Ator, dissimulado, enganador, viajante, impostor, golpista. Me chamam por muitos nomes diferentes ou mesmo títulos que a mim foram impostos, cuidado para não se enganar, eu sou "O Trapaceiro".
Uma velha qualquer, que parecia ter sido abandonada pelos anéis do tempo, olhava como um cão observa outro que invadiu seu território para o intruso indesejado em sua antiga e empoeirada residência. Este o qual apareceu sem nenhum convite, evidentemente, e não contente em somente perturbar o descanso da senhora, exclama:
— Tão velha quanto dizem os rumores haha! Bem, me desculpa a intromissão, não sabia que morava alguém aqui.
Tal comentário foi de grosseria tão grande quanto sua fundamentação, a velha de fato tinha rugas intermináveis, que formavam padrões incompreensíveis e de aparência petrificada, tal qual erosões sedimentares em montanhas paleolíticas. A sinceridade porém, não pareceu agrada-la, que vendo através das dissimulações do homem retruca:
— Se fosses tão sábio quanto desagradável perceberia a contradição em suas palavras. Diga-me sem enganos o motivo de seu incomodo, antes que eu me arrependa de te dar uma segunda chance, Luke Blackstone.
Luke nesse momento engole em seco o nervosismo, e repentinamente muda de postura, e rapidamente se ajoelha e em clemencia pede:
— Perdoe-me digníssima imortal, na verdade, eu agi dessa maneira pois queria testar se era realmente quem eu procurava. A realidade é que eu te procurei porque tenho um pedido a fazer, e a única possibilidade de realiza-lo é através de você, passei anos procurando-a, e finalmente te encontrei. Mas não se preocupe, prometo-lhe recompensas tão numerosas quanto as gotas do mar.
Sob o eco dessas palavras, o rosto da velha que aparentava ter chegado aos limites enrugou-se ainda mais, com a falta de iluminação do ambiente em ruínas dando toques sombrios ao seu rosto, começou a rir desenfreadamente:
— Hahahahahahahaha! Tu achas que possuí algo que tenha algum valor para mim? Sua singularidade realmente me encanta, pois bem, diga-me seu desejo.
O rosto de Luke se iluminou, ele rapidamente fala, antes que a velha mude de ideia, aproveitando de sua benevolência:
— Eu quero ter uma vida estável, quero me sentir pertencente a esse planeta, apesar de estar mais bem sucedido do que nunca, eu não tenho um lugar pra chamar de casa, isso é o que eu desejo!
Ainda com um sorriso abominável no rosto a velha decreta:
— Um pedido verdadeiramente único e inusitado! Que assim seja, essa posição estava vaga a muito tempo mesmo. "Eu te amaldiçoou como uma existência em que a nada pertence, rejeito-te, diferente de toda e qualquer criação, eu te condeno agora, ó Maldito Viajante".