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Dormitório Masculino

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Recomendação de Música: Cena do Crime - Nathan Barr

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Julie não ficou lá nem mais um segundo para receber a detenção que ela tinha tentado evitar. Ela rapidamente subiu as escadas, mas não foi para a sua sala de aula. Ainda restava muito tempo para o término do período corrente, e entrar agora só levantaria questões.

Ela entrou no banheiro vazio, fechando a porta enquanto esperava que ninguém viesse. Suas mãos ainda estavam em punhos firmemente cerrados. Ela caminhou até ficar de frente para o espelho. Quando Julie abriu as palmas, ela viu as marcas profundas deixadas porque ela tinha cravado as unhas para se distrair.

Sua mão girou a torneira, deixando a água cair sobre suas palmas.

Julie não se sentia confortável em espaços fechados, pelo menos não desde o ensino fundamental. Isso acelerava seus batimentos cardíacos, trazendo de volta as memórias que ela tentou deixar para trás quando se mudou para Woodward. Mas ter Roman lá hoje fez se sentir melhor, sabendo que ela não estava sozinha. Ela se inclinou para frente, juntando a água fria em sua mão e jogou-a sobre seu rosto enquanto ouvia as vozes em sua cabeça.

'Abra essa droga de porta! Você acha que pode se esconder aí para sempre?' exigiu uma das meninas, batendo na porta do zelador onde Julie havia se trancado. 'Você achou que nós íamos deixar você em paz depois de você ter reclamado?'

'Ela trancou a porta por dentro,' Julie ouviu as palavras de outra menina enquanto a porta tremia.

'Abra a porta agora, Julianne,' disse a menina que gostava de intimidá-la, 'Sua vadia, saia daí agora ou eu vou fazer você se arrepender.'

Após dois minutos, elas pararam de bater na porta, e Julie não ouviu nada além de silêncio. Para ter certeza de que elas não estariam esperando por ela, ela não abriu a porta nos próximos minutos pois sabia o quão persistentes as meninas poderiam ser.

Mas quando Julie tentou abrir a porta, o quarto estava trancado pelo lado de fora. Como as aulas tinham acabado, todos os estudantes e professores já tinham deixado o prédio. O pequeno cômodo estava escuro por não ter janelas, e não havia interruptor para acender a luz.

Julie tinha batido na porta, gritando por alguém para abri-la enquanto se sentia sem ar. Foi somente após duas horas que o vigia a encontrou e a deixou sair. As coisas no passado não tinham sido fáceis, mas dois meses atrás, ela explodiu, e agora ela não queria voltar àquilo.

De volta ao banheiro, Julie continuou a jogar água fria em seu rosto mais algumas vezes antes de olhar seu reflexo no espelho. Tomando um fôlego profundo, ela expirou pelos lábios. Ela enxugou o rosto com as toalhas de papel e as jogou na lixeira.

Ela esperou até ouvir o sino tocar.

Quando o sino finalmente tocou, ela caminhou em direção à sala de aula. Ela alcançou Melanie, que carregava as bolsas de ambas sobre os ombros. Uma expressão de preocupação apareceu no rosto de Julie, e ela perguntou, 'E a última aula?'

'A Sra. Thornton está de licença e dispensaram a aula. Onde você estava?' perguntou Melanie, tricotando as sobrancelhas em preocupação.

'Eu fiquei presa em uma situação e demorei um pouco para voltar,' respondeu Julie, pegando sua bolsa da amiga e colocando-a sobre os ombros.

Quando elas saíram do prédio, Melanie informou, 'Você perdeu a presença. Eles geralmente enviam o relatório diretamente às famílias, informando sobre a frequência e progresso nas notas dos alunos, que inclui detalhes da detenção.'

'Que maravilha,' respondeu Julie. O endereço que ela tinha fornecido era a casa de seu tio. Somente após visitá-los ela descobriria a reação deles ao número de vezes que ela recebeu detenção no primeiro mês aqui.

'Eu estava pensando em ir encontrar Conner. Você quer vir?'

Julie, que estava caminhando ao lado de Melanie, perguntou, 'Eles permitem que meninas entrem no Dormitórios dos meninos?' e para isso, Melanie acenou com a cabeça.

'Meninas e meninos são permitidos entrar em ambos os Dormitórios, mas só durante o dia,' explicou Melanie. 'Aliás, ouvi algo quando você não estava na aula. Uma das meninas do nosso Dormitório foi encontrada morta na floresta. O nome dela era Stacy Hopkins, que estava no seu segundo ano. Eles não deram detalhes suficientes, mas eu acho que é mais um ataque de animal.'

'Foi por isso que estavam carregando as coisas dela no caminhão ontem,' murmurou Julie. Deve ter sido a mesma pessoa que tinha gritado na floresta.

A outra professora com o Sr. Borrell tinha mencionado o nome dela, pensou Julie consigo mesma. Mas se ela estava morta, por que ela foi registrada como 'transferida'?

'Mel, você já sentiu alguma coisa estranha neste lugar?' perguntou Julie e a cabeça de Melanie inclinou para o lado.

'O que você quer dizer?' questionou Melanie.

'Não sei. É difícil de explicar,' respondeu Julie, dando de ombros enquanto elas continuavam a caminhar, indo em direção ao Dormitório dos meninos. 'Quero dizer, todo ano, estudantes morrem na floresta, não é? Mesmo assim, eles não tomaram nenhuma medida além de colocar avisos na floresta. Sem falar que algumas das regras são estranhas.'

'A maioria dos lugares têm regras estranhas. Talvez eles não queiram restringir o movimento dos animais, pensando que estamos invadindo o espaço deles,' respondeu Melanie, mas Julie não estava convencida. Havia uma sensação inquietante difícil de se livrar.

Antes de se candidatar a este lugar, ela tinha pesquisado sobre a Universidade Veteris, e tudo sobre ela era uma folha em branco sem menção a nenhuma morte.

Quando elas chegaram ao Dormitório dos meninos, Julie notou como a arquitetura desse lugar mal tinha sido modificada em comparação ao Dormitório das meninas. O teto era alto, e as paredes eram feitas de madeira escura. Era um Dormitório de três andares que agora estava ocupado pelos estudantes. Ela avistou alguns dos meninos na entrada, que não tentaram esconder, conferindo as duas meninas.

'Mel?' sussurrou Julie. 'A última vez que você disse que estava tudo bem, encontramos Porco-espinho,' ela lembrou a amiga.

Melanie puxou Julie para dentro, subindo para o primeiro andar, 'Eu já estive aqui antes. E é por isso que está tudo bem,' ela sussurrou para ela. 'Conner está aqui.'

O amigo deles, que estava machucado e se recuperando, acrescentou Julie em sua mente. Enquanto continuavam a subir as escadas, seus olhos olharam para baixo.

Elas finalmente chegaram ao quarto de Conner, que parecia um pouco pálido, 'Você ficou doente?' perguntou Melanie quando elas entraram no quarto.

'Você está com cara de doente,' afirmou Julie.

'Meus músculos estão doloridos como se meu corpo tivesse sido esmagado,' confessou Conner, sentando-se na beirada de sua cama. 'Mas eu estive me sentindo melhor desde a manhã. O inspetor trouxe comida para os nossos dormitórios.'

'Para nós?' perguntou Melanie.

'Os meninos que participaram do jogo de ontem. E a má notícia é que eu não estou mais jogando no time,' suspirou Conner. 'Eu sabia que isso iria acontecer um dia, mas eu não sabia que seria dentro de um dia.'

'Sentimos muito em ouvir isso, Conner,' Julie ofereceu palavras de conforto, e o menino balançou a cabeça.

'Sentimos,' acrescentou Melanie, e ela perguntou, 'Há algo que podemos te ajudar a se sentir melhor?'

'Obrigado, ambas vocês, mas eu estou bem. Pelo menos sei como é jogar no time,' Conner colocou um sorriso no rosto. Julie percebeu como ele parecia fraco e cansado. Será que era comum para uma pessoa que jogava em campo parecer assim?

'Você precisa comer mais, Conner. Você parece que vai desaparecer,' brincou Julie, e Conner sorriu.

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"Você sabe de quem eu vou assombrar se eu voltar como um fantasma?" perguntou Conner a ela.

"Sr. Borrell?" perguntou Julie, para ouvir os dois rirem.

"Esse é quem você assombraria. Eu assombraria o Griffin ou o Moisés," sussurrou Conner para elas.

Julie nunca tinha ouvido falar deles antes, e perguntou, "Quem são eles?"

"Griffin é um dos alunos do último ano e Moisés é o assustador guarda que você deve ter encontrado no portão de entrada principal," explicou Melanie, que havia se sentado perto da janela.

"Fico feliz em saber que não fui a única a achá-lo assim," respondeu Julie, lembrando-se da pessoa que ela conheceu no primeiro dia em que veio aqui com seu tio.

Conner se moveu para se encostar na parede, na cama, disse, "Ele é um daqueles que procura por alunos que andam por aí e acredite em mim quando eu digo isso, é difícil enganá-lo. No meu primeiro ano, eu acabei em detenção porque me atreveram a pular os muros. Foi ideia do Griffin."

Depois de passarem uma hora lá, Julie e Melanie decidiram partir. No caminho, encontraram Maximus, que estava com Simon.

"Olá. Não esperava encontrar vocês aqui," disse Maximus com um olhar curioso. "O que estão fazendo aqui?"

"Devem ter vindo visitar a amiga," afirmou Simon, com seus olhos olhando para as duas garotas.

"Viemos sim," respondeu Julie, e seus olhos cuidadosamente olharam por trás deles.

"Procurando por alguém?" perguntou Simon com um sorriso, sem mencionar o nome, e os olhos de Julie rapidamente voltaram para ele.

"Não," Julie respondeu rapidamente, mas o sorriso de Simon não saiu de seu rosto.

"Que tal vocês duas se juntarem a nós? Não tivemos tempo para passar com nossos amados alunos do segundo ano desde a época da fogueira. Foi um dia divertido, não foi?" perguntou Maximus, sugerindo sua ideia.

"Temos trabalhos para terminar," mentiu Julie e Melanie acenou com a cabeça vigorosamente.

"Temos sim," respondeu Melanie.

"Talvez outro dia," propôs Julie, mas Maximus era insistente, algo que ela havia percebido até mesmo no dia da fogueira.

"Temos trabalhos para fazer também. Talvez seja mais divertido fazer juntos, não é?" Maximus se virou para perguntar a Simon se estava tudo bem.

Simon respondeu, "Claro. Será adorável ter companhia hoje. Mas tenho que lembrá-los antes, vocês não podem dormir aqui," e um riso suave escapou do garoto de cabelos ruivos após contar uma piada.

"Deixe-nos mostrar o caminho para o quarto," disse Maximus, caminhando em direção às escadas. "Melanie, não é mesmo?" Ele conversou com ela enquanto subiam as escadas.

"Milady," Simon chamou, e os olhos de Julie se voltaram para ele, e ela seguiu.

Olhando ao redor, Julie disse, "Este lugar não foi muito reconstruído como os outros prédios."

"O que faz você dizer isso?" questionou Simon.

"Eu vi os desenhos originais das mansões deste lugar nos livros históricos. Está quase igual, com apenas algumas coisas mudadas," ela respondeu.

Simon olhou para ela e disse, "Parece que você se sairia bem se decidisse estudar arquitetura."

"E quanto a Olivia e Victoria? Elas não estudam com você?" perguntou Julie a Simon, e o garoto sorriu.

"Muito raramente. E duvido que Victoria ficaria feliz se soubesse que você está aqui," respondeu Simon quando chegaram ao topo das escadas.

Julie comprimiu os lábios lembrando-se do desprazer de Victoria em relação a ela, e decidiu não comentar. Simon e Maximus pertenciam ao grupo popular deste lugar, e ela estava tentando ficar longe de qualquer holofote sobre ela. Mas toda vez que ela tentava nadar para longe, parecia que o mar a empurrava em direção ao redemoinho.

Talvez, se ela não resistisse, logo acabaria, pensou Julie em sua mente.

Embora Julie não tivesse perguntado, Simon podia dizer que a garota estava curiosa, e enquanto caminhavam no corredor, ele disse,

"Veja, todos nós crescemos juntos e talvez um pouco mais perto do que o normal e por isso somos muito exigentes em relação a quem queremos conversar e nos misturar. Victoria está apaixonada por Roma há muito tempo e ela apenas aconteceu de abrir suas garras quando você estava por perto."

Julie franziu a testa ao ouvir isso, "Ela precisa de um cortador de unhas. Ela não precisa se sentir ameaçada por mim. Eu não tenho interesse nele e nem ele."

"Mm," respondeu Simon com um sorriso fraco. "Eu vou fazer questão de entregar sua mensagem." Mas ele não disse a quem a mensagem seria entregue e quando.

Simon conhecia seus amigos há tempo demais. Ele concordou com a sugestão de Maximus de convidar os humanos porque estava curioso. Curioso porque Roman não havia se oposto à ideia dos estranhos se juntarem a eles na noite da fogueira.

Por outro lado, o que Julie não entendia era por que as garotas não confessavam seus sentimentos e acabavam logo com isso? Victoria não havia feito nada a ela, mas Eleanor, por outro lado, nem confessou seus sentimentos e nem deixou os outros em paz. Esqueça o Sr. Borrell; ela assombraria Eleanor se voltasse como um fantasma, pensou Julie consigo mesma.

Eles caminharam até o final do corredor.

"Deixa eu ver se ele está aí. Roma?" Maximus bateu na porta oposta onde Simon estava.

Julie se virou para encarar a outra porta, esperando que Simon destrancasse a porta. Ela já havia passado tempo suficiente com Roman hoje, e não queria passar mais tempo com ele.

Graças a Deus Simon abriu a porta a tempo, e Julie entrou com Melanie. Ela ouviu a outra porta se abrir, ouvindo Roman perguntar, "O quê?"

"Estávamos planejando estudar juntos e terminar nossos trabalhos. Quer se juntar a nós?" perguntou Maximus.

"Desde quando você e Simon começaram a fazer isso?" respondeu Roman com uma expressão impassível no corredor. "Eu tenho outras coisas para fazer," e a porta se fechou com um som.

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