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Fascinante

Koji pulou do prédio com duas esferas escuras flutuando debaixo de seus pés, impulsionando-o em direção ao Gyaku, que balançava a cabeça loucamente. 

Outras seis esferas avançaram para atingir o monstro, mas algo surpreendente aconteceu. Inesperadamente, surgiu uma ave estranha de asas longas e olhos amarelos, que aparentava ser um tipo de borboleta gigante. Ela apareceu na frente do lagarto e, antes que Koji pudesse reagir, engoliu as esferas escuras.

A ave abriu a boca e absorveu as esferas, engolindo-as completamente. Koji, ainda voando, não acreditou.

— Surgiu outro? Como que pode? — questionou ele em choque por ter visto o que viu.

Mas uma voz conhecida chamou sua atenção.

— Tem alguém invocando esses bichos na cidade, e não deve estar muito longe daqui — foi o que disse a voz do Spherea na cabeça do Koji.

Enquanto isso, sete pessoas conseguiram se distanciar das criaturas, fugindo rumo às bases militares no sul, mas outras doze acabaram mortas. Com essa cena de desespero diante dos seus olhos, Koji murmurou para si mesmo.

— Deu errado demais.

Spherea sempre bem humorado, respondeu.

— Sem lágrimas de crocodilo, já tem um lagarto aqui. Mas sem gracinhas, não está tudo perdido, Koji. É só fazer as contas.

Koji percebeu que faltava um civil, que não havia conseguido fugir e também não estava entre os mortos. Contudo, ele não podia se distrair.

De repente, a ave estranha cuspiu um líquido ácido na direção do Koji, ele desviou por pouco, sentindo o calor do ácido passando de raspão das suas pernas.

O descanso parecia ter acabado. Em seguida, Koji foi acertado por uma rabada do lagarto gigante, lançando o portador dessa vez contra uma pequena casa. Entre os escombros, Koji se levantou e notou que as seis esferas engolidas pela borboleta bizarra haviam sido completamente absorvidas.

Realmente absorvidas.

— Spherea, fala que eu to errado em pensar assim, por favor — disse Koji, confuso e preocupado, com sangue escorrendo de sua testa para o olho esquerdo.

— Claro que você está errado, sempre está errado. As esferas escuras são constituídas por energia vazia, impossível de ser absorvida — com convicção, respondeu Spherea.

Koji soltou uma respiração de alívio e, com a luz do sol na cara, disse.

— Estou esperando. Reapareçam.

As esferas escuras emergiram do estômago do Gyaku, rasgando o monstro de dentro para fora em uma explosão sangrenta de destruição. Com uma expressão mais empolgada, Koji disse apenas uma coisa.

— Spherea.

— Eu sei, é sempre bom vê-las agir por você — respondeu Spherea com a voz calma, sem um pingo de humor duvidoso.

As esferas, logo ao saírem do monstro, atacaram o lagarto sem hesitação. O Gyaku tentou desviar, movendo-se com rapidez surpreendente para uma criatura de seu tamanho, indo diretamente na direção de Koji. 

O lagarto atacou desesperadamente, contorcendo-se em um frenesi de fúria. Koji foi atingido com força, a pancada lançou-o em grande velocidade para dentro de um pequeno depósito de bebidas.

Ele aterrissou violentamente, ficando preso nos destroços de metal e garrafas quebradas. Sangue escorria de cortes na testa e nos braços, e ele resmungou com frustração e indignação.

— Só pode ser brincadeira. dois Gyakus pra mim, essa porra é um teste? — sua voz carregada de fúria.

— Esse lagarto quer te fazer conhecer todos os lugares da avenida Hahahaha — comentou Spherea, zombando do Koji.

Com impaciência, Koji empurrou as garrafas e pedaços de metal para os lados, tentando se libertar dos escombros. Quando ele olhou para o canto do depósito, viu uma moça grávida, uma mulher religiosa de seu grupo de civis, escondida atrás de um grande refrigerador. Era a mesma mulher que havia perguntado se estavam perto das bases militares.

— Fique quieta. Eu vou te levar para o sul da cidade — a boca do Koji estava melada de sangue, mas nada impedia-o de ajudar.

O tremor no chão denunciava a nova aproximação do lagarto, Koji sabia que as chances de sobrevivência eram pequenas. Ele olhou para a sua escrita no antebraço direito e disse, em tom de desamparo.

— Pode fazer algo por mim, Spherea?

— Creio que você ainda não está tão ferrado para precisar de mim — Spherea parecia tranquilo demais, mesmo com Koji correndo grandes riscos de morte.

O lagarto aproximava-se e a ave se encontrava caída na avenida com o estômago aberto. 

— Koji, quanto mais perigoso for a situação, mais as esferas vão se aperfeiçoar.

O que mostrou-se atrás do lagarto foi uma formação impressionante, o que fez Koji lembrar de seu pai.

Norman Fuller

— Filho, o que eu mais busquei na vida foi um sentimento positivo incapaz de ser compreendido.

Um alinhamento perfeito entre centenas de esferas escuras, criando uma parede imponente de dez metros de altura. 

Norman Fuller

— Com certeza, eu nunca senti isso. Mas eu juro que você, filho, um dia vai sentir, talvez não entenderá o que é e possivelmente interpretará como um fascínio. No geral, o que te dá sentido e proteção acaba virando algo fascinante.

Koji olhou para aquilo e expressou um imenso fascínio, pois era realmente deslumbrante e seus olhos espelhavam o que via. Era uma barreira, um muro de esferas que se uniram com uma precisão inacreditável.

— Pai… isso é fascinante.

O Gyaku, sentindo algo estranho, virou-se para ver o que estava acontecendo. Mas já era tarde demais. A parede de esferas avançou com uma força implacável, perfurando o corpo do lagarto gigante repetidamente. 

A cada perfuração, o Gyaku se contorcia de dor e emitia rugidos perturbadores que ecoavam pela avenida.

Aproveitando o momento, Koji correu ignorando os perigos ao seu redor. Seu foco estava agora na ave estranha, que estava visivelmente ferida. Ele se aproximou rapidamente, mas repentinamente, a ave simplesmente se incinerou. Virou cinzas instantaneamente, sem nem ao menos pegar fogo.

Koji ficou momentaneamente atônito, mas o estrondo da queda do Gyaku foi o que protagonizou a cena. O lagarto gigante, finalmente vencido pelos ataques implacáveis das esferas escuras, caiu morto no chão causando uma nuvem de poeira.

A moça, nervosa e amedrontada, saiu do depósito e aproximou-se de Koji. 

— Você é um daqueles…

— Colega dos demônios? Sim, eu sou — disse Koji, em tom amigável.

— As bases não estão tão longes daqui, vamos precisar acelerar um pouco porque os outros já devem ter chegado lá.

No entanto, como Spherea tinha falado sobre a presença de outro portador próximo e que não estaria longe, então…

Clap! Clap! Clap!

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