webnovel

Memórias Passadas (1/2).

"Galateia, você pode ajustar a temperatura?" Pedi enquanto derramava o conteúdo do béquer quente o segurando com as mãos nuas num erlenmeyer sobre o fogo.

{Entendido, ajustando temperatura de acordo com nossos dados.} A voz da minha criação ecoou pelo meu quarto.

"Obrigado."

No mesmo momento, o fogo abaixo da minha mesa cheia de produtos alquímicos perdeu um pouco sua coloração azul, o líquido verde começou a perder a cor segundos depois.

"Isso com certeza, deixa as coisas muito mais fácies." Ri enquanto pegava o próximo ingrediente, uma pequena flor que cresce no submundo.

Graças ao conhecimento alquímico da alma negra do vampiro, comecei a testar misturas, descobri que essa pequena flor que cresce próxima das montanhas do submundo tem um efeito muito bom em poções como essa, por isso comecei uma pequena plantação de ervas na minha dimensão.

{A minha integração com a nave aumentou nossa produtividade em trinta e cinco por cento.} Comentou Galateia.

Continuei rindo enquanto me afastava da mesa depois de colocar a planta inteira no fogo, ela desapareceu segundos depois mudando a cor da poção mais uma vez.

A poção vai precisar de mais uma ou duas horas até ficar pronta, o que me da tempo para me mover um pouco, estou há quase dez horas preso a essa mesa trabalhando no meu quarto, estamos viajando nesse momento para Terra, mas não estamos com presa como da primeira vez, por isso vai demorar mais quatro dias até nosso destino, já passamos do terceiro dia de viagem.

Todo mundo está curtindo a viagem, diferente da Galateia, ela queria testar a velocidade máxima da nave, mas a convencemos a fazer isso depois.

Girei meu corpo na cadeira olhando para meu quarto, não tem nada demais, apenas uma cama enorme, não tive tempo de decorar o lugar que era bem grande, mas acima da cama tem uma janela com a vista perfeita para o túnel de energia do hiperespaço, sua luz é o bastante para iluminar todo meu quarto, a vista continua bela e imensa como sempre, isso vale mais do que mil decorações.

Quanto ao que estou fazendo agora, apenas fabricando algumas poções para repor meu estoque que ficou bastante vazio no decorrer dessa viagem, estou falando aqui de gastar a soma de anos preparando poções numa só viagem, sim, gastei muito.

Fabrico poções não apenas para usar, essa também é uma forma de se praticar alquimia, você pode estudar o quanto quiser, mas tem que colocar a mão na massa para avançar.

{A poção de recuperação menor ficara pronta em exatas dez horas.} Avisou Galateia, seu domínio pode ser a tecnologia, mas ela foi criada a partir da magia, e sua ajuda está adiantando meu trabalho.

"Vamos deixar isso cozinhando por enquanto e passar para a próxima tarefa." Falei me virando para esquerda, na segunda parte da mesa ocupada por instrumentos de laboratório.

Na esquerda tenho outro Bunsen, um pequeno fogão que cospe uma chama para cima aquecendo o recipiente, pelo menos é assim que é o normal, meu Bunsen está envolvido por uma caixa de metal negro, Metal do Submundo, cobrindo a chama e o recipiente aquecendo ele, tive que fazer dessa forma já que não estou usando uma chama comum alimentada por gás, essa é a chama do Rio Flegetonte do Submundo, estou a usando para aquecer o material que vai se tornar o "sangue" que corre nas veias do novo corpo da Galateia.

"Continuo surpreso, você pegou meus planos iniciais e agora conseguiu os melhorar em tão pouco tempo." Falei mudando minha atenção para as folhas de papel abaixo do Bunsen, planos para o novo corpo da Galateia.

{Seu projeto é uma maravilha mágica Dio, mas seu conhecimento científico está muito abaixo do esperado.}

"Isso é verdade, seu corpo mecânico seu deu certo por que é da natureza magica torna o impossível possível, mas agora, com você tomando conta da tecnologia e me deixando com a parte magica, nem imagino o quão poderoso esse corpo vai se tornar, estou realmente animado."

{Tempo para construção do novo corpo desconsiderando qualquer interrupção, seis meses.}

Essa é a forma dela dizer que também está animada, mas isso vai demorar mais do que esse tempo previsto, seriam seis meses se eu ficasse apenas focado nesse trabalho, mas tenho uma vida e muitas obrigações como herói, vai demorar pelo menos um ano.

Remove a tampa do metal negro e coloquei mais alguns pequenos materiais na mistura escondida pela caixa de metal, fechei dois segundos depois, e só nesses dois segundos destampado, a sala sofreu um aumento brusco de temperatura, nada que não posso lidar, mas tenho que ter cuidado para a nave não sofrer nenhum dano estrutural por conta do calor.

"Você pode ficar de olho para mim? Quero tomar um banho e comer algo." Pedi me levantando duas depois, acabei de guardar minha poção já pronta, só falta o sangue, mas isso vai demorar mais.

{Meus sentidos englobam toda a nave.} Ela respondeu.

Ela não está exagerando, nesse momento, ela é onisciente nessa nave.

Fui até a porta que se abriu sozinha para cima, no corredor, andei para esquerda em direção aos banheiros, no caminho, acabei parando em outra sala com a porta aberta.

"Tumm!"

Dick, acabou de ser jogado no chão pela Kori no chão, ela realizou um movimento perfeito. No mesmo segundo, ele virou seu corpo e tentou agarrar as pernas dela, mas minha amiga se afastou antes mesmo dele ter a chance.

Em pé, vejo Dick sem camisa vestindo um short simples, ele está bastante suado diferente da Kori, que está vestida com um sutiã esportivo deixando sua barriga amostra com os cabelos presos. Ela não estava cansada, um físico aumentando tem suas vantagens.

"Você teve as duas pernas e um ombro quebrados, e já está treinando?" Perguntei não surpreso com isso, ele voltou a treinar nas férias, mas nada tão intenso.

"Estou recuperado, você sabe disso, fora também que faz muito tempo que não treinamos juntos." Respondeu Dick, se movendo um pouco abaixado num círculo com a Kori, com um enorme sorriso no rosto, fazendo o mesmo.

Tinha esquecido a facilidade com que ela sorri, isso se tornou normal de novo desde que lidamos com a situação em Tamaran.

"Amigo Dio, por que não se junta a nós?" Perguntou Kori.

"Não obrigado, tenho algo cozinhando e também não quero dar a chance para o Dick se vingar." Falei brincando.

"Ainda acho que a Alisand'r deveria vir conosco." Comentou Dick atacando a parte de baixo do corpo da Kori, que ficou firme no lugar.

"Já falamos sobre isso, assim que ela se afastar do Setor Vega, o anel vai forçar ela a ir para Oa, isso significa que os Guardiões vão fazer de tudo para ela não voltar para casa."

Consegui convencer todo mundo que a melhor coisa para a Alisand'r, era voltar imediatamente para dentro do território Vega, saindo assim da zona de influência dos Guardiões.

"Mesmo assim….. ela precisa de treinamento…..!" Dick conseguiu dizer enquanto os dois trocavam de posição tentando derrubar o outro, Kori claramente não está usando sua vantagem física superior.

A preocupação dele é válida, um anel de poder é a arma mais poderosa do universo, por isso mesmo um Lanterna Verde no Sistema Vega, é de suma importância, Alisand'r vai salvar a vida de milhões e ser um trunfo para o lado do bem, não posso deixar isso passar, aquele setor amaldiçoado merece toda luz que consegui arrumar.

"Ainda acho que…..!"

"Bum!"

Dick caio de cara contra o chão.

"Ela pode treinar sozinha, vai demorar, tenho certeza, mas ela tem os dados da Liga sobre o nosso Lanterna Verde, isso pode ajudar um pouco, é melhor do que ser presa para que ela não volte para o Setor Vega."

"Você está exagerando…" Dick tentou dizer algo enquanto rolava no chão com a Kori em cima dele, os dois brigaram trocando de posição para ver quem conseguia prender quem.

Exagerando?

Não, não estou.

Na minha vida passada eu não era um fan do Lanterna Verde, li algumas histórias, mas não foquei nele tanto, e mesmo assim tenho uma ideia boa o quão frios os Guardiões do Universo podem ser sobre questões como essa, grande parte das histórias que li do Lanterna Verde tinha como plano de fundo exatamente os erros passados deles.

Todo o Sistema Vega está livre da influência dos Guardiões e da sua Tropa, ou melhor dizendo, estão banidos. Os anéis literalmente têm protocolos que obrigam os membros da Tropa a se afastar para evitar uma quebra no tratado que eles fizeram.

Como Alisand'r voltou então?

Simples, ela não colocou anel até darmos ré e entrarmos de volta no Setor Vega. Graças a meu pensamento rápido, agora o Sistema Vega tem mais uma heroína.

Não pude evitar agir assim, foi um pequeno milagre o que aconteceu, um anel procurando um novo dano achou alguém daquele setor sem lei no exato momento que cruzamos a fronteira, foi o destino, então não desperdicei.

"Eu ainda acho que ela vai ficar bem, conheço ela, e sei que ela tem tudo para conseguir." Dick não tinha como responder, o braço da Kori estava sobre sua boca com ela nas suas costas o envolvendo como um polvo.

Com o anel, ela conseguiu convocar imediatamente uma bateria, então o anel não vai ficar sem carga, o único problema é que ela não vai poder acessar a rede de inteligência da Tropa pelo Anel, mas esse é um preço pequeno a se pagar.

Dick tentou dizer algo, mas Kori estava bastante animada com esse treino o fez pagar pela sua falta de atenção, sabendo que essa conversa não vai para lugar nenhum, em vez de continuar vendo ele levar uma surra, continuei meu caminho atravessando as outras salas, temos de tudo aqui, musculação, entretenimento, estufa, enfermaria e até mesmo uma pequena oficina, quem projetou esse lugar pensou em criar um lugar para viagens longas deixando tudo confortável.

Fora também que eles deixaram o compartimento de carga lotado de suprimentos, metade disso é para Kori, lembretes do seu lar, a maioria da comida não é do agrado para nossos estômagos, por isso ainda comemos da reserva que trouxemos mantida dentro da minha Casa. Eu falei metade, o resto está cheio de bebidas, isso é pra mim.

Finalmente cheguei no banheiro, como Dick estava treinando, tinha o lugar só para mim, tirei minha roupa e liguei o coveiro na maior temperatura que ele podia chegar.

XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxXxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX

Sai do banheiro com os cabelos malhados e com fumaça saindo do meu corpo, estou vestido com roupas bem relaxadas, short azul e camisa sem mangas, e assim que saio pela porta dou de cara com a Ravena de braços cruzados encostada na parede, claramente me esperando.

"Algum problema?" Perguntei para ela.

"Precisamos conversar." Ela falou saindo da parede, e sem dizer mais nada, se virou andando para a esquerda pelo corredor.

Ravena também está vestida com algo simples, ou pelo menos a versão dela disso, um vestido longo azul-escuro com um casaco preto cobrindo seus braços e toda sua pele exposta.

Não entende por que ela quer conversa, mas a segui pelo corredor, ela acabou me levando para uma sala de descanso, um lugar pequeno com uma janela com a vista para o túnel de energia e alguns bancos espalhados pelo lugar, ela sentou no que estava de frente para janela, tomei meu lugar no mesmo banco, só que afastado dela respeitando seu espaço pessoal.

"Sua invocação divina acidental e o aumento nos seus dons, o que está acontecendo?" Ela perguntou diretamente.

Não entende imediatamente, então a resposta veio para mim.

"A invocação divina, com certeza, foi acidental, já expliquei isso para você, quanto ao aumento dos meus dons, não sei do que você está falando, lutei bastante para chegar onde estou, você sabe muito bem disso." Responde imediatamente.

Ficou bem subentendido que ela acha que usei algum tipo de potencializador para aumentar minhas habilidades mágicas. Essas coisas são perigosas e bastante viciantes, fora também os efeitos colaterais dos pactos. Não, não tem como conseguir nada de graça, principalmente o poder.

"Faz muito tempo percebi que sua conexão com o Submundo deu saltos desde sua última viagem ao Submundo, e que você também não fez nenhuma viagem para sua dimensão natal desde aquela última, fora as visitas rápidas para conseguir recursos." Ela continuou enquanto olhava diretamente para vista da janela enorme na nossa frente.

Não é normal a Ravena tocar num assunto como esse tão diretamente, mas não havia mais ninguém para o fazer, só ela tem o conhecimento teórico mágico, só ela entende de verdade os custos da magia, diferente dos nossos outros amigos, por isso mesmo tem que ser ela fazendo essas perguntas mesmo estando desconfortável.

"Não fiz nenhuma burrice, não vendi minha alma para um demônio ou fiz uma barganha com uma divindade de outra dimensão, você sentiria se fosse o caso, já falei, lutei bastante para chegar onde estou hoje."

"Então por que você parou de explorar o Submundo? Você me falou que algo aconteceu, mas nunca entrou em detalhes, o que aconteceu?" Ela não desistiu e me colocou contra a parede.

Não é mentira, minha última exploração abriu meus olhos para novas possibilidades, cheguei onde estou depois dessa injeção que recebe na minha última viagem, mas isso também me esgotou um pouco mentalmente, não estou com depressão ou com alguma doença psicológica do mesmo tipo, é realmente um desgaste mental, difícil de explicar sem contar a ela o que aconteceu.

Na verdade, nem sei por que estou hesitando em contar isso para ela, não é como se eu tivesse feito algo de errado ou constrangedor.

Talvez seja porque sempre contei para todos que minhas viagens no Submundo são relativamente seguras. Foi uma aventura segura, de certa forma, mas também, reveladora.

"Muito bem, você ganhou, vou te contar....."

Então comecei a contar a história que aconteceu alguns anos atrás antes dessa viagem e de muita outras coisas.

XxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxXxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxX

Minha intenção era pelo menos vislumbrar a entrada do Tártaro pelas suas beiradas, nunca passou pela minha cabeça me aproximar demais, não queria ser sugado pela sua atração, mas acontece que meu pensamento cuidadoso estava muito abaixo da realidade ao ponto de ser arrogante, eu deveria ter sido dez vezes mais cuidadoso naquela situação, como fui idiota.

Voltando ao início, passei bastante tempo sem ter uma aventura no Submundo, gastei muito desse tempo colocando minha nova Dimensão roubada do Ares para funcionar, e só consegui tomar o controle dela recentemente, mas ainda falta muito trabalho até aquele lugar realmente se tornar meu Local de Poder, por isso mesmo, após passar meses trabalhando apenas nisso, achei que estava na hora de colocar minha atenção em algo novo, só para mudar um pouco a rotina.

Encontre a entrada do Tártaro depois de uma aventura em conjunto com a Kori e a Ravena, mas não tive coragem de as trazer perto do inferno, sei muito bem que elas podem se cuidar, principalmente a Ravena, mas elas não tinham a proteção natural que tenho aqui, seria duas vezes mais difíceis para elas.

Comecei minha aventura me aproximando das beiradas lentamente com muito cuidado para não me ferir nas rochas negras irregulares que se parecem com espadas, depois disso, o plano era caminhar ao redor da entrada colhendo qualquer material ou erva que encontrar no caminho, e havia realmente bastante coisa lá, principalmente metais negros do Submundo, o problema é que meu plano cuidadosa de nunca me aproximar demais não foi cuidadosa o bastante, só precisou de uma rajada de vento para acabar com minha aventura.

Mesmo sem pisar na maldita beirada, os gases tóxicos exalados dos vulcões ao meu redor quase tiraram minha vida, fugi com o rabo entre as pernas o mais rápido que podia até minha Casa e quase não consegui chegar lá, teve que usar meus feitiços para me curar, sofrendo assim mais dor.

Não foi só isso, a cura funciona, mas não tão bem quanto o esperado, já sofre ferimentos graves antes, mas eles eram facilmente curados pelo meu feitiço, mas os gases do Tártaro também fazem parte do Submundo, e esse lugar está acima em poder que o Submundo, resumindo, funcionou, mas não tão bem, o que me levou a fazer mais duas outras rodadas para me curar completamente.

Eu poderia, sim, criar alguma medida defensiva contra os vapores venenosos, mas se eu quase fui morto só por estar em contato com algo bem na entrada do lugar, o que está mais a frente deve ser muito, muito pior, então desiste dessa ideia e fez uma volta enorme ao redor da entrada do Tártaro, o que demorou muito, não era apenas a extensão dele foi o problema, demorei também pra atravessar os rios que nascem dele, mas consegui dessa forma o deixar para trás, isso demorou cerca de cinco meses, no caminho continuei pegando coisa uteis e escravizando esqueletos agressivos.

Continuei nesse ritmo por muito tempo, seguindo sempre em frente, passando por paisagens variadas mais também iguais até que finalmente avistasse algo novo no horizonte. Mesmo com minha visão aumentada, só consegui ver uma linha branca cortando do leste ao oeste, gelo, provavelmente.

Realmente não importava, era uma novidade, uma bela novidade vista de longe, o que me deixou animado para chegar lá o mais rápido possível, por isso me move o mais rápido que podia na direção dessa visão parando poucos segundos depois de começar a me mover assim, havia alguém na minha frente de costas olhando para a mesma visão que achei ser bela, ele está em pé no chão reto e seco da paisagem em que estou.

Mesmo de costas para mim, é fácil entender o que ele era, suas características únicas entregam quem ele era, por isso mesmo não me aproximei nem mais um passo, nem mesmo ousei respirar alto, apenas abaixei minha cabeça para a figura na minha frente numa reverência.

O homem, não, o deus, medindo cerca de dois metros de altura, magro, mas com o corpo largo, abriu suas belas asas de penas negras com tons de azul e roxo como se estivesse as esticando, elas eram lindas, uma envergadura de quatro metros. Seu corpo está inteiramente coberto por uma capa longa negra com detalhes em dourado, letras escritas em romano antigo, em suas mãos uma foice simples conectada ao um cabo feito de metal negro assim como a lâmina sem nenhum detalhe. Mesmo assim, só olhar para essa me fez suar frio.

{"Essa é uma das minhas vistas favoritas, belo, você não acha?"}

Sua voz era uma mistura bem ampla, uma mistura de sedução e convite com medo do desconhecido, tudo misturado, é difícil de explicar ou até mesmo entender, cativante e ao mesmo tempo assustador.

"É uma bela visão, Lorde Tânatos!" Comentei ainda de cabeça baixa numa reverência, afinal, estou diante o Deus da Morte Pacifica e Tenente do Submundo.

{"Levante a cabeça, Filho de Hades, na morte não há lugar para palavras ou comportamentos floridos."} Comentou Tânatos virando seu corpo de lado.

Finalmente pude ver seu rosto coberto pelo capuz da sua longa capa, ele era lindo, pele branca da cor do leite, mas não doentio, olhos brilhantes da mesma cor do mel e cabelos escuros como a noite caindo como cascatas negras pelos lados do seu rosto chegando aos ombros.

Abaixo dessa coisa toda, havia poder, um poder que Ares nem mesmo se compara, ele é antigo e atemporal, olhar para seus olhos é como olhar para meu fim, palavras não fazem jus ao que estou sentindo.

Faz sentido eu me sentir dessa forma, diferente do que foi com Hermes, Ares ou Melinoë, Tânatos não é um deus de segunda geração como eles, ou até mesmo um deus de primeira geração como Zeus, não, ele é filho de dois primordiais, filho de Nyx, a Personificação da Noite e Erebo, Personificação da Escuridão.

{"Tem muito do seu pai em você, por isso a Rainha quer tanto sua morte, nem mesmo os deuses estão livres da inveja, afinal, fomos nós quem a inventamos."}

"Obrigado." Foi tudo que consegui dizer.

{"Sabes por que estou aqui?"} Ele perguntou em seguida, ainda olhando diretamente para seus olhos.

Só havia duas opções, ele está aqui a trabalho, para ceifar minha alma, ou assim como outros, revelar que benção ele me deu.

"Espero que seja sobre a benção." Comentei em fim.

{"Eu seria o último da ordem já elaborada, mas tudo muda, você se envolve em problemas maiores que sua habilidade atual com facilidade, esse foi o argumento que justificou a mudança na ordem."}

"É um risco comum na minha função." Ignorei o fato que havia literalmente divindades discutindo minha vida, o que me deixou bastante desconfortável, mesmo sabendo que elas estavam, pelo visto, do meu lado, pelo menos nesse caso.

{"Heroísmo e amor, sempre tive um fraco por isso, até mesmo me permitir ser enganado algumas vezes favorecendo alguns heróis e amantes, mas não há justiça na morte, ela faz o que tem que fazer, nem mesmo eu posso ir contra isso, percebi isso logo depois de fazer cada ação."}

Tânatos virou seu corpo completamente ficando de frente para mim, projetando uma sombra anormal com seu corpo que quase me devorou, e num impulso guiado pelos meus instintos, fechei meus olhos.

{"Lamento muito, não foi minha intenção o machucar, seus olhos podem ver a verdade, um dom imenso, maior que qualquer benção dado por nós, mas você não pode entender o que vê."}

"Isso nunca aconteceu antes!?" Falei, sentindo meus olhos doerem.

{"A Divindade do seu Pai está ligada à minha de certa forma, seus olhos viram mais do que seu corpo aguenta, abra os olhos, Diomedes Inwudu, já me diminui."}

Confiei no deus na minha frente abri os olhos lentamente lutando contra as lagrimas escorrendo por eles, minha visão voltou a normal, e o deus na minha frente continuava parecendo muito imponente, mas agora sua sombra e poder não estavam me empurrando para baixo como antes, isso não quer dizer que ainda não sentia isso, só estava num nível menor.

{"Não temos muito tempo, você está pronto?"}

Eu sabia que dessa vez seria diferente, até esse momento, as bençãos que recebi foram de certa forma ensinamentos dados pelos deuses que me visitaram, mas dessa vez é diferente, posso sentir isso, seja qual for o ensinamento, vai me mudar de alguma forma.

"Estou pronto."

Tânatos moveu sua cabeça de cima para baixo, foi estranho, como ver uma estátua de mármore se movendo, mas ele se moveu mais rápido em seguida num movimento simplesmente perfeito. Ele segurou o cabo de sua foice com as duas mãos e a moveu, antes mesmo de sentir a dor, a lâmina atravessou meu tronco no centro do meu peito.

A dor veio então, junto do gosto de sangue na minha boca e do seu cheiro saindo pela minha ferida. Meu corpo está congelado em pé apenas por estar perfurado pela lâmina, estou completamente sem forças, eu vou morrer.

{"Só se conhece a morte, após morrer!"} Escutei a voz do deus que me matou enquanto minha visão ficava turva e o resto dos meus sentidos seguia desaparecendo no mesmo ritmo.

Mesmo nos últimos momentos, consegui reunir minhas forças e levantar minha mão para tocar o cabo da arma dele, quero o retirar do meu corpo, um pensamento tolo no momento do desespero e medo, sim, estou com medo, estou morrendo.

{"O destino vai decidir o que acontece agora, jovem herói, espero o encontrar de novo, mas não tão cedo!"}

Essa é a última coisa que escudo antes de cair na escuridão.

Aviso, vou ficar sem postar por duas semanas de férias, esperem minha volta no dia 18.

E aqui estamos, senhoras e senhores, mais um ano está chegando ao fim, mais um ano que posto minhas histórias nessa plataforma, realmente, o tempo passa numa velocidade ridícula se você pensar bem.

Não vou mentir, esse ano foi difícil para mim, assim como o anterior, mas essas pequenas historias que posto aqui viraram uma válvula de escape para mim, vocês não tem ideia o quão bom é ler uma mensagem agradecendo por um capítulo ou sentir a animação de vocês sobre as histórias que crio, é como uma injeção de aliviou mental para mim.

Como já falei, esse ano foi difícil para mim mentalmente, vocês devem ter percebido pelas minhas pausas, mas comparado com o ano de muitos outros, foi um ano ótimo, e espero que vocês também tenham tido um assim, e também espero de todo coração que as minhas histórias tenham trazido pelo menos um pouco de alegria ou animação para seus dias.

De todo coração, um Feliz Ano Novo para todos.

LordVoidcreators' thoughts