peitoral do garoto, porém ele desvia e tenta revidar com um chute que Malloy pula pra trás para desviar.

 — Tch. Lutar com uma sacola de compras é mais difícil do que pensei, mas fazer o que, não esperava topar com um vampiro a essa hora da noite — Kaio pensou desviando de outro corte do vampiro e revidando com um soco de direita bem em seu rosto, que lhe acerta em cheio e o manda cambaleando para trás, logo em seguida ele executa um chute para trás que acerta o vampiro em seu peito, entretanto ao invés de mandar dele para longe o morto vivo pega a perna de Kaio e o lança pelo asfalto com sua força sobre-humana.

Kaio tomba no asfalto alguma vezes, deixando mini buracos nos locais onde caiu além de ficar um pouco tonto, ele rapidamente se levantou porém o vampiro já estava em sua frente e lhe dá um soco em seu estômago, o que faz ele cerrar dos dentes de dor. O vampiro lhe acerta outro soco, só que dessa vez em seu rosto, ganhando um pequeno corte no seu lábio inferior e mais outro soco só que em seu peito, o que fez Kaio ofegar por ar brevemente.

Malloy preparou mais outro golpe, porém não pode executá-lo devido ao fato de Kaio rapidamente ter pego a gola de seu sobretudo e lhe acertado uma cabeça potente em seu nariz, quebrando ele na hora. O garoto então lhe acerta um chute bem nos países baixos, o que faz Malloy gemer de dor intensa, que aumentou após Kaio desferir um soco bem no seu nariz já quebrado, fazendo ele cambalear um pouco para trás.

— Caramba garoto, admito, você é durão. Nunca vi um humano como você aguentar tantos golpes de um vampiro com eu assim — falou Malloy já com seu nariz regenerado — Me diga, como você conseguiu tal força? Deve treinado bastante —

— … — Ele ficou em silêncio por alguns instantes antes de responder — Não treinei, apenas nasci assim. E posso te garantir, humano seria a última coisa que eu me chamaria — 

— Huh, se for assim até que faz sentido… Além do mais, agora que reparei você tem uma certa aura inumana que o cerca, hahaha! Eu devo estar um pouco desatento se não tinha notado algo tão óbvio antes, hahaha! — o vampiro falou enquanto ria, o que irritou um pouco Kaio, algo que devia ser perceptível em seu rosto já que o vampiro parou de rir ao olhar pra ele — Que foi garoto? Devia rir um pouco, vai que anima sua vidinha um pouco — 

— Foi mal, porém não sou de rir muito. Além do mais, essa minha aura as vezes não ajuda muito já que as pessoas me irritam, mas conseguem ser um bênção escondida se é capaz de manter alguém como você longe de mim — a resposta de Kaio fez Malloy ficar um pouco irritado.

— Tch, moleque sem graça. Que seja, vamos acabar logo com isso — Malloy então se posicionou para atacar Kaio novamente, entretanto ele teve que desviar para trás ao ver três lanças feitas de uma energia escura vindo em sua direção, elas possuíam grande força já que perfuraram o concretizarem ficar só metade as lanças visíveis.

Ao olhar para a direção de onde veio as lanças, Kaio arregalou seus olhos. Mais acima dele e de Malloy estava Millena, ela possuía um par de asas de morcego saindo de suas costas, suas vestes também  estavam diferentes, ela usava um colete preto sem mangas aberto e com cauda que ia até seus joelhos por cima de uma camisa branca de mangá curta, uma calça jeans e botas marrons.

— Tch. Droga, ela me acho- — antes que pudesse terminar sua frase, o vampiro foi jogado num outro muro com força graças a investida de uma outra pessoa que chegou ali.

Ao olhar melhor Kaio pode ver que era Aline, sua aparência e vestes também estavam diferentes, ela tinha garras no lugar de suas unhas e parecia ter orelhas e cauda que pertenciam a um leão. Ela usava uma regata preta e uma calça larga da cor verde escuro, seus pés estavam descalços revelando que até as unhas do seu pé tinham virado garras.

— Eu disse, fugir de mim é inútil — falou Aline que logo em seguida notou, junto de Millena, a presença de Kaio, fazendo com que as duas não soubessem exatamente o que fazer.

— Então… — pronunciou Kaio em uma tentativa de quebrar o clima esquisito — Acho que era mesmo um vampiro por trás daqueles ataques — Ele quase se deu um tapa na testa pelo que falou, havia um monte de coisas a serem ditas, porém está era uma desnecessária, já que era incrivelmente perceptível.

— É, percebemos isso também. — Millena falou como se não tivesse se importado com ele ter apontado o óbvio naquele momento — Recomendo que vá para casa, nós iremos dar conta dele — Ela já criou mais uma lança com a mesma energia negra, porém antes que tivesse a chance de acertar Malloy, ele tinha virado uma espécie de morcego gigante, maior que uma criança pelo menos, e voou para longe dali em grande velocidade.

As duas garotas ao verem isso imediatamente começaram a perseguir ele, enquanto Kaio estava perdido sobre o que fazer, até ele notar qual direção que ele estava indo.

— Pra lá fica… O hospital! — Ele exclamou enquanto já iniciava sua corrida para chegar lá, porém ele se lembrou da sacola de compras que carregava consigo, parece que ele ia ter que fazer uma parada antes de ir pra lá…

●●●●●

A situação de Millena e Aline não era das melhores, elas tinham planejado verificar a área para ver se tinha chances de ter mesmo um vampiro lá e pra sorte delas, tinha mesmo, porém pro seu azar, ele tinha fugido e feito contato com seu alvo.

Pelo visto ele já parecia ter um entendimento sobre o sobrenatural já que não parecia muito abalado ou surpreso com o fato de ter engajado em uma luta com um vampiro, o que poderia fazer a missão das duas ser mais fácil.

No momento as duas perseguiram o vampiro que ia na direção do hospital da cidade, Millena o perseguia no ar enquanto Aime corria pelo chão em quatro patas como um animal, a velocidade de ambas era algo incrível de se presenciar, porém o mais incrível de ver foi o fato de Kaio estar acompanhando elas correndo. Millena então fez um sinal para Aline seguir sem ela, assim a esverdeada aumentou sua velocidade enquanto ela parou e iniciou sua descida até o alvo de sua missão, que também tinha parado de correr.

— Porque está seguindo a gente? Nós tomamos conta, deixe conosco — Ela falou já no chão, porém com suas asas ainda amostra.

— A direção que ele está indo fica o hospital e minha mãe tá lá internada. Se tiver a mínima chance dela se machucar por causa dele, não vou ficar parado. Não vou atrapalhar vocês, só quero manter minha mãe em segurança. Por favor, Millena — Ele parecia estar quase implorando a ela, o que mostrava a grande importância que ela tinha para ele. Depois de pensar alguns instantes, ela teve uma resposta para dar.

— Ok, você pode vir. Porém, quando isso acabar, você terá que fazer uma coisa por nós — não parecia justo para ela usar a segurança da mãe dele como barganha para completar sua missão, ela entendia como ele se sentiria naquele momento e provavelmente iria fazer o mesmo que ele, porém ela não podia correr riscos e parecia um jeito de garantir sucesso.

— Que seja, contanto que eu possa proteger ela — com isso ela acenou com a cabeça e voltou a alçar voo até o hospital enquanto Kaio a seguia correndo em uma enorme velocidade que nenhum humano normal teria, isso junto do confronto dele com o vampiro confirmava mais ainda que ele não era totalmente humano e de que as informações que tinham estavam corretas.

O caminho deles foi feito em puro silêncio, até que Kaio quebrou o gelo — Ei, o que você e a Aline são exatamente? Tá na cara que não são humanas —

Ela ficou em silêncio por um tempo, até que resolve responder — Sou uma Cambion, uma meio humana e meio demônio. Já a Aline é uma feral, um humano com características de animais — 

— Então demônios realmente vem aqui e cruzam com pessoas? E como são esses ferais? São tipo lobisomens? — curiosidade genuína era perceptível na voz dele, parece que sua sabedoria sobre o sobrenatural não era muito extensa.

— Não, os ferais podem ser ditos como uma espécie de humanos que reteve uma espécie de DNA animal, porém num nível superior, fazendo eles serem mais fortes que até o próprio animal cujo o DNA é semelhante. Costumam viver isolados ou na sociedade humana escondendo sua verdadeira forma. Nesse quesito podem ser ditos semelhantes a lobisomens ou vampiros — 

— Interessante… — e assim voltaram a ficar em silêncio pelo resto do trajeto até que finalmente chegaram no hospital. Pelo que podiam ver, o segurança da entrada estava caído no chão com dois furos em seu pescoço, mostrando que o vampiro tinha feito dele sua refeição — Droga e eu aqui torcendo para ele não entrar aqui… —

— Um hospital é algo bom demais para um vampiro deixar passar, tem bolsas de sangue pra transfusão que ele pode consumir ou os pacientes que não terão muita chance de revidar quando ele os atacar — Kaio podia ver a lógica em suas palavras e realmente seria idiota pensar que um vampiro poderia dispensar um lugar como um hospital com sangue de sobra — Eu vou tentar verificar os quartos pelo ar, imagino que a Aline já tenha entrado para achar ele, entre a pé e veja se consegue ajudar ela —

Acenando que sim com a cabeça, os dois foram em caminhos separados, Kaio adentrou o hospital e Millena ficou voando ao redor dele para não só ver se consegui o achar no quarto dos pacientes, mas poder interceptar ele se o mesmo fugir.

Dentro do hospital, Kaio já estava correndo para o terceiro andar para ver o quarto de sua mãe, ele tinha que garantir que ela estava segura antes de tudo. Ao chegar perto do quarto dela, ele abre uma fresta da porta e se depara com sua mãe dormindo de forma calma, o que fez ele suspirar aliviado, ele então fecha a porta e começa a dar meia volta para procurar o vampiro. Porém antes que ele pudesse dar mais um passo, uma forte e aguda no meio do seu peito.

— O-o que?... — Ele falou antes de vomitar uma quantidade considerável de sangue, na sua frente estava Malloy e o mesmo estava com seu braço direito atravessando seu peito, que foi retirado logo em seguida revelando o rombo que havia em seu peito.

Sangue se espalhou no chão, vindo de sua boca e de seu ferimento. Ele utilizava a parede que havia ao seu lado para se equilibrar enquanto olhava para o vampiro que possuía um olhar convencido em seu rosto.

— Caramba, eu estava esperando pegar aquela garota leão, mas você deve dar pro gasto — Ele falou andando para ficar de frente a porta do quarto da mãe de Kaio — Você veio correndo com tanta pressa na direção desse quarto… Tem algum importante aqui para você? — Ele abre a porta do quarto sem rodeios e assobia ao ver a mãe do de cabelos negros.

— É uma bela moça, ela o que de você? Sua irmã mais velha? Tia? Bem, não importa. Acho que ela vai dar uma bela refeição — Ao ouvir tais palavras, foi como se algo tivesse rompido dentro dele, como se uma espécie de botão foi ligado dentro dele.

Antes que o vampiro pudesse dar mais um passo para adentrar o quarto, ele recebeu um poderoso soco bem no seu rosto, um soco que, além de fraturar parte de sua mandíbula, também arrancou alguns dentes de sua boca e o mandou deslizando pelo chão do corredor.

Malloy lentamente se levantou do chão enquanto recobrava seus sentidos e se regenerava dos ferimentos que recebeu, ele olhou para Kaio e ficou pasmo com o que via, o buraco que havia em seu peito já estava quase sumindo, ficando do tamanho de uma agulha e então sumiu completamente, deixando como única prova de sua existência o sangue que havia no chão, na boca do garoto e o rasgo que havia em sua camisa.

— VOCÊ NEM PENSE EM ENCOSTAR NELA SEU DESGRAÇADO! — o tom da sua voz foi alto o suficiente para chamar atenção de Millena e Aline, além de provavelmente acordar parte do hospital, sem falar na intenção assassina que estava sendo emanada dele, que parecia cobrir uma boa parte do hospital, se não todo ele.

Naquele instante, na mente de Malloy só se passava uma coisa: talvez tenha sido uma má ideia provocar ele.