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5- Treinando

Em uma parte aleatória da grande floresta que cerca a aldeia da Folha, duas figuras se destacavam em meio à vegetação.

"Então, o que vamos fazer?" perguntou Lee, sua animação evidente na voz. "Vamos fazer alguns conjuntos de exercícios? Ou talvez uma luta-treino? Podemos correr ao redor da vila, ou talvez—"

"Calma, Lee," interrompi, percebendo a energia transbordante do amigo. "Você vai acabar ficando sem fôlego."

"Ah, desculpa," ele respondeu, coçando a cabeça, envergonhado. "É só que essa é a primeira vez que treino com alguém, e estou animado."

"Tudo bem," eu disse, tentando acalmá-lo. "Eu estava pensando em fazer o básico: alguns exercícios e, depois, uma partida-treino."

"Essa é uma ótima ideia!" ele exclamou, os olhos brilhando. "Vamos começar com 1000 flexões, 1000 agachamentos, 1000 abdominais, e depois correr 10 quilômetros—"

"Eu já disse para se acalmar!" exclamei, rindo. "Você está tentando se matar? Não podemos fazer algo assim."

"Tudo é possível com determinação," ele insistiu, a empolgação não diminuindo. "Acredite em mim, você só precisa acreditar em si mesmo."

Suspirei fundo, tentando reunir paciência. "Não é isso que eu quis dizer."

"Ah... então o que foi?" perguntou ele, a confusão tomando conta de seu rosto.

Vendo a expressão de Lee, apertei a ponte do nariz. Como ele consegue se manter tão otimista com tantas ideias malucas?

"E pensar que ele faz isso há tanto tempo só piora as coisas," pensei, me perguntando como esse cara ainda não se machucou seriamente.

"Lee, escuta aqui," comecei, buscando as palavras certas. "Você não pode fazer essa quantidade absurda de exercícios e fingir que está tudo bem. Só porque você consegue aguentar, não significa que é certo. Você, por acaso, fica muito cansado depois de fazer isso?"

"Eu fico exausto," ele admitiu, com a animação diminuindo. "Às vezes até desmaio... mas está tudo bem, já fiz isso várias vezes."

"Isso não é normal, Lee," eu disse, mais sério. "Seu corpo precisa de descanso e recuperação. Treinar é sobre qualidade, não apenas quantidade."

Ele franziu a testa, processando o que eu disse. "Mas eu sempre vi outros shinobis fazendo muito mais," respondeu, a dúvida na voz. "Como eles conseguem?"

"Isso é verdade, mas todos têm limites," expliquei. "E você ainda está em treinamento. Além disso, você precisa aprender a ouvir seu corpo. O que funciona para os outros pode não funcionar para você."

"Isso vai ser difícil," ele murmurou, desanimado.

"Vamos começar devagar. Vou te mostrar como fazer os exercícios corretamente e ajustar a intensidade ao seu nível. Vamos começar com uma série de aquecimentos e, depois, um treino leve. O importante é que você não se machuque."

"Ok," ele respondeu, mais calmo. "Mas eu ainda quero treinar muito! Não quero ser fraco."

"Confie em mim, Lee," disse, colocando a mão no ombro dele. "Treinar de maneira inteligente é o caminho para ficar mais forte. E nós vamos nos divertir juntos no processo."

Ele sorriu, sua energia voltando aos poucos. "Certo! Vamos lá!"

"Senta aí, vou te explicar uma coisa." Comecei a explicar os fundamentos do treinamento, enquanto Lee ouvia atentamente, ansioso para aprender. A floresta, que antes parecia um campo de batalha, agora se tornava um espaço de aprendizado e amizade.

Depois que expliquei tudo, Lee não perdeu tempo e começou a treinar, determinado a não ficar para trás. Juntei-me a ele, preferindo a companhia do esforço compartilhado ao silêncio solitário.

De início, fizemos uma corrida leve de apenas 1 quilômetro para nos aquecermos. O sol estava alto, e a brisa fresca tornava o ar mais agradável. Enquanto corríamos lado a lado, notei a determinação de Lee. Ele corria com um sorriso largo, enquanto eu mantinha um ritmo constante, focado em controlar a respiração.

Após a corrida, seguimos para os exercícios de musculação. Às vezes, nos pendurávamos nos galhos das árvores, aproveitando para fazer exercícios mais dinâmicos.

Em seguida, fizemos um treinamento de core com a prancha, um exercício simples, porém cansativo. Lee lutava para manter a posição, enquanto eu sentia facilidade em executá-la.

Para manter a agilidade, improvisamos um pequeno circuito de obstáculos. Lee pulava de um lado para o outro, enquanto eu apenas seguia seu ritmo, apoiando-o em cada salto e desvio.

Por fim, para gastar o resto da energia, fizemos uma corrida rápida de 50 metros. Lee disparou à frente, empolgado, enquanto eu corria atrás, tentando acompanhá-lo.

"Não entendo. Por que estou tão cansado fazendo algo assim? Eu posso fazer muito mais que isso," ele reclamou, confuso, enquanto se deitava, completamente desgastado, no chão.

Em vez de responder, apenas olhei para ele e ri baixinho. Ele estava lutando para entender seus limites, e eu sabia que era importante que ele passasse por isso.

Suspirei, mantendo o olhar focado em Lee. "Você acha que pode continuar, mas seu corpo está cansado. Tenha um pouco de piedade dele, pelo menos enquanto ainda é jovem."

"Mas eu não estou cansado," insistiu Lee, levantando-se rapidamente e esticando os braços para mostrar seu entusiasmo.

Vendo isso, não consegui me segurar e, sem hesitar, apertei a coxa dele com firmeza, desestabilizando-o. Ele caiu no chão, sem forças para se levantar.

"Estava dizendo?" perguntei, um leve sorriso surgindo em meu rosto enquanto ele se recuperava.

"Vem, levanta. Ainda não terminamos. Mesmo descansando, ainda podemos treinar," eu disse, mantendo a voz calma e encorajadora.

"Mas você não disse que devemos descansar?" Lee perguntou, exausto.

"Sim, por isso vamos treinar algo diferente," respondi, tentando manter a motivação dele.

Levantei-me e fui até uma árvore próxima, pegando duas folhas pequenas que estavam entre os galhos. Lee me observava, confuso.

"O que vamos fazer com isso?" ele perguntou, levantando uma sobrancelha.

"Você conhece o exercício de meditação com a folha?" perguntei.

"Uhm... não?" Ele pareceu intrigado.

"Suspiro... Eu nem sei por que pergunto. Isso é um método para praticar seu controle de chakra, onde você usa chakra para manter uma folha presa na testa."

"Mas eu não consigo usar ninjutsu nem genjutsu... é inútil tentar. Pode fazer sem mim," disse ele, desapontado.

"Para sua sorte... ou talvez não, não usar ninjutsu não significa que você não pode usar chakra," expliquei, observando enquanto a confusão de Lee se transformava em compreensão gradual.

"Ninjutsu e genjutsu são apenas formas mais conhecidas de usar chakra. Podemos fazer muito mais com ele. Além disso, para passar de ano, você precisa aprender isso, então trate de começar." Com um gesto rápido, peguei uma das folhas e dei um tapa suave na testa de Lee, fazendo-a grudar.

Nos sentamos em posição de lótus. A tranquilidade do momento contrastava com a agitação anterior. "Esvazie sua mente. Concentre-se apenas no objetivo e ignore o resto," pensei, tentando controlar meu próprio chakra.

Logo percebi que era mais difícil do que imaginava. Mover meu chakra parecia como tentar segurar algo com as mãos dormentes, a sensação de controle escorregando entre meus dedos.

Quando finalmente consegui sentir meu chakra respondendo, ele rapidamente parou, voltando ao normal. A frustração começou a crescer dentro de mim. "Não está funcionando."

Uma voz familiar ecoou na minha mente: [Está afim de resolver isso facilmente? Compre a habilidade de controle de chakra na loja do sistema por apenas 100 ouros.]

'Você pode fazer isso?' questionei, cético.

[O sistema pode fazer tudo o que você desejar.]

'Eu ao menos tenho dinheiro pra isso?'

[Não se preocupe. Como um iniciante, o anfitrião pode gastar até 1.000 ouros na loja, mesmo sem ter esse dinheiro.]

'Entendi... Mas prefiro continuar tentando,' declarei, decidido a não me render tão facilmente.

[Por que? É muito mais eficaz assim. Você poderia dominar uma habilidade de nível baixo em instantes.]

'O que vem fácil, vai fácil. Força deve ser conquistada, não presenteada,' pensei, reafirmando minha determinação.

[Mas essa é sua força. Negá-la seria apenas negar a realidade.]

Ignorei a insistência do sistema. 'Agora que tenho algo incômodo para ignorar, meditar de repente pareceu mais fácil.'

Vendo que eu não estou tento muito sucesso, eu resolvi dar um olhada em como Lee esta se saindo.

Ele parecia estar se esforçando muito, ao ponto de franzir a testa de tanta forca que esta fazendo.

"Concentre-se na respiração, inspira e expira." Eu tento o aconselhar.

"Eu vou conseguir, eu vou consegui, eu vou conseguir." Lee começa a murmurar tentando se motivar.

"Sim, você vai. Apenas continue tentando," respondi, mantendo meu tom firme. O silêncio que se seguiu foi confortável, um espaço onde ambos podíamos nos concentrar em nosso próprio crescimento.

Então lá nós ficamos, sentados no chão de terra batida, vários minutos em silêncio absoluto, tentando alcançar o tipo de concentração que poucos conseguem. O único objetivo era controlar nosso chakra, sentir a energia fluir por nossos corpos e, quem sabe, dominá-la com mais precisão.

Ao redor, o vento ocasionalmente balançava as folhas das árvores, mas nada mais parecia importar naquele momento.

Foi difícil, eu admito. Mesmo depois de meia hora de concentração, senti-me frustrado. Parecia que meu chakra estava trancado em algum lugar profundo dentro de mim, impossível de ser acessado.

Cada vez que eu tentava senti-lo, ele escapava como areia por entre meus dedos. Meia hora se passou, e o progresso era praticamente inexistente.

Mas, para ser sincero, eu não me importava tanto com isso. Controlar o chakra não era o meu verdadeiro objetivo naquele instante. Estava ali mais para descansar a mente e o corpo. O simples fato de tentar já trazia uma sensação de calma. Era uma pausa em meio ao caos dos treinos exaustivos, uma oportunidade de me reconectar comigo mesmo.

Contudo, mesmo enquanto descansamos, devemos encontrar formas de nos aprimorar. Alguns escolhem ler um livro para expandir a mente, outros se dedicam à pintura para relaxar; eu, por outro lado, escolho treinar meu controle de chakra.

Após aquela meia hora de meditação, eu já me sentia mais revigorado. As tensões nos músculos tinham desaparecido, e minha respiração estava mais leve. Finalmente, nos levantamos, prontos para continuar com o treinamento. Olhei para Lee, que estava igualmente focado e motivado, e sugeri a próxima atividade.

"Dessa vez, vamos fazer uma partida de treino de artes marciais, ou taijutsu, como a maioria prefere chamar," anunciei, enquanto esticava meus braços para aliviar qualquer resquício de rigidez.

"Preparado?" perguntei, deixando minha empolgação transparecer na voz.

Lee, sempre energético, respondeu com um sorriso que iluminava seu rosto. "Sim!" Ele estava, sem dúvida, ainda mais animado que eu.

Começamos a trocar golpes, mas, como você poderia imaginar, foi um desastre total. Nossas tentativas desajeitadas de acertar um ao outro eram quase cômicas. O problema não era só a falta de habilidade; era como se nossos corpos ainda não tivessem se acostumado com a ideia de lutar com técnica.

Acertar um golpe limpo parecia uma tarefa quase impossível, e desviar dos ataques de Lee era ainda mais desafiador. Ele vinha rápido, mas descoordenado, como um furacão que não sabia para onde girar.

Várias vezes caímos no chão, rolando sobre a terra como se fôssemos crianças em uma briga no pátio da escola. E, de certa forma, era isso que éramos naquele momento – dois lutadores amadores, sem técnica, sem estilo.

Quando percebemos a confusão em que nos encontrávamos, não pudemos deixar de rir. Estávamos ali, cobertos de poeira, com respirações ofegantes, brigando feito crianças birrentas. Mas havia algo de bom nisso tudo.

O fato de termos consciência de nossa propria falta de habilidade já era uma vitória, pois para acertar, você deve primeiro reconhecer seu erro.

Afinal, ninguém nunca nos ensinou a lutar formalmente. Toda a nossa experiência vinha de tentativas e erros, aprendizados que surgiam mais da prática e da observação do que de qualquer tipo de instrução formal.

Só o fato de estarmos ali, treinando de maneira séria, sem puxar o cabelo um do outro como idiotas, já era uma conquista.

Depois de várias tentativas fracassadas de lutar corretamente, nossos estômagos começaram a roncar, nos avisando que já era hora de parar.

"Foi bom treinar com você, Lee. Amanhã a gente continua de onde paramos."

"Sim! Foi uma ótima experiência treinar com você, Sekiro! Te vejo amanhã!" Lee se despede, muito animado, com os olhos praticamente brilhando.

Vendo isso, eu simplesmente dou um sorriso e saio para minha casa. A comida não vai se fazer sozinha.

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