A Caminho de Casa.

Chegamos a Tamaran faz poucas horas terrestres, era de noite aqui, e devo dizer, nossa chegada não foi nada triunfal quanto eu esperei que fosse. Estamos falando de um povo que vive a partir das suas fortes emoções e acabamos de chegar de uma guerra imensa vitoriosos. No meu pensamento, seríamos recebidos com toda a pompa e circunstância, bandas marciais, desfiles e fogos de artifício, em vez disso, fomos recebidos com silêncio.

Total silencio, mas eles estavam ocupados, voando para um lado e para outro ou correndo pelo chão da enorme Tamarus, a maior cidade desse planeta, era como ver formigas voadoras fazendo seu trabalho.

"Já vai começar!" Gritou Kori do meu lado animada, todos meus amigos e os Ômega Man foram chamados e levados por ela até o ponto mais alto do Castelo Real.

"Kori, o que vai acontecer?" Perguntou Dick, mas Kori não falou nada, ficou apenas sorrindo, vestida com seu belo vestido azul-celeste com um colar enorme cheio de joias negras, chamando atenção para seu decote "V" que vai até seu umbigo, seus cabelos soltos vermelhos brilhantes completavam seu visual magnífico.

Ela não era a única vestida para matar.

Ravena, Alisand'r, Felicity e Kalista, também estão usando vestidos longos nos seus próprios estilos.

O da Ravena é todo negro e muito conservador, a única decoração nele são seus brilhantes diamantes espalhados pela sua cauda, ela prendeu seus cabelos longos num cocar mostrando seus brincos vermelhos escuros, havia algumas penas saindo ao redor do seu pescoço, Kori, conseguiu até mesmo a fazer se maquiar, ela parecia uma guerreira sombria.

Alisand'r e Felicity, estão vestindo roupas iguais a da Kori, só que de cores diferentes, verde para Alisand'r e cinza para Felicity, roupas coladas ao corpo com decotes abertos e pernas amostra pelas laterais.

Kalista está usando algo conservador de cor verde, e assim como todas as outras, também mostrava joias da sua família, as joias que minhas amigas estão usando foram emprestadas pela mãe da Kori.

Somando seu colar e vestido, ela deve estar usando uns quarenta milhões de dólares, na verdade, todas elas estão mais ou menos na mesma faixa.

"Eu gosto de uma boa surpresa, mas se vamos participar de algum evento cultural, não é melhor avisar?" Tentei tirar alguma coisa dela, mas ela apenas sorriu.

"Só temos que esperar um pouco mais, meus amigos." Comentou Primus, vestido com roupas pretas que se parecem com um smoking da Terra, assim como todos os outros homens do lugar, essas são roupas formais de festa dadas pela Rainha e mãe da Kalista para esse evento.

Pelas roupas e pelo sorriso, ficou bastante claro que vamos para uma festa, mas como vamos comemorar é importante, não podemos cometer um deslize num evento assim porque não sabemos um simples comportamento que para eles é ofensivo aqui.

"Está aqui!" Gritou Kori com os braços levantados.

Um segundo depois a capital se iluminou, não estou exagerando aqui, todo prédio, construção e casa da capital não importando o tamanho, emanou luz para o alto criando um efeito que se parece com pilares de luz que começaram a piscar e se mover iluminando o céu noturno de tal forma que parecia estar de dia.

Depois foram as naves, as de pequeno porte que tem permissão para voar sobre o planeta se ergueram voando de forma organizada ficando muito acima da capital, hologramas foram criados dessas naves, animais, aves e muitos outros efeitos, muitos deles lembrando explosões de luz, fogos de artifício de alta tecnologia.

E por fim, música, tocada alta o bastante para toda a cidade escutar, não, a cidade inteira está tocando um música eletrônica.

Tamaranianos começaram a festa em seguida pelas ruas, flutuando ou no chão se movendo no ritmo da música animada, seus gritos de alegria estavam quase sobrepondo a música da cidade.

"Isso não é só aqui, é?" Perguntei surpreso.

"Não, toda Tamaran está em festa!" Gritou Kori em resposta.

Minha audição aumentada é limitada a uma cidade, talvez um pouco mais do que isso se for um lugar silencioso, mas quando todo o planeta toca a mesma música em perfeita sincronia, isso ecoa por todo lugar, o planeta inteiro começou uma festa.

"Vocês não decepcionam." Sorri achando isso incrível.

"Essa é um evento único, na sua língua seria chamado de grande comemoração, um festival de alegria!" Comentou Alisand'r, ficando do meu lado, todo mundo se juntou na beirada do telhado numa fila olhando para bela cidade vibrando como nunca, em cada rua, bairro e casa havia pessoas dançando e comemorando, todas elas bem vestidas.

"Eu só ouvi falar disso, as lendas do meu planeta diziam que a última comemoração durou cinco dos nossos anos." Comentou Charis-Nar, vestido com uma versão de terno parecida com todos os outros espécies masculinos no local, mas é um pouco estranho ver uma montanha de músculo bem-vestido dessa forma.

"E quanto tempo é cinco anos no seu mundo!?" Perguntou Dick, diferente de todos os outros, ele não gostou de estar numa festa que não pode fugir.

"Galateia?" Perguntei para meu comunicador.

{Pelo nosso banco de dados, isso seria mais ou menos dois meses no nosso tempo padrão.}

O rosto do Dick ficou branco.

"Chega de conversa, está na hora de se divertir!" Gritou Kori enquanto agarrava o braço do Dick, puxando-o para fora da beirada, voando na direção do centro da festa.

"Ela está certa, esse é um evento único na vida, temos que aproveitar!" Primus, usou sua telecinese para levar seus amigos com ele na direção da comemoração, flutuando lentamente até lá.

No final, só ficou eu, Ravena e Alisand'r no topo do telhado.

"Está tudo bem?" Perguntei para minha amiga em voz baixa.

O poder empata da Ravena, deve estar quase saindo do controle agora.

"Nunca senti alegria tão forte, estou feliz." Foi tudo que ela falou me dando um dos seus belos sorrisos, em seguida, ela afundou na sua sombra desaparecendo do telhado.

Espero que ela se divirta também da sua forma.

Na minha esquerda, Alisand'r avança colocando seu braço por dentro do meu.

"O que estamos esperando?" Ela me perguntou me puxando, não lutei contra isso.

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Tamaran alterou completamente o significado das palavras comemoração e festa para mim.

Parece até mesmo que eles ficaram todo o tempo que estivemos fora produzindo bebidas e cozinhando, porque não faltou álcool e comida para ninguém, tudo está sendo distribuído por drones inteligentes pelo planeta inteiro.

Eu nunca esperei na minha vida festejar tanto e depois de oito horas dançando, as coisas realmente esquentaram, com tanta bebida e um povo tão emocional no meio, isso é bem normal, mas claro, não houve nada muito explicito, mas vamos apenas dizer que os becos entre os prédios e ruas eram lugares para fazer exatamente isso. Nessas oito horas dancei com dezenas, beijei o mesmo número, e nem todas eram de Tamaranianas, essa é uma festa para todos os aliados presentes na guerra, eles estão fazendo uma rotação para comemorar, dessa forma os soldados não deixam o planeta desprotegido, uma preocupação válida, mas não realmente necessária, afinal, as forças inimigas estão muito desfalcadas.

Outro fato surpreendente, foi o que aconteceu nas casas e outras residências, desde que a comemoração se iniciou, esses lugares deixaram de ser propriedade privada, as pessoas poderiam simplesmente entrar e comoraram juntas, excluindo é claro, alguns lugares de importância, mas no geral, isso aconteceu até mesmo no palácio real.

Todos estavam festejando, mulheres, homens e crianças de todas as idades, com a expectativa de vida tão alta como a deles. Aqueles que pareciam ter uma idade avançada eram uma visão bem rara, não era só eu que estava me divertindo, os Ômega Man e meus amigos estavam no meio disso também.

Tive pena do Dick, ele não conseguiu escapar da Kori, ela o levou para dançar por horas até o arrastar para um lugar mais reservado, horas depois eles voltaram, Dick parecia ter dormido quase nada, esse ciclo se repetiu até eu me afastar de onde os dois estavam junto da Alisand'r, voei dançando sobre toda a cidade, foi incrivelmente relaxante e animado.

Resumindo, continuei bebendo, dançando e comendo de uma forma descontrolada sobre o ritmo da música alta ecoando por todo globo de uma forma que deixaria Calígula com inveja, mas as bebidas eram fortes e faziam um pouco de efeito e mim, na quantidade que bebi, acabei perdendo um pouco as inibições, o resultado disso, é a mulher dormindo do meu lado na cama num quarto destruído.

Não foi uma consequência da bebida, ela apenas me dê o empurrão, não me arrependo do que fiz, e Alisand'r também não, percebo isso pelo seu sorriso enquanto ela dormia nua do meu lado.

Ela está dormindo em cima do meu ombro agarrada ao meu braço descoberta, seu corpo está quase que totalmente coberto pelos seus longos cabelos vermelho fogo rebeldes, mas ainda posso ver muito bem seu físico, um corpo de uma guerreira, os músculos e algumas cicatrizes não tiraram sua feminilidade, longe disso, era como ver um felino enorme, belo e mortal.

Quanto à experiência em si, foi uma das melhores da minha vida.

Sexo para mim é ser deixado levar pelas emoções e se conectar com a parceira, o que sempre consegui fazer, mas todas as minhas parceiras até agora sempre foram inferiores fisicamente a mim, até mesmo a elfa Diane Dorst, que gosta de algo mais, agressivo.

Isso não quer dizer que não gostei dessas experiências, longe disso, mas sempre tive que me conter e deixar parte da minha mente focada nesse controle, nunca prologando até chegar no meu limite, afinal, tenho resistência quase ilimitada.

Com a Alisand'r não precisei me conter, ela pode ser mais fraca do que eu fisicamente, mas não está muito distante, seu corpo era forte e finalmente me soltei, o resultado disso é visível nesse quarto de paredes verdes, paredes que foram derrubadas ou tem buracos nelas, a cama também está quebrada, o coxão está tocando o chão.

Em que casa eu estou?

Pergunto em fim, simplesmente entramos numa casa e fizemos o que fizemos, vou ter que me desculpar com os donos, vai ser constrangedor.

"Por que você está acordado, volte a dormir." Falou Alisand'r, em voz baixa, sem abrir os olhos.

"Normalmente eu não durmo tanto, então para mim, esse foi um longo sono." Brinquei a puxando para mais perto do meu corpo também nu, ela colocou sua perna sobre as minhas.

Pelas minhas contas rápidas, dormi cerca de cinco horas, não foi de cansaço ou por que eu estava ferido dessa vez, dormir por que meu corpo relaxou depois de tantas bebidas alienígenas, e eles têm uma variedade incrível, nenhuma delas conseguiu me deixar totalmente bêbedo, mas cheguei perto, e a quantidade ajudou a me manter nesse estado por horas.

"Oh, parece que você está realmente muito acordado." Comentou ela sentindo meu corpo com sua perna.

"Tenho uma magnífica mulher colada em mim, não posso evitar."

Ela me deu mais um sorriso abrindo seus olhos brilhantes, num movimento brusco, Alisand'r subiu em cima do meu corpo sentando na minha cintura, seus cabelos caíram ao redor do meu corpo e ela abaixou colocando as duas mãos sobre meus ombros deixando seu rosto a centímetros do meu, ela cheirava a algo que se parecia jasmim e um pouco de suor, o cheiro perfeito nesse momento.

Levantei minhas mãos as colocando abaixo da sua cintura, apertando firme, ela ronronou como uma tigresa, mexendo sutilmente sua cintura, apenas o bastante para me provocar também enquanto continuava olhando diretamente para meus olhos.

"Isso é culpa minha, vou ter que cuidar disso!"

Ela abaixou e começou a me beijar com vontade e fome, e uma coisa levou a outra mais uma vez.

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"Ainda acho que aceitar esse presente é um pouco demais." Comentou Dick comigo e Kori lado a lado, olhando para a construção do referido presente.

Estamos sozinhos num dos hangares/fábricas de Tamaran, ele se encontra próximo da sua capital, construído no interior de uma montanha bem no seu centro, e como tudo nesse mundo, houve uma integração total de natureza com tecnologia, todo o lado de fora da montanha está intocado, rico em flora e fauna, mas seu interior foi escavado e coberto por metal e a única entrada e saída é o buraco gigante da caverna onde estamos, grande o bastante para dez naves descolarem lado a lado juntas.

"Meu amante, negar isso seria muito desrespeitoso na nossa cultura, os Senhores de Okaara, podem até declarar guerra!" Kori deu a desculpa que combinamos para fazer o Dick aceitar esse presente, mas ela não foi muito convincente, dando olhares felizes e orgulhosos enquanto falava para mim que estava na sua esquerda.

"Dick, precisamos de algo para ir casa, é isso ou pedir carona." Coloquei o prego no caixão.

"Eu sei, eu sei, mas quando pedi um transporte, estava esperando algo mais simples e fácil, uma das naves avariadas ou algo assim, não isso!" Ele exclamou, apontando para a nave sendo construída na nossa frente.

Aqui é um hangar e fábrica que funciona sozinha, como ninguém sabia qual seria o resultado da guerra, Tamaran continuou construindo naves e armas para caso o pior acontecesse, esse lugar é só um de muitos que estava fazendo exatamente isso, por isso as fileiras de naves próximas a nos, planadores de guerra do tamanho de jatos, todos novos e intocados. No centro dessa fábrica, nossa nova nave está tomando forma graças aos braços robóticos ligados ao teto, cada um deles deve ter vinte metros de comprimento, havia centenas se movendo como um balé perfeitamente em sincronia.

Quanto à nave, ela é uma beleza, ou vai se tornar assim quando estiver pronta.

Houve é claro algum pensamento e cuidado no seu design, sua forma lembra muito um F-117 NightHawk, não entendo muito de modelos, mas esse ficou gravado na minha mente por ser bastante conhecido com suas asas apontadas para trás e o corpo robusto e mesmo assim belo, só que nossa nave é pelo menos quatro vezes maior que o Javelin, e de acordo a classificação do universo, ela vai ser uma nave Classe Sete.

Sim, é um presente muito generoso.

"Galateia, quanto tempo até a nave ficar pronta?" Perguntei em voz alta.

{Uma semana no nosso fuso-horário.} Ela respondeu com sua voz ecoando por toda fábrica.

"O mesmo que você previu antes da obra começar."

Após perder seu corpo e drone, ela ficou sem nada para fazer, apenas um núcleo cheio de energia, por isso a trouxe aqui e a conectei diretamente com a nave no início de sua construção, Galateia agora está no céu, pelo menos na sua versão do paraíso, aprendendo tudo que pode da tecnologia conjunta de várias raças muito mais avançadas.

"Essa velocidade é ridícula." Comentou Dick.

Só faz uma semana que a construção começou.

"Teria sido mais rápido se tivéssemos mais recursos, a guerra nos deixou debilitados, nossa comemoração não durou quase nada." Suspirou Kori, achando que duas semanas inteiras e seguidas de festa é pouca coisa.

"Não adianta ficar aqui, vamos voltar." Falei virando minhas costas para a nave em construção, meus amigos se juntaram a mim logo em seguida, caminhando lentamente pelo centro da instalação com filas de naves novas nos dois lados.

"Então Kori, como vai ser?" Perguntei diretamente, algo que sei que ela gosta e não se importa, entrando assim num assunto delicado.

Ela agora é a única descendente direta da linhagem real, já que a Blackfire foi condenada à prisão perpétua depois de um breve julgamento público que aconteceu no dia seguinte ao fim da festa, ela teve todos seus títulos retirados, na verdade, foi pior que isso, o povo de Tamaran literalmente apagou sua presença desse mundo, qualquer rastro dela, ao ponto de negar totalmente sua existência, até seu nome não é mais falado em voz alta, mas ela está viva, presa num lugar de alta segurança muitos andares abaixo do palácio real, onde vai ficar para sempre.

"Conversei com meus pais, os dois concordaram, eles vão me deixar continuar minhas aventuras, mas só por um período limitado de tempo."

"Quanto tempo?" Perguntou Dick, usando seu treinamento para não demonstrar nenhuma emoção, mas ele não é tão bom quanto o Batman, posso escutar seu coração disparado.

"Cinco anos." Respondeu nossa amiga em voz baixa.

Isso não é muito tempo, mas também não é pouco. Infelizmente, não podemos dizer nada para a fazer ficar conosco depois disso, ela tem responsabilidades e um povo para cuidar.

"Entendo, então ainda temos cinco anos juntos."

"Espere, Kori, são cinco anos da Terra ou de Tamaran?" Perguntei, lembrado do maldito fuso-horário espacial.

"De Tamaran, é claro."

Sim, ela esqueceu que um ano em Tamaran, é quase trinta e cinco anos terrestres, de novo, mas Dick se lembra disso, dá para ver no seu sorriso.

Depois de explicarmos mais uma vez a conversão de dias e anos de Tamaran para o da Terra, e agora com a Kori com um humor muito mais radiante como de costume, relaxados com esse peso tirado de nós, saímos da base pela porta da frente e voamos com calma, temos tempo, mais uma semana para descansar, explorar e recarregar às baterias, até agora foi uma coisa atrás da outra, e mesmo com alguns dias calmos entre as tempestades, o cansaço se acumulou.

Vamos aproveitar essa semana.

Nosso voo foi curto, apenas descemos a montanha próximo ao chão curtindo a paisagem indo para esquerda em direção ao litoral, encontrei um bom lugar na praia para estacionar minha Casa, e ela adorou o lugar, até mesmo um ser como ela, seja lá o que for, pode curtir um descanso.

"Realmente não gosto disso." Comentou Dick, assim que a Kori o soltou na areia.

"Então compre ou construa uma mochila a jato para você." Provoquei caminhando na direção da entrada da casa, onde Ravena, estava deitada numa cadeira de praia protegida pela sombra com um livro aberto na frente do rosto usando um vestido azul bem relaxado de tecido fino.

"Isso não existe!"

Para esse comentário, tive que parar e me virar para ele.

"Dick, você realmente acha que não existe mochila a jato? Quer dizer, até na Terra temos tecnologia para fazer isso, roube os projetos do Lex Luthor ou algo assim, pelo menos eles vão ser usados para algo bom pela primeira vez."

Deixei essa ideia na mente dele e continuei indo até a Ravena, que abaixou seu livro e olhou para mim.

"Você poderia estar tomando um pouco de sol, ou nadando." Brinquei contendo o riso.

Ravena nem se incomodou em responder, levantou o livro e continuou sua leitura, e pela capa, ela está lendo sobre as variações dos feitiços em outras línguas, leitura leve para as férias, fazer o que, cada um se diverte da sua forma.

"Eu quero treinar um pouco, já faz algum tempo." Falou Dick entrando pela porta aberta.

"E você Kori? O que vai fazer?" Perguntei para minha amiga, indo para esquerda da entrada da casa, onde surgiu uma cadeira de balanço de madeira com o tamanho perfeito para mim.

"Tenho que ir para o palácio, vejo vocês no jantar?" Ela perguntou.

Nos dois acenamos e minha amiga voou para longe.

Poderíamos ficar em qualquer lugar do planeta, até mesmo no palácio real, mas essa casa estacionada aqui é o melhor destino para as nossas férias, um lugar isolado com sol e sem ninguém próximo, mas também não muito distante de tudo, perfeito.

Me sentei na cadeira de balanço enquanto mudava minha roupa para algo mais relaxado, short azul e uma camisa havaiana super colorida, camisas como essa só podem ser usadas em momentos assim. No momento que encostei na cadeira e senti o cheio do sal no ar junto do barulho das ondas e dos animais nativos, aves que se parecem com uma fusão entre a gaivota e o tucano que temos na Terra, finalmente relaxei.

"Ravena, você realmente vai ficar estudando magia as férias inteiras?" Perguntei para minha amiga, e nesse exato momento, uma bandeja prateada flutuando sozinha saio de dentro da casa, eram dois drinques gelados feitos e entregues pelos meus Aurae, espíritos invisíveis que cuidam de mim dentro da Casa.

"Cada um relaxa de sua forma, não vi você reclamando com o Dick." Ela me respondeu ainda sem tirar os olhos do seu livro, enquanto pegava e movia sua bebida com a mente até ela.

"Isso é verdade." Peguei minha bebida e tomei um gole, perfeito, álcool alienígena gelado e misturado com produtos da Terra para formar uma versão do drinque Sex on the Beach que realmente funciona comigo.

Sim, vou curtir bastante essa semana de paz.

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"General Ph'yzzon, essa escolta já nos levou longe o bastante?" Dick comentou olhando para o holograma em tamanho real do General na ponte de comando da nossa nave.

Nossa nova nave ficou pronta e estava na hora de ir para casa, mas infelizmente, não poderíamos simplesmente voar para longe logo depois de uma curta despedida, como o Dick quis, em vez disso, recebemos uma comemoração na capital que com certeza, se tornou uma festa assim que saímos, também não fomos embora sozinhos, a K'Norfka junto de mais algumas naves da aliança estão literalmente nos escoltando até saída do setor.

{É mais uma tradição e honra que vocês mereceram, fora isso, nossa Rainha quer passar cada segundo que pode com a Princesa.} O General responde com um sorriso no rosto olhando para a parte de baixo da ponte de comando.

O design interior da nave antes sem nome é simples, um espaço em branco bem iluminado e amplo com salas muito bem pensadas e organizadas, a ponte de comando tem dois andares, o de cima onde estamos, é por onde entramos, a duas escadas em cada lado que leva ao andar de baixo, a uma sala vazia com uma janela dupla onde a tecnologia holográfica estava recriando o lado de fora nas paredes central, esquerda e direita, mudando assim a ideia da visão central que uma nave com o bico pontudo tem.

No centro onde se deve estar a cadeira com os controles, temos o mesmo sistema intuitivo das melhores naves do universo, mas isso não era necessário agora, Galateia está no controle, por isso as cadeiras foram retiradas por ela deixando um belo espaço aberto para todos.

A Rainha Luand'r, está com sua filha mais à esquerda, usando um vestido vermelho e muitas joias abraçada e conversando em voz baixa com sua filha, não era só ela que estava aqui, Primus, Kalista e Alisand'r, também estão presentes conversando com a Ravena, todos vieram se despedir.

{Essa despedida é algo que entendo, mas não vejo muito sentido, com os sistemas de comunicação dessa nave, elas poderiam se falar todo dia, fora também sua velocidade, mas mães são mães.} Brincou o General.

"Falando em despedidas, vou fazer isso também." Falei com eles apontando para Alisand'r, que acenou para mim sorrindo.

Desci pelas escadas à minha esquerda lentamente, no meio delas, falei em voz baixa.

"Como é Galateia? Melhor ou pior do que o esperado?"

A minha criação aparece como uma imagem na parede do meu lado com um sorriso enorme no rosto.

{Muito melhor, minha integração é perfeita, e os sistemas avançados dessa nave permitem um controle e liberdade muito maior que a Javelin, já estou imaginando o que Bumgorf pode fazer assim que podemos testar sua velocidade máxima.}

Bumgorf significa protegido em Tamaraneano, foi a Kori quem escolheu o nome. Um nome em outra língua alienígena não é minha primeira escolha para uma nave que vai pertencer aos Titãs, mas foram eles quem a construíram, e isso foi um presente, então Bumgorf vai ser.

"Você vai poder correr o quanto quiser assim que saímos do setor." Prometi para Galateia enquanto chegava no andar de baixo.

Não estamos nem mesmo na metade da nossa velocidade máxima, essa nave foi projetada para velocidade e ataque, diferente de muitas outras que estão participando da escolta. Esse é o segundo motivo para o Dick, não gostar de ser guiado dessa forma, ele gosta de fazer as coisas rapidamente.

"O que vocês estão conversando?" Perguntei bem-humorado me aproximando da Alisand'r, Ravena, Primus e Kalista.

"Eu estava apenas garantindo que a Raven tem nosso contato para caso vocês precisassem de ajuda, já passei isso para a Galateia, mas é sempre bom ter outro com essa informação." Respondeu Primus, com um sorriso.

"Só não nos chamem por qualquer besteira, não quero cruzar dezenas de setores apenas para salvar vocês por nada." Garantiu Kalista.

"Prometemos que não vamos chamar vocês a não ser se o mundo estiver acabando." Falou Ravena.

"Ótimo, é exatamente isso."

Ignorei esses três depois disso e toquei gentilmente o braço da Alisand'r, a movendo para esquerda ganhando algum espaço, isso foi percebido por eles, mas ninguém falou nada, apenas a Kalista, me deu um olhar sugestivo provocando.

"O que aconteceu?" Ela perguntou para mim.

"Só queria me despedir." Responde com um sorriso.

Não tivemos um único encontro intimo nessa férias, enquanto a Ravena passou seu tempo quase inteiro presa aos livros na praia e o Dick foi arrastado pela Kori para longe, fiquei explorando junto da Alisand'r, ela me levou para ver os grandes felinos que habitam o continente que é uma floresta imensa, vi até mesmo aves gigantes que se pareciam com dragões no polo sul, e no fim de cada aventura, sempre acabávamos juntos nas florestas, montanhas ou no meu quarto.

Alisand'r riu com minhas palavras, tocando meu rosto gentilmente.

"A Princesa me avisou que o seu povo é muito sentimental com despedidas românticas."

"Bem, não sei como vocês lidam com algo casual, então estou sendo cuidadoso."

Não havia amor, era apenas atração física entre nós dois, não sou um tolo adolescente que se apaixona por qualquer mulher com quem dorme, mas isso não quer dizer que não a uma conexão e sentimos envolvidos.

"Não lidamos com nada, porque não há nada para lidar, amamos, e quando acaba, ficamos felizes com o que aconteceu, simples assim." Ela respondeu se aproximando e beijando meus lábios como nunca ela fez até hoje, gentilmente, num breve beijo.

E assim nos despedimos.

{Estamos saindo do hiperespaço nas coordenadas exatas!} Avisou Galateia, guiando atenção de todo mundo para visão na frente do túnel de energia se fechando ao nosso redor, a nave voava tão suavemente que nem sentimos a mudança no espaço.

Todo mundo se juntou segundos depois, observando mais naves saírem do hiperespaço ao nosso redor e ficando um pouco atrás, eram dezenas de vários tamanhos e estilos. Segundos depois de sua saída, elas pararam atrás de nós, estamos apenas alguns quilômetros de distância da fronteira desse setor.

Nossa nave, a Bumgorf, continuou voando a frente lentamente agora, apenas algumas dezenas de metros por segundo, não vai demorar para atravessar a fronteira.

"Acho que está na hora de irmos." Comentou a Rainha Luand'r, até esse momento ela estava agarrada ao braço da sua filha que tinha um sorriso enorme no rosto.

{Sua nave está preparada no hangar, Rainha Luand'r.}

"Obrigado maquina, quanto a você!"

Dick, congelou com o súbito olhar congelante da Rainha.

"Cuide bem da minha filha." Ela pedeu gentilmente para em seguida se virar e andar até as escadas.

{Essa também é minha deixa, devo dizer, foi uma honra e um privilégio lutar ao lado de todos vocês, e saibam disso, quando vocês precisarem, Tamaran vai estar lá por vocês!} O holograma do General Ph'yzzon desaparece em seguida.

"Odeio despedidas, então, até mais tarde!" Foi tudo que Kalista disse para em seguida andar na direção das escadas.

"Não liguem para isso, ela está feliz em encontrar um grupo como nosso, como vocês sabem, somos os únicos heróis desse sistema, fica difícil às vezes, mas agora sabemos que temos companheiros que vão nos ajudar se precisarmos e vice-versa." Comentou Primus para logo se juntar a Kalista, mas não antes de receber nossas confirmações.

"Princesa, foi uma honra…." Começou Alisand'r, mas ela foi parada pela Kori.

"Você já é minha amiga, então por favor, pare de me chamar de princesa."

"Kori então, foi uma honra, obrigado por deixar eu me juntar esse grupo, essa foi a coisa que mais me orgulho nessa vida."

{Aviso! Objeto não identificado em rota de colisão!} As luzes piscaram em vermelho e a imagem tentou focar em algo voando na nossa direção em alta velocidade.

"É um míssil!?" Perguntou Dick em voz alta.

{Desconhecido, impacto em três, dois, um!}

Não houve impacto, a coisa atravessou nossa nave como se fosse invisível surgindo na ponte de comando e assim ficando visível para todos, uma bola de luz verde, como um vaga-lume gigante do tamanho de uma bola de basquete que diminuiu sua velocidade até parar na frente da Alisand'r, próxima do seu peito.

A luz em seguida se apagou revelando um anel verde-esmeralda e uma voz ecoou pela nave em seguida.

{Alisand'r de Tamaran, você tem a capacidade de superar grandes medos, bem-vinda a Tropa dos Lanternas Verdes!}

Somei dois mais dois na minha mente.

Acabamos de passar a linha separando os setores, isso quer dizer que estamos em outro setor que está sobre a jurisdição da Tropa dos Lanternas Verdes, ou seja, o Setor Vega acabou de ganha sua primeira Lanterna Verde.