Então, depois deste encontro agradável, terminamos nosso café e nos preparamos para voltar para casa. A noite estava começando a cair e a rua estava iluminada pelas luzes amareladas dos postes. O clima estava ameno, com uma brisa leve que fazia as folhas das árvores balançarem suavemente. O ar estava fresco, com aquele cheiro característico de terra molhada, já que havia chovido um pouco mais cedo. As pessoas caminhavam calmamente pelas calçadas, algumas em grupos conversando e rindo, outras sozinhas, imersas em seus próprios pensamentos. Os casais passeavam de mãos dadas, aproveitando o frescor da noite. Apesar da tranquilidade e da beleza da noite, o vazio dentro de Henry ainda era muito presente, e então ele continua relatando os eventos para Lenka, que o ouvia atenciosamente.
Henry: Lenka, preciso te contar algo que aconteceu há algum tempo. Passaram-se alguns meses e aquele vazio ainda habitava em mim. Eu via pessoas entrarem e saírem rapidamente da minha vida de uma forma surpreendente. Já era totalmente de costume, até que um dia, algo mudou completamente.
Lenka: O que aconteceu, Henry?
Henry: Foi no dia 12 de novembro de 2011. Eu saí para descontrair-me um pouco dos meus pensamentos e tentava me manter de toda forma possível perto das pessoas. Fui ao shopping para ver se havia chegado uns estilos de camisas novas, quando me deparei com uma antiga amiga de escola, Katrina Darling. Nos esbarramos e ficamos conversando por um bom tempo. Até pedi permissão para acompanhá-la em uma loja de bijuteria onde ela iria comprar um colar de diamante de aproximadamente 55 milhões de dólares para o aniversário de sua mãe.
Lenka: Uau, isso é muito dinheiro!
Henry: Pois é, foi surreal. Depois que saímos da loja, fomos tomar um açaí porque estava um imenso calor. Depois, fomos para uma sala de jogos para nos entreter um pouco. Lá, deparamos com uma criança que olhava para nós e sempre sorria. A criança se aproximou e perguntou se éramos um casal. Nós rimos muito com isso.
Lenka: Que engraçado! E depois?
Henry: Após sairmos da sala de jogos, Katrina tropeçou em uma cadeira de uma lanchonete. Para impedir que ela caísse, a segurei e nossos olhos se fixaram diretamente. Naquele momento, um imenso clima surgiu entre nós. Nos aproximamos lentamente e começamos a nos beijar.
Lenka: E como foi depois disso?
Henry: Katrina sorriu, mas ficou meio calada. Eu me desculpei pela situação e a convidei para jantar em um restaurante por perto, se não viesse a incomodá-la. Ela aceitou e fomos para o local. O jantar foi agradável, mas, Lenka, o vazio ainda estava lá dentro de mim, mesmo estando com ela.
Henry: Então, Lenka, estávamos no restaurante e o jantar foi totalmente agradável. Conversamos sobre tudo, desde filmes até nossos sonhos para o futuro. Foi então que Katrina decidiu expressar seus sentimentos por mim.
Lenka: E o que ela disse?
Henry: A princípio, fiquei meio surpreso. Eu sempre imaginei que eu deveria ser o primeiro a demonstrar meus sentimentos e fazer a declaração. Mas naquele instante, Katrina me pediu em namoro.
Lenka: Uau, isso é diferente. E como você se sentiu?
Henry: Foi estranho. Quando ela se declarou, entrei no meu subconsciente e percebi que o vazio ainda estava lá. Pensei que a melhor chance de retirar essa escuridão do meu ser era dar uma oportunidade para Katrina. Mas isso gerou um grande peso na minha consciência, porque eu praticamente não sentia nada por ela. E assim começou um "amor sem paixão".
Lenka: Entendo. E como você lidou com isso?
Henry: Decidi procurar meu primeiro emprego para assumir as responsabilidades no nosso relacionamento. Queria garantir que não nos faltasse nada. Eu não iria abandonar o colégio, então frequentava o fundamental no período da manhã. Depois da aula, ia diretamente para casa, almoçava e ia para o trabalho, retornando somente à noite.
Lenka: Isso deve ter sido muito cansativo.
Henry: Sim, foi bastante. Mas quem nunca fez uma loucura antes por alguém que atire a primeira pedra. Achei que, ocupando minha mente, conseguiria retirar o vazio do meu ser, seguindo o conselho da psicóloga. Aplicando isso no meu cotidiano, tudo poderia se estabilizar e voltar ao normal.
Lenka: E você conseguiu um emprego logo?
Henry: Em poucas semanas, desde que entreguei meus currículos pela cidade, consegui a oportunidade de trabalhar num restaurante como garçom. No entanto, nem sabia que em breve surgiriam grandes conflitos no meu relacionamento com Katrina.
Lenka: Que tipo de conflitos?
Henry: Sempre que nos encontrávamos para sair, ela demonstrava uma grande revolta e uma crise de ciúmes. Ela vivia arrumando novas questões, sem motivos, até que decidi perguntar o que a estava incomodando.
Lenka: E o que ela disse?
Henry: Ela perguntou se eu estava traindo ela. Eu respondi que não, mas com um olhar bastante sério, Katrina iniciou uma discussão. Em vez de afrontar, analisei a situação e perguntei se ela já tinha se relacionado seriamente com alguém antes e como eram seus relacionamentos passados.
Lenka: E como ela reagiu?
Henry: Katrina ficou com um olhar de tristeza e ficou calada por um bom tempo. Depois de cerca de seis segundos, ela começou a falar sobre seus relacionamentos anteriores e os danos que haviam sido causados.
Lenka: Parece que ela tinha muita bagagem emocional.
Henry: Sim, e isso estava afetando nosso relacionamento. Foi um momento de entendimento, mas também de muita dificuldade para mim. Foi então que...
[O telefone de Henry toca abruptamente, interrompendo a conversa. Ele olha para o identificador de chamadas e suspira.]
Henry: Desculpe, Lenka, preciso atender essa ligação.
[Henry se afasta um pouco e atende o telefone. A conversa é breve, mas a expressão no rosto dele muda drasticamente. Ele desliga e volta para Lenka.]
Henry: Lenka, eu... eu preciso ir. Algo urgente surgiu e não posso adiar.
Lenka: [preocupada] Está tudo bem, Henry? Parece sério.
Henry: Sim, é sério. E... acho que não terei a chance de continuar essa conversa. Talvez, talvez seja melhor assim.
Lenka: O que você quer dizer com isso?
Henry: [com um olhar triste] Lenka, a verdade é que eu não sei ainda, mas podemos marcar para uma próxima. Eu tenho que ir urgentemente!!!
Lenka: [segurando as lágrimas] Henry, não pode ser assim. Nós... nós somos amigos, compartilhamos tantas coisas...
Henry: [tocando levemente a mão de Lenka] Eu sei. E por isso mesmo, preciso que você siga em frente e prometo que vou entrar em contato, mas agora não posso esclarecer mais coisas. Vou sempre lembrar de você com carinho.
Lenka: [com lágrimas nos olhos] Henry, por favor, não vá assim...
Henry: [se afastando lentamente] Adeus, Lenka. Cuide-se.
Henry se vira e sai, deixando Lenka sozinha. Ela o observa desaparecer na noite, sentindo um vazio que só a perda de um amigo querido pode causar. E naquele momento, Lenka sabia que aquela despedida marcaria para sempre suas vidas.
O ambiente ao redor parece mais escuro e silencioso do que antes. A rua, antes movimentada, agora está quase deserta, e as sombras das árvores se alongam de maneira inquietante sob a luz pálida dos postes. A brisa que antes era suave agora parece gelada e cortante.
Lenka apressa o passo, sentindo um desconforto crescente. Ela olha ao redor, mas não vê ninguém. O som de seus passos ecoa na calçada, criando uma sensação de isolamento. De repente, ela ouve um ruído estranho atrás de si, como se algo ou alguém a estivesse seguindo.
Lenka: [olhando para trás nervosamente] Quem está aí?
Não há resposta, apenas o silêncio opressivo. Ela acelera o passo, o coração batendo mais rápido. A sensação de ser observada se intensifica. De repente, um vulto aparece na esquina da rua, parado e olhando fixamente para ela.
Lenka: [com a voz trêmula] O que você quer?
O vulto não responde, mas começa a se mover na direção dela, lentamente, como um predador. Lenka sente o medo tomar conta de seu corpo. Ela começa a correr, mas o vulto acelera, mantendo a mesma distância. Os sons de passos rápidos e respirações ofegantes enchem o ar.
Ela dobra uma esquina, tentando escapar, mas tropeça e cai no chão. Lenka olha para trás e vê o vulto cada vez mais próximo. Seus olhos se enchem de terror.
Lenka: [gritando] Socorro! Alguém me ajude!
Ninguém responde. A rua está deserta. O vulto está agora a poucos metros dela. Lenka tenta se levantar, mas suas pernas estão fracas. O vulto se aproxima cada vez mais, até que uma mão gelada e firme a agarra pelo ombro.
Lenka: [lutando para se soltar] Não! Por favor, não!
De repente, tudo fica escuro. O silêncio é absoluto, exceto pelo som distante de passos apressados desaparecendo na noite. A cena é tomada por uma escuridão total, deixando apenas uma sensação de medo e mistério no ar.
No dia seguinte, os jornais relatam um desaparecimento inexplicável naquela mesma rua, envolvendo uma jovem que havia acabado de se despedir de um amigo.