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Capítulo Quatro - Primeira Aula

— E isso encerra nosso primeiro tempo juntos, essas considerações iniciais sobre o mundo em que vivemos, também estarão em um livro que receberão, é o básico, mas em resumo, são apenas esses cinco continentes principais que formam nosso planeta, e não esqueçam, o nosso se chama Terra-viva — Santia aponta para um mapa desenhado no quadro — formado por essas 6 nações principais, dito isso, estão liberados por hoje.

— Essa primeira aula foi incrível, em casa eu lia apenas livros de ficção, sobre aventuras, mas nada que mostrasse a realidade do mundo — diz Dark muito animado.

— Isso aí é bem surpreendente, até eu que morava no litoral bem afastado sabia dessas coisas, é o básico do básico — responde Aqua, enquanto se levanta, ele bate na mesa — levantem vocês dois, vamos conhecer esse lugar de verdade.

— Vamos — Dark e Coraline dizem em uma só voz.

Eles começam a andar por toda parte, todos os lugares permitidos da escola, eles vão até os banheiros, o refeitório, a biblioteca, pátio, um grande salão cheio de estátuas, andam por todos os corredores possíveis, até que Dark reconhece a porta por onde saiu da primeira vez que esteve na academia.

— Ei ei, espera, foi por aqui que eu cheguei no dia dos testes.

— Você já parou pra dar uma olhada no que diz na porta? — disse Coraline.

— Sala do vice diretor, Opala, que nome diferente — diz Aqua — ele tava na sala quando você desceu pela chaminé estilo Noel?

— Eu não sei se era ele, mas era assustador, mas ainda bem que aconteceu, eu tive sorte de achar logo a chaminé certa, eu até pensei que era o próprio diretor.

— E qual presente você trouxe? — disse Aqua rindo.

— Uma bom trabalho para a faxineira foi o que eu trouxe, e uma vontade imensa de não me atrasar.

— Dark, eu sei que você contou para a gente agora a pouco, mas não seria melhor dizer para as autoridades sobre a tentativa de sequestro? Você se lembra dos rostos deles — disse Coraline.

— Na verdade não, eu queria reencontrar eles, só que com uma espada na mão, eu vou treinar aqui, para depois encher eles de furos.

— Mas isso é guardar mágoa em um nível bem alto, não sabia que você era vingativo assim verdinho.

— Verdinho? — dizem Dark e Coraline.

— É, você verdinho, ela rosinha, vocês juntos parecem um arco-íris — Aqua começa a gargalhar.

— Pensa antes de fazer piada, arco-íris não tem rosa, ao contrário do azul brega da sua roupa — diz Dark com um sorriso debochado no rosto.

— Qual o seu problema? Um caipira deveria saber a palavra brega?

— Diz você surfista sem oceano.

— Qualé Dark, precisa disso?

— Não só queria dar uma leve humilhada.

Nesse momento um ensurdecedor barulho ecoa por toda a escola, era como milhares de sinos tocando de uma vez.

— Garotos, é o sinal, melhor vocês pararem com isso pra gente voltar logo para a sala, ou vocês querem chatear a professora no primeiro dia?

— Ela tá certa, vamos lá verdinho — diz Aqua enquanto corre para o lado errado.

— Aqua, e para lá — diz Coraline com um doce sorriso no rosto.

— Não precisa ser educada com o idiota, ele se perderia em um labirinto mesmo se tivesse um mapa, vamos.

— Eu estava só testando vocês, me esperem!

Já na sala novamente, Dark está anotando algumas novas coisas, enquanto a professora Santia andava e falava ao mesmo tempo.

— Então dito isso, vivemos em Partavia, essa cidade é conhecida como lar dos estudantes, e o nome dela como todos sabem, é Tsar, mas entrando um pouquinho na história, antes ela tinha o nome de Arthuria, em homenagem ao antigo herói Arthur Ateni...

— Espera, Ateni? — diz Dark com a mão levantada.

— Sim, do clã Ateni, o clã ferreiro que foi... — Santia naquele momento esboça confusão em seu rosto — que foi o que mesmo? Eu não consigo me lembrar.

— Se era um clã tão importante assim, ao ponto de um membro ter seu nome homenageado no nome de cidade, o que aconteceu com ele? — diz Aqua.

— Garotos, sinto muito, eu realmente não me lembro, se quiserem passar na biblioteca depois, existe uma seção com fatos históricos sobre a cidade, lá vocês irão saber o que aconteceu, ela só abre em um mês, então vão ter que esperar.

— Vamos lá quando abrir então, agora eu também estou curiosa — diz Coraline.

— Combinado, tudo bem para você Dark?

— O nome desse clã, é o mesmo que o meu sobrenome, clã ferreiro? — pensa Dark — ah, desculpa, estava pensando em algo, vamos sim.

Agora estavam todos em uma arena, era a hora do segundo professor entrar em ação, e esse já era conhecido, Takashi iria lecionar defesa pessoal e combate, e ali estava ele, virado para a turma, com um olhar sério.

— Ele não vai falar nada? — pensa Dark.

— Muito bem, sejam bem vindos a nossa primeira aula de combate, hoje irão aprender a defesa simples, posição de luta, e instruções em caso de invasão a escola.

— Com licença senhor — diz Coraline com a mão levantada — mas por que o senhor vai passar isso?

— Foi dado a mim a missão de proteger essa turma, caso ocorra alguma emergência, então é algo extra, mas não se preocupe, meus exercícios de emergência são simples — Takashi aponta para Kaen — quem puder se defender ou defender os outros com magia, defenda.

— Kaen, ele estava aí o tempo todo? Droga, ele me lembra daquele pesadelo que eu tive — pensa Dark.

— E quem puder defender usando algum tipo de corpo a corpo — diz Takashi apontando para Dark — defenda.

— Ah, tá falando de mim? — pergunta Dark.

— Bem, você só entrou aqui por causa da sua possível habilidade para usar uma espada, então faça jus, aliás, você não vai ficar aqui.

— O que? Como assim?

— Se despeça de seus amigos, e siga para a arena dois, eu não tenho como te ensinar a ser espadachim, então no meu tempo de aula, você fica com os alunos que também fizeram o teste individual de espada, será assim todas as aulas, boa sorte.

— Poxa verdinho, pensei que a gente ia se divertir juntos, vai lá, fica craque na espada, quero ver hein — diz Aqua.

— Boa sorte Dark — diz Coraline.

— Valeu gente, vejo vocês na saída então.

Dark anda, até chegar na segunda arena, ele se lembra dela, foi onde fez seu teste individual, lá estão mais três pessoas, dois alunos, e um homem alto com uma espada do mesmo tamanho do seu corpo, fincada no chão.

— Você está atrasado, se você se atrasar de novo, você será imediatamente expulso — o homem se aproxima de Dark, até ficarem um de frente ao outro.

— Ele ainda é mais assustador que o Takashi! — pensa Dark enquanto engole seco.

— Meu nome é Darius, Darius Arna, serei seu professor na arte da espada, esses dois atrás de mim são Diego e Daniel, qual o seu nome?

— Dark — responde ele.

— Vocês três, sejam bem vindos — ele anda até sua espada novamente — acredito que se estão aqui, provavelmente falharam no teste de magia, mas embuir magia na espada é uma ótima forma de ter mais força e derrotar mais rapidamente seu inimigo.

Darius puxa sua espada do chão, e a levanta ao alto, suas pupilas ficam vermelhas e começam a emanar uma energia, seguida de uma fumaça vermelha.

— Espera, o que ele tá fazendo — diz Daniel para Diego.

— Dark, se você não quiser ser cortado ao meio, saia rápido da minha frente — diz Darius enquanto a fumaça vermelha toma conta de sua espada completamente.

— Ei, calma! — ao perceber que não teria tempo pra sair tranquilamente dali, Dark se joga para o lado, caindo no chão.

"OMEGA CUT"

Assim que essas palavras saem de sua boca, ele abaixa sua espada com tudo em direção ao chão, cortando tudo no caminho, e criando uma vala no chão, chegando até uma das pilastras da arena, e a dividindo ao meio completamente. Todos ficam de boca aberta, os olhos de Darius voltam ao normal imediatamente depois do golpe, e sua espada fica tão quente, que brilha em uma cor alaranjada como se tivesse acabado de ser forjada.

— Como podem ver, esse golpe demorou para ser lançado, então numa luta onde a velocidade é um fator importante, ele seria inútil, eu gosto de dar um show para meus alunos antes de começar de verdade, agora vamos ao que interessa.

— O que foi isso que eu acabei de ver!? Quantas pessoas iguais a esse monstro existem por aí!? — pensa Dark, ainda com sua boca aberta.

Agora estão todos um do lado do outro, olhando uma mesa, nessa está cheia de tipos diferentes de espadas, a intenção de Darius, é que cada um escolha a que mais agradar, Daniel e Diego pegam espadas longas e grandes, iguais ao do seu professor, já Dark escolhe uma espada no estilo Katana.

— Um gume, boa flexibilidade, ótimo poder de corte, eu nunca fui tão bom no estilo necessário para usar essa espada, não vamos poder ir tão longe nessa Dark, tem certeza?

— Bem, ela foi a que mais me agradou, o formato é perfeito, eu acho que vou ficar nessa mesmo.

— Já vocês, optaram por seguir seu mestre, saibam que para usar essas espadas de verdade, vão precisar de muito treinamento físico, elas são pesadas e mais difíceis de serem utilizadas!

— Eu não me importo, se puder utilizar algo parecido com essa magia de fumaça, eu usaria uma até duas vezes maior — disse Daniel.

— E eu já fazia treinamento físico antes, vai ser moleza — disse Diego.

— Muito bem, para começar, equilíbrio, eu quero vocês com uma perna só, em uma mão, vão segurar um peso de metal, a na outra a espada de madeira, todos em posição, agora!

Lá fora, na saída, como combinado, estavam Coraline e Aqua esperando Dark, que vinha saindo, com um ferimento no olho.

— O que aconteceu com você!? — disse Aqua.

— O Darius aconteceu, a primeira lição dele, era um de cada vez, lutando contra dois, na minha vez eu levei uma pancada com aquela droga de espada de madeira na minha fuça.

— Mas já começa assim? Não tem uma aulinha leve no começo? — disse Coraline.

— Não é para menos, é treino com espada, e eles já provaram ter uma certa habilidade no teste individual, então não tem porque começar leve — diz Aqua.

— Não sei, só sei que minha cara está doendo, e eu quero ir para casa dormir.

— A gente ia na casa da Coraline comer algo, é o primeiro dia cara, esquece a dor.

— Droga, eu queria deitar e dormir, mas tudo bem, melhor não perder a chance de socializar — pensa Dark — tudo bem, vamos.

Os três estão passando numa rua movimentada, até que entram em um beco escuro com algumas lojinhas questionaveis, com coisas como bonecos bizarros a venda, plantas estranhas penduradas, e jaulas com panos por cima, e barulhos estranhos vindo de dentro.

— Tem certeza que isso é um atalho Coraline? Parece bem assustador — disse Aqua olhando em volta.

— Não, tá tudo bem, eu passo sempre por aqui, não tem perigo nenhum.

— Ah cara, vai me dizer que não fica animado vendo essas coisas bizarras, um dia eu volto com dinheiro e compro algo legal — disse Dark.

— Isso se a gente sair daqui vivo — disse Aqua enquanto eles entravam numa parte deserta, sem nada ao redor, só escuridão e uma pequena luz entrando entre as construções que formavam o beco — verdinho, isso não tá me agradando.

— Gente, que estranho, deveria ter uma bifurcação aqui, e uma saída a esquerda, mas parece que mudou algo — disse Coraline com olhar assustado.

— Beleza, a gente volta de onde veio — disse Dark olhando para trás e dando de cara com uma parede — ué, onde tá a saída?

— Eu disse que isso ia dar errado, eu não falei — Aqua começa a falar mais rápido e com nervosismo — isso não pode piorar...

Antes que Aqua terminasse sua frase, uma onda de som sai da parede que havia surgido, jogando todos a quatro metros de distância, os três caem violentamente no chão, quando olham a sua volta, as paredes começam a se mover de um lado para o outro, mudando de cor, se moldando e formando uma grande sala de tijolos vermelhos, com um teto de tijolos azuis, a sala toda se ilumina com lamparinas no teto que emanam uma forte luz amarela, até que os três ouvem uma voz que diz:

"PARQUE DE DIVERSÕES"

— O que é isso!? — diz Aqua no chão — a gente vai morrer agora!?

— Vocês estão bem!? — diz Coraline enquanto se levanta — Dark!?

Ao olhar para Dark, Coraline percebe que ele está de pé, encarando algo.

— Vocês dois, eu acho que ferrou — diz ele enquanto caminha devagar para trás, em direção de seus colegas — quem é você!?

— Bem vindos, ao meu parque crianças — diz o homem parado a frente dos três — eu sou Harley, mas podem me chamar de Coringa, vocês são da academia Makko?

— Por que você faz as perguntas aqui? — diz Dark.

— Você fez a primeira pergunta garoto, e eu fiz a segunda, você já não acha que está em vantagem? — ele dá um passo a frente — levando em conta que estão em meu domínio?

— O sequestrador é você, que eu saiba, além do mais, como você conseguiu mover todas essas construções, e ninguém percebeu? — diz Dark dando uma passo para trás com seus amigos.

— Não é óbvio? Vocês são novatos certo? Isso é magia de domínio ilusório, vocês não estão de corpo aqui dentro, seus corpos estão lá fora — Harley olha nos olhos de Dark com um sorriso malicioso, como se soubesse as próximas palavras dele.

— Então, quer dizer que ficaremos...

— Ficaremos bem? Era isso que ia dizer? Todos pensam isso, acontece que tudo que acontecer aqui dentro, afeta seus corpos reais, claro que isso também vale para mim — Harley puxa de seu casaco amarelo, um bengala verde, e a bate no chão.

— Beleza, sim, nós somos da Makko, o que quer de nós?

— O que você tá fazendo Dark? Se é isso que ele queria saber, então é perigoso sair falando sem pensar — disse Coraline bem baixo no ombro de Dark.

— Senhorita Coraline, eu ouço tudo que se fala aqui dentro, por favor, não precisa falar tão baixo —  diz Harley tirando o capuz de seu casaco da cabeça, e revelando seu cabelo laranja, e que não possui ouvidos.

— Você tá vendo isso verde, esse cara não é normal, para de falar com ele como se pudesse resolver — diz Aqua.

— Você está enganado Aqua, eu sou do mesmo lado que ele.

Todos olham surpresos para Dark naquele momento, Coraline tampa sua boca tamanha surpresa, Aqua dá um passo para trás, e Harley solta uma alta risada, enquanto aponta sua bengala para eles.

— O que está dizendo Senhor Dark, eu acabei de conhecê-lo.

— Não entendam mal, nenhum de vocês, o que eu quis dizer, foi que estou coletando informações na academia, e eu tenho um localizador mágico, que indica aos meus companheiros quando estou em perigo, eles devem estar a caminho daqui agora mesmo — Dark senta no chão — só me resta esperar.

— Ei verde, eu não achei que logo você era um traidor, eu estou muito decepcionado com você — disse Aqua de afastando mais e batendo de costas na parede.

— Não pode ser verdade, você me salvou, por que um cara do mal salvaria alguém que nem conhece!? — diz Coraline com uma expressão misturada de medo, angustia e decepção.

— Calem a boca, se vocês estragarem o plano eu acabo com vocês depois! — pensa Dark — bem, eu tenho meus motivos, vocês deveriam saber identificar quando alguém está atuando, e olha que eu nem estava dando meu melhor para enganar.

Dark se aproxima até ficar a poucos metros de Harley, tira seu crachá de estudante, e ergue na direção de Harley, com um sorriso no rosto.

— A academia não me importa, se você tem algo contra ela, em nome do meu grupo, ficaríamos felizes em juntar forças — diz Dark.

Harley se aproxima de Dark, com o olhar cheio de malícia, e em seu rosto, um grande e assustador sorriso, que deixou todos ali com medo imediatamente.

— Entregue os crachás, o seu e de seus antigos colegas, só preciso deles, assim eu não entro em conflito com o seu grupo, te dou uma cópia falsa, e dou um jeito nesses dois aí atrás, assim você pode continuar fingindo ser aluno da academia.

Harley era cerca de quarenta centímetros mais alto que Dark, ele abaixa um pouco e fica cara a cara.

— Temos um acordo então? — diz Dark tentando esconder seu medo.

— Sim, nós temos — Harley abre sua mão, esperando receber o crachá.

— Tudo bem, pera aí então! — Dark joga o crachá para cima, fazendo a atenção de Harley se voltar para o alto.

— O que você...

Antes que ele terminasse de falar, tem sua garganta socada por Dark, que agarra a bengala, e usa o peso de seu corpo para arrancar de sua mão, se jogando para frente, e caindo atrás de Harley, que havia pegado o crachá enquanto caia, imediatamente se virando para tentar recuperar sua bengala, porém Dark já havia rolado e levantado, segurando a bengala no auto.

— Se você se mexer, eu bato isso no chão! — disse Dark, logo depois respirando fundo.

— Ora senhor Dark, e o que acha que vai acontecer quando bater a bengala?

Aqua e Coraline se afastam de Harley, enquanto observam surpresos a reviravolta que Dark havia criado, os dois vão para um dos cantos da sala.

— E não tá na cara? Quando fomos jogados para trás naquele momento, eu ouvi uma barulho de batida, a mesma que eu ouvi depois quando você bateu a bengala no chão, ou seja, essa coisa controla a sala!

Todos então tem uma expressão de surpresa maior do que já tinham, inclusive Harley que passa de um olhar confiante para um olhar de raiva e desprezo.

— Ora senhor Dark, mesmo se for isso, você nem ao menos sabe usar, ou sabe — conforme ia falando, Harley ia se aproximando lentamente.

— E será? — Dark bate a bengala no chão lançando Harley na parede — É bem simples na verdade, assim que eu peguei a bengala, comecei a ouvir claramente todos os sons, e até mesmo a vê-los em uma coloração diferente dependendo da altura, então tive para mim que bastava bater a bengala e imaginar esses sons que vejo indo em alguma direção.

Ele bate novamente a bengala, jogando Harley em outra parede, e fazendo seu nariz sangrar, nesse momento Dark esboça uma sorriso.

— Você deve ser do tipo que brinca com as vítimas, por isso não utilizou isso no começo, mas no momento eu prefiro ser direto, você podia ter pego os crachás no momento em que quisesse, mas eu fui mais inteligente que você.

— Dark, já chega, dá logo um jeito de sair daqui — grita Aqua do canto.

— Ei calma gente, ele é do mal, o que tem demais dar uma punição para ele? — Dark caminha e pega seu crachá, que havia caído quando ele lançou Harley na parede.

— Nós entendemos, mas é perigoso, ele pode ter ajuda! — grita Coraline.

— Tá tá, vocês venceram — Dark bate mais duas vezes no chão, lançando Harley no teto e depois no chão, fazendo com que ele sangrasse pela boca.

— Só por garantia, caso ele esteja do lado de fora perto da gente, ele não vai poder nos ferir — Dark olha para a bengala — se não tiver algo para controlar o lugar, então se eu quebrar essa coisa.

Dark bate o meio da bengala em seu joelho, fazendo um grande estrondo, o lugar começa a rachar e a desmoronar, até que do nada quando ele pisca, está sentado, encostado na parede, a apenas alguns metros da entrada da parte mais escura do beco em que tinham adentrado, ao lado seus amigos, também despertando.

— Minha cabeça dói, então tudo aquilo foi real, a gente foi atacado — diz Coraline se levantando — Dark, me diz, tudo aquilo era mentira?

— O que você acha, claro que era, e deu muito certo — disse Dark com um largo sorriso no rosto — e aí? Impressionados?

— Que isso verdinho, mandou hein — fala Aqua dando um tapa nas costas de Dark — enganou direitinho, aquele cara era forte, não sei como pegou ele daquele jeito.

— É verdade, na hora eu fiquei triste, parecia muito real, pensei que você tinha vindo do interior, onde aprendeu isso? — pergunta Coraline ainda desacreditada com tudo aquilo.

— Na verdade eu não sei, deve ter sido instinto de sobrevivência — Dark olha para o alto, e vê aqueles raios de sol entrando entre os prédios — ei! Eu esqueci, preciso trabalhar! Vejo vocês assim que possível — Dark corre dali rapidamente.

— Mas a gente não ia comemorar? — diz Aqua.

Chegando perto da taverna, Dark observa um homem alto vestido de preto na porta, ele está conversando com Sina, quando eles percebem Dark, o homem sai andando rapidamente como se estivesse com pressa.

— Quem era ele Sina?

— Chegou em boa hora garoto, era só um amigo, já é meio dia e quarenta e cinco, uma hora você assume, e eu saio, por quê sua roupa está toda suja? — pergunta ela confusa.

— Aconteceu uma coisa perigosa comigo — Dark olha para o céu por um instante, logo depois volta seu olhar a Sina — eu conto na sua volta.

— Garoto, você é estranho, muito bem, o uniforme está na bancada, no seu tempo livre, pode lavar essa roupa aí, e a sua outra também, no tanque lá de trás, tem um papel de instruções junto na bancada.

— Entendido, ah, toma aqui — Dark retira de sua roupa uma carta — obrigado pelo favor, eu realmente não tinha ideia de como ia enviar isso.

— Eu já esperava isso, você veio do mato, eu estou saindo agora, vou mandar entregarem isso, abra a taverna exatamente as uma, entendeu?

— Sem problemas, obrigado Sina.

— Aliás garoto, vou te ensinar uma coisa, confiança é tudo, e lealdade é para todos, se me trair e roubar alguma coisa — Sina saca uma adaga de dentro do decote e olha assustadoramente para Dark com um sorriso — eu mato você.

— Si-sim senhora — diz Dark enquanto um frio percorre toda sua espinha.

No quarto, Dark coloca o uniforme da taverna, que Sina costurou para ele se baseando no tamanho do uniforme da academia, ele reúne todas as suas roupas, para lavar quando não tiver serviço, então ele coloca um relógio dado por Sina, e desce para abrir a taverna.

— Certo, uma da tarde, hora de começar.

A entrada tinha uma porta interna e externa, ele abre a interna, e coloca uma placa escrito "aberto" pendurada na porta externa, assim que qualquer pessoa entrar, um sistema com sino avisa para Dark onde quer que ele esteja.

— Estranho, eu não lembro de ter ouvido esse sino até hoje — ele anda em direção do balcão, e fica atrás dele, sentado e esperando seu primeiro cliente, enquanto lê as instruções de Sina — isso não parece difícil.

O sino toca, e pela porta entram três homens, todos altos e fortes, carregando um saco manchado de sangue, e rindo como se tivessem acabado de achar um pote gigante de ouro, eles se sentam em cadeiras no balcão.

— Eu não acredito, aquele dragão quase matou a gente, e mesmo assim aqui estamos nós, com uma fortuna em dentes azuis — disse um dos homens, aparentava ser o mais velho, e tinha uma longa barba negra que ia até a altura da cintura.

— Eu que não acredito, aquele ataque feroz de machado que você deu na cabeça dele, foi o bastante para arrancar de uma vez, onde aprendeu isso vovó? — disse o mais novo, aparentava estar na casa dos vinte anos — Um dia eu quero aprender isso!

— Sinto muito filho, nem eu que tentei e tentei, aprendi isso — disse o de idade mediana, um homem que tinha uma cicatriz que ia de seu olho até o pescoço.

— Boa tarde, vão querer alguma coisa? — disse Dark — parece três gerações de homens, e estão carregando o que parece ser uma cabeça, eu acho que vai dar para ver de tudo trabalhando aqui — pensa ele.

— Sim meu jovem, vamos querer o seu melhor vinho, e muitas maçãs, aqui não vende comida ou vende? — disse o mais velho.

— Sinto muito, só bebidas, frutas, remédios, e a pousada mesmo.

— Entendido — o velho olha para os outros homens — vamos gastar todo o bônus, os quatro mil trezentos e dezoito, vamos comemorar hoje na cidade noturna, mas primeiro devemos dormir e recuperar as energias, então bebam e comam as frutas, a noite vira a diversão — disse ele finalizando com uma risada rouca.

Os homens comeram e beberam o que pediram, logo depois alugaram três dos seis quartos da pousada, e foram dormir, depois disso ninguém mais se hospedou, Dark atendeu todos os clientes que chegaram depois disso, lavou as roupas em seu tempo livre, e também se alimentou com o que Sina deixou preparado.

— Finalmente, falta apenas trinta minutos para a Sina chegar, já são seis horas, até que foi tranquilo, vou me acostumar com isso fácil fácil — disse Dark olhando para a porta, até que o sino toca do nada, e Dark leva um susto — o que foi isso, ninguém entrou!

Ele sai de trás do balcão e se aproxima da porta, até que de repente.

— Procurando por mim? — disse uma voz misteriosa atrás de Dark, ele se vira, e vê um homem alto vestido totalmente de preto, com uma máscara branca que tinha apenas um orifício para um dos olhos.

— Você quer me matar!? Por quê não entra igual uma pessoa normal!?

— Por que eu não sou uma pessoa normal, por gentileza, Sina se encontra?

— Não, e se não for querer nada, faça o favor de se retirar.

— Sinto muito, mas Sina me deve muito dinheiro, e eu preciso desse dinheiro, seria muito atencioso que você me pagasse.

— Não vou poder te ajudar mesmo, não posso dar nenhum dinheiro que não seja troco, eu que sinto muito.

— Eu não posso sair daqui sem receber o dinheiro, você não quer ter problemas, ou quer?

— Ele não, mas você tá pedindo por problemas desde que entrou por essa porta — disse o velho descendo as escadas, e os outros homens o acompanhando.

— Não se intrometa, estou apenas cobrando o que é meu por direito.

— Você está cobrando problemas, eu vou dizer uma vez e não vou repetir — o velho saca um machado de suas costas, e uma fumaça vermelha começa a emanar dele — saia daqui.

— Fumaça vermelha, isso é igual ao meu treinador de espada da academia! — pensa Dark.

— Oh, fumaça vermelha, machado, idade avançada, você é Troz, o rato imundo de Alcatraz, o que faz por aqui, a guilda amaldiçoada ainda contrata, mesmo depois do incidente de Bialai? — disse o homem de preto, dando dois passos para trás, mas sem demonstrar um pingo de medo em sua voz.

— Em que língua eles estão falando? Droga duas coisas assim em um dia, estou vendo que meu tempo aqui vai ser bem turbulento, e isso é empolgante! — pensa Dark esboçando um sorriso.

— Eu disse que não vou dizer de novo — o machado do velho, agora revelado como Troz, começa a brilhar em vermelho.

— Eu vou voltar, não se meta mais na minha vida, Troz — o homem sai pela porta, mas antes de ir andando, olha para dentro da taverna — sirvari ts pyan.

— O que? — pensa Dark, vendo o homem saindo após isso.

— Ora, parece que meu nome ainda leva fama por essas bandas — o machado de Troz volta ao normal, e ele o coloca em suas costas novamente.

— Pai, você sabe quem era, como estava tão confiante contra ele? — disse o homem de idade mediana.

— Eu vivi e vi muita coisa, eu sei muito sobre esse tipo de homem.

— Ei, senhor, obrigado por afastar ele! — disse Dark — Parecia alguém perigoso.

— Não há de que, tome cuidado com esse tipo de gente menino, não sabe do que eles são capazes, nós já pagamos, e estamos saindo agora, fique bem jovem.

Os homens vão embora, deixando cinquenta moedas para Dark como gorjeta, depois disso ninguém mais chega até a taverna, e na hora marcada, Sina retorna.

— Ei garoto idiota, eu cheguei! — diz ela chutando a porta e fazendo o sino tocar mais alto que nunca.

— Ei, quer quebrar a porta! — diz Dark — eu tenho que ter mais apresso a suas coisas que você?

— Parece tudo certo por aqui, vamos checar esse lugar!

Depois de alguns minutos, Sina se certifica que não tem nada errado no local, ela remove a placa de aberto e senta com Dark em uma das mesas.

— Então, como eu ia dizendo enquanto você checava cada centímetro daqui, o velho Troz me ajudou e afastou ele.

— Esse cara, eu já quitei minha dívida, mas ele insiste em continuar cobrando umas coisas completamente injustas, fica calmo garoto, amanhã vou dar um jeito nele, me conta o que aconteceu hoje de manhã.

— Ah sim, eu fui atacado, venci um psicopata maluco, salvei meus amigos, quase morri, mas de resto eu tô tranquilo.

— Espera vai com calma aí — diz Sina completamente surpresa cuspindo toda a bebida que estava tomando — garoto me conta isso tudo com calma, enquanto isso vamos limpar esse lugar.

— Ué, isso aí não é comigo.

— Vamos, não custa ajudar, coloca essas pernas para trabalhar, e os braços, e a cabeça.

— Isso não é nem um pouco justo você sabia!?

Enquanto isso, na antiga casa de Dark, sua mãe Íris recebe uma carta, escrita por ele e enviada por Sina.

— Por que ele demorou tanto para avisar, aposto que não fazia ideia de como enviar isso, bem, estou aliviada, ele conseguiu um lugar, alguém que cuidasse dele, e entrou na academia — Íris vai até a janela e observa as estrelas — tome cuidado filho...