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O convite de um estranho

Londres, 1877. A noite caía sobre a cidade, e as ruas estavam iluminadas pelas luzes dos lampiões. As pessoas andavam apressadas, buscando abrigo do frio e da chuva. Entre elas, uma jovem loira chamada Sulieta se destacava pela sua beleza e delicadeza. Ela carregava uma cesta cheia de doces de leite que ela mesma fazia, e oferecia aos transeuntes com um sorriso doce. Ela trabalhava para uma mulher confeiteira, que lhe pagava uma quantia irrisória pelo seu serviço. Sulieta não tinha família, nem amigos. Era uma órfã solitária, que nasceu em Londres. Ela havia fugido de um internato numa capela, onde os padres tentavam curá-la de uma estranha doença mental, que a fazia ver e ouvir coisas que não existiam. Ela sofria de esquizofrenia em estado inicial, mas não sabia disso. Ela apenas conversava com seus amigos de pelúcia , um coelho e uma boneca, e os fantasmas que a visitavam. Ela era sonhadora, ingênua, e acreditava que um dia encontraria o amor da sua vida.

Ela morava numa casinha muito pequena e alugada, Ela não tinha muitos pertences, apenas alguns livros que ela achava no lixo, e alguns objetos que ela achava bonitos. Ela gostava de ler histórias de romance e aventura, e imaginava como seria viver em um mundo diferente do seu. Ela também gostava de cantar e dançar, e sonhava em ser alguém na vida .Ela tinha uma voz linda, e um talento natural para a arte artesanal. Mas ela não tinha oportunidades, nem recursos, nem coragem para perseguir seus sonhos. Ela vivia na pobreza, na solidão e no medo.

Numa noite de uma sexta feira, ela entrou em uma cafeteria, esperando vender alguns doces. Tinha muitas pessoas, mulheres e homens tomando café, drinks, comendo bolos, doces e etc. Algumas mulheres a olhavam de forma invejosa e outras apenas olhavam, e os homens olhavam discretamente. Ela se aproximou de uma mesa, onde um homem elegante e atraente estava sentado. Ele tinha cabelos negros lisos, olhos azuis intensos e pele pálida. Ele usava um terno preto, uma camisa branca e uma gravata vermelha. Ele tinha um ar de nobreza e sofisticação, e um sorriso sedutor. Ele se chamava Cloutiery, e era um psiquiatra, nascido em Londres, era recém formado em psiquiatria, havia se formado em Paris, sabia falar duas línguas , inglês britânico e francês, e arranhava um pouco em espanhol. Ele tinha fascínio em estudar os mistérios da mente humana, e começou a trabalhar num hospital mental na cidade de Londres, chamado" Castelo mágico" Ele estava em Londres a trabalho, morava numa casa bem elegante no centro de Londres , Ele havia sido convidado para participar de um evento na França, onde ele iria atuar em uma peça de teatro, junto com uma dama de sua escolha. A peça era de terror e romance, e se chamava "A Boneca Falante do Poeta Delirante". Era uma história sobre um poeta louco que se apaixonava por uma boneca que ele achava numa casa abandonada, passando a cuidar dela, falava com ela como se ela fosse de verdade, mas durante a noite ela se tornava humana, ele começa a se apaixonar por ela e ela por ele, porém ele era louco,mas ela o amava, e ela era uma fugitiva de bruxos e vampiros. Cloutiery estava ansioso para interpretar o papel do poeta delirante, mas ainda não havia encontrado a dama ideal para ser a boneca da história.

Quando ele viu Sulieta, ele ficou impressionado com a sua beleza. Ela parecia uma boneca de porcelana, com seus cabelos loiros claríssimos e longos, levemente cacheados nas pontas, seus olhos verdes, sua pele pálida e suas feições delicadas. Ela usava um vestido simples branco, com detalhes de renda, e seus cabelos estavam soltos, sem muita arrumação. Ela tinha um olhar inocente e curioso, e uma voz suave e melodiosa. Ela se aproximou dele, notando que ele era um belíssimo homem, o mais bonito que ela já tinha visto na vida, com vergonha e receio de ser rejeitada, mas ela foi com muita coragem oferecer seus doces a ele, com um sorriso tímido.

- Sulieta: - Boa noite, senhor. Gostaria de comprar alguns doces de leite? Eles são feitos com muito carinho, e são muito saborosos. - ela disse, mostrando-lhe a cesta, que exalava um aroma doce e convidativo.

Cloutiery: - Boa noite, senhorita. Você é muito gentil, e seus doces parecem deliciosos. Eu vou comprar alguns, para ajudá-la. - ele disse, pegando alguns doces e lhe dando algumas moedas, que brilhavam sob a luz do lampião.

Sulieta: - Muito obrigada, senhor. O senhor é muito gentil. - ela disse, agradecendo-lhe com uma reverência, que revelava a sua humildade e educação.

Cloutiery: - Não há de quê, senhorita. Qual é o seu nome? Pode me dizer sua idade também? - ele perguntou, curioso, e encantado pela sua beleza e delicadeza.

Sulieta: - Meu nome é Sulieta, senhor, eu tenho 25 anos, e o senhor? - ela perguntou, educadamente, e curiosa, pelo seu charme e elegância.

Cloutiery: - Meu nome é Cloutiery, tenho 30 anos, E sou um psiquiatra recém formado .- ele disse, orgulhosamente, e confiante, pela sua profissão e renome.

Sulieta: - Um psiquiatra? Ahh meu Deus... - ela falou surpresa, sem se dar conta que havia dito em voz alta. - Sua profissão cuida de pessoas loucas, né? - ela perguntou, admirada, e assustada.

Cloutiery: - Sim, senhorita. Um psiquiatra é um médico que trata das doenças da mente. Eu ajudo as pessoas que sofrem de problemas psicológicos, como alucinações, delírios, depressão, ansiedade, etc. - ele explicou, simplificando, e percebendo o seu desconforto.

Sulieta: - Ah, eu entendo. - ela disse, tentando disfarçar. - Justamente o que sempre me dizem que eu preciso, de um psiquiatra, mas nunca vou ter condições de pagar pelos serviços de um. Ele não pode saber que tenho alucinações e que faço coisas estranhas sem eu mesma querer. Ele pode não querer comprar mais doces comigo. Não posso deixar ele saber disso. Não posso demonstrar meus medos agora. - ela pensou, angustiada. - O senhor deve ajudar muitas pessoas. - ela disse, impressionada, e grata.

Cloutiery: - Eu faço o que posso, senhorita. Mas nem sempre é fácil. Muitas vezes, as pessoas não querem admitir que têm problemas, ou têm vergonha de procurar ajuda. Elas sofrem em silêncio, e se isolam do mundo. - ele disse, com um tom de pesar, e de compaixão.

Sulieta: - Que triste, senhor. - ela disse, com uma expressão de compaixão, e de identificação. - Exatamente como eu. Tenho vergonha do que sou, do que tenho, dessa coisa que me cerca. - ela pensou, desolada. - O senhor não tem medo das histórias que ouve destas pessoas? Geralmente elas são assustadoras. - ela perguntou, tentando mudar de assunto, e curiosa.

Cloutiery: - Não, senhorita. Eu tenho que estudar cada detalhe da mente dos pacientes, assim posso ajudar com métodos específicos para cada caso. Você tem algum problema que queira me contar? - ele perguntou, com um olhar de interesse, e de intuição.

Sulieta: - Não, senhor. Eu estou bem. Eu só... às vezes eu... não, nada... - ela disse, hesitante, e nervosa. - O que eu estou fazendo? Eu ia dizer que sou uma louca, que falo com minhas próprias bonecas e as ouço, e vejo fantasmas de pessoas mortas me perseguindo e me encarando. Não, não posso dizer isso. Tenho que me manter firme e fingir que sou normal. - ela pensou, desesperada.

Cloutiery: - Você parece esconder algo por trás desta delicadeza e aparência de boneca de porcelana. Sinto um mistério na senhorita! - ele revelou, intrigado, e fascinado.

Sulieta: - Não, senhor. Por que me compara a uma boneca? - ela disse, baixando a voz, e corando.

Cloutiery: - Porque você transmite delicadeza, parece tão frágil, mas ao mesmo tempo tão forte. Tão pura, tão reservada, tão enigmática, complexa e intrigante. Como uma boneca numa estante, que sabe de tantas coisas e não pode falar, por medo. - ele revelou, fascinado, e poético.

Sulieta: - Nossa, senhor. O senhor é um poeta da mente humana. O senhor é tão inteligente que me faz sentir tão pequena, conversando com o senhor. E eu não tenho tanto estudo como o senhor tem. E desculpe, eu não saber lhe dizer uma resposta para isso. - ela disse, de forma honesta, e encabulada.

Cloutiery: - O que? Como pode dizer isso, senhorita? Eu estudei para aprender, todos podem aprender. E eu aprendi hoje com você, que para ter educação e gentileza não precisa ser um nobre da corte. Você me ensinou tantas coisas agora, que eu lhe agradeço por ter me oferecido seus doces. - ele disse, delicadamente, e sinceramente.

Sulieta: - Deste jeito eu fico sem reação, senhor Cloutiery. O senhor é tão gentil, e me ensinou hoje também, que nem todos os nobres são arrogantes e cruéis. Você me mostrou que há bondade e generosidade no seu coração. - ela disse, emocionada, e admirada.

Cloutiery: - Uma dama bela, educada e prendada. És de onde? Daqui mesmo de Londres ?- ele disse, admirado, e encantado.

Sulieta: sim! Sempre vivi aqui! E o senhor?

Cloutiery: eu nasci aqui, mas morei na França alguns anos, e estou morando aqui agora, e também estou a trabalho - disse com clareza.

Sulieta sentiu que aquele era o melhor dia da sua vida, um dia mágico que nunca imaginou acontecer e nunca pensou em ouvir tantas palavras doces na vida, ainda mais de um homem como ele, belo, educado, nobre, cavaleiro, e da alta sociedade. Ela se sentia como em um conto de fadas, e tinha medo de acordar.

Cloutiery: você tem família? Mora com seus pais, noivo, namorado?( -Perguntou curioso.

Sulieta: não tenho família, nem comprometida, moro sozinha numa casa alugada . E o senhor?- falou na esperança dele dizer que era solteiro.

Cloutiery: moro numa casa perto do meu trabalho, eu trabalho num hospício recentemente, lá estou aprendendo e estudando os casos mais avançados e desenvolvendo minhas próprias técnicas de psicoterapia e terapia mental, e sou um homem livre até então!- disse com um olhar sedutor.

Sulieta o observava perdida em seus olhos azuis, e nos seus lábios atraentes, ele fazia o mesmo, encarando-a, e analisando cada parte dela, seu rosto principalmente. Cloutiery abriu o saquinho do doce de leite e provou, suspirou, e sentiu como era gostoso aquele sabor, tão saboroso que lhe causava boas sensações. Ele se deliciou com a textura cremosa, e o aroma suave.

Cloutiery: - Nossa, tão gostoso, você mesma que fez? - ele perguntou, impressionado, e curioso.

Sulieta: - Sim, senhor! Que bom que gostou! Fico feliz! Muito feliz! - ela disse, sorrindo, e orgulhosa.

Cloutiery: - Melhor doce que já comi, e não sou muito de comer doces, mas este é agora o meu favorito, tão bom, tão viciante. - ele disse, elogiando, e seduzindo.

Sulieta: - O senhor sempre vem aqui? Quando quiser mais doces eu venho aqui lhe trazer! - ela disse, animada, e esperançosa.

Cloutiery: - Primeira vez que eu venho aqui, mas se for para comer esta delícia eu venho sempre que eu puder! - ele disse, brincando, e convidando.

Sulieta: - Que bom! - ela disse, feliz, e encantada. - Vou poder ver ele de novo, meu Deus, ele é tão lindo. - ela pensou, apaixonada.

Cloutiery: - Sente-se! Não gosto de ver uma dama em pé, enquanto eu fico sentado. - ele disse, cavalheiro, e protetor.

Sulieta: - Obrigada, senhor! Mas como eu não vou consumir nada na cafeteria eu não posso me sentar, eu acho. - ela disse, agradecida, e receosa.

Cloutiery: - Você está como minha convidada, fique à vontade! Sei que quer vender seus doces por aí, mas não vou tomar muito seu tempo! Só quero conversar mais com você, gostaria de pedir algo no cardápio? - ele disse, generoso, e interessado.

Sulieta: - Não, senhor. Obrigada pela gentileza. Gostei muito de conversar com o senhor também! Se eu pudesse eu conversaria com o senhor todo dia! É muito bom ouvir sua voz, tão elegante! - ela disse, sincera, e admirada.

Cloutiery: - Muito obrigado, senhorita Sulieta! Queria te perguntar se você gosta de livros? Histórias, teatro? - ele perguntou, gentil, e curioso.

Sulieta: - Amo muito! Em minha casinha eu leio alguns livros que achei nas ruas, eles estavam em bom estado e eu os levei para casa. Amo ler à noite, antes de dormir. Eu sempre leio com o Hector e a Charlotte. - ela disse, animada, e inocente.

Cloutiery: - Hum... que interessante! E quem seria Hector e Charlotte? - ele perguntou, intrigado, e surpreso.

Sulieta: - Ahh, são meu coelho e minha boneca de pano! Desculpe, eu não tenho amigos e eu tenho eles como meus amigos. - ela disse, envergonhada, e assustada. - Não era para eu ter dito isso, eu não quero mentir para ele, mas também não quero que ele saiba a verdade. Meu Deus, o que eu disse? - ela pensou, desesperada.

Cloutiery: - Hum... eu entendo, senhorita. Você é muito criativa, e tem uma mente muito fértil. - ele disse, compreensivo, e fascinado. - Ela conversa com brinquedos de pelúcia? Isso me surpreendeu. Talvez ela tenha mais segredos, que ela não queira me revelar por eu ser um estranho. Isso pode ser sinal de um problema mental, ou distúrbio, talvez leve. Mas vou analisá-la e descobrir seus enigmas. Sei que ela tem muitos enigmas dentro da mente, eu posso sentir. Por enquanto não parece ser algo sério. - ele pensou, analítico. - Você já pensou em ser uma atriz? - ele perguntou, mudando de assunto, e tentando.

Sulieta: - Uma atriz? Eu adoraria ser uma atriz, senhor. Eu amo o teatro. Eu sempre leio as peças que eu encontro, e imagino como seria interpretá-las. Mas eu não tenho condições de ser uma atriz. Eu sou humilde, plebeia e não tenho talento. - ela disse, com tristeza, e resignação.

Cloutiery: - Não diga isso, senhorita. Você tem muito talento, e muita beleza. Você tem o perfil de uma atriz, e se você se arrumasse com vestidos elegantes e jóias, você seria confundida com uma nobre facilmente. Você é muito bonita, e tem um charme natural. - ele disse, elogiando-a, e seduzindo-a.

Sulieta: - O senhor é muito gentil, mas eu sei que o senhor está exagerando. Eu sou apenas uma vendedora de doces, uma plebeia, uma ninguém. Eu não tenho nada que me destaque, nem que me faça especial. - ela disse, modesta, e triste.

Cloutiery: - Você está enganada, senhorita. Você tem muitas qualidades, e eu tenho uma proposta para lhe fazer! - ele disse, misterioso, e apaixonado. Ele olhou profundamente nos olhos verdes de Sulieta, e sentiu o seu coração bater mais forte.

Sulieta se perguntava que proposta seria esta, e se realmente aquele homem era real ou fruto de sua esquizofrenia. Talvez ele fosse apenas uma alucinação da sua mente, seria possível? Ela se perguntava a todo instante.

Fim do capítulo 1