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XVIII - O Fim De Uma Lenda

Aled recuou, usando o tempo para analizar os arredores, tentando usar alguma vantagem a seu favor. Os guardas não estavam mais por perto, seja lá para onde correram, não era problema de Caron.

— Você é bom. — Elogiou, Caron, se sentindo estranhamente lúcido. Algo que já não era possível faz um bom tempo.

Aled vacilou, segurando sua espada firmemente contra si. Verdade seja dita, lhe custava a acreditar que o rei que um dia idolatrou se tornou um escravo da magia negra.

— Polpe sua língua bajuladora, feiticeiro!

— Só estava falando a verdade. — Mas não importava se Aled acreditava ou não, porque já havia conquistado a distração perfeita.

Mais rápido do que o guarda previu, Caron atacou, quase arrancando seu braço direito. Aled urrou de dor, tentando ficar em pé e cumprir seu dever de proteger David e sua família.

— Vou perguntar uma única vez… onde está Michael Allans?

— Bem longe daqui! — Rosnou Aled, implorando para os Espiritos que estivesse certo.

— Resposta errada. — Com um único movimento, ele jogou Aled no chão. Sorrindo quando o viu procurar a espada em um movimento desesperado.

Uma adaga cravou nas costas de Caron, rasgando sua pele com um golpe familiar. Ele recuou, agarrado sua espada antes de se virar a tempo de interceptar um golpe feroz de David.

Não machuque ele! Algo gritou na mente de Caron, o fazendo cuspir sangue, sua pele ficou em púrpura antes dele recuar. David não tirou os olhos dele, mesmo enquanto ajudava Aled a se levantar.

— Vossa Alteza… por favor, saia daqui.

David o ignorou.

— Onde estão os outros?

— Eu os dispensei, o Plano tem que continuar.

O Príncipe quase revirou os olhos.

— Meio tarde para isso, você não acha?

— Não é ele quem devemos nos preocupar, Vossa Alteza. — Aled olhou para Caron com desdem, pela primeira vez na vida. — Há uma certa pessoa que estamos ansiosos para apagar a existência.

Havia uma única pessoa que poderia deixar Caron em segundo plano.

— Como pode ter certeza que o Feiticeiro Negro está nessa Caverna Sagrada?

Para surpresa de David, foi Jin quem respondeu.

— Mike encontrou seu laboratório quando estava explorando, e sua presença não deixou a caverna desde então.

Caron se recuperou do ferimento, voltando a ficar em pé.

— E você não fugiu como uma garotinha assustada, Jin Yang? Impressionante! — Jin soltou um palavrão, sem se importar com as crianças escutando.

— Leve as crianças daqui e Aled também. Mike foi encontrar todos os guardas, vivos ou mortos. Se o Feiticeiro Negro não for soterrado, ao menos iremos destruir seu laboratório!

Jin Yang não rebateu, mesmo que resmungasse algo sobre perder a única vez em que David se voltava contra Caron. O que era justo, visto que Jin já o viu tentar matar David várias vezes.

— Tchau Roberto! — A voz de Simon foi alta o suficiente para todos ouvirem, mesmo que estivesse prestes a chorar. — Foi muito bom te conhecer, eu sei que seu filho e sua esposa vão estar orgulhosos de você… e com saudade… e…

Simon abraçou o ar, já que não podia tocar o Espirito Mentor, que ficou visivelmente emocionado.

— Obrigada, garoto. Foi uma honra te conhecer.

Só então, quando Simon foi levado aos prantos, junto com Ethan e Angel que o Rei entendeu. Se não houvesse caverna para ele guardar, nenhum corpo para o manter em uma maldição, e nenhuma relíquia sagrada desta caverna sem um dono, o Espitito Mentor seria livre.

Era um plano arriscado, provavelmente ele seria levado ao Conselho Dos Espiritos Do Bosque. Mas que culpa ele teria se não fizesse parte do plano dessas crianças? O Rei seria apenas uma vítima dessa história.

O Príncipe voltou sua atenção para seu antigo tutor, desviando de um ataque antes de chegar perto. A volta de ambos, o chão começou a tremer, pedras caiam do teto, enquanto explosões foram ouvidas por toda Caverna Sagrada.

Caron lançou a David um olhar de desdém.

— Esse era seu grande plano? Me enterrar nessa caverna?

— Não será exatamente uma caverna quando terminarmos.

As espadas se chocavam constantemente, mas Caron ainda parecia relutante em ferir David, o que ocasionou em outra hemorragia interna, como se o seu corpo o punisse por sua gentileza.

— Além disso, não estamos tentando nos livrar de vocês, exatamente. Ao contrário de feiticeiros, não subestimamos nosso inimigos.

Caron recuou com um urro de dor, seu corpo o punia, jorrando sangue por todos os lados. David estremeceu de dor, mas continuou a lutar.

— Só me deixe perguntar uma única coisa…. — Caron murmurou, a voz fraca. — Se eu lhe implorasse por perdão… você me concederia?

David recuou, ainda em posição de combate.

— Isso depende… porque me pediria perdão?

Caron se levantou, a expressão confusa. Buscando em suas memórias o que fez de errado, muitas coisas, porém nada tão grave, certo? Portanto, havia uma única resposta.

— Por… expulsar sua mãe… e ordenar a morte de minha esposa, mesmo sendo minha culpa….

David deu um sorriso amargo.

— Foi ruim o bastante, mas reposta errada. Nenhuma vez, você se arrependeu de machucar, é isso?

Ahessa era a resposta? Refletiu Caron. Mas foi tudo pelo melhor do príncipe, tudo por sua educação.

— As coisas boas que fiz por você… não foram o suficiente para lhe recompensar?

— Nenhuma delas mudou o fato de você tentar me matar. Mais de uma vez.

— Os O'Niells não morrem… — Murmurou Caron, ao mesmo tempo em que se consolava com o fato que jamais seria perdoado. Nesse caso… ficar ao lado do Feiticeiro Negro não era uma má escolha.

Sentindo seus sensos voltarem ao normal, Caron sentiu um leve e familiar arrepio, como se a Malícia lhe desse boas vindas com um choque de poder.

Ele atacou. David rebateu.

As espadas se encontravam enquanto a caverna desmoronava cada vez mais ao redor de ambos. Enquanto isso, o Rei auxiliava Mike em todos os cantos, o vendo correr para salvar a vida dos guardas que ficaram para trás.

Na última vez em que voltou, Mike estava fraco. Até mesmo tremia, mal conseguindo ficar em pé.

— Por favor, me diga que David foi embora com Jin Yang.

— Me pediu ajuda, mesmo sem saber a resposta?

Mas Mike não o conseguia ouvir, então apenas correu novamente quando o Espírito Mentor lhe guiava.

— Não foi o que combinamos, David!!! — Sua voz ecoou pelas paredes enquanto Mike lutava para ficar em pé.

Caron ouviu o eco com um sorriso predatório.

— Michael Allans ainda está aqui, isso é ótimo. Sabe o que o Feiticeiro Negro me pediu?

— Não se atreva!

Arranque a cabeça de Michael Allans, e me traga seu pingente. — Caron imitou a voz do feiticeiro.

— Não! — David cortou o ombro de Caron, que sequer sentiu algo além de uma pontada.

— Seu eu te machucar… ele vai aparecer para te salvar, não é?

Antes que David conseguisse processar o que Caron falou, foi arremessado no ar, as asas se projetaram para proteger as costas, e mão feitas de magia magra as segurou, quase arrancando as asas a força.

David gritou de dor, e Mike seguiu o barulho, seu desespero deixando sua própria dor em segundo plano. Assim que viu a cena em que a espada de Caron, quebrada em duas, encravavam nas asas de David, o grudando a parede enquanto Caron o enforcava, Mike perdeu a cabeça.

Um arco e flecha saiu de seu pingente e apareceu em suas mãos, Mike jamais errou uma flecha antes. A arma seria apontada diretamente para a garganta de Caron, ele o marcaria da forma mais dolorosa e lenta possível.

— Não! — David tentou avisar, a voz rouca. — É o plano do Feiticeiro Negro! Você sabe que ele quer que nós tiremos sua vida! — É claro que sim, foi Mike quem lhe alertou sobre isso, mas quem disse que isso importava agora?

Percebendo a situação, o Rei apareceu na frente de Mike, que não perdeu o foco. Seu juramento de jamais arrancar sangue de uma pessoa jogado em algum canto de sua mente.

— Ele está enforcando meu filho, não ouse me dizer o que fazer!

Filho… filho… o Rei também tinha um filho. Sentia falta dele, inclusive. Mas isso importa agora? Com que cara eu o olharia sabendo que deixei o Feiticeiro Negro vencer de novo? Isso se eu sequer encontrá-lo novamente.

E de repente, ele era só um Espírito Mentor que sabia exatamente o que fazer. O Rei se aproximou de David, o mais rápido possível e então, de repente, duas pessoas sabiam de seu plano.

Não faça isso. David moveu os lábios, mas já era tarde demais. O Rei se fundiu com o seu corpo, que Caron até então usufruía, a maldição do sono eterno cobrou a sua regra principal sobre nunca usar seu corpo carnal.

Uma chama clara e pura engoliu a ambos, até que Caron e Rei desaparecerem, não sobrando nada além de cinzas no chão.

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