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Capitulo 4.Precisso ficar mais forte.

Eu cresci ouvindo histórias do meu tio como, antes da chegada dos deuses e suas falnas, pessoas comuns enfrentavam monstros. Sem bênçãos divinas, sem poderes extraordinários, apenas a pura força de vontade e coragem.

— Hm...?

Parte de mim sempre achou isso uma bobagem. Como alguém poderia sobreviver a criaturas como as que encontro na Dungeon sem a proteção dos deuses? Mas, outra parte... outra parte de mim sempre dizia: Por que não? Vai deixar a velha geração superar você?

E acontece que agora eu estou sendo uma das provas vivas que isso está acontecendo claro que meu progresso está lento mas já é alguma coisa.

— SHYAAA!

O som agudo e estridente de um goblin me trouxe de volta ao presente. Com um movimento rápido, a criatura grotesca teve a cabeça estourada por uma de minhas flechas. Seu companheiro, surpreso, mal teve tempo de processar a morte antes de encontrar o mesmo destino.

Goblins. Inúteis sozinhos, mas perigosos em bando. Assim que esses dois caíram, outros cinco — não, seis — surgiram das sombras, querendo me cercar.

— Criaturas nojentas... — murmurei, enquanto mais uma flecha disparava, atravessando a garganta do mais próximo.

Um a um, eles caíam, suas tentativas desesperadas de me alcançar inúteis contra minhas flechas precisas. Até que sobraram apenas dois.

Quando os últimos tentaram avançar, larguei o arco e a aljava no chão. Eles queriam uma luta corpo a corpo? Pois bem.

Com um único movimento, saquei minha espada, e assim que o primeiro saltou para me atacar, sua lâmina o cortou ao meio. O segundo hesitou, percebendo a futilidade da situação, e fugiu, correndo de volta para a escuridão da Dungeon.

— Não vale a pena — murmurei, sem intenção de persegui-lo.

Foi então que um kobold emergiu da penumbra, sua clava pesada e já coberta de sangue. Imediatamente, flashes da luta de dois dias atrás passaram pela minha mente. Eu não sou do tipo vingativo, mas algo naquele momento acendeu uma faísca dentro de mim.

— Esse bastardo sabe lutar...

Observei o monstro por um momento, estudando seus movimentos. Ele não era como os outros kobolds que havia enfrentado. Sua postura, a forma como segurava a clava... ele sabia o que estava fazendo.

Adotei uma postura defensiva, minha espada voltada para baixo, ligeiramente ao lado do meu corpo. A lâmina, mais própria para perfurações do que cortes, estava perfeitamente posicionada para o contra-ataque.

O kobold, impaciente, não se importava com a minha estratégia. Ele avançou com um ataque pesado, balançando sua clava com intenção mortal. No último momento, guiei o golpe para o chão com um leve desvio, usando sua própria força contra ele. Então, aproveitei a abertura. Em um único movimento, minha lâmina cortou limpidamente através de seu pescoço, separando a cabeça do corpo.

— Acho que esse foi o golpe mais limpo que fiz em muito tempo — pensei, observando o corpo inerte cair ao chão.

...

Depois de recolher minhas flechas, segui para o nível 12, onde enfrentaria o dragão infante. Como era o único presente na Dungeon, eu precisava preparar-me meticulosamente. Apesar de me considerar um pouco melhor que um simples aventureiro comum, sabia que enfrentar o dragão sem um planejamento cuidadoso seria um erro fatal.

Como meu tio me ensinou, eu iria caçá-lo com precisão. Gastei uma quantia considerável em preparativos 

"Prefiro não pensar nos números exatos."

Falhar não era uma opção neste momento.

Cheguei ao andar de madrugada, após ter saído de casa à noite. Havia descansado bem para essa tarefa.

Carregava comigo um arco recurvo, um pouco maior que a maioria e menor que um arco longo. Embora precisasse de mais força para puxar do que o meu antigo arco, ele era superior em todos os aspectos. Levei duas bolsas de flechas: uma menor com flechas comuns e uma maior com flechas inteiramente de aço feitas para maior impacto e perfuração.

Além disso, trouxe uma variedade de poções para garantir que estivesse preparado para qualquer imprevisto. Também havia adquirido um pedaço de armadura que, com o conhecimento adquirido com meu tio, modifiquei para minha conveniência.

Removi as partes desnecessárias e adaptei a armadura para priorizar a praticidade — um peitoral de placas que cobria o centro do corpo, leve o suficiente para não atrapalhar a corrida, mas resistente o bastante para não ser rasgado ao primeiro toque.

Para os membros, optei por luvas escuras e avambraços que iam até o cotovelo, em vez da barulhenta malha e ombreiras pequenas que foram escondidas pelo meu manto.. Nas pernas, usei apenas botas grossas de couro, sem placas da cintura para baixo.

Estava pronto.

Ao adentrar o nível 12, percebi imediatamente a diferença: o ambiente estava silencioso, de maneira incomum. Pequenas árvores brancas, utilizadas como armas naturais pelos orcs, estavam por toda parte, mas eu não me preocupava com elas no momento.

Segui por um dos túneis até encontrar um espaço que se assemelhava a uma arena. Aparentemente, estava vazio, mas sabia que isso mudaria em breve.

Procurei por sinais do dragão, sabendo que algo de tamanho e peso consideráveis deixaria marcas.

-Aí está...

O som de um galho se quebrando chamou minha atenção. Um orc surgiu, olhando para mim com seus olhos vermelhos e vazios. E não foi só um: outros orcs começaram a aparecer.

Observei-os sem emoção, como se esperasse por isso.

Não tenho medo de colossos burros; meu verdadeiro desafio são os pequenos astutos.

Era a verdade. Monstros grandes e estúpidos não me preocupavam tanto quanto as criaturas menores que podiam usar a inteligência a seu favor. Estes, sim, eram perigosos.

Assim que o primeiro orc se aproximou, disparou uma flecha com precisão entre seus olhos, matando-o instantaneamente. Imediatamente, dois orcs avançaram em minha direção. Eu precisava lidar com um de cada vez.

Quando o primeiro orc tentou me golpear, me movi rapidamente para sua esquerda e cravava minha espada atrás de seu joelho, atingindo o ligamento e fazendo-o cair ao chão.

O outro orc se aproximava, mas não tinha tempo para enfrentá-lo diretamente. Então, lancei um dos meus punhais em seu olho.

Era engraçado o truque que eu mais gostava de usar é o que mais está me ajudando agora nesse momento.

O punhal acertou o orc diretamente no olho, me dando um breve momento para me concentrar na próxima ação.

O orc com a perna incapacitada tentou me esmagar com sua clava. No momento em que ele levantou a arma, avancei em sua direção, sentindo o vento do ataque passar por mim enquanr. Quando a clava atingiu o solo, a cabeça do orc fez o mesmo.

Agora restava apenas o orc com o punhal preso em seu olho. Ele parecia irritado enquanto olhava para mim enquanto seu olho sangrava, mas sua vida estava rapidamente se esgotando.

-Devolva minha faca. Eu falei sem emoção

...

Hm... Isso foi um bom aquecimento. Muito mais fácil do que lutar com um braço fraturado.