A cidade de Lotardale zumbia com atividade enquanto o sol começava a se pôr. Multidões enchiam as ruas movimentadas, apressando-se para suas casas, e o ritmo do clip-clop das carruagens puxadas a cavalo ecoava pelos becos estreitos. No entanto, um sentimento de inquietação pairava no ar, lançando uma sombra sobre a cidade.
No coração de Lotardale, dentro de uma pequena sala pouco iluminada na catedral da Igreja dos Elementos, um grupo de anciãos se reuniu ao redor de uma imensa mesa de madeira. Tomos e pergaminhos antigos adornavam a superfície, capturando a atenção dos membros respeitados da Igreja dos Elementos. O ambiente exalava o aroma de couro envelhecido e era iluminado pelo brilho tremeluzente de incontáveis velas.
"A profecia fala de quatro crianças, e até agora, encontramos apenas três, uma aqui e duas em Azurdale", declarou um dos anciãos, um homem severo com uma espessa barba grisalha. "Precisamos acelerar nossa busca e localizar essas crianças."
Uma voz ressonante encheu a sala, emanando de outro ancião com uma presença imponente. "Acalmem-se, irmãos. Tenho pessoas posicionadas em todas as três cidades, prontas para administrar os exames de orb. Se a quarta criança surgir, minhas pessoas trarão a criança e sua família até nós."
Os outros acenaram com a cabeça, reconhecendo a importância de sua missão. Eles compreendiam que a profecia tinha um significado imenso, e sua busca implacável por essas crianças já durava anos. A Igreja dos Elementos acreditava que o destino do mundo dependia dos poderes que essas crianças abrigavam.
Enquanto isso, em um canto tranquilo de Arindale, um jovem chamado Alex seguia sozinho para casa após a escola. Mais cedo naquele dia, depois das aulas, todos os alunos foram obrigados a se reunir no pátio da escola para colocar as mãos em uma misteriosa esfera negra. Embora a esfera não tenha reagido a ninguém, Alex sentiu um calor inexplicável irradiando de suas mãos quando a tocou, mas talvez fosse apenas sua imaginação.
Ao chegar em casa, Alex descobriu que seus pais ainda não haviam retornado do trabalho. Como eles serviam diretamente ao Grande Ministro de Arindale, suas tarefas muitas vezes os mantinham ocupados, deixando Alex por conta própria. Ele entrou na cozinha, preparando seu jantar solitário. Em suas mãos, ele segurava seu grimoire querido, contendo seu feitiço favorito: Faíscas. Mesmo com tão pouca idade, Alex dominava sua execução, para espanto de seus pais. Com confiança, Alex abriu o grimoire e dirigiu seu olhar para a lareira, empilhada com lenha seca. Concentrando sua
energia, estendeu a mão e, com um gesto, lançou o feitiço. Uma cascata de faíscas irrompeu de suas mãos, dançando pelo ar e acendendo a madeira. O calor e o crepitar suave do fogo acompanharam Alex enquanto ele continuava sua rotina solitária.
Mais tarde, naquela noite, sentado sozinho em seu quarto, absorto em seus deveres de casa, Alex se viu perdido em pensamentos. Com cerca de doze anos, ele tinha cabelos pretos curtos e desalinhados e olhos castanhos escuros e inquisitivos. Ao longo de sua curta vida, Alex sempre sentira um sentido inato de diferença, uma sensação de ser diferente de seus colegas. Consequentemente, ele lutava para se conectar com os outros de sua idade, e a ausência de amizades íntimas pesava sobre ele.
Enquanto ele estava sentado em sua cama, houve uma batida repentina na porta. O coração de Alex disparou quando ele se levantou para atender, pensando que poderiam ser seus pais voltando para casa. Quando ele abriu a porta, encontrou-se frente a frente com uma mulher que ele havia visto antes na escola - uma oficial da Igreja, realizando o exame da esfera. Ela era alta, esbelta, com cabelos loiros longos que fluíam soltos pelas costas em ondas suaves. Seus olhos verdes penetrantes pareciam carregar um senso de determinação e força, e seus traços marcantes lhe conferiam uma aparência quase régia. Apesar de jovem, ela se portava com a confiança e a compostura de uma sábia maga, e sua presença impunha respeito. Seu traje era simples, mas elegante, consistindo de uma longa capa preta e uma túnica branca que acentuava suas curvas nos lugares certos. Suas botas eram resistentes e práticas, feitas para longas jornadas por terrenos acidentados. Em geral, ela irradiava uma aura de poder e autoridade à qual Alex não pôde deixar de se sentir atraído.
"Olá, Alex", ela disse, sua voz calma, porém firme. "Meu nome é Olana. Trabalho para a Igreja." Alex ficou tenso ao ouvir a menção à Igreja, mas tentou manter uma expressão neutra. Olana continuou: "Fui enviada para encontrá-lo. Hoje, durante o exame da esfera, ela reagiu apenas quando você a tocou, o que significa que você pode ser uma das crianças mencionadas na profecia." O coração de Alex disparou enquanto ele tentava processar essa informação. Os olhos da mulher procuravam em seu rosto por uma reação.
Sentindo-se encurralado, Alex decidiu por enquanto se fazer de desentendido. "Não sei do que você está falando", disse, tentando manter a voz firme. "Sou apenas um garoto normal."
Olana levantou uma sobrancelha. "Tem certeza disso?" perguntou, indicando o grimoire na estante. "Acho que você está escondendo algo."
O coração de Alex afundou quando percebeu que essa mulher não iria embora. Ele sabia que não podia confiar em Olana, mas não sabia o que fazer. Olhou ao redor do quarto, procurando uma saída.
"Por favor", disse, com a voz ligeiramente trêmula. "O que você quer?" Alex sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir a menção à Igreja. Ele tinha ouvido histórias sobre sua implacável busca por poder, e não queria ter nada a ver com eles.
A expressão de Olana suavizou. "Entendo seus medos, Alex, mas não estou aqui para prejudicá-lo. Estou aqui para ajudá-lo."
Alex estreitou os olhos, desconfiado. "Como posso saber se posso confiar em você?"
Olana suspirou. "Sei que a confiança não é facilmente concedida, especialmente àqueles que afirmam trabalhar para a Igreja. Mas, por favor, ouça-me. Você tem um dom, Alex, um dom raro e poderoso. E podemos ajudá-lo a aprender a controlá-lo."
"Por que eu?", ele perguntou. "E que poderes são esses?"
Olana se aproximou, seus olhos verdes intensos. "Porque, Alex, você é um dos quatro. Aqueles mencionados na profecia, o herdeiro do elemento do fogo."
O coração de Alex deu um salto. Ele tinha ouvido sussurros sobre a profecia, mas nunca os tinha levado a sério. Mas se o que Olana estava dizendo era verdade...
"O que isso significa?" ele perguntou, sua voz mal passando de um sussurro.
Olana se endireitou, sua expressão séria. "Significa que você tem um destino, Alex. Um destino que pode mudar o curso da história. Mas você não pode fazer isso sozinho. Você precisa dos outros."
Alex sentiu uma onda de medo e empolgação. Ele nunca imaginou que poderia fazer parte de algo tão importante. Mas ainda não confiava em Olana, nem na igreja.
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Olá, sou o DubiousTone e tenho uma novel em inglês chamada "Elemental Tear". Decidi traduzi-la para o português e espero que gostem. Por favor, se encontrarem algum erro, avisem-me para que eu possa corrigir. Se tiverem alguma dúvida, por favor, perguntem. Espero que gostem.