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Coroa de Brandon - [PT-BR]

Esperando ansiosamente, Brandon pensava em seu amado que havia partido para a guerra. Três longos anos foi o período que não o via. Eles se comunicavam às vezes por cartas, mas não era o mesmo que tê-lo ao lado em seu dia a dia. No entanto, o momento esperado havia chegado. O fim da guerra foi anunciado e era naquele dia que ele chegaria. Toda a mansão estava se arrumando para a chegada dos jovens mestres, e o casal Miller e o jovem James estava em frente a porta, pois foram informados que seu grupo havia chego às terras. Brandon não demonstrava o que realmente estava sentido em seu rosto, porém seu interior estava em um estado de euforia. E como se seus pensamentos felizes e animados fossem poeira ao vento, o que ele teve que ouvir foi chocante e perturbador para ele. O homem que ele amava estava noivo. * Desacreditado no que tinha ouvido da própria boca daquele que um dia amou lindamente, ele não conseguiu pensar além daquelas palavras. Como ele pensava que aceitaria aquilo? Era isso a extensão de sua consideração por ele? No fim, Brandon decidiu-se. Não havia como pensar, esquecer e até superar estando em tal lugar. Ele tinha que mudar. Um lamento cresceu em seu peito ao pensar nas pessoas com quem viveu por longos anos, mas era necessário para si e seu coração. O rapaz só não pensaria que ao se mudar, um lobo de olhos vermelhos eventualmente tomaria seu coração para si. {Boys Love | Fantasia Romântica}

MundosdeL
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39 Chs

3.4

A jovem e bela mulher saiu do vestiário com um lindo vestido que descia até o chão e de cor branca. Com detalhes prateados e figuras espalhadas pela roupa, ela parecia um anjo ou uma santa de um deus. Ninguém poderia negar que ela estava linda naquele vestido. Era perfeito. Seu rosto não ficava muito apagado e os olhos combinariam com alguns acessórios que fossem colocados. 

Seus passos foram dados e ela estava de frente para as três pessoas à sua frente. O homem estava vendo com olhos indiferentes e a condessa sorria ao ver sua imagem esplêndida, contente por achar exatamente o que queria. A atendente estava surpresa pela beleza que aparecia em sua frente, sentindo seu coração falhar uma batida. 

Palmas foram ouvidas e todos fitaram a condessa animada. "Acho que encontramos a roupa para a celebração." Ela anunciou.

Johannes suspira de alívio. Somente ela sabia o sofrimento que era trocar mais de vinte vestidos para somente escolher um no final, sendo que não é tão fácil de colocar quanto alguém acha. Além disso, sempre havia mais um na pilha para provar que a condessa encontrava. Foi muito demorado.

"Madison, nós vamos ficar com aquele."

"Tudo bem. Senhorita Johannes, por favor, me siga para retirar o vestido." Madison diz, indo em direção ao provador.

"Quem diria que ela ficaria tão linda naquele vestido." Claire comentou, ao vê-las se afastarem. Virando-se para Brandon. "Você realmente é muito bom. Tenho que levá-lo mais vezes quando for comprar os meus."

"Mas já não leva, senhora?" Brandon perguntou sorrindo.

"E deixá-lo escolher." 

"Novamente, já não faço?" Retruca de novo, recebendo um olhar da condessa.

"Você normalmente não me respondia, mas agora está me retrucando." Ela estreitou os olhos, lançando-lhe um sorriso maldoso. "Isso é bom. Significa que você está um pouco melhor e deixou o desconforto que sentia mais cedo de lado, não?"

Ele parou por um segundo, antes de se endireitar. Brincar com a condessa significava ser provocado de volta. Ele sabia, só não esperava que ela iria direto para tal assunto. 

"Eu estou ótimo, senhora." Respondeu com um tom educado. 

"Não finja, Brandon. É impossível esconder de mim. E me lembro de ter dito para falar comigo quando algo estava te entristecendo que eu iria ouvir e falar contigo." Ela pausou. "E se minha suposição estiver correta, é algo haver com Johannes, não é? Ela também parece pouco à vontade quando está próxima a você."

Ele não disse nada, ficando calado, com seus olhos verdes fitando os castanhos dela. Brandon não diria, embora quisesse desabafar um pouco alguém, ele não podia. Principalmente com a mulher que era a mãe de seu principal problema. No momento, ele só queria viver sua vida normalmente e esquecer aquilo em suas memórias, como se nunca tivessem existido.

Ela suspirou. "Não vou te forçar a nada. Só lembre-se de vir até mim quando precisar. E… Que Johannes parece uma boa garota. Tentem se dar bem."

"Eu sei." Ele só respondeu isso.

Johannes, em sua visão, não tinha culpa nisso. Ela parecia ser uma boa pessoa. E mesmo que ela tenha conhecimento de que Phillip e ele tinham um relacionamento, era há três anos. Eles estavam separados há tanto tempo e tinham uma promessa, mas não foi ela quem quebrou, foi Phillip, logo não há motivo para não gostar dela. Ele só não conseguia se aproximar daquela que Phillip tem no coração agora. 

Era estranho e um pouco doloroso, por vê-los como um casal feliz quando ele está de coração partido.

Logo, Johannes e Madison voltaram. A condessa levantou-se e seguiu Madison para pagar o vestido. Johannes as observou e ficou com Brandon, sentando-se ao seu lado e observando discretamente de rabo de olho, parecido com o que havia feito mais cedo. Brandon, vendo isso, só pôde suspirar, mas não fez nada, apenas continuou esperando.

Foi Johannes a primeira que quebrou o silêncio entre eles.

"Obrigada por me ajudar a escolher o vestido para mim. Você foi de grande ajuda."

"Você não tem que agradecer. Esse é o meu trabalho, srta. Johannes."  Brandon respondeu. O tom de voz neutro e sem emoção.

Ela sorriu desajeitadamente para ele, um pouco forçado. Não é mesmo confortável estar em uma situação dessas, com o ex-namorado de seu noivo, sendo uma das duas pessoas que sabe que não há amor entre ela e ele, mas o resto acha que há. De certa forma, ela o acha lamentável, mas também forte, por se comportar de educada consigo, mesmo que soe frio e indiferente, por causa do trabalho.

Sendo honesta consigo, ela pensou que poderia formar uma amizade com ele, mas é claro que era só otimismo demasiado. Brandon era indiferente e profissional, sem motivo para eles se encontrarem, era óbvio que não haveria como cultivar um relacionamento amigável com ele, adicionando seu relacionamento com Phillip e o dele, não seria surpresa que ele tivesse hostilidade, mas não era o caso. 

O homem à sua frente parecia inabalável, resistente e nada afetado por sua existência. Ela não sabe se isso era somente uma fachada ou se é realmente o estado de espírito depois. Mas, só em sua suposição, ela achava que ele ainda amava Phillip e ficou muito triste ao saber do noivado, por causa das histórias que ela ouviu de seu noivo. Talvez isso a fizesse simpatizar por ele, depois de assistir a tantos relacionamentos fracassados em sua carreira. 

Não houve mais nenhuma interação entre os dois até que a condessa chegou e o trio partiu em direção à propriedade dos Miller.

*

Um suspiro saiu dos lábios avermelhados quando ela chegou ao quarto. Deuses, Johannes estava cansada e se sentiu como se estivesse chegando no paraíso ao entrar no quarto e não ter que aturar mais o desconforto que Brandon estava lhe proporcionando. A condessa também estava um pouco entusiasmada demais, falando sobre como o vestido era ideal e que ela seria a moça mais bonita na celebração. E também, suas costas estão com dores de tanto ter que trocar de roupas.

No entanto, isso foi momentaneamente esquecido pela figura que ela encontrou no quarto. Phillip estava sentado na cama, lendo alguns papéis que trouxera e focou sua atenção nela. Não demonstrava nada, apenas neutralidade que sempre tinha desde a primeira vez que o viu, com raras exceções. Ele observou mais um pouco, antes de voltar a atenção para os papéis.

"O que faz aqui?" Ela indaga. Ele só aparecia de noite para continuar a farsa de seu relacionamento. "Me esperando? Achei que nesse horário estaria treinando com os outros cavaleiros."

"Não. Terminei mais cedo e meu pai me entregou esses documentos para eu dar uma olhada, já que Brandon saiu com vocês." Dessa vez, sua atenção se desviou para ela. "Como foi?"

Os lábios da mulher se torceram um pouco. Ela sabia do que ele estava perguntando e se sentiu um pouco complicada depois do que tinha que passar no caminho de ida e na volta também. Ela achava que o fato dela e Brandon ficarem em um espaço pequeno e fechado da carruagem era ainda pior do que quando estavam próximos à loja. 

No fim, não havia nada o que fazer. 

"Encontramos um vestido que Brandon escolheu e sua mãe aprovou. Foi uma tortura." Ela reclamou. "Tive que experimentar um mar sem fim de vestidos. Não quero nem pensar em ter que fazer isso de novo." 

"Entendo. Minha mãe pode ficar muito animada quando faz algo que gosta." Houve uma pausa. "E ele?"

"Ele estava bem. Foi educado e me ajudou, mesmo sem ter que pedir." Ela o encarou diretamente. "Toda vez que o vejo, sinto que ele é uma boa pessoa. Não teve um olhar de aborrecimento ou de irritação em minha direção durante as horas que ficamos juntos. Era como se realmente visse como só um trabalho. É incrível." 

"Hm." Um som foi feito e ele desviou sua atenção novamente.

Ela prestou por alguns segundos, antes de trocar de roupa no banheiro. Ela não entendia o que se passava na mente de Phillip para desistir de Brandon, quando era óbvio que ele o amava. Embora ela tenha ideias e teorias do porquê, e ele mesmo tenha dado um motivo, achou que era raso e não o suficiente para isso.

No entanto, mesmo que tenha tais dúvidas e não concorde com seu ponto de vista, não é ela que tem que mudar de ideia, muito menos irá sugerir isso. Ela tem uma boa impressão de Brandon, mas isso não é suficiente para mudar seus planos. Ela concordou com isso e irá seguir o combinado. Pelo menos, enquanto Phillip continuar com essa peça.

Phillip estava encarando o papel que estava em sua mão, mas seus pensamentos em outro lugar. Especificamente, em um outro homem de cabelos vermelhos, olhos verdes e um sorriso lindo que fazia seu coração palpitar rapidamente toda vez que o via ou o olhava. E tal imagem se sobrepôs a que ele viu no salão da mansão, enquanto se comportava como um noivo preocupado na frente daquele que realmente gostava, com um rosto frio e indiferente.

Ele se perguntava, como era tão diferente? Como ele foi capaz de mudar tanto em apenas alguns anos? Isso era possível? Parecia outra pessoa, mas era a mesma. 

Ele ainda se lembra de como Brandon era capaz de se expressar vividamente, onde tudo era exposto em seu rosto. Sua alegria, sua tristeza, até sua raiva e calma. Tudo era demonstrado naquela face que parecia brilhar quando estava com ele. Um jovem que era bastante expressivo que mostrava o quanto o amava sempre que o via. Contudo, agora, ele era quase inexpressivo. 

Sua expressão era fria e indiferente no trabalho, somente sorrindo para James e para sua mãe, mas isso era esperado. Porém, ele também viu quando o outro conversava com Ferion, era mais suave do que antigamente e mais amigável também, parecendo velhos amigos. Phillip sabia que eles estavam trabalhando juntos, mas não achava que se dariam tão bem. Ele também sabia que nada aconteceria, mas ficou com um pouco de ciúmes e inveja de seu irmão. 

Um suspiro saiu de seus lábios. Três anos se passaram e tudo mudou. Ele estava noivo e seu amado parecia indiferente a ele. Embora fosse ele que buscasse o primeiro, não queria que o último acontecesse. Sentia-se como uma escória, mas, bem, era como era. Ele só podia aceitar, pois era um covarde.

*

O dia da partida para a capital chegou. 

A manhã estava no começo, mas já havia pessoas andando pela propriedade. Carruagens estavam postas em frente à entrada, algumas para levarem a família Miller, enquanto outras estavam recheadas de bagagens e destinadas a uso dos servos e guardas. Os empregados guardavam as malas de seus senhores e preparavam tudo o que era necessário na estrada, para que não houvesse nenhum incômodo e, se houvesse algum incidente, pudesse ser resolvido rapidamente.

Brandon carregava sua mala. Peças de roupas eram o que mais a recheava junto com dois livros que levara para passar seu tempo. Ele estava pensando em como deveria ser o local, já que nunca fora. Mal conseguiu dormir direito, pois pensava em todas as possibilidades que poderiam acontecer e de antecipação. Ele estava confuso se ficou assim por ansiedade ou por sua animação, que fora contagiada por James, o qual estava todo animado para ir.

Assim que saiu pela porta de entrada, o ar frio da madrugada atingiu seu rosto e o fez corar levemente, enquanto dava um toque de refrescância na sensação de calor do verão. Ele estava de bom humor e caminhou até os veículos à sua frente. 

A Condessa Miller estava lá para coordenar, ao lado de Kevin, os criados e como devem ser feitos tais arranjos. Fazia muito tempo que Claire não fazia uma viagem à capital imperial. Somente Ivan era quem ia, durante o tempo de guerra. Ela estava alegre que seu rosto gentil parecia radiante naquele horário pela manhã. Kevin também estava seguindo suas ordens, agindo como um refinado e educado mordomo. 

"Bom dia, Brandon." Ela disse, sorrindo para ele, assim que o viu se aproximar.

"Bom dia, senhora. Bom dia, senhor Kevin." Ele cumprimentou, sendo retribuído por um acenar de cabeça do mordomo.

"Brandon, leve a mala para aquela carruagem ali." Ela apontou para uma específica. "E se prepare para ir com James. Você ficará responsável dele durante a viagem na capital, mas isso é algo que você já deve saber. Algum problema?"

"Nenhum." Ele sorri.

A carruagem destinada a uso de James, dele e Ferion era a segunda maior, atrás da que ficaria o conde e a condessa. E, atrás deles, iriam o casal de noivos. Brandon participou da organização da viagem como assistente do conde e teve interações com Kevin, por isso, ele garantiu que ele e o casal ficassem no mesmo local. Embora ele achasse que isso não ocorreria, pois seria responsável por James antes mesmo de chegarem à capital.

De qualquer forma, ele estava contente. Finalmente iria para a capital imperial e estava animado para isso. O fato dele não ter que ir numa viagem desconfortável com aqueles dois era um bônus. 

Brandon guardou a bagagem e braços o rodearam quando ele se aproximou da condessa. Cabelos roxos claros foram vistos quando ele se virou para ver quem era. O menino que o abraçava estava vestindo um casaco de cor escura e uma roupa confortável para o verão, que era leve no calor. Ele não conteve o sorriso que cresceu em seu rosto ao vê-lo. 

"Irmão! Bom dia." Diz a voz animada. "Nós vamos juntos, sabia?''

"Bom dia. Eu sei, a condessa me disse." Brandon acariciou os cabelos, afastando um pouco o menino que o soltava relutante. "Ferion também vai conosco."

"Tudo bem. Como você acha que vai ser a capital? Qual lugar nós vamos visitar primeiro? Que tal ir para a torre dos magos?"

"Acho que quando chegarmos nós estaremos cansados para decidir isso primeiro. Mas vamos ver. Não esqueça que também temos o festival. E podemos dar uma olhada na academia."

"Academia?" James indaga, como se nunca tivesse ouvido falar.

Não é surpreendente que James não tenha ouvido ou não se lembrasse, caso tivesse ouvido. A Academia Imperial de Yulard era uma instituição de educação recém-estabelecida há alguns anos, com pouca influência entre as classes aristocráticas, sendo mais utilizadas pela baixa nobreza, semi-nobres e filhos de comerciantes ricos e alguns plebeus. Muitas famílias de renome não confiam na educação dada exteriormente e preferem educar seu sucessor e suas crianças elas mesmas. E, por causa da guerra, muitos ficaram temerosos em colocar seus filhos em um local que poderia ser alvo do reino inimigo.

Brandon só soube que havia uma academia na capital quando pesquisou pontos que poderiam ser bons para visitar com James quando estivessem lá. A torre dos magos, a qual James está bem animado, era um local com uma torre de pedra com mais de cem metros de altura e ocupa uma área grande, sendo um dos principais pontos de turismo para aqueles que visitam a capital pela primeira vez. E, por conta de sua altura, consegue ser vista de longe.

"É um local onde várias crianças se reúnem para aprender."

"Oh." Ele soltou uma exclamação, balançando a cabeça. "Vou querer ver isso também."

"Claro." O ruivo concordou.

Os dois continuaram conversando enquanto iam direto para dentro do veículo, olhando para a Condessa Miller que coordenava com a ajuda do mordomo e parecia que não havia mais muita coisa para terminar. Ivan, o conde, já havia descido e estava ao lado de sua esposa, com uma de suas mãos entrelaçadas com a dela. Pareciam um casal adorável de meia-idade, pois toda vez que ele a olhava havia ternura em seu olhar.

Para os transeuntes que vissem tal cena e tivessem visto antes ele em outro lugar ou até em seu escritório, estranhariam, mas todos eles estavam acostumados. O conde era profissional com outras pessoas e sua expressão séria, que era semelhante a de Ferion em sete pontos de dez, se desfazia em uma gentil toda vez que via sua amada esposa. Isso acontecia desde que eram jovens e Claire não podia deixar de se orgulhar de escolher tal homem para ser seu marido. 

Por fim, todos os preparativos estavam prontos. Os membros da cavalaria do conde estavam prontos e os empregados também. Brandon procurava Nott no meio deles, mas não conseguia ver, mas sabia que estava entre eles. Ele tinha ido conversar com ele dias antes e sabia que ele ia com eles. Também foram ao orfanato para ver as crianças, os dois iam algumas vezes durante as três semanas que se passaram por preocupação e por gostarem das crianças que toda vez os saudava com alegria. 

No entanto, enquanto procurava Nott, o ruivo viu o casal de noivos saindo da mansão. Phillip segurava a mão de Johannes e a guiava, seguindo a conduta nobre ao ajudá-la a subir na carruagem. Alguns empregados até pararam de trabalhar para apreciar a visão do casal bonito passando entre eles. Poucos foram os que viram, mas muitos ouviram sobre os dois, então era natural estar curiosos. 

Brandon assistiu a cena e depois fechou a janela, distraído com o ar, antes de respirar e fingir que não viu nada. A viagem seria longa, mas boa.