VOTO LAMENTÁVEL - PARTE 2

As orbes vermelho-sangue dos olhos de Sterling capturaram a atenção de Faye mais uma vez. Com o dedo, ele moveu o cabelo dela para trás da orelha. Desta vez, ele percebeu o motivo de ela estar tão hesitante para que ele a visse. O rosto dela ostentava uma marca perfeita de uma mão onde ela havia sido recentemente esbofeteada, e a pele abaixo estava roxa e machucada.

Ela observou enquanto os olhos dele mudavam de um carmesim brilhante para um preto como carvão. Suas pupilas estranhas, semelhantes às de uma serpente, já não eram visíveis. Ela sentiu a pele arrepiar ao ouvir o tom em sua voz. Agora estava escuro e perigoso.

"Quem tocou na minha noiva? NÃO! Deixe-me reformular; quem se atreveu a danificar o que é meu?"

O quarto estava preenchido com um silêncio opressor enquanto todos trocavam olhares apreensivos.

O Duque soltou sua noiva e avançou em direção a Alice, agarrando-a pelos ombros e sacudindo-a com violência. Gritando em seu rosto, "Foi você? Foi você quem fez isso com Faye?"

Com um olhar de terror, Alice balançou a cabeça freneticamente para os lados, fazendo seus cachos saltarem selvagemente.

Ela gaguejou e apontou um dedo para o irmão gêmeo, "E-eu não fiz isso! Foi o Aaron. A garota estava ridicularizando ele, e ele a colocou em seu lugar."

A sobrancelha do Duque se arqueou enquanto ele perguntava em tom de escárnio, "É mesmo?"

Sua musculosa figura avançou agressivamente em direção a Aaron Montgomery. Seus olhos se estreitaram com foco intenso. Todos os presentes podiam sentir a tensão no ambiente enquanto ele aguardava uma explicação, ficando cara a cara com o jovem senhor de Wintershold.

"Conte-me, o que ela disse que era tão ruim? O que a minha noiva falou que precisava ser disciplinada de uma maneira tão severa no dia de seu casamento?"

Aaron ficou lá parado. Seu maxilar trancado, recusando-se a responder à pergunta do Duque. Sterling estava tão furioso que podia sentir seus músculos se tensionarem e enrolarem, querendo desferir um golpe e esgotar a vida do jovem que estava desafiadoramente diante dele.

Contudo, seu bom senso lhe dizia que isso não seria uma solução. Sterling se virou, e as palavras de Aaron, quase inaudíveis, chegaram aos seus ouvidos.

"Covarde Bárbaro."

Antes que alguém pudesse impedir, o Duque levantou seu enorme punho e esmurrou o rosto de Aaron, quebrando seu maxilar. Todos que tinham se reunido arfaram e murmuraram enquanto viam o corpo de Aaron ficar mole e cair em um monte no chão da sala. Sterling o havia nocauteado com um único golpe.

O caos e as ofensas se seguiram enquanto o Barão repreendia Duque Thayer por suas ações insensíveis.

"Seu bastardo sem cultura! Eu vou garantir que o imperador fique sabendo deste incidente! Você me ouviu, Duque Thayer!!! Vou fazer você pagar pelos danos que causou ao meu único filho. Vou também contar a ele dos insultos que você lançou sobre minha filha!"

O Duque zombou da ameaça vazia do Barão.

"Pfft! Faça como achar melhor. Corra e vá chorar para o rei; Ele provavelmente vai rir de você na corte real."

O Duque se virou para seus homens, que haviam testemunhado o casamento. Ele instruiu calmamente.

"Estamos indo embora."

Ele agarrou Faye e a arrastou para fora da sala. Então ouviu o padre chamar por ele para parar.

"Por favor, Milorde. A cerimônia ainda não terminou. Você deve selá-la com a promessa de um beijo."

O Duque parou e envolveu seus poderosos braços em torno de sua nova noiva e, antes que ela percebesse, sua boca cobriu os lábios dela. Ele a convencia a abrir a boca e retribuir a promessa. Sua língua deslizou pela costura de seus lábios, e ela abriu a boca enquanto a língua dele esfregava vigorosamente contra a dela. Após um longo momento, ele rapidamente se afastou dela, deixando Faye sem fôlego e ligeiramente confusa sobre o que havia ocorrido.

Antes de Sterling sair da sala, ele se dirigiu ao Barão e ao seu filho com um sorriso.

"Deveria ter usado um pouco do dinheiro que gastou na suntuosa refeição desta noite e encontrado um bom médico para consertar o rosto do seu filho. Tenho certeza de que eu quebrei o maxilar dele."

O Barão, não querendo mais lidar com o Duque Thayer, exclamou, "Você tem o que veio buscar agora. Deveria ir embora?"

O Duque não respondeu. Ele girou sobre o calcanhar, segurando o braço de Faye, e a puxou para fora da casa. Enquanto eles caminhavam em direção à carruagem, ela se lembrou de seu amado coelho.

"NÃO, ESPERE! Eu preciso do meu coelho."

Faye tentou soltar seu pulso da mão dele.

Então, enquanto ela estava prestes a entrar em pânico, ela viu a única pessoa em quem ela poderia confiar saindo correndo da casa de Wintershold para se despedir. Era a empregada, Hildie. Ela carregava um item estranho em suas mãos. Era um coelho de pelúcia sujo.

O Duque revirou os olhos e franzu o cenho ao ver o brinquedo infantil.

Hildie deu um abraço em Faye e beijou sua bochecha inchada, alisando seu cabelo com as mãos.

"Vai ficar tudo bem, Minha Senhora. Cuide-se."

Ao mesmo tempo que Hildie estava prestes a entregar o coelho a Faye, Sterling a puxou com força, e ela assistiu incrédula enquanto o coelho caía no chão enlameado e molhado. Faye estendeu a mão para pegá-lo, e antes que seus dedos pudessem tocá-lo, ela foi puxada de volta com força.

Faye gritou, "COELHO!"

O Duque ignorou seu apelo para parar e deixá-la pegar seu precioso brinquedo de infância. Sua bota pisou nele, esmagando o animal de pelúcia desgastado no solo enlameado.

"Entre! Você não é mais criança e não precisa de tais coisas. Preciso de uma mulher que possa cuidar de uma casa, não de uma criança para olhar. "

Ele emburrou Faye para o chão da carruagem e entrou atrás dela. Ela estava a ponto de se levantar e encarar o Duque para condená-lo pelo modo como ele a estava tratando. Ela era sua nova noiva, uma dama, e ele a estava tratando sem nenhum cuidado, não melhor do que um cão de caça. Quando ela virou-se para se erguer do chão e tomar um assento no banco diante dele, a voz escura dele soou em tom de advertência.

"Você precisa merecer seu assento. Sente-se—de volta—no chão."

Com a cabeça girada, ela viu o Duque Thayer encarando-a com seus olhos vermelhos de sangue. Suas pupilas estavam oblongas mais uma vez, como as de uma cobra. Ele tinha um sorriso malicioso enquanto a observava desconfortável no chão da carruagem.

Faye respondeu à sua observação, "Eu não sou um animal. Eu não sigo comandos como um cão treinado."

Ela se preparou para mover-se para o assento quando Sterling estendeu a mão, agarrou seu queixo inferior com força com sua luva de couro e trouxe seu rosto para perto do dele. Ele pegou o contrato de casamento e o pendurou na frente do rosto de Faye.

"Ao contrário, minha doce Duquesa, você fará tudo o que eu mandar. Fazia parte das estipulações neste acordo. Caso contrário, eu não teria concordado com essa união. Aqui, leia por si mesma."

Duque Thayer empurrou os papéis para as mãos dela.

Os olhos de Faye percorreram os documentos, mas era tudo um amontoado de símbolos para ela. O Duque pôde ver sua expressão confusa enquanto seus olhos passavam pelas palavras e as sobrancelhas franziam, sem entender o que significavam.