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Coroa de Brandon - [PT-BR]

Esperando ansiosamente, Brandon pensava em seu amado que havia partido para a guerra. Três longos anos foi o período que não o via. Eles se comunicavam às vezes por cartas, mas não era o mesmo que tê-lo ao lado em seu dia a dia. No entanto, o momento esperado havia chegado. O fim da guerra foi anunciado e era naquele dia que ele chegaria. Toda a mansão estava se arrumando para a chegada dos jovens mestres, e o casal Miller e o jovem James estava em frente a porta, pois foram informados que seu grupo havia chego às terras. Brandon não demonstrava o que realmente estava sentido em seu rosto, porém seu interior estava em um estado de euforia. E como se seus pensamentos felizes e animados fossem poeira ao vento, o que ele teve que ouvir foi chocante e perturbador para ele. O homem que ele amava estava noivo. * Desacreditado no que tinha ouvido da própria boca daquele que um dia amou lindamente, ele não conseguiu pensar além daquelas palavras. Como ele pensava que aceitaria aquilo? Era isso a extensão de sua consideração por ele? No fim, Brandon decidiu-se. Não havia como pensar, esquecer e até superar estando em tal lugar. Ele tinha que mudar. Um lamento cresceu em seu peito ao pensar nas pessoas com quem viveu por longos anos, mas era necessário para si e seu coração. O rapaz só não pensaria que ao se mudar, um lobo de olhos vermelhos eventualmente tomaria seu coração para si. {Boys Love | Fantasia Romântica}

MundosdeL · LGBT+
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39 Chs

4.7

"Anunciando a entrada da esplêndida família imperial do Império Yulard. Sua Majestade, o Sol do Império, o imperador Félix Varkin Yulard. Sua Alteza Imperial, o herdeiro de Soleil, o príncipe herdeiro Aiden Valkirien Yulard. E Suas Altezas, o primeiro príncipe Daniel Venion Yulard e a primeira princesa Elise Vied Yulard." O homem na entrada gritou para todos os convidados, apresentando aqueles que entravam pela porta que foi aberta logo após sua fala.

O digno homem, que muitos deles viram antes e assistiam em um trono durante a premiação no templo, o imperador Félix, caminhava para dentro do salão.

Ele carregava uma longa capa vermelha que se estendia até o chão, com o símbolo de sua família. Junto a isso, estava sua roupa de cor vermelha com preto e detalhes especiais, tudo bordado à mão e com a mais qualidade, grudada em seu corpo de forma que os músculos pareciam estar saltando. Seu corpo grande e enorme aura que o mesmo possui faz todos inconscientemente baixar a cabeça e demonstrar respeito. A mesma grandeza vista no templo não foi nem mesmo diminuída em nada no próprio banquete da família.

Atrás dele estava o príncipe herdeiro, não muito diferente de seu pai, mas com uma mudança de cores, branco e dourado, que rodeava os limites da roupa e contornavam os botões de sua camisa e os ombros. Os cabelos cacheados loiros dançavam em sua cabeça, enquanto andava, dando um ar de graça e de charme, enquanto seus olhos castanhos brilhantes olhavam para todos com alguma gentileza e educação, como um bom menino vendo convidados em sua casa. Ele não aparentava nenhuma mudança depois de ter sido nomeado como príncipe herdeiro.

O príncipe Daniel vinha atrás de ambos e ao seu lado estava a princesa Elise. Os dois estavam vestidos formalmente da mesma maneira que os outros convidados, com roupas perfeitamente feitas para a ocasião, só que com um grau de qualidade e design acima.

Daniel vestia um casaco azul escuro com um design um tanto inovador e detalhes novos. Seu visual era diferente de todas as roupas vistas antes e foi feita por ele mesmo durante um momento de inspiração. A roupa e sua aparência gentil formavam a imagem de um homem simpático e muito educado, embora seus traços bem masculinos sejam uma cópia do rosto do imperador e com ela a frieza do mesmo. Era contraditório, mas por isso, ninguém conseguia descobrir se ele estava afetado por seu irmão, o príncipe Aiden, ter sido nomeado herdeiro ou não.

Elise, a primeira princesa do império, usava um vestido amarelo vivo desenhado por seu primeiro irmão, ressaltando seus cabelos loiros cacheados volumosos, que se destacavam com o conjunto da roupa e em sua pele cor chocolate. Era uma beleza e seus admiradores sentiram seu coração faltar duas batidas no coração e rapidamente tiveram seus rostos corados por tal visão. Ela sorria tão gentilmente quanto seu segundo irmão e tão elegante quanto seu pai.

Era tão linda. Muitos dos convidados no banquete só de olharem para ela não conseguiram pensar em como dois homens, o Grão-Duque e o mercenário Celestia, recusaram a proposta de se casarem com ela.

A família imperial caminhou para o meio do salão e se espalharam, o imperador para seu lugar e o trio para socializar.

Aiden procurou habilmente seu melhor amigo dentre todas as pessoas do salão sem deixar óbvio, enquanto lidava com aqueles que se aproximavam dele, com um sorriso e da mesma maneira sociável. Ninguém tinha uma reclamação e ele tinha uma conversa agradável com todos os nobres, até com os quais odiava ou repugnava.

Um príncipe, especificamente o herdeiro, tinha que saber lidar com todos os tipos de pessoas. E isso ele realizava muito bem.

Ele o achou e aproximou, sorrindo alegre, mas seus olhos castanhos brilhavam ao notar o estado de seu amigo.

Cédric estava parado em sua mesa, sentado em sua cadeira, em postura ereta e com as mãos na superfície plana. Seus olhos pretos estavam focados na taça de champanhe em sua mão, mas obviamente sua mente estava voando em algum lugar que não era naquela sala, muito menos no banquete. Talvez esteja pensando em um certo ruivo que ele viu mais cedo.

Aiden estreitou os olhos. A conversa que teve com Cédric veio à sua mente, lembrando-o sobre o efeito que teve na marca do amigo ao ver o garoto. Ele não achava que tinha algo demais naquele garoto, afinal, não sentiu nada demais. Era misterioso e ele ficou um pouco curioso, de fato, mas era um assunto de Cédric. Se fosse ele, ele faria o mesmo e procuraria a fundo, o que tinha certeza que seu amigo tinha feito.

No entanto, vê-lo daquela forma, pensativo, o fez sentir como se algo mais tivesse acontecido. O Noir sequer o notou se aproximar e ficar ao seu lado, apenas virou a cabeça em sua direção quando sentou no outro lado.

"Um ouro por seus pensamentos." Disse brincando. Se ele tivesse uma moeda, com certeza teria mostrado.

Cédric permaneceu inexpressivo, olhando para ele. Aiden quase estalou a língua e reclamou da falta de humor do amigo, antes de ir ao assunto que estava curioso.

"Perguntou sobre o assunto da marca depois da festa?" Perguntou, tomando um gole da bebida em suas mãos. "Não me responda, tenho certeza que sim. Só me diga o que descobriu."

A atmosfera próxima da mesa de ambos tornou-se mais fria e mais forte, exercendo um pouco mais de pressão, afastando as pessoas próximas dos dois. Isso era para que a conversa dos dois não fosse escutada. Claro, isso era precaução, porque Aiden colocou uma magia à prova de som no momento que se sentou, pois sabia que era necessário.

"Vai ficar no suspense? Deve ser algo importante para afastar eles, mesmo sabendo da magia."

Cédric suspirou, ele não sabia o que pensar ou o que dizer. Relembrar a conversa e contar ainda dava a impressão de que era irreal.

"Depois da festa, eu fui ao Bispo Martin perguntar sobre a marca." Começou a dizer e Aiden prestou atenção. "Contei que quando via ele minha marca começava a doer e arder. A pele em volta formiga ficava vermelha depois. Não sabia o porquê, mas só acontece quando eu olho ou estou perto dele. Também quando penso nele, mas é fraco e bem suportável."

"Só que…" Ele hesitou, não sabendo como contar para Aiden o que o Bispo Martin disse e como agiu depois.

O príncipe nada dizia, vendo como a indiferença de seu amigo estava rachada e um traço de emoção estava no rosto. É óbvio que isso é importante para ele pela forma como ele está falando muito, deve ter sido surpreendente e o afetado demais. Ele só ficava mais curioso para saber o que era.

"Só que assim que terminei de falar, Martin estava me olhando como se não acreditasse, surpreso. Ele não me perguntou se era verdade, apenas puxou um livro grosso de sua estante o abriu para mim, explicando o que é e com exemplos."

"Ele me parabenizou." Cédric olhou sério nos olhos castanhos do príncipe. "Por encontrar aquele que me completa, minha alma gêmea."

Aiden encarava o rosto de Cédric e vendo o mesmo beber todo álcool da taça, não conseguiu dizer nada. Ele o seguiu e tomou um pouco de sua bebida, mas deixou o suficiente. Ele observou o amigo atentamente para saber como ele reagiu, mas não encontrou nada que afetasse uma grande anormalidade, somente o que reconheceu como surpresa e uma sensação de irrealidade.

O príncipe compreendia a reação de seu amigo, principalmente por conhecer algumas de suas motivações e sua personalidade, e acredita que essa é uma boa resposta para essa descoberta inesperada. Se for para dizer, ele também está surpreso por Cédric ter uma alma gêmea. A história de Celestias encontrando sua alma gêmea não é algo tão famoso e conhecido por todos, mas ele, como um Celestia e herdeiro do trono, naturalmente tem conhecimento do fato, já que faz parte das histórias do império.

Tais fatos podem ser encontrados na biblioteca imperial e no templo, só não muito pesquisado, mas não que fosse não era importante para as pessoas da época, apenas que não era muito difundido ou falado, até esquecido. Os registros afirmam que tal acontecimento é tão raro e precioso que beira a própria impossibilidade, mas que acontece com a ajuda da graça dos deuses. Ao todo, no território do império, aconteceu cinco vezes, datando desde a Era das Trevas até a primeira metade dos anos do império.

Por isso, é chocante que seu amigo tenha um. E, em sua opinião, bom também.

Cédric era alguém que merecia ter alguém para amá-lo e que ele pudesse se abrir com ele, compartilhar seus problemas que o atormentam, desmanchando um pouco do homem de gelo e ferro que foi criado para sua proteção. Ele sabia que o amigo foi e está muito influenciado pelos fantasmas do passado e isso interfere e não faz nenhum bem. Por isso, ele sempre torceu para que o coração frio fosse derretido por alguém.

Mesmo que fosse um homem.

O príncipe herdeiro não tem nenhum preconceito com aqueles que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Quantas histórias ou casos ele teria ouvido de homens que tiveram se relacionado durante sua estadia no exército ou em guerras. Até um de seus subordinados mais confiáveis estava namorando outro homem e teve suas bênçãos, então, para ele, não era o fim do mundo.

E pelo que ele está vendo no Grão-Duque, não há um toque de preconceito ou desgosto em seu rosto, voz ou atitude. É mais como se ele tivesse aceitado um fato já descoberto e não fosse um problema. O garoto ruivo deveria ter lhe afetado mais do que ele imagina, se ele estava assim apenas por vê-lo.

Seria esse o efeito de uma alma gêmea?

"Meus parabéns. Isso é bom, não é?" Ele disse, sorrindo, erguendo um pouco sua taça em um pequeno brinde. Cédric o olhava um tanto questionador. "Significa que ele é perfeito para você. Estou com inveja, não vou mentir."

O Grão-Duque não falou, permanecendo inexpressivo e sério. Logo, o loiro descobriu que havia um problema.

"Há algum problema? O garoto sabe?"

"Ele não sabe. Ele não é um, ainda." Disse, com a voz baixa.

"Ele não é um?" Aiden repetiu, logo caindo em si.

Os Celestias que encontraram suas almas gêmeas no passado eram todos Celestias, não havia nenhum Celestia que havia encontrado sua alma gêmea em uma pessoa comum. O motivo é que a própria marca é uma "bússola" ou "sinal" que indica a presença daquele que completa. E se o garoto ruivo é um Celestia, é impossível ele não ter reagido com Cédric também na mesma sala com ele durante a festa pós-premiação. Contudo, pelo que ele viu, o mesmo agiu normalmente, sem nada incomum.

"Você acha que ele é um candidato?" Questionou. "Mas se fosse, sua marca deveria reagir?"

"O Bispo Martin diz que não. Ele acha que é um puro-sangue."

"Um puro-sangue…" O loiro murmurou. Ele estranhou ao pensar se realmente fosse um. Mas não era incomum, ele poderia ser um bastardo de algum Celestia que de alguma forma veio para o império. "Isso pode explicar, significa também que não está desperto."

Aiden fitou o rosto do amigo. Ele estava balançando o álcool na taça, enquanto pensava.

"Você vai esperar? Ou… Vai até ele?"

"..." O silêncio surgiu entre os dois. Cédric apertou os lábios, enquanto mexia em suas mangas de forma que Aiden não via. "Não sei."

"Hmm…" Ele ergueu o canto de seu lábio e deu um sorriso. "Essa conversa tinha que ter mais álcool." E riu.

O homem viu o amigo terminando a bebida que segurava e estava hesitando em perguntar. Ele, em seus 25 anos, crescido e se tornado um dos melhores espadachins do país e que não tem medo do campo de batalha, não sabe como se comportar e quer pedir ajuda ao seu amigo. Aiden riu da cara de Cédric por vê-lo de tal maneira, recebendo um franzir de sobrancelha.

A imagem do Grão-Duque, o homem tão alto vestido da melhor maneira, com uma aparência fria e elegante, além da personalidade alienada e indiferente, estava se comportando como um adolescente inexperiente frente ao seu primeiro amor, era uma visão e tanto. Única, devia ser dito.

Isso o fazia lembrar da sua adolescência, quando gostava de uma senhorita que viu em uma das festas.

"Diga-me. Não tenha vergonha. Eu posso ajudá-lo."

"Como acha que devo me comportar?" Perguntou, enfim. "Devo ir atrás dele?"

"Primeiro, você tem que se perguntar." Aiden sorriu, com um brilho nos olhos e curioso pela resposta do amigo. "Você daria uma chance a ele?"

*

A luz de uma pequena vela brilhava no quarto escuro, enquanto um vento fresco entrava pela janela e ventilava tal lugar. A pouca iluminação era o suficiente para o jovem ruivo, que estava em sua cama, ler um dos livros que comprou em seu passeio pela capital. Ele estava se divertindo, com o silêncio e calmaria que vinha de se estar sozinho.

Brandon estava em seu quarto desde a partida da família Miller para o banquete no palácio. Como ele sabia que não estava permitido a ir por causa de seu status como servo, ele tomou a atitude de apaziguar James e acalmá-lo o suficiente e prepará-lo, de forma que ficasse bom. Não era uma ordem da Condessa ou do Conde, mas ele sabia que James iria até ele para pedir opiniões e também gostava da sua companhia.

Ele tinha ido e se despedido de James e dos outros na entrada da mansão ainda, mesmo com os lamentos do garoto Miller por ele. Naturalmente, não deu atenção ao casal sensação que ia também, nem aos olhares pouco discretos que pegava de Phillip sobre si. E depois voltou ao quarto e ficou lendo, por não ter trabalho a ser feito.

Brandon era um servo da família Miller, mas era mais um assistente do conde e babá de James que um servo propriamente dito. Isso não mudava o fato de que ajudava em algumas coisas pela mansão do condado ou da própria capital, mas que não tinha muito trabalho agora que está na capital e a família Miller saiu.

Seus planos da noite somente incluíam ficar em seu quarto e aproveitar a paz que sentia lendo um livro até James chegar ou ficar com sono, o que viesse primeiro.

Era agradável e bom para ele.

Contudo, não seria naquele dia que suas ideias se concretizaram, porque depois de um tempo que a carruagem tinha partido e ele estado no quarto, sons de batida foram feitos em sua janela, atraindo sua atenção. Ele abaixou o livro que lia e direcionou a visão das esmeraldas em seus olhos para a janela, vendo um mão bronzeada, com seu dedo indicador batendo na madeira do objeto.

Ele conhecia aquela mão e saberia que era Nott, só pela imagem.

Brandon endireitou-se em sua cama e se sentou, depois levantando-se e indo em direção à janela, vendo o jovem de cabelos castanhos e olhos uísque, com o rosto gentil e sorrindo para ele de forma animada. Ele também sorriu, retribuindo e cumprimentando-o, após se inclinar sobre o batente, com o corpo e a cabeça um pouco para fora, enquanto olhava para ele.

"O que faz a essa hora aqui, Nott?" Indagou, curioso. Já passava das 19h, e a essa hora o cavaleiro deveria estar jantando ou treinando, talvez até em seu quarto descansando, por mais cedo que fosse.

"Vim te convidar para sairmos." O cavaleiro disse. "O festival da Celebração da Vitória está acontecendo e pensei que podíamos ir juntos. Quer ir?"

O ruivo pensou. O festival é a forma que os plebeus comemoram a Celebração da Vitória, já que não podem entrar todos no templo ou estarem no banquete dado pelo palácio aos nobres. Às ruas estarão movimentadas, com todos os tipos de eventos e bem animado.

Os senhores saíram e liberaram boa parte do pessoal hoje, já que é feriado. E com certeza demorariam. Além do mais, caso James chegue antes, ele gostaria de saber como era o festival fora do castelo imperial.

Não é, de forma alguma, uma má ideia. É até melhor que ficar em seu quarto. E bem divertido.

"Tudo bem." Concordou. "De encontro na porta de entrada."

"Ok, te vejo lá." Nott assentiu, sorrindo, e afastou-se da janela.