— Droga… — Murmurou Aled, cansado.
Jin não demorou para perceber o que estava acontecendo, mesmo já tendo se livrado da maioria dos parasitas, ainda restou uma quantidade enorme, o suficiente para comer um homem vivo.
— Mike!!! — Grunhiu Jin, praticamente voando em sua direção.
Mike estava cansado, não conseguiria se teletransportar antes dos parasitas chegarem, então, ele rasgou a capa da Armadura de Aled e jogou o resto no chão. A capa ainda brilhava em suas mãos, então ele a amarrou em sua cintura enquanto pulava na pilha de ossos.
Jin o encontrou no meio do caminho, mas não antes dos parasitas morderem o que puderam alcançar. A escuridão de Jin envolveu a ambos como um cobertor, enquanto ele cortava os parasitas restantes. Mike não viu, mas Aled e os guardas correram para salvar e proteger a armadura que ele deixou cair.
Jin estava furioso com as pragas, os eliminando com uma precisão assustadora, sua escuridão deslizou Mike lentamente para o chão, mas antes que pudesse o alcançar, algo rápido e preciso veio em sua direção.
Letras douradas cobriram Mike mais rápido do que seria saudável, enquanto uma espada atingia seu estômago com uma velocidade esmagadora.
A Espada De Rhion cravou na parede, e Aled correu para pega-lá, assombrado com a grandiosidade da relíquia.
Mike sumiu no ar, deixando um pó dourado para trás. Jin terminou o massacre em pouco tempo, usando sua escuridão para arrastar a Armadura de Aled para si, um pouco irritado.
Mike apareceu no centro da sala poucos segundos depois, com o peito sangrando e de aparência abatida, Jin foi para seu lado imediatamente.
— Você tá legal, Mike?
— Positivo… — Mike caiu de joelhos, mas ao menos estava sorrindo. — Conseguimos, Jin…
Jin apoiou Mike em seus ombros.
— Você conseguiu, Mike. Agora pode dar essa droga pro seu filho. Sei que era isso que você queria.
Mike teria dado de ombros se pudesse, mas olhou para Aled tentando tirar a Espada de Rhion da Parede e ficou imediatamente irritado.
— Pega aquela espada, Jin.
Jin arrancou a espada junto com a parede, sem se importar em avisar os outros a sua volta.
Mike escutou um bipe em seu relógio e ficou imediatamente tenso, já havia passado o tempo de Azhar, — o parasita de David que estava no momento sendo utilizado como um pombo correio, — ter voltado.
— Alguma coisa está errada, as crianças podem estar em perigo.
— Será que não dá pra sossegar por um segundo?
— Jin… eu vou atrás do meu filho.
Jin suspirou.
— Quem sou eu pra discutir?
★☆★☆
— Estou feliz que você esteja bem, Roberto.
— Também me alegro que esteja bem, meu jovem.
Angel rabiscou o local aonde eles estavam no mapa. David não o saberia fazer, já que tinha um péssimo senso de direção, mas ajudou escrevendo um pequeno bilhete para Mike.
Assim que o papel foi amarrado na pata de Azhed, o corvo voou. Mais à frente, ele deu um cambalhota e se transformar em um gato, correndo em disparada pela caverna.
— Devemos ir ao ponto de encontro agora? — Ethan questionou, enquanto Simon tagarelava sem parar com o Espírito Mentor.
— Precisamos de uma resposta primeiro, por hora, seria melhor esperarmos aqui.
— Qual a probabilidade de seu tio nos encontrar?
David passou a mão por seu cabelo, quase estremecia só de pensar nisso. O que o incomodava. Desde quando o Príncipe Dos Feéricos se tornou um tolo ao pensar no homem que o criou e agora era seu inimigo?
— Não vamos pensar nisso… — Angel interviu, apaziguadora.
Ethan lhe lançou um olhar cético, o que a fez revirar os olhos.
— Podemos ser realistas pelo menos uma vez?
— Pode ter empatia pelo menos uma vez?
Ethan ficou vermelho de vergonha.
— Não é isso, é só que é perigoso e…
David ficou tenso de repente, ouvindo um barulho estranho. O Rei o copiou, seus olhos analisando cada canto do corredor escuro. Depois, outro barulho aconteceu, desta vez alto o suficiente para orelhas humanas captarem.
— O que foi isso?
David deu passo a frente.
— Eu vou verificar…
— Olha só… — Simon comentou animado, apesar da tensão no ambiente. — Como um verdadeiro herói…
Foi impossível não rir e David relaxou visivelmente.
— Você quer parar? Já disse que não vou ser O Herói.
— Porque não? Já cumpre todos os requisitos mesmo! Salvar Arbor, ter a benção de Rhion… ser o campeão de um Espírito Do Bosque… bem, talvez nesse você falhe um pouco…
O Príncipe encarou o Rei, emburrado.
— Contou todos os requisitos a ele?
— Nos estávamos só conversando…
— Não consegue calar a droga da boca?
Antes que David pudesse se arrepender e pedir desculpas, ou que o Rei sequer se sentisse ofendido, algo disparou na direção de David e grudou em sua bainha.
David arregalou os olhos, vendo Azhed transformado em uma espada, sem papel ou bilhete nenhum a vista, parecendo visivelmente fraco.
— Corre. — Grunhiu David, sem sequer se virar para as crianças. — Corre, agora!!
Simon, o espertinho, foi o mais rápido de todos eles.
A mente de David não passava de um borrão, analisando todas as saídas possíveis. As crianças estavam a sua frente, mas mesmo sendo mais rápidas que todas elas, David fez questão de ficar para trás, cuidando para que ninguém se machucasse.
Antes mesmo que pudesse carregar as crianças para acelerar o passo, David foi puxado com força, voltando para uma sala iluminada que acabaram de ultrapassar.
Em cima dele, Caron o prendeu com uma perna. David cuspiu sangue e Caron estremeceu de leve, arqueando uma sobrancelha.
— Ora, a proteção dos Espíritos também funciona em você… mas é uma pena que o Espírito Do Bosque que o proteje esteja abaixo de minha protetora… — Então, de repente seus olhos se tornaram gentil. — Você não costumava a olhar assim para mim…
Não posso deixar que ele veja as crianças. Não posso deixar que ele veja as crianças, pensou David, desesperado.
— Assim como?
Os olhos de Caron mudaram de novo, tornando sua expressão gentil — que atingia o príncipe com uma dor nostálgica, — coerciva. Assim como ele olhava para seus rivais, assim como ele já olhou para o imperador dos elfos, que mais tarde se tornou mestre de David.
— Assustado, tremendo… como se eu fosse um monstro…. — Caron suspirou. — Eu não sou um monstro, príncipe. Sou seu pai…
— Meu tio. — Corrigiu David, de maneira ríspida. — E isso foi antes… antes de você me matar.
— Ah… mas você está vivo, não está?
Caron deu de ombros, sua expressão suave novamente. Foi como um soco no estômago de David perceber que ele não se importa, e não se arrepende nem um pouco.
— O'Niells não morrem, de qualquer forma… Venha comigo. Vamos para a casa… somos uma família, não somos?
— Nunca fui uma família para você… eu era só… um peão em seu tabuleiro.
Caron o ignorou.
— Vamos ser uma família novamente. Almoços compartilhados, treinamento aos finais de semana e você vai tocar piano para mim nas noites de inverno… você é tudo o que me resta…
David se sentou quando Caron tirou seu pé de cima dele, ainda meio tonto.
— Me espancou até a morte na última vez que toquei piano…
— Bem, não vou fazer isso de novo… mas se você não quiser…
David agarrou sua espada discretamente.
— Vou ter que matar todos os seus amigos…
Mais rápido do que qualquer movimento, uma das crianças voou em direção à Caron, que bloqueou o ataque com um soco. David se levantou em um único movimento, no chão, Simon cuspia sangue e talvez um dente, sorrindo como um canalha…
— Babaca…
Ele vai matá-los… pensou David. Ele vai matar minha família.
O Príncipe se jogou em Caron como um homem possuído, a espada na mão mirou diretamente em sua garganta