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Lanche da Noite

Já deitada em sua cama, depois de se lavar, como Ayame a lembrou e prestes a dormir, Emi sente seu estômago roncar, a punindo por não ter comido direito, já que passou o jantar preocupada com o depois do jantar.

Foi pensando em sua fome, que uma buzina pareceu soar em seu cérebro, dizendo: "Atlas está sem comer desde que chegou, talvez até mais tempo."

E é com esse pensamento que a garota se levanta em um salto.

_Como me esqueci de algo tão crucial?!

Se autocritica, se vestindo adequadamente para ir até a cozinha buscar algo que possa satisfazer a sua própria fome e a do outro.

Ela desce as escadas com cuidado e em silêncio, vai até as panelas tampadas, sempre olhando ao redor para não ser surpreendida.

Ela pega as "sobras" da janta, que ainda ocupavam o maior espaço nas panelas e prepara alguns sushis grandes, algo que já viu Ayame fazer para comer e resolveu testar agora, por sorte, ela se saiu muito bem em reproduzir cada passo do preparo da empregada.

Ao terminar, sua barriga roncou mais uma vez, agora pelo cheiro e aparência da comida, aquele era um prato típico chamado futomaki e a garota não via a hora de experimentá-lo.

Por isso pegou a bandeja cheia daqueles rolos de sushi e andou sorrateiramente até o quarto do hóspede, entrando sem o cuidado de bater na porta.

O rapaz que estava quase pegando no sono, se assustou com o barulho de passos do lado de fora do quarto e mais ainda quando a porta se abriu.

Pensando ser o pai da garota, pegou instintivamente o objeto mais próximo de si para se defender, no caso era a luminária, já que o quarto era relativamente vazio.

Quando viu a sombra que entrou pela porta começar a se aproximar, se levantou de imediato e preparou-se para bater com o objeto no homem, mas assim que se aproximou e a luz iluminou o rosto da figura, ele parou o próprio braço com força, para não completar o movimento, se deparando com a menina assustada a sua frente.

_O que você está fazendo aqui?

Ele pergunta o óbvio.

_E-eu vim lhe trazer comida.

Sua voz tremeu em medo, pelo susto.

_Eu pensei que fosse outra pessoa, quase te bati!

Ele a alerta, irritado, mas percebendo sua exaltação, finalmente se acalma e se senta, colocando a luminária no chão.

_Desculpa.

Diz, por fim.

_Está tudo bem.

Já recuperada do susto, a outra diz, se sentando também.

De frente um para o outro, Emi coloca a bandeja entre os dois e diz:

_Foi tudo o que consegui na cozinha, desculpe por não ter me lembrado de trazer o jantar.

_Tudo bem, você já está fazendo muito por mim, me deixando ficar aqui.

Ele sorriu para ela, sendo retribuído, disse "obrigado" e então começou a comer.

A garota ficou quieta por alguns minutos, só observando os movimentos dele, então ele diz:

_Você trouxe o suficiente para umas três pessoas, não vai comer também?

Então ela desperta, lembra que preparou a refeição para os dois e então ri sem graça para o outro, começando a comer também.

Depois de comer, estando realmente cansados pelo sono e atolados pela barriga cheia, eles resolvem se deitar um pouco, cada um em seu colchão, de barriga para cima, encarando apenas o teto do quarto, então começam a conversar.

_Realmente, tinha muita comida, sua intenção sempre foi comer comigo, ou você estava planejando me engordar e tacar no fogo, como um porco gordo e assado?

Ele começa o diálogo, olhando para a outra e sorrindo.

_Sim, mas não esperava que o leitão fosse demasiado esperto e me oferecesse a comida, ao invés de ficar gordo.

Ela brinca, o encarando de volta e ri quando o sorriso dele se fecha em uma expressão de "realmente?!".

_É óbvio que estou brincando. Não seja tolo.

Ela ri alto, logo tapando a boca com a mão para abafar o som e Atlas a acompanha na risada, tendo seu objetivo de fazê-la rir concluído. Ele era bom em fazer as pessoas rirem e gostava de ouvir a risada alta e contagiante de Emi, por isso usou seu dom ao seu favor.

Alguns minutos depois, estavam em silêncio de novo, que dessa vez é quebrado por Emi, que diz:

_Quando entrei, você estava preparado para me atacar. Do que, ou melhor, de quem estava com tanto medo? Pensou que fosse meu pai com um punhal?

Ela ri, zombando do medo que o outro tem de seu pai e ele a encara indignado.

_Quem não tem medo de um homem armado?

Diz, agora era Emi a olha-lo com olhar de indignação.

_Eu poderia estar armada!

Levanta seu tronco, o encarando de cima.

_Mas você é diferente, você é...

É interrompido.

_Eu sou mulher? Então você não estaria com medo de mim se eu estivesse armada?

Conclui por si mesma, estando irritada com o pensamento antiquado que julgava ser do outro.

_Na verdade, eu iria dizer que você é diferente, pois você está me ajudando, por isso não tenho medo.

Ele diz, sob o olhar mortal da garota, que se torna mais leve, logo se deitando de volta.

Mas então ele prossegue:

_E também porque você é bem mais nova, não a chamaria de mulher, mas uma garota, você também não me parece ter muita força e...

Ele para, por estar novamente sob o olhar furioso da mais nova.

_Estou apenas brincando.

Diz, com as mãos levantadas em rendimento, sorrindo.

Ela volta a olhar para o teto e ele também.

O silêncio se prossegue por um bom tempo no quarto, mas em seus pensamentos o barulho chega a irritar, era o chamado "silêncio ensurdecedor".

_Seja como for, estou voltando para o meu quarto.

A garota diz, se levantando, estava pensativa e com sono, mas ao olhar de Atlas, parecia estar brava.

_Desculpe, eu te irritei muito?

Ele pergunta, receoso, recebendo a atenção dela em si.

_Não, só está tarde, tenha uma boa noite.

Ela diz, simples, deixando o quarto e consequentemente, deixando um Atlas também pensativo.

"Eu falei algo muito errado?" ele se perguntava.

Já em seu quarto novamente, depois de trocar de roupa, Emi se deita em sua cama e se enrola nas cobertas, pelo frio da madrugada. Com bastante sono e quase dormindo, um pensamento lhe surge pouco antes do sono a dominar:

"Atlas também me vê apenas como uma criança."

Isso era lamentável para ela, ninguém, nem mesmo Atlas a enxergava como algo além de uma menina, uma criança.

"Qual o problema deles?"

Ela pensava, estava prestes a completar a maior idade e ainda era tratada como criança. Em sua idade, outras meninas já estariam casadas e ela sabia disso.

Mas, decidida a não deixar com que isso acabasse com o seu sono, apenas fez um último esforço para limpar a mente e então conseguiu dormir.

Continua...