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Gwayne Retorna - parte final

Três semanas se passaram desde que Gwayne retornou, ele treinou novamente a arte da cavalaria e conheceu as novas pessoas do vilarejo, passou suas tardes com Daeron e Cerella, e muitas outras coisas. Ele desceu os degraus lentamente observando a janela da escadaria, lá fora, o farfalhar do represeiro gritava ao vento. Gwayne desejava que o avô o deixasse cortar aquela maldita árvore. caminhou até a sala da lareira que fica bem no início do castelo, e encontrou seu avô e Cerella tomando desjejum. o som de uma chuva fraca de manhã vinha da porta principal. Sentou-se à frente de Cerella e pediu a uma das servas trazerem pão e queijo, ovos uma linguiça. Cerella olhou para ele.

— Noite ruim, primo? — disse ela, de forma eloquente.

Ela já tinha modos de uma senhora de uma grande casa. Observou ele.

— Nada fora do comum. — respondeu ele, rapidamente. Gwayne adorava a prima.

— Notamos que os sonhos voltaram, Gwayne. Observou o avô.

— E parece pior. — Sor Lymond se torna pensativo.

— Nunca deveríamos ter enforcado aquele homem no represeiro. — murmurou Sor Lymond.

— Disse algo, senhor? Indagou Gwayne

— Não, chegou um corvo da capital ontem a noite o Meistre Caster disse, notícias da capital, O Rei vai fazer um torneio em homenagem a nova mão. Eu irei.

— Eu irei também, estou ansioso para testar minhas habilidades na justa do Rei. — Disse Gwayne empolgado, olhando para Cerella.

— Você não irá. — Disse Sor Lymond firmemente. E nem você, Cerella.

— Por que? Indagou Gwayne sem entender.

— Preciso de você aqui, vai ser bom para você aprender um pouco a ser senhor. — disse ele o olhando nos olhos. — não irei apenas para o torneio, eu tenho assuntos a tratar em Porto Real.

— Além do mais Sor Desmond disse que você está aprendendo uma lição importante sobre a espada longa, mais um motivo para você ficar.

— Bem. — Disse Gwayne frustrado. Então, bebericou o vinho e mordeu um pedaço da linguiça.

— E qual o motivo de eu não poder ir? — Disse Cerella brava. — você poderia me apresentar a Rainha Cersei e a Princesa Myrcela.

— Quantas vezes terei de dizer que Porto Real é um lugar perigoso? — disse ele, furioso. Tomem seus desjejum e vão para seus afazeres, você Cerella para as suas aulas de tricô e dança, e você, Gwayne, vai direto para o arsenal. Então, o avô se levantou e partiu para fora.

Sor Lymond era um homem robusto de cabelos grisalhos, ainda na cabeça, apesar da idade avançada, ainda é um grande espadachim. Pensou Gwayne.

Então, ele e a prima se entreolharam.

— O vovô está muito estressado esses últimos dias, acho que sente falta da Senhora Lydia. Nossa avó era da casa Rotherly, morreu já faz seis anos. Pensou ele.

— Bom, eu vou para o treino. — disse ele. Vejo você mais tarde. Ela assentiu com a cabeça.

Ao sair pela porta principal notou que a chuva tinha parado, o sol se ergueu alto no céu e os soldados estavam agitados em suas tarefas. Observou o grande represeiro por um breve momento, ele se posicionava ao lado esquerdo do castelo como um grande sentinela. Depois, Caminhou até o armeiro para encontrar Daeron, surpreendente ele já o estava esperando.

— Pronto para treinar? — disse ele, em tom animado.

— Eu vim aqui te chamar justamente para isso. Riu. — Vamos.

Daeron tinha quinze anos, seus cabelos eram castanhos escuros, curtos, mas ele deixava na parte frontal mechas que chegavam até a bochecha e com ondulações bonitas. olhos azuis acinzentados, rosto feminino, corpo esguio e com curvas inadequadas para um garoto. Pensava Gwayne. Mas sempre o adorou, ele sempre o protegia quando os garotos do treino e do vilarejo implicavam com ele.

Desde então, Daeron nunca mais deixou o lado de Gwayne. Ele é filho do velho Darwin, o armeiro do vilarejo, mas nunca teve um bom relacionamento com o pai, Gwayne acredita ser por motivos da aparência dele.

Não é o que os pais esperam de um garoto, ainda mais um armeiro.

— Vamos treinar. — Disse Gwayne, olhando Daeron de cima a baixo.

— Espera um pouquinho! — Disse Daeron, e saiu correndo para dentro de casa.

Gwayne já estava com dezesseis anos, era o maior garoto do vilarejo, forte e alto.

Por vezes, ao invés dos salões de areia do Arsenal, eles gostavam de treinar nos gramados da praça de entrada, um lugar inadequado, mas eles gostavam de treinar ali por causa dos olhares das garotas.

— Principalmente do olhar da filha do Mestre dos Canis. Ela era algo bonito de se ver e tinha olhos e desejos por Gwayne, segundo Daeron. O restante das garotas também olhavam apenas para ele. Daeron ficava irritado com isso, mas nunca realmente se importou. E às vezes, Lady Cerella aparecia para dar uma olhada em Daeron, que era muito bonito, embora diferente de Gwayne. Porém ela já estava prometida a um jovem da casa Clifton. Sor Lymond falara para ele a apenas alguns dias, Gwayne não conseguia imaginar a prima de apenas treze anos se casando com alguém muito mais velho do que ele próprio. Ele falou contra, mas Sor Lymond disse que já havia decidido, mas iria esperar ela florescer, depois disso ela iria se casar. Gwayne não teve escolha a não ser aceitar, mas só depois de Sor Lymond prometer se tratar de um jovem realmente. Então, Daeron se moveu rápido. — Vamos! — gritou ele, girando a espada no ar.

— Gwayne defendera a sem muita dificuldade e então contra-atacou rápido, fazendo Daeron recuar. Ele continuou atacando até Daeron ceder completamente, então ele girou a espada com toda sua força o jogando no chão.

Ele riu. E ajudou Daeron a levantar.

Gwayne aprendeu tudo que sabe com Wulf, Sor Desmond e às vezes Sor Lymond. por isso sempre vencia, mas às vezes ele falhava de propósito para aumentar a moral de Daeron, obviamente ele não deixava ele perceber. Daeron era veloz com a espada, ele treinava junto com Gwayne na arte da cavalaria desde que eram pequenos. Apesar do forte dele ser a lança e o arco, ele usava a velocidade para conseguir dar combate aos outros garotos. Daeron conseguiu acertar o rosto de Gwayne, o fazendo sangrar na boca.

Dessa vez Daeron venceu, por isso Gwayne gostava de treinar com ele, era um ótimo treino de velocidade. Uma batalha de perícia. Ao ver a batalha, Sor Lymond disse que Daeron iria ser um grande cavaleiro.

— Sor Daeron, O Espada veloz. — Disse ele.

Daeron ficou feliz com o comentário. E Gwayne também. O treino era sempre divertido, era uma das melhores partes do dia para eles, tirando apenas o banho no lago gélido após um treino intenso, que deixava seus corpos saindo fumaça. A água era extremamente gelada e clara, era possível ver o fundo claramente, tinha no máximo vinte metros e o fundo era cavernoso com paredes brancas e no fundo milhares de pedrinhas brancas.

Foi para onde eles foram depois do treino, chegando lá, Gwayne agarrou Daeron e o jogou no lago. Então, riu.

— Isso é por me cortar! — Disse ele, removendo suas roupas para entrar.

Ele só teve tempo de tirar a camisa, até Daeron o surpreender, subiu a borda rapidamente e correu para ele, Gwayne o dominou facilmente e pulou no rio junto dele. E ambos riram. Daeron jogou água em seus olhos, eles tiveram que sair de novo para se despir, Gwayne observou Daeron, a pele dele ficou rosada por causa do frio da água e seu corpo era como o de uma garota cheia de curvas. Dessa vez foi Gwayne quem ficou vermelho, pulou no rio para seu amigo não ver sua vergonha lá embaixo.

Eles brincaram e nadaram, disputaram para saber quem nadava mais rápido, Daeron ganhou. Depois deitaram suas cabeças na borda, deixando seus corpos submersos. Ele olhava para Daeron ao seu lado e não conseguia deixar de pensar no quanto ele era feminino, Daeron pegou ele o olhando, Então, Gwayne desviou o olhar ficando vermelho.

Ele é um pouco fofo, realmente. pensou ele.

Achava que sentia isso por estar a bastante tempo longe de uma mulher, o corpo de Thiri era esguio igual ao de Daeron, deve ser por isso. — pensou ele. Então, Daeron saiu do lago e se alongou esticando todo o corpo para o alto. Ele não conseguiu desviar o olhar. Então, Daeron instigou ele a sair. Ele desejava ter uma vista para apreciar também, ele sabia que o amigo havia crescido por completo, e não apenas na altura. Gwayne aceitara o desafio, saiu do lago sem vergonha, ele não ganhou um título de ousadia por nada. Daeron o olhou de cima a baixo, seus olhos pararam por um momento nas cinturas de Gwayne, ele arregalou os olhos em fascínio, então desviou o olhar.

Gwayne começou a se secar com um pano que trouxeram. Deitou contra a pedra depois, senti falta desse lugar. Mesmo já estando aqui a três semanas, é como se eu não pudesse ter o suficiente. — Disse ele.

Daeron pareceu entender o sentimento, sentou-se ao lado.

— Você já esteve com uma garota? — perguntou Gwayne, curioso.

Daeron ficou vermelho e pegou uma peça de roupa molhada e arremessou no rosto de Gwayne, ambos começaram a rir.

Gwayne olhou para uma árvore e desviou o olhar da volta para o lago.

— Não vai dormir sobre o sol hoje? — Perguntou Daeron, intrigado.

— Não, hoje não. — Disse ele, levantando e mergulhando no rio. Ele gostava de tirar um cochilo embaixo da árvore após nadar, mas parou de gostar por causa dos sonhos, antes eram maravilhosos e agora são...

Ele sonhava com uma garota que lhe implorava por ajuda, ela tinha longos e belos cabelos prateados, olhos vibrantes cor púrpura. Mas algumas vezes no lugar de seu rosto perfeito, estava uma face em carne viva e seu corpo...

Ele não sabia o que fazer, embora terrível, ele não queria que os sonhos parassem.

De alguma forma ele se afeiçoou a garota, mesmo ela o assustando em certos momentos, em alguns desses sonhos ela falava com ele, e ele gostava de ouvir.

Era uma vida pacífica em Bosque D'ouro, o vilarejo onde ficava o castelo dos Vikary, de ForteOrgulho.

Não acontecia nada ruim por aqui, não houve mortes a não ser por doença, o último crime que aconteceu o criminoso foi enforcado, mas isso foi a muito tempo.

Eles deixaram o lago ao entardecer, não era bom ficar até a noite no lago, tinha histórias de criaturas do Deus afogado que habitavam aquele local, como sereias e coisas piores. Nenhum dos dois acreditava obviamente, e em algumas noites de verão, onde estava quente demais para dormir, eles fugiam para o lago, a água era iluminada mesmo a noite, era possível ver tudo embaixo, a água brilhava incandescente em um azul místico a luz do luar, era mágico. Um dia eles até levaram a Cerella junto, ela não queria ir de início, estava com medo, mas Daeron convenceu a de que Gwayne era o suficiente para os proteger, então passaram pela cozinha do castelo e pegaram algumas coisas boas para comer, depois deram um jeito de passar pelos sentinelas. Eles se divertiram por boas horas, mas Cerella já estava com sono, então retornaram. O lago ficava no meio do bosque que cercava o vilarejo, uma defesa natural. Pensou ele.

— Posso dormir no castelo hoje? — Disse Daeron olhando para baixo.

— Seu pai de novo? — perguntou Gwayne.

— Ele começou a beber novamente, está enlouquecendo. — Respondeu Daeron, com voz triste.

— Você sempre será bem vindo na minha mesa, Daeron. — Disse ele. Na minha cama, nesse caso. Então riu. Daeron sorriu de volta.

— E também minha prima gosta de sua presença. — Daeron ficou vermelho.

Gwayne deixa o braço cair sobre o ombro de Daeron e diz.

— Não seja tão timido!

Então, eles caíram na gargalhada, estavam passando pela praça do vilarejo. Logo chegaram no castelo, passaram juntos pela porta, seu avô Sor Lymond. observou ambos com cabelos molhados.

— Como eu gostaria de ter a idade de vocês novamente. — Disse Sor Lymond.

— Venha comigo, Gwayne, tenho um presente para você e precisamos conversar sobre um assunto urgente antes da minha partida para Porto Real.

— Partida, senhor? — indagou ele.

— Sim, irei partir ainda hoje para Porto Real. Gwayne não pensou que séria tão cedo.

— Daeron pode vir junto. — Disse ele, se dirigindo ao salão.

— Seu pai está aqui.

Caminharam os três até o Salão principal onde se encontrava o Velho Darwin, que segurava uma espada longa.

Ele a entregou a Sor Lymond que a ergueu no ar.

— É um belo trabalho, Darwin, espada de aço de ótima qualidade. — Disse Sor Lymond.

O armeiro olha com desaprovação para Daeron, por estar molhado no salão do castelo. Sor Lymond entrega a espada para Gwayne.

— É um belo presente, senhor. — disse ele. Na guarda da espada tinha a figura de dois leões esculpidos rugindo em aço.

— E tem mais, uma armadura completa, uma cota de malha e um elmo.

Gwayne ficou maravilhado com a armadura, aço polido. E depois inspecionou o elmo.

— Não é uma cabeça de leão, mas vai assustar muito com isso. — Disse o avô.

— Eu adorei, obrigado. — disse ele admirado. O capacete era belo e assustador. Ele abria e fechava, quando estava aberto parecia que estava com dentes de um leão rugindo.

— O Décimo sexto dia de seu nome passou e eu não estava lá para te dar nenhum presente. — Disse ele, com um sorriso no rosto.

— Aí está.

E Para você Daeron, você ira precisar de uma também, quando meu neto estiver portanto essa armadura, você deve estar ao lado dele. tem uma cota de malha, e armadura para os lugares que realmente importa, um elmo e espada. O velho Darwin pareceu não entender.

— Você com uma armadura completa iria ficar muito lento e morreria na primeira batalha, você é pequeno e tem que priorizar a velocidade, lembre-se disso, Daeron.

Gwayne ainda não é um cavaleiro, mas você será o seu escudeiro fiel.

— Terminou Sor Lymond com firmeza na voz.

O armeiro Darwin pareceu surpreso com tudo aquilo, mas não se atreveu a dizer nada, por dentro ele ficou orgulhoso do filho.

— Dois leões, não está faltando um Javali? Perguntou Gwayne em dúvida.

— Dêem-nos um momento sozinhos

— disse Sor Lymond.

Daeron e seu pai saíram do salão, o velho Darwin passou o braço pelos ombros do filho e começou a lhe dar conselhos sobre a guerra. — Gwayne ficou feliz com aquilo.

— Sente-se, tenho algo muito importante para te contar.

Ele obedeceu e ficou curioso com isso.

— O motivo de não ter um javali na guarda da sua espada... — Sor Lymond fez uma pausa melancólica.

— É por você não ser um Vikary.

— Gwayne ficou sem reação e se levantou.

— Então, eu sou um bastardo. — disse em tom relutante e triste.

— Meu pai... — disse ele. — ele não era filho de uma irmã sua que morreu a muito tempo?

— Seu pai não era um Vikary. — disse Sor Lymond sem rodeios. ele se casou com com sua mãe, minha filha, Lady Janne Vikary, e não somos Targaryen para casar parentes.

Então, como pode ser assim... Pensou ele, confuso e com as mãos na cabeça.

— Meu pai era de nascença baixa?

— Pelo contrário, seu pai era um Reyne de Castamere. — Gwayne fez uma cara de assombro ao ouvir aquilo.

— Eu encontrei seu pai nas ruínas de Castamere, espremido em um buraco, não maior do que uma poltrona. — Falou Sor Lymond, como se tivesse lembrando de memórias passadas.

— Eu o trouxe para o meu castelo e o criei como filho. E o amei como tal.

— Você é parte Vikary, mas a sua herança é Castamere. Você é o último Reyne. O avô se levantou e olhou para o vazio da noite através da janela, Ele lembrava daquele garotinho correndo por seus salões, crescendo e virando um homem.

Ele coloca a mão sobre o ombro de seu neto.

— Receio que você não terá tempo o suficiente para lidar com isso. — Gwayne olhou para sor Lymond com lágrimas nós olhos e fúria na fala, pois ele sabia a história da Rebelião Reyne-Tarbeck.

— Meu pai é filho de quem? — Disse ele aos soluços.

— Sor Reynald Reyne, o mais provável. Mas, para mim, você se parece muito mais com Roger... — Disse Sor Lymond, colocando a mão no rosto dele.

— É tudo que eu sei. — Sor Lymond o abraçou.

— Você pode ser um Reyne em sangue, mas você é um verdadeiro Vikary. Forte e orgulhoso. Lembre-se disso.

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