Lina achou difícil dizer mais alguma coisa. A atmosfera estava insuportável. Ela não conseguia decidir entre fugir dele ou correr para os braços dele. Ele ainda estava bem próximo a ela. O calor emanava do corpo dele em ondas espessas.
"Caneta." Lina engoliu. "Me dê a caneta."
Lina sabia que não havia outro homem neste mundo que pudesse competir com Everett Leclare, exceto o próprio Kaden DeHaven. Nenhum outro homem seria aceito por sua família. Pelo menos, esse casamento com Kaden era uma decisão que ela fez por si mesma. Ninguém mais.
Lina podia dizer de coração que ela escolheu esse caminho para si, não importa as dificuldades que pudesse enfrentar, o arrependimento que ainda estava por vir. No fim, ela tinha caminhado por essa estrada perigosa sozinha.
"Será um casamento de verdade," Kaden disse, agarrando a mão dela e observando seus dedos. Ele entrelaçou sua mão na dela e ela estremeceu, como se tivesse sido atingida por um tiro.
"O que você está fazendo?" Lina exigiu, puxando seus dedos para longe, como se o toque dele a tivesse queimado.
Lina foi subitamente lembrada da mulher no vestido de noiva, soluçando diante do altar vazio. Aquela mulher era ela. E o futuro aterrorizante estava vindo para o seu pescoço.
Então era assim que o destino veio mordê-la na bunda. Não importava o que ela decidisse fazer, não importava seu plano de ficar longe dele, não importava seus esforços, o futuro estava fadado a acontecer de um jeito ou de outro.
"Segurando sua mão," Kaden declarou descaradamente. "Não aja como se eu estivesse decapitando-a."
Lina fez uma careta. "Não comece a agir como um marido de verdade só porque é um casamento de verdade."
Kaden ergueu uma sobrancelha, observou-a bem e soltou uma respiração arrogante.
"Todas as mulheres querem ser amadas e valorizadas. Eu não poderei amá-la, mas poderei valorizá-la. Isso não é suficiente?" Kaden declarou.
Lina estava angustiada. O quê? "Não. Não, nunca é suficiente."
O rosto de Kaden se fechou. Ele se afastou dela e franziu a testa.
"Não me diga que você espera que eu te ame depois de tudo que você me fez?" Kaden exigiu, olhando para ela como se ela tivesse a audácia de respirar.
"E o que você fez comigo?" Lina retrucou. "Eu confiei em você. Eu te dei meu coração há mil anos, esperando que você cuidasse dele! Você jurou que sim. Você jurou que me amava, e ainda olha onde estamos agora!"
Kaden vacilou. "Você assinará o contrato, será um casamento de verdade, e você agirá como minha verdadeira esposa."
Lina zombou. Ele era inacreditável. Realmente era.
"Não aceitarei de outra forma, querida pomba," Kaden sibilou.
"Tudo bem, Jardim do Éden," Lina retrucou.
"Jardim do Éden?!" Kaden repetiu, surpreso.
"Kaden soa como Éden," Lina afirmou. "Como o Jardim do Éden."
"Você é louca," Kaden rosnou.
"Bem, isso faz dois de nós, não é?" Lina argumentou.
"Você acha que eu sou louco?" Kaden perguntou, revirando os olhos para ela.
"Dois erros não fazem um acerto, mas certamente nos iguala," Lina afirmou, cruzando os braços. Ela olhou para os braços dele, onde o contrato ameaçador estava.
"Mesquinho no passado, mesquinho no presente," Kaden murmurou, olhando para ela com desaprovação. Alguns diziam que o orgulho seria a ruína das pessoas, mas para ele, a mesquinhez dela era sua ruína.
"Tanto faz." Lina o empurrou para o lado e se aproximou do contrato.
Casamento de verdade, pois será. Estaria tudo bem. Uma vez que toda essa bagunça fosse resolvida, ela se divorciaria dele. Nenhum outro homem teria coragem de ir atrás de algo que Kaden DeHaven tivesse casado. O que significava não mais encontros às cegas, não mais casamentos por contrato, e não mais marionetistas interferindo em sua vida.
Após este casamento, Lina seria uma mulher livre. Sua liberdade estava bem ali. Ela podia saboreá-la tão profundamente.
"Desde quando você entende de linguagem de contrato?" Kaden perguntou de forma arrastada, apenas para provocá-la.
Isso certamente funcionou. Ela ergueu a cabeça e parecia pronta para enfiar a caneta em seu pescoço. Ele riu por dentro. Ele gostaria de vê-la tentar.
"Sou candidata a doutorado. Claro que eu saberia disso," Lina murmurou.
Levou todas as células de seu corpo para não ficar irritada. Essa era a reação que ele queria. Ela sabia pelo sorriso arrogante dele. Ela queria apagar isso do rosto dele com um soco.
"Você tem 22 anos e já é candidata a doutorado?" Kaden refletiu, encostado em sua mesa com os braços cruzados.
Lina olhou rapidamente para cima do papel, sua boca seca ao ver o quanto ele estava bonito. Seus bíceps saltavam, tensionando a camisa fina. Veias grossas deslizavam por seus braços como cordas, flexionando sempre que ele movia os punhos. Ele era bonito e sabia disso.
"Sim," Lina respondeu. "Terminei o ensino médio mais cedo que a maioria."
"Estou surpreso," Kaden provocou. "O que aconteceu com a pequena Princesa que trapacearia em uma competição de poesia?"
O rosto de Lina queimou com suas palavras. Ela se lembrava de ser pega com a mão na massa, ou mais precisamente, com tinta na mão por ele. Foi há muito tempo, e uma das suas primeiras interações. Ele a tinha agarrado, levantado suas mangas e viu a escrita desordenada em seus pulsos.
"Cala a boca." Lina virou a página do contrato, seus olhos se estreitando nos detalhes do contrato de casamento.
"O que é isso?" Lina perguntou, apontando um dedo para as duas cláusulas.
"A Parte B aceitará as seguintes condições: ela não trairá a Parte A com homens ou mulheres. Ela não investigará os assuntos da Parte A. Ela cumprirá os deveres de uma esposa," Lina leu em voz alta.
Kaden abriu a boca, pronto para explicar a última parte, mas ela falou novamente.
"Eu não posso ter casos, mas você pode?" Lina questionou.
Kaden piscou. Ela o entendeu mal. Ela era fofa quando estava irritada. Droga.
"Não são casos literais," Kaden refletiu. Ela estava irritada com essa cláusula, mas não com a última? Ele esperava que ela jogasse coisas nele.
"Se você vai ter cláusulas, eu quero três minhas também," Lina afirmou.
"Tudo bem. Estou ouvindo."
Espera, isso foi fácil demais. Lina esperava que ele discutisse com ela. Ela tinha preparado uma discussão completa também. Agora que ele cedeu tão facilmente, ela não sabia o que dizer.
"H-uhm," Lina gaguejou. "Deixe-me pensar."
Kaden deixou escapar uma risada suave. O rosto dela ficou quente. Ela desviou o olhar e ele se aproximou dela, agarrando sua cintura e puxando-a para perto. Ela o empurrou para que ele fosse embora. Ele insistiu. Ele apertou o corpo dela próximo ao dele, mas longe do local endurecido.
"Você não pensou que eu cumpriria?" Kaden refletiu, aproveitando para pegá-la desprevenida.
Por um breve segundo, sua expressão vazia era adorável. Como um pequeno coelho que percebeu que o leão não ia comê-lo.
"Cala a boca." Lina estava tentando pensar. Justo então, ela pensou em algo. Cláusulas que contrapõem as dele.
"A Parte A não trairá a Parte B com homens ou mulheres. A Parte A não se intrometerá nos assuntos da Parte B. A Parte A será um marido atencioso que atende aos chamados de sua esposa," Lina disse. Se ele ia fazer demandas injustas, ela também faria.
"Feito."
Lina se animou, seus olhos brilhando. "Sério?"
Kaden sentiu uma estranha agitação em seu peito. "Sim."
"Ok, vamos avisar nossos advogados—"
"Mas primeiro," Kaden declarou, virando-a à força. Ele viu sua expressão extática perfeitamente agora.
"Eu gostaria de mudar minha terceira cláusula," Kaden declarou lentamente.
As sobrancelhas de Lina se juntaram.
"A Parte B," Kaden começou. "Será uma esposa obediente que aceita os pedidos do marido para fazer a qualquer momento, em qualquer lugar, em qualquer dia."
"Você—"
"Se eu estou à sua disposição, você não deveria fazer o mesmo?" Kaden devolveu.
Lina não conseguiu refutá-lo. Ela lutou para pensar em algo para dizer. Ele estava certo. Além disso, ele se cansaria dela eventualmente. Não havia como ele ter o vigor para querer fazer isso tão frequentemente quanto esperava... certo?
"Tudo bem." Lina estendeu a mão na frente dele.
Kaden olhou para ela. Seus lábios lentamente se curvaram em um sorriso malicioso. Essa pequena coelhinha. Ela estava fazendo um acordo com o diabo e nem percebia.
"Tudo bem." Kaden apertou sua mão, seu sorriso se alargando ao encarar o olhar inocente dela.
"Está feito então, querida pomba," Kaden declarou.
"Está feito, Éden," Lina concluiu.
Kaden conteve o riso ao ver o piscar ingênuo dela. Que menina doce e doce ela era, alheia às coisas que ele faria com ela.