Capítulo 75 de 9 – Shape Explosivo!!!

Miguel, à beira da morte, já havia perdido todas as esperanças. Seu corpo enfraquecido mal podia se mover, e ele sentia que o fim estava próximo. Enquanto isso, ao longe...

Camion notou o incomum no horizonte, onde o sol brilhava intensamente. Por um breve momento, ele teve a impressão de que o próprio sol estava caindo do céu. Instintivamente, ele ergueu a mão para proteger os olhos do brilho ofuscante e tentava discernir o que se aproximava.

Mas, antes que pudesse reagir, o perigo já o alcançara: um ataque poderoso o atingiu, atravessando sua cabeça e descendo até o peito.

À distância, uma figura misteriosa se aproximava, seus passos firmes e sem pressa. Ainda era difícil identificar quem era, mas a silhueta que se destacava à frente não deixava dúvidas.

No entanto, outra mulher corria com fúria, arrastava uma espada no chão enquanto soltava grunhidos de ira. O som metálico ecoava no ar, e a lâmina estava envolta em chamas, crepitando com intensidade.

Em um movimento rápido e preciso, a figura ergueu a espada e, com um lampejo, desferiu um golpe violento contra o demônio, atingindo-o diretamente nos ombros e fazendo-o cambalear sob a força do impacto.

— Acabou? — perguntou com um olhar sério.

Aquelas chamas que o atingiu antes, não teve efeito algum, foi como se ele tivesse passado na mão rapidamente nas velas sem sentir o calor das chamas.

Enquanto isso, Reda que andava até o local tinha lançado várias chamas na direção de Kena, e ficavam cada vez mais forte. As cicatrizes de fogo começaram a aparecer e intensificava cada vez mais o seu corte de espada.

— Grrrrrrrr!

Com um grito de guerra, ela concentrou mais e mais seu corte. Camion, naquele momento percebeu algo que ele não sentia a muito tempo.

Na sua forma atual, não existiria um humano capaz de o causar dano. Mas os seus instintos naquele momento o disse para fugir.

— Sua puta!!!!!

Ele se descontrolou, não por aquela mulher ativar seus instintos, mas por ela ser um ser insignificante. Ser ferido por um humano doía mais do que morrer por seu criador.

Com um soco forte, Camion atingiu-a em cheio na barriga e ela foi de encontro aos destroços.

A outra mulher, porém velha, já estava bem perto e com um sorriso disse:

— Dói não é? Pirralho!

— Hum!... Entendo, filhas do Orgulho, faz sentido. Então vocês não são humanos inferiores. Quase me exaltei para nada — disse enquanto recuperava a compostura.

— Orgulho? Está falando do nosso ancestral?

— Tanto faz. Já tinha decidido matar todo mundo.

— Hum?!

Enquanto isso, Kena se aproximava de sua chefe, gruninha baixo e olhava fixamente para seu alvo. Próximo uma da outra, Reda, acariciou a cabeça dela como se ela tivesse alcamando um cachorro raivoso.

— Me diga, destemido? Nossa ancestral ainda vive?

— Destemido? Interessante.

— Responda a minha pergunta!

— Hahahahahahaha! — Levantou uma das mãos e respondeu. — Por quase me ferir, responderei essa pergunta absurda.

— Grr!

— Não faço ideia! — declarou com um sorriso.

— Pirralho maldito! Kena, vá!

— Grrrrrr!

Ela correu em direção ao Camion e começou a desferir vários golpes de espada, mas ele defendia com as mãos nuas sem problema enquanto a mulher selvagem gruninha cada vez mais.

— Isso é tudo? Cachorro Raivoso!

— Grrrr!!!

 Vendo a situação se intensificar, Reda lançou várias bolas de fogo em direção a Kena. As cicatrizes de fogo em sua espada começaram a brilhar com ainda mais intensidade, cada vez mais alimentadas pelas chamas. A batalha continuava feroz, com a selvagem desferindo golpes incessantes e Camion sempre sorria e defendia-se de todos os ataques com uma confiança extrema.

Reda, igualmente confiante, continuava a envolver Kena em mais chamas, que eram rapidamente absorvidas e tornava-a cada vez mais poderosa.

No entanto, o demônio começou a perceber algo diferente. As mãos que ele usava para bloquear os golpes começaram a sentir um desconforto crescente. O que inicialmente parecia uma leve coceira, agora incomodava de forma mais persistente, um sinal de que a maré da batalha poderia estar prestes a mudar.

O que é isso? Não me diga que... Dor?

Naquele momento ele percebeu novamente que mesmo fortificando seus braços com as sombras negras, não era o suficiente para conter as investidas.

Ele começou a esquivar em vez de rebater, e aquilo o fez ficar com raiva. Mesmo aqueles humanos não sendo inferiores. Ainda era doloroso ser reprimido por um humano não modificado.

— Agora Kena!

— Grrrrr!

Ela ergueu a espada acima da cabeça e preparou um golpe devastador. Com um movimento decidido, ela balançou a espada para baixo e lançou um corte flamejante. No entanto, Camion, com uma agilidade impressionante, esquivou-se do golpe com facilidade.

— Aprenda, cachorra. Não importa quão forte é um ataque. De nada adianta se não acertar.

— Grrr! — grunhiu com um sorriso enquanto Reda também sorria confiante.

— Que rosto satisfatório é esse? É como se tivesse conseguido me acertar. Estão loucas?

— Veja bem para si mesmo, pirralho. Você já foi ferido.

— Quê? Hahahaahaha! Não inventa, não tem como eu ter sido ferido!

— Então realmente demônios não sentem dor? Intrigante, mas olhe o seu peito. Aquilo não seria sangue?

Ao sentir uma leve dor, olhou para seu peito e não podia acreditar no que via. Havia um risco de corte visível, e um pouco de sangue começava a manchar sua pele. Embora o ferimento não fosse profundo o suficiente para imobilizá-lo, era o suficiente para deixá-lo vulnerável por um instante.

Colocando a mão sobre o corte, ele sentiu o sangue quente escorrendo. A sensação de dor eram inusitadas para ele, e a ideia de ser ferido de tal forma desafiava sua compreensão. Ele ficou atônito e questionava como era possível que um humano pudesse lhe causar tal dano.

— Impossível... — questionou enquanto cambaleava para trás.

— De novo, Kena!

— Grrrr!

Aproveitando o momento de vulnerabilidade do seu alvo, ela atacou novamente com a mesma intensidade e desferiu um golpe certeiro que atingiu em cheio o seu ombro. O ataque causou uma ferida mais profunda, e Camion sentiu a dor penetrante.

No entanto, apesar do impacto, ele rapidamente se recompôs. A dor do golpe não foi suficiente para derrotá-lo; em vez disso, fez com que ele reavaliassse a situação e reforçasse sua determinação.

Com uma expressão endurecida, Camion preparou-se para reagir com renovada intensidade, determinado a não deixar que aquele golpe o desestabilizasse por mais tempo.

— Entendi! — declarou enquanto segurava a espada. — Irei aceitar... Vocês são dignas!

— Grrrrr!

A sombra ao redor dele começou a pulsar e se agitar, como se estivesse ganhando vida própria. Em um movimento rápido e fluído, a sombra se expandiu e envolveu seu corpo e cobriu-o completamente.

O fluxo de energia negra parecia intensificar-se, formando uma camada protetora que o envolvia de maneira quase orgânica. A proteção das sombras não apenas oferecia um reforço imediato contra novos ataques, mas também parecia revitalizá-lo.

— Afaste-se, Kena!!!

— Gr?

— Shape Explosivo!!!

A sombra negra que envolvia o corpo dele começou a se agitar freneticamente e de repente, explodir com uma força devastadora. A explosão de energia negra se expandiu em uma ampla onda, engolfando a área ao redor em um turbilhão de escuridão e destruição.

O impacto foi tão violento que a área ao redor foi completamente obliterada, e a força da explosão fez com que a batalha fosse temporariamente obscurecida por uma nuvem densa de fumaça e detritos.