: A Sombra de Heliópolis
O sol se punha sobre a grandiosa cidade de Heliópolis, lançando uma luz dourada sobre as altas torres e templos que se erguiam em direção ao céu. As ruas da capital estavam silenciosas, exceto pelo suave sussurro das folhas de ouro que adornavam os jardins imperiais. O Império Solariano, a maior potência de Auryn, era governado com mão de ferro por seu imperador, Andrew Solarian. Mas naquela noite, o peso de um fracasso pairava sobre o trono.
Na sala do trono, o ar estava carregado de tensão. O Imperador, com sua imponente armadura dourada e olhos que refletiam o brilho do sol, estava sentado em seu trono, sua expressão impassível. Seus dedos, adornados com anéis de ouro, se entrelaçavam lentamente enquanto ele escutava o relato de Adonis Mayer, um dos espiões mais letais e treinados do Império.
Adonis, de postura ereta e semblante sério, contou sobre a missão fracassada. Ele era a última esperança de um pequeno grupo de espiões que haviam sido enviados em uma missão crítica: infiltrar-se nas linhas inimigas, descobrir os planos secretos e retornar com informações vitais. A missão deveria ter sido simples, mas algo estava errado.
"A barreira... era impossível de atravessar", disse Adonis, sua voz baixa, mas carregada de uma tensão palpável. "Nunca vi algo assim. Uma barreira mágica tão forte, com um feitiço que parecia... distorcer a própria realidade. Atravessá-la teria exigido um poder que nem mesmo a elite dos Corvos Negros possuía. E o feitiço de teleporte... era algo desconhecido, algo que jamais vi nos grimórios do Império."
O Imperador permaneceu em silêncio, seus olhos fixos em Adonis. A tensão na sala era quase tangível. Andrew Solarian era conhecido por sua calma, mas aqueles que o conheciam bem sabiam que por trás de sua fachada tranquila havia uma mente estratégica afiada como uma lâmina.
"Ninguém sobrevive à minha unidade de extermínio, Corvo Negro", disse Andrew, sua voz grave cortando o silêncio. Ele se levantou lentamente de seu trono, seu olhar penetrante nunca saindo de Adonis. "E você, Adonis, é o único que retornou. Isso é uma anomalia. Algo que não consigo explicar."
Adonis sentiu o peso das palavras do imperador como um aço quente pressionando contra sua pele. Mas ele sabia que, sob toda a frieza de Andrew, havia uma verdade inegável: o império estava em perigo, e ele seria a chave para entender o que estava acontecendo.
"Minha missão foi um fracasso, sim, mas... o inimigo não estava apenas preparado. Eles estavam esperando. E a magia que encontraram... pode ser algo além do que imaginamos." Adonis hesitou por um momento, mas a decisão de continuar foi rápida. "Eu vi... vi algo que parecia com uma espécie de feitiço de teleporte avançado. Mas nunca... nunca vi nada como isso em nenhum dos tomos proibidos ou registros secretos."
O imperador deu um passo em direção a Adonis, seus olhos fixos nele. O calor da sua presença parecia aumentar, como se o próprio Sol tivesse se concentrado naquela sala. "O que você está sugerindo, Adonis?"
"O feitiço... não era comum. E parece que ele pode ter origem em uma fonte diferente, algo fora da nossa compreensão. Há uma força que está se movendo nas sombras, algo além da magia que dominamos."
Andrew Solarian ficou em silêncio por um momento, seus pensamentos claros como o cristal. Ele sabia que Adonis não era dado a exageros. Quando ele falava, as palavras tinham peso. Se Adonis estava sugerindo que algo desconhecido estava em jogo, o Império Solariano precisaria agir rapidamente.
"Se o inimigo possui tal poder, devemos saber o que está acontecendo. Se a missão foi fracassada, não podemos permitir que essa força cresça em segredo. O Império não será vulnerável. Não mais."
O imperador deu um gesto sutil com a mão, e uma porta secreta se abriu no fundo da sala. De dentro, uma figura encapuzada entrou, trazendo consigo um livro antigo. Era um grimório, um dos mais antigos e poderosos do Império.
"Prepare-se, Adonis. Nós vamos descobrir a origem desse feitiço e destruir essa ameaça antes que ela nos destrua."
Adonis se inclinou levemente, sem mostrar medo, mas com a compreensão de que o próximo passo seria uma jornada ainda mais sombria. O império estava prestes a entrar em uma guerra que nem mesmo o Sol poderia iluminar completamente.
O imperador olhou para o grimório, e suas palavras foram claras como o brilho da espada que ele carregava. "É hora de trazer a luz onde a escuridão se esconde."
---
Enquanto isso, nas terras além das fronteiras do Império Solariano, uma figura misteriosa observava o horizonte. Seus olhos, profundamente negros, refletiam uma magia que ninguém jamais imaginara. O feitiço de teleporte, sua criação, era apenas o começo. O jogo estava apenas começando, e o Império Solariano logo descobriria que até mesmo o Sol tem suas sombras.
---
FIM DO CAPÍTULO