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Capítulo 08

— Eu sabia que não podia confiar em você. Você é alguém desprezível. Mayumi, enfurecida, dá um tapa no rosto de Naoya e foge. Correndo sem rumo, ela limpa as lágrimas do rosto, incapaz de acreditar que estava chorando por alguém que não gostava.

Mayumi sentiu um forte aperto no peito, era a primeira vez que experimentava aquele sentimento. Algo não parecia estar certo. Incapaz de encontrar uma resposta plausível para aquele estranho sentimento, ela adentra o Karaokê e se isola em uma sala.

— O que está acontecendo comigo? Por que estou me sentindo assim?

Enquanto refletia na cadeira, a porta abriu lentamente, e Naoya entrou. Quando seus olhos se encontraram, Mayumi lançou-lhe um olhar furioso e virou o rosto. Naoya apenas se aproximou e sentou-se em silêncio.

Após se isolar na sala do Karaokê, Mayumi respira fundo, tentando entender a torrente de emoções que a invadiu. Enquanto folheia o caderno de músicas, ela se depara com uma canção que ressoa com seu estado de espírito.

Decidindo expressar suas emoções através da música, Mayumi escolhe a melodia que melhor reflete seu momento. Enquanto canta, ela percebe que a música funciona como uma catarse, permitindo que ela libere a tensão acumulada.

Enquanto isso, Naoya, tocado pelo gesto de Mayumi, começa a refletir sobre suas ações e busca uma maneira de se redimir. Ele decide dar a ela algum espaço, permitindo que ambos processem seus sentimentos antes de tentarem uma conversa sincera.

Naoya se levanta e dirige-se à porta de saída, ele hesita ao segurar a maçaneta.

— Espera, podemos conversar um pouco?

Alguns meses antes…

Quando o dia amanhece, Mayumi se levanta ainda sonolenta, ela queria que todos os eventos ocorridos naquele encontro de famílias fosse apenas um sonho, um sonho horrível a qual ela iria esquecer assim que escovasse seus cabelos.

Mayumi se arrumou e desceu para tomar seu café da manhã, enquanto comia em silêncio, ela ouvia sua mãe lhe contando como foi o casamento dela e como foi a experiência quando se conheceram.

Após terminar seu café Mayumi se levantou calçou seus sapatos e saiu em direção a escola, apenas ignorando o assunto casamento, um assunto que ela não tinha nenhum interesse em conversar naquele momento.

Quando o sinal para o final das aulas foi tocado, Mayumi arrumou seus pertences e se dirigiu para o banheiro. Enquanto isso Naoya havia entrado na escola e havia perguntado sobre ela para algumas garotas.

— Você sabe me dizer onde é a sala da Mayumi Hanazono?

— Quem? Ah, a orgulhosa Hanazono. Ela deve estar no vestiário agora.

— Obrigado.

Quando Naoya ouviu aquilo, ele se dirigiu ao vestiário feminino e aguardou na porta a saída de Mayumi.

— Hanazono-san, você está ai?

Aquela pergunta ecoou no vestiário sem resposta, ele então se lembrou do nome que as garotas haviam chamado Mayumi.

— Orgulhosa Hanazono?

Ao acabar de falar aquelas palavras, Naoya foi puxado para dentro do banheiro e preso contra a parede por Mayumi que estava com uma expressão furiosa e usando apenas suas roupas de baixo, quando Naoya a olhou fechou seus olhos cheio de vergonha.

— Quem te disse este nome?

— C-Calcinha.

— Mentira, calcinhas não falam.

— Não foi isso que eu disse. O que eu quero dizer é que eu tô vendo sua calcinha.

Quando aquelas palavras ressoaram nos ouvidos de Mayumi, ela recompôs sua postura e olhou para baixo sentindo uma imensa vergonha e expulsando Naoya do banheiro com brutalidade.

— Seu maldito pervertido.

Após se trocar, Mayumi foi ao encontro de Naoya, que a aguardava com nervosismo aparente. Quando ela se aproximou Naoya ficou paralisado de vergonha, ela estava vestindo um lindo vestido branco bordado que realçava ainda mais a sua beleza. Aquela visão para Naoya era esplêndida, ele nunca havia reparado tanta beleza reunida em uma pessoa só; era como se fosse um sonho aquela pessoa seria sua esposa, algo que ele não estava realmente disposto a seguir em frente.

— Você prefere ir aonde para conversarmos?

— Vamos a uma cafeteria.

Mayumi decide seguir com Naoya para a cafeteria que tinha próximo a escola, enquanto caminhavam juntos Naoya havia compartilhado com Mayumi que era a primeira vez que havia ido a um colégio feminino, e só foi até lá buscar Mayumi porque havia recebido uma mensagem da mãe dela solicitando sua ida.

Quando chegaram ao local, Mayumi escolheu uma das mesas ao norte, aquelas mesas para ela eram as mais vazias e dificilmente havia pessoas por lá. Naoya ficou surpreso com a súbita escolha dela, ela definitivamente conhecia muito bem aquele lugar e a cada minuto passado com ela era uma nova descoberta, ela era uma pessoa que instigava ele a querer saber mais e mais sobre ela.

— Então, o que você queria falar comigo?

— Eu estou pensando em cancelar nosso casamento, você poderia me ajudar?

— Você está doido? Não tem como fazer isso, mas você poderia me dizer o motivo do por que quer cancelar?

— Eu quero cumprir a promessa que fiz com uma amiga de infância e para isso, eu vou cancelar este casamento.

Mayumi olhava-o atentamente, aquela determinação a fascinou completamente, olhando aquela determinação incomum Mayumi sorriu, aquele sorriso fez com que o coração de Naoya pulasse uma batida e ele corasse.

— Então já que está tão motivado a isto, eu vou te ajudar no que você quer.

Mayumi então resolveu ajudar Naoya com seu plano fora do comum, seu coração parecia estar cheio de um sentimento diferente dos que ela conhecia, após alguns meses convivendo com Naoya, Mayumi foi desenvolvendo sentimentos por ele.

Em um dia Mayumi teve uma discussão com sua mãe e saiu de casa, sentindo-se sozinha e com o coração machucado, Mayumi ligou para Naoya convidando-o para ir a cafeteria que estava.

— O que houve?

— Eu tive uma discussão com a minha mãe, e quero fugir de casa, você pode me ajudar?

— Mayumi, por que você não tenta conversar com a sua mãe? Fugir não é uma alternativa viável.

— Eu não quero ouvir sermão de ninguém. Você vai me ajudar ou não?

— Me desculpe, mas eu não vou te ajudar. Eu não acho certo isso.

— Eu sabia que não podia confiar em você. Você é alguém desprezível.

Atualmente…

Enquanto olhava alegremente para o livro de músicas, seu celular vibrou, concentrado na sua busca Naoya ignorou totalmente seu celular, Mayumi que estava perto pegou o celular e ligou a tela, havia uma mensagem de um número desconhecido, aquela notificação acendeu a curiosidade nela que desbloqueou o celular dele e acabou lendo a mensagem daquele número.

"Eu espero que você esteja ansioso para me reencontrar novamente. O dia em que nos veremos de novo está chegando, você está preparado para cumprir a parte da sua promessa comigo? Estou ansiosa para te encontrar de novo."

Quando Mayumi terminou de ler aquela mensagem, sua alegria mudou repentinamente para uma tristeza. Naoya percebendo que Mayumi estava triste largou o livro e se aproximou dela.

— O que aconteceu Mayumi?

— Nada. Está tudo bem. Acho que já está na hora de irmos para casa.

— Ah, beleza então.

Enquanto Naoya se levantava, buscou pelo seu telefone. Mayumi estendeu a mão e o entregou. Naoya pegou o telefone, desbloqueou-o e notou a mensagem de um número desconhecido que não mandava mensagem há meses. Ao ler a mensagem, um sorriso iluminou o rosto dele, uma motivação cresceu em seu coração. Após muitos anos sem encontrar sua amiga de infância, ele recebeu uma mensagem dela. Tão feliz, Naoya não questionou como ela conseguiu seu endereço de e-mail.

Mayumi admirou a felicidade de Naoya, mas quando tentava ficar feliz por ele, ela se sentia incomodada, seu peito doía e sentimentos confusos a invadiam, ela não entendia o porquê de estar sentindo aqueles sentimentos e porque se sentia tão incomodada pela felicidade dele.

'Por que a felicidade dele me incomoda tanto? Eu nem sinto nada por ele, mas por que me sinto tão incomodada com isso?'

Naoya acompanhou Mayumi até sua casa e ao chegar, a mãe de Mayumi abraçou ela e olhou para Naoya seu olhar em lágrimas transmitiam gratidão, como se ela estivesse grata por ele ter trago ela de volta para casa em segurança.

Quando Naoya estava voltando para casa, seu telefone vibrou em seu bolso, ele segurou em sua mão o celular e na tela havia a ligação de um número desconhecido, ele havia hesitado em atender a ligação, mas respirou fundo e atendeu, do outro lado da linha uma voz familiar reverberou.

— Naoya? Você sentiu a falta da Naomi? Ah, esqueci. Você não me conhece por este nome, vou refrescar sua memória, a sua Luana está de volta, você está feliz?

Aquelas palavras ecoaram e fizeram Naoya congelar, ele não conseguia acreditar que estava realmente falando com sua amiga de infância depois de muitos anos sem vê-la e sem ter notícias sobre ela. Ele tinha tantas perguntas e tanta coisa para conversar com ele, havia muito que ele queria conversar com ela.

— Luana, Onde você esteve? Por que nunca me ligou? Eu senti tanto a sua falta e fiquei muito triste ao saber que você não estava mais em Nara. O que aconteceu para você ter saído daqui?

— Você faz muitas perguntas. Eu não tenho que te responder sobre isso. Isso é assunto pessoal meu e não te envolve.

— Eu não entendi. Por que você me respondeu tão friamente assim? O que aconteceu para você agir assim?

Após dizer aquelas palavras um silêncio do outro lado da linha foi ouvido, um silêncio que durou por 3 minutos e fez Naoya questionar o que havia feito de errado para ser tratado com tanta frieza.

— O que eu quero saber é: Você está pronto para cumprir a sua parte da promessa?

Aquela pergunta fez com que Naoya congelasse, uma pergunta tão direta feita por alguém que estava desaparecida a muito tempo, havia feito ele se questionar se estava realmente preparado para isso, após recompor sua postura, Naoya respirou fundo prendendo o ar em seus pulmões e soltando levemente.

— Eu…

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